A Caverna do Dragão – Melniirkumaukreton | Heróis Selvagens

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Esse é o resumo da última partida de RPG ocorrida no sábado, dia 21.04.18. Foi uma partida muito aguardada, finalmente era chegada a hora de enfrentar Melniirkumaukreton, desde a última sessão e que contou com a participação dos jogadores:

Fabrício (Eophain)
Bruno Simões (Kalin)
Marcelo Guimarães (Aescriel)
Bruno Freitas (Rathnar)
PdM (Sabyr Arcadani)

Os aventureiros estavam diante de Melniirkumaukreton, o grande dragão vermelho, e eles iriam se deparar com uma situação nunca antes vivida por aquela confraria.

Não deixe de conferir a galeria do jogo no final do artigo!

Juiz, Júri e Executor

02 de Preparos, Ano de 597 CY

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 flecha voou rápido, cortando o ar e surpreendendo tal qual um relâmpago nos céus a todos os membros do grupo. O sangue verteu primeiro na altura do peito, do lado direito, a segunda flecha foi letal, atingiu seco a testa de Carla Tyle. Seu algoz: os braços firmes e o olhar injetado  de um elfo – Rathnar Selfanar.

Foi tudo muito rápido, e a visão da gnomo caindo no solo ao alto de onde se encontrava, pegou a todos de surpresa. E foi Eophain que falou a plenos pulmões:

– Rathnar, o que foi isso, você decidiu ser juiz, juri e carrasco?!

– Há algum engodo aqui Eophain, você não vê? A gnomo estava mancomunada com tudo isso. Ela orquestrou tudo isso!

Aescriel, Kalin e Sabyr perceberam primeiro, o grande dragão alheio a conversa breve entre Rathnar e Eophain e a cerca de 20 metros do grupo, inspirou vigorosamente.

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Os heróis se prepararam para o confronto

O grande ser nada disse, a escuridão da caverna iluminou na área em que a grande fera estava. Um brilho que vinha do seu peito encouraçado e subiu rapidamente pelo pescoço, sendo liberado pela bocarra! A baforada do dragão atingiu a todos. Com exceção de Aescriel, que havia habilmente se afastado do centro do grupo.

O Sopro do Dragão

O fogo veio carregado de uma força elemental poderosa e os heróis se protegeram da melhor forma que puderam. O fogo queimou os heróis e apesar de toda força do ataque eles resistiram. Aescriel observou tudo impressionado, e notou que as chamas poderiam tê-lo atingido caso o dragão desejasse. Por algum motivo o elfo dourado não foi atingido.

Outra percepção importante notada pelo elfo foi o fato de que o dragão não havia aplicado toda a sua força sobre aquele ataque. Era notório aos olhos estudados do elfo, que de forma consciente o dragão suprimiu a intensidade de sua baforada. O dragão é de uma linhagem de vermelhos capazes de alterar o Draconis Fundamentus, uma glândula que somente dragões verdadeiros possuem.

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O Fogo de Melniirkumaukreton

O órgão é o centro da atividade elemental do dragão. E aquele exemplar havia conseguido maximizar a capacidade desta glândula e similar a um feito metamágico criar variações de sua baforada através do “Meta Sopro”: acelerar, estender, potencializar e maximizar. Eram possibilidades ao alcance de dragões que possuíam o desenvolvimento desta glândula.

Aquela era uma informação impressionante, e aquela batalha seria talvez a mais difícil daquele grupo. E após o feito o dragão disse:

– Interessante… Resistiram a minha baforada. Talvez sejam dignos de servirem a Melniirkumaukreton, afinal. Ajoelhem-se! O façam e serei misericordioso.

O Confronto

Kalin anunciou a estratégia beligerante:

– Rathnar e Eophain, avancem com tudo. Preciso tentar desafazer o dano que foi causado a Carla. Que Pelor possa conceder-lhes mais uma vez sua graça, invoco Ó pai, a Benção do Fervor.

