O Recesso de Gatts | Parte Final

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Nos dias 03.03.21 e 23.03.21 foi a vez de acompanhar o que Gatts fez em seu recesso. O líder dos Heróis do Trono tem pouco tempo para descansar e se prepara para desvendar um mistério. Acompanhe nesse resumo.

Jogador: Diogo Coelho (Gatts)

Essa é uma história original escrita por Bruno de Brito (DM), revisada por Bruno Simões (Kalin).

Essa história é uma continuação do Recesso de Gatts | Parte I

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06 de Flocos de 592 Ano Comum

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atts surge em uma sala circular. Ao seu redor, uma atmosfera mágica combina cores verdes e rosa simultaneamente. A desconfiança habitual de Gatts o fez analisar aquela manifestação mágica, e somente após uma análise, testou tocar a barreira. Ainda que seus pelos tenham eriçado, ele não sentiu mais que uma estática. A sala era oval e possuía duas mesas no canto e um altar pequeno em outro lado.

Havia em um dos lados uma porta. Sobre a mesa, diversos pergaminhos, muita poeira e um estado que indicava que há muito ninguém havia estado ali. Com muita cautela, Gatts analisou os escritos e percebeu que alguns pergaminhos eram mágicos. Os guardou para na sequência averiguar três cadernos. Um estava em branco, outro era com certeza um livro de magias codificado, e o último um diário. Gatts sentou-se e começou a folhear.

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16 do Sol de Sunsebb
A noite estava perfeita para analisar os astros, vejo a lua de Sehanine Arco Lunar, mas não vejo os demais planetas.

25 de Bonança de 492
A porta foi implantada, tudo está ficando diferente, sinto uma energia mágica bruta vindo e indo, mas deixando resquícios de algo que não compreendi ainda.

01 de Colheitas de 550 Ano Comum
Eu tenho certeza de que as bestas estão vindo de lá. Juro por Boccob, elas não vieram para proteger a Porta, eu Horst Borsodi, vou me conter. Já tentei comunicação, mas os caranguejos parecem querer a minha pele.

14 de Safras de 568 Ano Comum
Sim, há uma guerra ocorrendo lá fora, posso sentir. Os astros descrevem um grande conflito acontecendo em Flanaess, será que As Guerras de Greyhawk finalmente eclodiram? As criaturas, elas estão por todos os corredores. Preciso me trancar aqui. Espero que o portal nos sirva. Aquele maldito elfo disse que por apenas 200 anos precisaria manter a porta aqui. Acredito que ele me enganou

Exploração

Havia ainda uma série de anotações, mas Gatts havia lido o suficiente. Decidiu testar a porta e naturalmente estava trancada. Havia magia ali, ele podia sentir, não a forçaria. Recuou para o altar. Lá percebeu incensos, óleos e pequenos escritos sagrados há muito utilizados. Tudo estava quebradiço e tomado pelo efeito do tempo. O altar ele logo notou, pertencia a Boccob. Havia moedas e algumas pedras preciosas. Ele decidiu não as pegar.

Voltou às mesas e vasculhou, procurando por uma chave ou uma forma segura de abrir a porta. E sua busca deu certo. Encontrou uma chave solitária escondida embaixo da mesa. Testou na porta e ela funcionou. O caminho a frente estava escuro e ele providenciou uma luz de seis metros. Não queria despertar a curiosidade do que quer pudesse haver ali. Gatts avançou até uma área onde havia uma estátua esculpida em pedra. Ele não teve muito tempo para analisar a obra, já que uma estranha criatura estava em um quarto próximo e Gatts logo percebeu que era de natureza hostil. Com muita maestria e eficiência ele conjurou uma barreira de força vedando a passagem da porta, mantendo a criatura presa do outro lado. Mas ela não estava só. As criaturas eram muito estranhas.

