O intrépido Forflin

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Personagem envolvido:

Forflin dos Muitos-Livros – anão mago/guerreiro

O intrépido Forflin

Após deslocarem-se por entre aclives e declives, a comitiva chegou até o ponto indicado por Juliette. Era uma ravina aonde, em seu final, havia uma gruta banhada por um pequeno filete de água que caia de cima dela, formando uma tênue cortina d’água, rumo a um platô muito próximo. Os membros da comitiva aproveitaram para se banharem e reabastecerem seus cantis com a água pura e fria.

O local transmitia paz e possuía uma vista ampla de um pequeno vale, cercado por grandes paredes de rocha, que se estendia a muitos metros abaixo do ponto onde estavam. Decidiram que a gruta seria um local bom para uma pausa e para deitarem Glader e descansarem, mesmo com desvantagem tática por ser um local muito baixo em comparação a parte superior da ravina, que dava acesso a mata por onde vieram, o grupo percebeu que estava exausto da extenuante e forçada marcha além dos combates pelos quais haviam passado e precisavam parar.

Sigurn, prevendo uma possibilidade de ataque proveniente de orc que pudesse tê-los rastreado e para ocupar sua mente, afastando os pensamentos perturbadores que começaram a lhe assolar (vide episódio anterior), decidiu que faria uma vigília na parte superior da ravina, enquanto o grupo decidiria o que fazer.

Do lado de fora da gruta, Forflin, Juliette e Delgrin discutiram o que fariam, enquanto Glader era novamente tratado por Rickster que contou com a ajuda de Frida. O trio pensou em despachar Juliette e Forflin, que possuidores de habilidades furtivas, desceriam ao vale para recuperarem os pertences de Rickster. No entanto, Muitos-Livros, estava inquieto com a proposta de arriscar dois membros da comitiva e propôs em tom imperativo:

– Pessoal! Acredito que estaríamos arriscando muito ao enviarmos dois de nossos membros. Eu deverei me incumbir dessa tarefa, e ninguém mais!

Forflin pareceu resoluto, o que levou a concordância com o plano do mago, que para aproveitar a luz do sol, se apressou nos preparativos de sua partida.

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Forflin estava resoluto.

Quando o arcano retornou, percebeu que seus companheiros observavam o crepúsculo que se iniciava. Outros membros foram se reunindo para contemplar uma das mais belas vistas daquela floresta e do vale abaixo.

Preparado, Forflin desceu a encosta por uma corda que havia instalada ali a muito tempo atrás por Rickster que foi por ele utilizada em sua fuga do urso-coruja. Em seu íntimo, apesar de não ser um apreciador de florestas, o mago concluiu que aquele local tinha em proporcionalidade o inóspito e o belo. Agarrado a corda, enquanto seus aliados a seguravam para garantir que o joalheiro desceria sem percalços, Forflin olhou para Delgrin, que lhe exibiu um olhar condescendente. Quando o mago anão sumiu na espessa copa de uma frondosa e grande arvore, Juliette suspirou, enquanto Frida fez uma breve prece pela segurança do arcano, enquanto Rickster olhava absorto para o vale que começou a escurecer.

Ao atingir uma larga galha de arvore, Forflin se segurou nela e após se apoiar prendeu a corda num ponto próximo, perscrutou o chão em busca de ameaças e lembrando-se de que precisaria ser cauteloso e ocultar sua presença, conjurou de seu repertório um encanto que o fez desaparecer das vistas de quem quer que fosse. Sentindo-se pronto, tomou coragem, desceu a arvore e tratou de procurar os pertences do curandeiro.

O intrépido Forflin andou com cautela pelo bosque recheado pelo sortilégio de aromas doces e agradáveis advindos das muitas variedades de flores que ali se encontravam, mas que para o anão, traziam certo desconforto, pois para ele, acostumado apenas ao cheiro das rochas e da terra de sua cidade natal, eram muito fortes.

Em sua caminhada foi surpreendido pelo barulho vindo de uma moita próxima a si. Revelando, logo após, uma criaturinha de aspecto imberbe, era, ao que pode denotar, um filhote de uma curiosa mistura animal.

A criaturinha tinha o corpo robusto e peludo como um pequeno urso e a cabeça de uma grossa coruja. A criaturinha pareceu não o perceber, mas noutro instante, olhou em sua direção, o que fez o mago sentir seu sangue gelar, pois em sua mente havia esquecido que aqueles animais apesar de serem enganados pela visão, ainda poderiam contar com outros sentidos.

Antes que pudesse esboçar qualquer reação, a criaturinha teve sua atenção roubada, pois fora atacada por outra igual, que saiu da moita logo em seguida. Forflin percebeu que eram filhotes e que estavam brincando um com o outro, aproveitou a deixa, pegou chumaços de flores no chão e esfregou ao corpo, seguiu seu caminho, e teve um pensamento preocupado:

– Onde está a cria, a progenitora não estará longe.