Todos sentiram os poder convocado por Kalin, e mesmo tal graça tendo sido tão fundamental até aquele momento da história, havia um misto de medo e pavor. Rathnar sentia na pele um medo sobrenatural da criatura, similarmente Sabyr e Eophain. Dotados de maior força de vontade, Kalin e Aescriel perceberam o moral dos companheiros abalados pela presença aterradora do ser.

Talvez tenha sido, nunca saberemos, mas quando Eophain avançou, Rathnar observou o companheiro e em paralelo viu Kalin seguindo rumo a gnomo, em seu íntimo uma confusão se instaurava. Ele havia assassinado uma inocente? Rathnar ponderava, enquanto isso Aescriel e Sabyr iniciavam uma conjuração para apoiar os combatentes, em verdade – Eophain.

Rathnar decidiu seguir Kalin, ele precisava ver de perto o que havia feito, ele não entendia, ele matou Carla Tyle? o elfo precisava ver…

A cerca de 4 metros do enorme dragão, Melniir percebendo deu um giro de 180º e com a cauda jogou Eophain para longe. O peso daquele ataque foi sentido por Eophain e o kensai tentou resistir a força do dragão, mas era impossível, a criatura o empurrara vilmente para trás. Ele precisaria investir novamente. O guerreiro furyondês olhava para o lado a procura de seu parceiro e não o viu a li.

Poder Destruidor

Rathnar avançou cautelosamente e foi Kalin que ao olhar para o elfo disse:

– Rathnar, deixe isso comigo. Eophain precisará de seu apoio, aquela criatura não será vencida se estivermos divididos. Deixe isso comigo. E Rathnar se virou para encarar seu desafio. Rapidamente uma enxurrada de memórias lhe veio a tona, entre elas makumatam, o ser ancestral que devorava a Torre de Gelo, uma imensa sequoia centro do governo dos Elisians. Também conhecida como a Torre da Diplomacia, sob efeito de um inverno permanente os elisianas governavam.

A torre estava morrendo. Ela era devorada por um verme, um ser extraplanar dotado de colossal poder. A criatura era um Avolakia, precisamente seu nome era Makumatan.

– Rathnar! Eophain não pode combater só…

Rathnar foi tirado de seus pensamentos. Ele não vira o o que aconteceu, apenas o corpo do kensai tombava inerte no chão. Aescriel e Kalin gritavam desesperados: “NÃO!!!!!!!!!!!!!!!“, mas era tarde demais. O corpo de Eophain caiu no solo frio da caverna, sem vida. Os ataques poderosos de Melniir haviam destruído a vida de Eophain Al´Durkan.

E uma profunda culpa invadiu Rathnar Selfanar.

Conjecturas Arcanas

– Vocês são fortes, podem me servir de um modo especial. irei matar cada um de vocês, bem devagar. Mas não é isso que eu quero. Sob meus pés eu ordeno que vocês ajoelhem!

Melniir vociferou com veemência. A esta altura Aescriel já havia compartilhado com os companheiros o conhecimento de que como se fosse possível ser comum. Aquele dragão especificamente era ainda mais forte. Mas todos estavam obcecados por vencer. Até ali, tinha conseguido salvar um grande contingente de gnomos e até mesmo pôr fim a aldeia de gigantes que estavam a serviço de Melniirkumaukreton. Mas será que era isso mesmo? Diante da exigência do dragão Aescriel refletia…

O grupo de heróis havia invadido a aldeia dos gigantes e de maneira devastadora, mataram todos os gigantes que ofereceram resistência, e como uma vingança ou infeliz coincidência ao ocorrido na fazenda de Dandelion, eles queimaram as casas dos gigantes. Mas aqueles pobres coitados agora mortos eram subservientes a Melniir. Se tivesse notado isso, os gigantes poderiam estar do lado dos heróis agora…

Era isso, todos eram subservientes, vassalos, escravos daquele dragão. Ninguém o seguia. Ele era uma força tirana e opressora sobre aqueles sob seu controle. Os gigantes, os gnomos representados por Carla, e agora ele queria os heróis.