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A luta foi severa. As criaturas atacavam Gatts não apenas com suas pinças e mordida, mas também com magia. O guerreiro mago usou de toda a sua astúcia para conseguir vencê-las, e quando finalmente conseguiu derrotar as duas, uma terceira surgiu, para desespero de Gatts. O furyondês se trancou em uma sala e com uso de invisibilidade e voo, tornando a explorar os corredores atrás de sua caçadora. Mas não havia sinais, ele sabia que a criatura estava procurando por ele e ali virou uma questão de ou ele a caçava ou era caçado. E Gatts foi mais rápido. Encontrou a criatura em uma sala, e não pensou duas vezes. Conjurou sobre a criatura uma poderosa bola de fogo. O Coletor de Cérebros não teve chance e foi fulminado por Gatts.

O furyondês tinha se ferido muito e gasto uma parte substancial de seu repertório mágico. Ele voltou para a sala segura e usando de suas habilidades e conhecimentos mágicos conseguiu enganar um item mágico, invocando uma magia da tradição divina, para poder se curar. Gatts leu um pergaminho divino de Campo de Vida e pôde ter seus ferimentos parcialmente curados. Uma vez descansado, ele tornaria a explorar aquele local desconhecido. Ele precisaria encontrar uma saída e torcia para não haver mais daquelas criaturas.

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Horst Borsodi

Gatts voltou a explorar os corredores daquela estranha construção. Antes de sair do cômodo que se encontrava, pegou o punhal que estava sobre uma mesa. Com certeza tratava-se de um punhal de família anã, pertencente a Horst Borsodi, Gatts voltou para a sala onde havia explodido uma bola de fogo e onde havia um baú. Não havia sinais das criaturas, elas haviam simplesmente desaparecido, e concluiu então que poderiam ser invocações – uma dedução equivocada, mas que necessitava de um pouco mais de investigação para identificar o que acontecera a elas. Na tentativa de abrir o baú foi vítima de uma armadilha de essência de sombras, e ainda que tenha sucumbido ao efeito do primeiro estágio do veneno, conseguiu suprimir seus efeitos seguintes. No baú encontrou moedas e pergaminhos.

A sala parecia um tipo de cozinha, mas havia barris e caixas, e foi durante uma investigação que ele ouviu um som, como de um caranguejo batendo suas patas em solo duro, imaginou imediatamente que se tratava de mais uma daquelas criaturas. Recuou para a sala anterior e parou para ouvir novamente, o ser parecia não ter avançado e apenas estava perambulando em outro cômodo. Gatts aproveitou para analisar uma estante de livros que não havia explorado logo que saíra da sala de onde surgiu. Havia diversas literaturas de poesia, fábulas e música. Havia também uma parte apenas com escritos do próprio anão. Gatts contabilizou uma obra completa de Horst Borsodi com cerca de 100 volumes. Ele coletou todos e analisou suas possibilidades. Precisava evitar um novo confronto com um daqueles seres, e tomou um caminho diferente. No entanto ao abrir a porta notou a poucos metros um daqueles seres, e ele a Gatts, um combate se iniciou. Decidido a não confrontar a criatura sozinho, Gatts invocou uma de suas magias mais poderosas, ele convocou um dragão azul jovem, e o combate teve início.

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O dragão surgiu causando grande estrago no Coletor, mas este por sua vez também conseguiu fazer algo que até então Gatts não tinha percebido. Ele envenenou o dragão com sua mordida. Gatts descobriu também que acertos críticos no monstro destruía os cérebros em sua carapaça, e isso deixaria o ser estupefato. E foi quando o guerreiro mago decidiu atacar a criatura com sua espada, que ele cometeu um erro de movimento e acabou atingindo sua própria cabeça com a parte romba da espada. A pancada foi tão forte que Gatts perdeu os sentidos no ato.

Conflitos Extraplanares

Vendo que um de seus oponentes tombara, a criatura imediatamente se virou para o dragão. Ela invocou uma magia de imagem de espelho e tentou morder o seu inimigo. Na sequência o dragão foi desaparecendo. Como uma criatura invocada ele precisava ser mantido magicamente por seu convocador e Gatts foi recobrando os sentidos percebendo o dragão sumir e o coletor se virar em sua direção novamente. O guerreiro mago furyondês estava no seu limite, e invocou uma nova bola de fogo sobre o ser e tamanha foi a violência da mágica que o coletor já bastante ferido pelo dragão, explodiu em pedaços calcinados pelo fogo.