Assim, andou pelo bosque por mais um tempo, até encontrar uma trilha que o levou a um riacho que parecia cortar o bosque, lá achou uma ponte natural, feita de uma grande rocha. Ao examiná-la, notou marcas de sangue seco que pareciam seguir numa trilha do outro lado do riacho.

Ao atravessar, o arcano seguiu por uma trilha até a entra de uma caverna. Nesse local, o aroma local era uma forte mistura de cheiros que lutavam entre si e causariam mal-estar, não fosse a forte constituição anã, pois o aroma das flores, abundantes no local lutavam contra o odor de estrume que inebriava o ar.

Nesse local, Forflin encontrou uma mochila, levemente rasgada e remexida no feixo. Deduziu ser o equipamento perdido de Rickster. Ávido para pegar o equipamento perdido e deixar aquele local antes que o pior ocorresse, Muitos-Livros caminhou lentamente e com cautela até a mochila, que estava quase na entrada da caverna.

Quando ouviu um urro vindo do interior da formação, apressou o passo e chegou no local onde estava a mochila e presenciou, para seu temor, a chegada de uma grande criatura com um robusto e forte corpo de urso e uma cabeça de coruja descomunal. As garras da besta eram grande e pareciam muito fortes.

Percebendo que cada movimento precisaria ser bem calculado, Forflin caminhou devagar e esperou o movimento da fera. A ameaçadora criatura, andou lenta e desconfiadamente, farejando o ar, como que procurando por algo, ou alguém. Muitos-Livros entendeu que precisaria camuflar seu cheiro, pois certamente lhe pareceu que se continuasse daquele jeito, ele seria encontrado pela fera.

Assim, mesmo enojado, Forflin pegou um pouco de esterco de filhotes e mais alguns chumaços de flores e os esmagou no próprio corpo, espalhando os cheiros em si. Quando a criatura se aproximou, parou para farejar novamente. Após um tempo farejando, a besta deu um poderoso urro em desacordo com seu fracasso em encontrar seu alvo. Na ravina, o berro do monstro foi ouvido pelos membros da comitiva do anão.

Aproveitando a confusão da besta, Forflin pegou a mochila e correu rumo a saída, o mais rápido que pode. No entanto, sua corrida atiçou a audição da fera, que correu na direção do pequeno barulho, na expectativa de tentar alcançar algo. A perseguição durou por um tempo, que ao anão pareceu interminável. Ao final, com muita astúcia e calma, Muitos-Livros conseguiu evadir e deixar aquele vale.

No alto, Delgrin contemplava o horizonte escuro, parecia preocupado com o arcano após ouvir o estrondoso berro vindo de baixo, pensou que talvez fosse uma boa ideia descer para averiguar o estado de Forflin, mas foi surpreendido, primeiramente por um estranho mal cheiro, e em segundo por uma enigmática força, vinda das cordas, que pareceu rocar nele, afastando-o para trás, como se abrindo espaço para passar. De repente, ainda aturdido, ouviu a voz de Muitos-Livros atrás dele e se surpreendeu. Os anões se cumprimentaram, enquanto o intrépido Forflin exibiu uma mochila bastante surrada e a entregou à Delgrin. Rapidamente o anão guerreiro a pegou e a levou a Rickster.

Agradecendo pelo retorno de sua mochila, o curandeiro pegou alguns ingredientes no interior da mochila e os utilizou em Glader, que após um tempo, pareceu melhor com o novo tratamento.

Enquanto aguardavam na entrada da gruta, pequena demais para que todos pudessem ficar em seu interior, os demais membros da comitiva viram Rickster sair e lavar a mãos. O curandeiro os informou que a infecção havia sido combatida com o remédio adequado e que restava aguardar para ver se a saúde do anão seria forte o bastante para vencer aquele desafio.

O curandeiro perguntou a Forflin se por acaso não havia encontrado um grande saco, ao que o arcano lhe respondeu que não. Rickester ainda interpelou ao anão mago, sobre como ele havia conseguido ir até lá e regressar sem um arranhão, Muitos-Livros deu um leve sorriso de autossatisfação e disse que não seria possível compartilhar seus segredos arcanos.

Enquanto, no alto da ravina, Sigurn, atendo a mata, viu pequenos pontos vermelhos e luminosos, que como olhos pareciam anunciar a chegada de criaturas da noite.

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Urso-coruja e sua prole.

Experiência

1 – Missão bem-sucedida – 300 ptos

Total Forflin: 300 ptos

Criação e elaboração: Patrick, Alan, Ângelo, Sandro, Shin.
Autoria da logo de capa: Shin
Fontes de imagens: internet

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Sobre o Autor: Patrick Nascimento

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