Passagens de um tempo atrás

22 de Preparos, ano de 597 CY
(
1 dia antes da invasão dos heróis a aldeia dos gigantes)

– O que está acontecendo!

Galdruja, você é responsável por manter os pequeninos sobre controle. E agora vem me dizer que eles estão resistindo?
Eu quero aquela maldita fazenda de Dandelion destruída pelo fogo.

– O quê, aventureiros, heróis?!

Uma grande inspiração e chamas incandescem o peito de Melniir…

– Não tema Galdruja, reúna os seus gigantes e se prepare. Eles logo estarão aqui em sua aldeia, e creio que com um sentimento de que irão trucidar vocês. O que provavelmente ocorrerá.

Com um sorriso contido, o dragão fez menção de se virar e retornar para sua pilha, mas percebeu que a líder dos gigantes queria falar-lhes.

Ajoelhando no solo duro da caverna, a gigante suplicou:

– Ôh, grande Melniir, lhe rogo, se tais inimigos são tão poderosos, muitos de nós a seu serviço perecerá, eu imploro!

Dentre todos os gigantes, Galdruja era a mais inteligente, e ainda que não fosse tão forte quanto o mais forte gigante de sua aldeia, era respeitada pela astúcia e capacidade de combate. Mas aquele lamento era insipiente. E ela viu quando o dragão continuou caverna a dentro sem lhe revelar a face draconiana. O seu plano seguia nos conformes e isso era o que importava…

Cada Um

Rathnar avançou, o choque da morte de Eophain lhe fora suficiente para trazer a tona à realidade. Todos morreriam e ele preferia que isso ocorresse com sua espada em mãos. Kalin irradiou seu poder de cura, para que alcançasse Carla e também a seus companheiros. Todos sentiram a energia positiva, mas o clérigo de Pelor percebeu, que para a pequena gnomo, era tarde demais. Rathnar também estava apreensivo sobre o resultado, e quando notou a expressão de consternação de Kalin, percebeu que seu ataques foram suficientes. Àquela altura o elfo de cabelos rubros começava a se questionar sobre os seus atos.

Kalin se perguntava o que seria deles, morreriam todos ali? E antes que seus presságios se fortalecessem em um ritmo de morte para todos o dragão falou com a força e tenacidade de uma besta com poder sem precedentes:

– Tolos, pequenos heróis. Acham que possuem alguma chance contra Melniir?! Tudo que vocês enfrentaram até aqui não se compara com a minha força, eu sou o grande Dragão de Kir, e não importa o quanto tentem, vocês serão derrotados! Ajoelhem-se perante meu poder criaturas insignificantes!!!

Havia um novo calor ardendo no peito do dragão vermelho. Aescriel notou que um novo sopro poderia vir a qualquer momento. O fim estava próximo o elfo percebeu, e em seu profundo desespero começou a pensar em uma saída. A mente calculista do elfo dourado pensava em rotas, saídas, na posição de seus companheiros. Ele não conseguiria reunir a todos. Alguns poderiam ficar para trás. Em sua profunda lealdade, não a aqueles heróis, mas a Erzurel e Sandy, um novo Aescriel havia nascido, fiel, leal, bom.

A Tentativa do Elfo

O desespero lhe devorava por dentro. E foi quando ele pensou na pilha de tesouros reunidos não muito longe dali. Haveria de ter algo que servisse…

Com toda técnica Rathnar chegou próximo de Melniir. Com a habilidade que lhe havia rendido o título de Raelar entre os elfos, e o reconhecimento pelos  seus semelhantes de que ele era um dos maiores duelistas élficos que já existira em Celadon, ele atacou! Era possível ouvir o sibilar frenético das lâminas élficas temperadas no mais nobre aço de Demesnes.