Recuperado do confronto, Gatts explorou o novo cômodo, onde caixas e barris estavam destruídos pelo fogo de sua magia – ali não havia mais nada. Ele avançou até outro cômodo e encontrou um novo altar, desta vez claramente em homenagem a Moradim, e lá havia um livro sagrado aberto e anéis grandes de ouro colocados de forma religiosa sobre a mesa. Gatts não mexeu em nada e apenas virou a capa do livro para confirmar sua suspeita, o livro era sagrado a Moradim. O furyondês não percebeu quando uma pequena chave caiu pode debaixo do livro, até o chão. Gatts voltou a sala onde ouvira os sons de uma das criaturas e decidiu que se quisesse avançar por aquela construção, precisaria explorar cada cômodo. Graças ao anel da escalada, ele montou uma armadilha. Andou até o teto e lá aguardou a criatura aparecer, o que não demorou. O Coletor surgiu na entrada do local, e essa era a oportunidade que o furyondês aguardava.

Como todo mago universalista, Gatts era capaz de relançar uma magia já conjurada de cada círculo que possuísse, e assim ele o fez. Concentrando em sua lâmina – a Espada dos Fracos, que ao mesmo tempo era uma poderosa arma branca, também era o item ligado do arcano, ele conjurou novamente um dragão azul para confrontar o coletor de cérebros. Gatts ia para o 5º confronto contra criaturas daquele tipo e ele já tinha descoberto uma forma lutar contra ela. E foi justamente de posse deste conhecimento que ele conseguiu derrotar o ser rapidamente. O combate terminou tão rápido que Gatts queria aproveitar do tempo que sua conjuração, o dragão, ainda possuía. E o que ele fez foi enviar o dragão pelas áreas não exploradas, a esperança que a criatura pudesse lutar contra quaisquer outros coletores que pudesse haver ali.

O Guardião

E foi assim que Gatts chegou até uma porta dupla ainda não aberta, que quando o dragão abriu, pôde ver que dava para uma ampla câmara, completamente irregular, provavelmente uma grande caverna. Em um extremo ele viu, ainda que na penumbra, um brilho rosa – magia. E viu também uma estranha criatura. O ser possuía três pernas e três braços, além disso, sua cabeça era desprovida de olhos, nariz, boca ou orelhas, tornando impossível determinar para qual lado ela estava olhando. Quando o dragão estava próximo o suficiente, o ser atacou.

Tamanha foi a força do ataque que Gatts percebeu que o dragão não resistiria a uma nova leva. Os ataques da conjuração não conseguiram atingir o ser, e Gatts percebeu que precisava identificar do que se tratava. Quando estava próximo no limite da luz, Gatts compreendeu do que se tratava. Aquela criatura enorme era um Quelaunte. Um ser dotado de grande força física e igual telepática. Capaz de atacar tanto fisicamente suas vítimas, como mentalmente um Quelaunte não era qualquer inimigo, era um ser poderoso cuja força rivalizaria inclusive a de todo o seu grupo, em um confronto direto.

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Mas não era apenas a criatura que impressionava Gatts, o local em si era completamente fora do comum. A ponte onde ele estava parecia levitar orbitando um planeta que com certeza se tratava de Oerth. A imagem era simplesmente de tirar o fôlego e de uma impressão fora do comum. Nada se igualava a visão privilegiada que Gatts estava tendo do mundo. Ele simplesmente estava uma grande porção de terra presa pela força da magia ou física ao planeta abaixo. E ao seu redor um céu de estrelas infinitas que os astrólogos chamam de espaço. Gatts sabia que dado os riscos, havia severas chances de ele não conseguir sair dali, até mesmo o seu teleporte não era capaz de atravessa tamanha distância que parecia separá-lo de sua terra.

