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Delgrim saiu da casa das lanças termais genuinamente aborrecido. Já amanhecia o dia, ele caminhava pesadamente e cada piscada de olhos era um tremendo esforço para abir e fechar uma imensa janela da casa de Magrathea – divindade anã do descanso temporário e final.

A cada passo, lutava contra o sono e a indignação que sentiu ao ser convocado, para ir a casa de relaxamento, por Juliette para ouvir meio mundo de loucuras. Estariam bem melhor servidos dessas informações caso a nobre humana o tivesse encontrado pela manhã, assim o anão saberia distinguir melhor o que ocorrera de fato e o que seria obra da fértil imaginação da mulher, de quebra, não sofreria com aquele teatrinho.

Delgrim bufou indignado antes de um solitário tropeço que tentou disfarçar. Ao voltar a caminhada para a estalagem do Verme Verde, o anão revia flashes em sua mente da cena que a ladina fizera e por mais que tentasse desmerecê-la, algo dentro de si o continha.

Por mais que tentasse se apegar ao fato de que conhecia Juliette e seus embustes, algo ali lhe parecera genuíno e isso o incomodava profundamente além de ganhar força frente à razão do guerreiro.

A visão da estalagem foi de grande alívio, não sabia quanto tempo passara desde as lanças termais nem se havia feito um percurso reto, mas o importante é que havia chegado.

Subiu as escadas apoiado no corrimão, puxando-o como se precisasse de todos os seus membro para fazer a escalada. Em um particularmente longo piscar, estava dentro de seu quarto sentado na cama olhando vaziamente para a janela fechada. Levantou-se com um salto desajeitado e foi à porta trancá-la, mas descobriu que já o fizera, embora não lembrasse quando, pensou em procurar por bandidos, ficou alerta, imaginou a cena do quarto de Juliette mais cedo na noite anterior, mas se distraiu quando viu sua cama.

Num piscar, estava deitado. Se deu conta que estava frio e quis levantar para pegar sua coberta extra. Ao sentar se deu conta que ela estava ao seu lado, a estirou e deitou pesadamente.

Sonhou que estava cercado por uma multidão. Homens humanos, anões, gnomos, não reconhecia nenhum dos rostos mas sabia quem eram todos.

Os rostos mudavam de corpo como numa dança bizarra. Alguns ofereciam-lhe riquezas, outros demandavam vassalagem, todos com belos sorrisos e armas escondidas. A multidão se aproximava, às vezes Glader e Seus companheiros estavam ao seu lado, às vezes não, sumiam e apareciam no ar como se seus corpos se tornassem sombras fumegantes.

Então vieram os tambores. Gritos de desespero e dor, olhos ora azuis, ora âmbar cintilavam por entre a multidão. O fogo tomava o horizonte e os gritos ensurdecedores dos que estavam para morrer foram congelados por um poderoso rugido.

Os Tambores cresciam em volume e em numero, uma gigantesca sombra se erguia no horizonte fazendo chover ácido. Rostos e corpos eram derretidos enquanto os tambores dominavam a audição, mais altos do que os gritos desesperados.

Acordou sobressaltado, suava sobre a cama apesar de todo o frio daquele dia de inverno. Escutou batidas em sua porta e uma voz familiar.

Não sabia quanto tempo dormira, mas sabia que não voltaria para a cama tão cedo. Se recompôs e num tom impositivo, disse aos visitantes que já os atenderia. se arrumou e foi à porta. “Não há descanso para os tolos” pensou consigo mesmo.

Fim.

Criação e elaboração: Fred Torres
Revisão: Patrick Nascimento

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Ganhos em experiência:

• Delgrim – 400 xp