As lâminas tocavam as escamas vermelhas rubras como magma e não encontravam brechas na couraça que protegia o dragão. Nem se quer um ínfimo corte chegou perfurar o dragão e produzir qualquer natureza de sangue. O dragão não se esquivava, ele não precisava, não era só a dureza de suas escamas, havia magia ali.

Os Ataques de Melniir

Após os ataques do elfo, o dragão investiu aproveitando a respiração rápida e entrecortada de Rathnar, ele viu que por um breve momento o elfo se cansara. E o dragão avançou com tudo. Mais ágil e com reflexos melhores que Eophain, Rathnar tentava livrar-se da maior carga dos ataques, mas o dragão era um combatente impressionante. Primeiro veio a mordida, cravando-lhes na altura do ombro, a pressão era insuportável e sangue jorrou por entre os elos da leve cota de malha élfica de Rathnar.

Soltando seu alvo o dragão com suas garras dianteiras atacou cada lado do tórax, e quando os dois ataques firmaram as garras, ele puxou simultaneamente, elos de aço, carne e sangue de Rathnar. Todos ouviram o grito desesperador de Rathnar quando as pontas afiadas das asas do dragão abriram enormes cortes às costas do elfo e por fim em um giro de 270º o dragão o solapou com sua cauda.

Rathnar tombou no solo frio da caverna.

Todos observaram apreensivos Rathnar no chão após a sucessão impressionante de ataques. Ninguém poderia ter sobrevivido a isso, mas para alívio de todos o elfo a muito custo se ergueu e apoiando nos joelhos observou o seu oponente incólume a sua frente. Atrás dele o corpo de Eophain com o rosto virado para o solo não exibia sinais de vida. Era o fim.

Persistência

Uma energia positiva invadiu Rathnar e seus ferimentos por um momento não lhe transmitia dor. Era o poder de Kalin imperando no elfo. Rathnar olhou onde o clérigo estava e notou que tanto o sacerdote, bem como Aescriel, estava próximos um do outro a cerca de 15 metros dele.

O dragão observou Rathnar atentamente e andando no entorno do elfo o envolveu por completo aproximando face a face com Rathnar. O elfo sentiu o calor intenso que aquela enorme criatura emanava, suas costas arranhavam no dorso endurecido da besta e ele orava a Corellon. Ele não tinha mais forças. Todos viram a espiral vermelha rodeando completamente Rathnar, e Aescriel disse:

– Kalin, precisamos sair daqui, eu posso nos tirar, mas Rathnar, Eophain…

– Não! Ou saímos todos, ou não.

O grande dragão vermelho falou baixo para Rathnar, e eles não puderam ouvir o que ocorria ali.

– Fale para os seus amigos deporem suas armas e se render ao meu poder. Vocês são meus agora, escravos de meu poder, submissos a minha vontade, pequeno elfo. Fale, ou assista-os morrerem diante de minhas chamas, faça isso, pequeno verme.

As Últimas Reflexões

Rathnar orava, mas onde quer quer Corellon estivesse, não parecia ouvir suas súplicas. Em verdade era a primeira vez que ele invocava o poder de seu deus com tanto afinco, desde que  toda aquela história tinha começado. Outrora sua ligação com o Senhor dos Elfos era tão forte, que ele sentia em suas veias o poder latente de Corellon Larethian. Mas algo havia se perdido ao longo de tantas reviravoltas que a história de Rathnar tinha sofrido. Ele próprio não sabia mais quem era. Desde que Demesnes caiu, as folhas negras assumiu Celadon, pouco a pouco, Rathnar se perdeu também.