Gatts queria poder contemplar mais de toda aquela beleza, mas foi trazido a luz da realidade quando viu perto de si, aquela criatura completamente aberrante. Ele viu mais atrás o dragão e percebeu que o ser já sabia que o dragão não duraria muito, por ser uma criatura convocada… E aquela conclusão fez Gatts concluir que o nível de intelecto do monstro era digno de rivalizar grandes arcanos. O que o furyondês sentiu inicialmente foi uma tremenda dor de cabeça.  O ataque mental do Quelaunte atingiu Gatts em cheio e ele foi tomado por um misto de sentimentos de desespero e dor. Num ato de sobrevivência instintiva, Gatts correu para a porta, fechando-a atrás de si e se afastando o máximo que podia dali.

Um Novo Dia

07 de Flocos de 592 do ano comum, manhã

O coração do guerreiro mago batia acelerado, seu olhar desesperado para a porta esperava vê-la romper a qualquer momento, mas o tempo foi passando e ele se deu conta que a criatura não viria em seu encalço, sua missão era guardar a Porta para Sigil. E enquanto não houvesse ameaças ao artefato, a criatura não se separaria de sua missão. Gatts sentou-se no chão exausto, já que iria completar um dia inteiro acordado, sem comer e completamente esgotado de suas magias.

Ele ainda percorreu por locais outrora explorados, buscou chaves, passagens secretas, e não as encontrou. Ele regressou para a sala inicial onde havia surgido, trancou a porta atrás de si e deitou-se no meio da área sobre efeito de algum tipo de magia e adormeceu. Tão logo despertasse, voltaria a procurar um meio de sair daquele local. Ele tinha certeza de que estava preso e precisaria usar de toda a sua inteligência para escapar. Porém, para a sua sorte, ele estava completamente enganado.

Gatts despertou. Ele estava sentado com o corpo e cabeça apoiados sobre pilhas de livros. Logo que se situou percebeu, estava na biblioteca da academia. A cerca de seis metros dele, lá estava o elfo, Durandal. Gatts ainda podia sentir as dores pelo corpo e especialmente na cabeça, fruto do ataque do Quelaunte, mas agora já não tinha certeza se o que vivera foi real ou um sonho. E foi a voz do elfo que lhe deu essa certeza:

“- Sim, foi um sonho, real e verdadeiro. Você viveu a memória de um local parcialmente construído para proteger a Porta para Sigil, você estava na casa de Horst Borsodi e conheceu parte de sua história. Me diga, quem ele era?”

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A morada de Horst Borsodi

Breves Revelações

A desconfiança natural de Gatts o fez ficar irritado com o elfo, mas por algum motivo, ele respondeu:

“- Um anão que provavelmente foi enganado por você e se tornou aquele ser, o Quelaunte. Conhecedor provavelmente da tradição oculta e divina, era um devoto de Moradim e Boccob. Era também um amanta da poesia e escrita, principalmente de fábulas e contos”

“- Você está certo, considerando tudo que viu e viveu. Horst foi o primeiro a descobrir a Porta para Sigil e pagou com a própria sanidade o preço pela descoberta. Você queria saber onde a porta está, agora tem uma vaga ideia, além disso, sabe também que é muito bem protegida. Desta forma, não deve ser sua preocupação ou a de seu grupo agora, não enquanto os muros do Viscondado permanecerem intactos.”

“- Então a Porta está aqui na Academia?”

” – Na atual condição, a melhor coisa é você desconhecer a localização, para o seu próprio bem. A atenção de vocês deve voltar para os Cubos Prisão, eles são o instrumento que trarão Vecna de forma indireta para o plano material, e é isso que seus lacaios querem. A Porta que leva para Sigil, também pode trazer através de lá entidades. Impeça os asseclas, freie os seus planos de trazer o terror para Verbobonc. Se ele conseguir chegar no plano material, o Quelaunte terá um adversário a sua altura e a cidade pode pagar um elevado preço no processo.”

Durandal foi saindo da sala e antes de romper o limite da porta, olhou de volta para Gatts e disse:

” – Avise a Rathnar que dentro em muito em breve ele será convocado, até lá deve se preparar…”

O elfo saiu. Gatts olhou os livros e notou os pergaminhos e itens encontrados na casa de Horst Borsodi, e aquela era a evidência mais concreta de que tudo que vivera foi real…

Tempos depois Aescriel surgiu, Gatts explicou o ocorrido ao elfo e disse:

“-É chegada a hora de reunirmos o grupo.”

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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