A esta altura ele se arrependia amargamente do que fizera a Carla Tyle. Como pudera ter sido tão obtuso, ao mesmo tempo culpa e remorso o invadia com violência por Eophain. Até entrarem naquela caverna, eles haviam descoberto a força do que era combater juntos. Rathnar pensava, quando o kensai avançou contra o dragão, o que ele fez, onde ele estava, nem mesmo ele lembrava… A culpa era um remédio amargo no processo da derrota, e Rathnar finalmente a provava.

Buscando desesperadamente uma saída para aquele pesadelo, o elfo procurou pelo oráculo e olhando de onde vieram ao alto, ele notou Sabyr. O seu companheiro estava ajoelhado e com os olhos fechados. Ele havia se resignado.

Heróis Selvagens

Kalin se ajoelhou. Aescriel notava seu companheiro desistir do combate e o elfo dourado viu quando Rathnar também se ajoelhava. Não era possível, iria acabar assim? Não era possível, a derrota significava muito mais que ajoelhar-se.  Aescriel conhecia através de seus estudos o tamanho da vilania dos dragões vermelhos. A submissão poderia facilmente se igualar a morte ou coisa pior. Servir aos propósitos daquele ser representava vir a cometer atos sobre os quais ele não tinha uma azeda lembrança.

Aescriel olhou para a pilha de moedas e objetos cintilantes e desesperado perscrutou em busca de algo que pudesse livrá-los dali. Cajados, anéis, espadas, armaduras, havia muitos objetos valiosos ali. Mas se ele fosse em direção ali, seria um caminho sem volta. Perturbar o tesouro de um dragão vermelho era o mesmo que tentar roubar o mel de abelhas. O ataque seria irrefreável e ele desistiu ante a possibilidade de condenar todos.

Aescriel foi o último a se ajoelhar, mas em seu íntimo ele não havia desistido…

Melniir sorriu satisfeito e se afastando de Rathnar alçou voo e se empoleirou no alto de uma rocha na caverna.

Com uma voz retumbante o dragão disse:

– Alinhem-se, próximos um dos outros.

Enquanto os heróis se encaminhavam para próximo a pilha de tesouro, um a um, Sabyr, Rathnar, Kalin e Aescriel se reuniram, e foi quando o mago elfo dourado disse-lhes:

– Estejam preparados, vamos sair daqui. Deem as mãos.

A magia que Aescriel tinha em mente não requeria movimentos arcanos, ou mesmo componentes materiais, tão comuns em suas conjurações. Ele apenas falava as palavras secretas, quando terminasse um portal os tiraria dali.

A Tentativa

Melniir observou quando um a um os aventureiros se juntaram. O dragão era um observador astuto e sentia no cheiro de suas vítimas a certeza da submissão ou não. Durante décadas ele havia subjugado aqueles que ele optava que o service, e dizimado os que se opunha a sua vontade.

Ele sabia quem tinha reconhecido sua força, e os que não. Ainda que suas vítimas  fossem animais selvagens e difíceis de se domar, mais selvagem e brutal era ele. E do alto de seu poleiro, com uma percepção e uma audição acurada ele viu quando Aescriel iniciou a conjuração verbal do Portal Dimensional e ele já esperava isso.

Melniir também iniciou uma conjuração,  tão habilidoso nas artes arcanas, como havia revelado ser no combate ele invocou um contra-mágica contra o feito de Aescriel.

Ao fim da conjuração Aescriel viu quando seu Portal Dimensional foi suprimido pela contra-mágica invocada pelo dragão Melniir. Ele havia falhado e agora enfrentaria a ira do dragão.

Aescriel

Todos viram quando Melniir saiu de onde estava e desceu levantando poeira e pequenas pedras pelo vento empurrado com o bater das asas do dragão. A besta mágica pousou muito próximo e seu olhar trazia uma avidez assassina que oprimiu a todos. O elfo dourado havia testado a paciência do dragão e tentado ludibriá-lo. Todos sentiam o que estava por vir, o cheiro de morte era forte no ar.

Kalin não podia tolerar o que estava por vir e se colocou entre os seus companheiros e o dragão, dizendo-lhes:

– Grande Melniir, peço que qualquer penalidade que considere fazer pelo meu companheiro, o faça a mim. Me entrego a sua vontade, por favor não lhes faça mal.

O dragão olhava Kalin com desprezo, e como se nada fosse passou direto por Kalin chegando a ficar a cerca de 1 metro de Aescriel. O elfo dourado sentia que seu momento havia chegado e um desespero natural lhe fez recuar lentamente. Rathnar viu quando Aescriel deu dois passos para trás, ele precisava fazer alguma coisa pelo seu companheiro, não poderia tolerar a perda de mais um companheiro.

Rathnar se colocou entre Aescriel e Melniir:

– Melniir, por favor, não faça mal a nosso companheiro. Já nos rendemos, faremos o que o senhor mandar, mas por favor não faça mal a Aescriel, eu lhe peço.

Havia um tom de súplica no pedido do alto elfo de Demesnes Rathnar Selfanar, mas o que o elfo viu no olhar do dragão era perturbador.

O dragão com seu grande braço tirou Rathnar de seu caminho como se fosse nada. E chegou até Aescriel. O elfo dourado estava resignado, aceitaria o seu destino, havia lutado até o fim, havia chegado a sua hora.

Resignação

O dragão com uma de suas garras segurou a cabeça de Aescriel. Kalin fechou os olhos e Rathnar olhava atônito. Com a outra garra o dragão riscou o olho direito de Aescriel, fundo o suficiente para arrancar-lhes os olhos e deixar um vazio no lugar. Um calor mágico cauterizou o ferimento instantaneamente e apenas o grito de dor de Aescriel foi ouvido ali.

– Se acomodem lá, e amanhã estejam preparados. E eu espero que o estoque de ações reativas à minha vontade tenha se esgotado…

Sem dizer nada mais, o dragão recuou, remexeu a região onde o combate iniciou e alçou voo para a escuridão no alto da caverna. Os aventureiros se dirigiram para a área onde estava o corpo de Carla Tyle. Todos se acomodaram da melhor forma possível. Rathnar olhou para o local onde estaria Eophain e não localizou o corpo do companheiro.

Greyhawk_Os-aventureiros-dorme-sob-olhar-do-dragão-600x458 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
Os heróis se acomodavam, cansados, feridos, tristes – derrotados.

Reflexões

Acomodando-se da melhor forma que era possível, cada um refletia onde tinha errado. Em que momento se perderam frente ao último desafio. Aescriel não havia se conformado, mas a dor no local em que perder o olho era tão insuportável, que ele não pensava mais em fugir. Sua  mente élfica revolvia em pensamentos que iam da ira à vingança. Ele queria pôr fim a Melniirkumaukreton. Kalin lhe aplicava algum tipo de unguento que ardia insuportavelmente, mas ele não reclamava.

Kalin cuidava de Aescriel, e ao mesmo tempo sabia que precisava cuidar de seus companheiros. Não muito longe estava o corpo da velha gnomo Carla Tyle. Como diria à sua filha que os heróis que era os seus salvadores, foram também responsáveis pela morte de sua filha? Ele achava que tudo aquilo poderia ser muito bem uma reação em cadeia. Eles foram selvagens a um nível sem precedentes. E agora as coisas estavam mais claras para ele.

Quando eles invadiram a aldeia dos gigantes e os atacou com toda a força combinada dos heróis, talvez ali estivessem todos condenando as chances de ter uma refrega mais forte contra Melniir. Mas como eles poderiam adivinhar que uma força maior que os gigantes pudesse estar orquestrando os ataques? A conclusão do clérigo de Pelor é que ele havia simplificado demais as circunstâncias.

Sabyr meditava e ainda que apenas o fogo tivesse lhe revelado a força do gigante, ele sentia que poderia ter feito mais por seus companheiros. Quando adentraram a caverna, ele poderia ter tido uma chance de prever o que estava por vir. Todas as suas habilidades eram insuficientes para aquele desafio e por muito pouco não arruinou a sua missão pessoal. Agora precisava reencontrar seu equilíbrio e conseguir apoiar o grupo no que quer que estivesse por vir.

Lembrança Cruel

O grupo estava em silêncio, refletindo e pensando quando um som pesado despertou a todos. Por sobre a pilha a armadura, bem como a espada de Eophain foram arremessados do alto sobre a pilha do tesouro. Outros objetos foram lançados de igual modo.

E como uma lembrança cruel, os heróis ouviram o som de ossos sendo quebrados e mastigados. Uma fina chuva de sangue caiu por sobre os aventureiros. Rathnar não conseguiu conter uma lágrima que correu de sua face, e junto com ela o sangue se misturando. Kalin ergueu seu escudo brilhante e se protegeu daquele ato hediondo, como que querendo se esconder daquela cena, aquilo era demais. Aescriel não esboçou uma reação se quer. Só havia ódio e raiva em seu íntimo. Cada fibra do mago de Greyhawk fervilhava com uma energia mágica interna. Sabyr permaneceu incólume em sua profunda meditação, mas cada gota em sua pele lhe era um teste de concentração.

Não é possível dizer que os heróis dormiram. Não havia tranquilidade para isso. Entre si uma pequena discussão incorreu em uma análise de tudo que fizeram, mas morreu sem eles mesmo notarem que não chegaria a lugar algum. O tempo passou e o som de bater de asas tirou a todos do descanso.

A Caverna de Mistérios

03 de Preparos de 597 CY

– Acordem e se preparem. Ao final desta câmara há uma decida para uma caverna. É um local perigoso e com monstros que devem ser mortos. Quero que vocês eliminem todas as ameaças que lá existem e retornem. Não ousem descer além do nível que vocês estão. Há criaturas das sombras muito mais perigosas, sobre as quais vocês não desejarão encontrar.

– E não tentem nenhuma tolice, agora sigam…

Um a um, os aventureiros foram andando em direção a caverna sinalizada pelo dragão, e sob sua observação criteriosa eles seguiram…

Uma nova aventura se abria para os heróis,  e perigos ainda mais alarmantes os aguardavam na Caverna dos Mistérios.

Continua…

Notas do Mestre e Experiência

Esta foi uma aventura difícil aos Heróis Selvagens, e uma lição sobre derrota importante talvez tenha sido aprendida. Cada herói precisa refletir e agir com inteligência pois o fim dessa trama está próximo. Conseguirão os heróis escapar da servidão de Melniirkumaukreton? Que monstros se escondem nesta caverna? Por que o próprio dragão ou os gigantes que o serviam não eliminaram essas ameaças antes?

Reflitam, pensem e ajam em grupo.

Pontos de Experiência

Esse é um importante arco da história, e se encerrou antes do conflito contra Melniirkumaukreton. Os pontos de experiência representa o aprendizado (entre bônus e penalidades) gerado pelas ações de seus personagens. 3 Quesitos são levados em conta para as pontuações extra confrontos, em ordem de importância:

1º – Linha de Interpretação, baseada no comportamento dos últimos meses (On Game);
2º – Interpretação coerente ao Alinhamento escolhido pelo personagem;
3º – Ações surpreendentes ao mestre e aos demais companheiros.

As penalizações desta aventura se deve até o momento ao pequeno número de gnomos salvos durante o Ataque a Dandelion.

Greyhawk_Ptos-de-Experiência Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição

Galeria de Jogo (Os 3 Brunos)

Greyhawk_Galeria-de-jogo_Presenciais_03_210418-600x450 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
Participação presencial direto do Rio de Janeiro – Grande Brunão!
Greyhawk_Galeria-de-jogo_01_210418-600x451 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
Direto de Natal – Bruno Freitas

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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