Para ver caçada Insana em Vila da Pratinha – encontro marcado, clique aqui.
A dupla adentrou o Bosque dos Perdidos através da trilha que encontraram no limiar da Fazenda dos Jonathans, em busca de indícios que levassem até o terceiro diabo que havia sido delatado por Anderson – o ex-líder da guarda de Vila da Pratinha, que declarou que esse diabo era uma poderosa criatura e um daqueles que estavam orquestrando o mal que havia se espalhado pela cidade mineradora, impedindo o envio de prata para a Capital do Reino.
Em meio àquela mata fechada eles seguiram, sentindo um clima pesado e sombrio, mas não parecia que choveria naquele momento.
Era tarde, o sol se encontrava no momento crepuscular quando eles começaram a entrar na mata. Wenishy e Tyla sentiram uma força sinistra advinda do interior do lugar, que exalava um estranho odor que parecia impregnado ali. A paladina se virou para Joshua e disse:
– Está sentindo Joshua? Está sentindo esse cheiro? O cheiro do mal.
O paladino meneou com a cabeça em concordância, pois o havia sentido desde o momento em que haviam chegado ao local.
Ao continuar a caminhando com a garota para dentro da floresta, parou subitamente e teve um estanho pressentimento: como se algum de seus amigos tivesse decaído na tênue balança cósmica entre o bem e o mal. Ele olhou para Tyla, que percebeu que o companheiro não estava bem e provavelmente havia percebido algo que ela não houvera captado, e disse por fim:
– Joshua? Você está bem? Ficou pálido? O que você sentiu?
Poderkaine explicou seu estranho pressentimento, ao que a mulher desconfiada e tentando entender o significado daquilo, disse:
– Bem Joshua! Como não senti o mesmo que você, não está relacionado a nosso círculo de companheiros em comum. Deve ser alguém que só você conhece. Oremos a Tyr para que tudo dê certo para ele e que retorne ao caminho da razão.
Wenishy concordou com a cabeça e os dois prosseguiram por seu caminho rumo ao interior do bosque.
Após andarem por duas horas de trilha na mata, começou a anoitecer. Tyla sacou tocha, pederneira e isqueiro e proporcionou a iluminação que necessitavam. Seguiram pela mata por mais alguns minutos até chegarem num trecho onde a trilha parecia ter desaparecido, enquanto uma largo e aparentemente profundo abismo surgiu entre eles.
Enquanto examinavam a possibilidade de contornarem a formação diante deles e buscarem a continuação da trilha, Joshua ouviu um zumbido que passou próximo a cabeça de Tyla, o som era de uma flecha que havia sido dispara na direção da paladina, mas que havia errado e atingido uma árvore, nesse instante Wenishy ordenou:
– Proteja-se Tyla! Estamos sob ataque de arqueiros.
O casal começou a correr, tentado escapar da saraivada de tiros de flecha que foram disparados na direção dos dois.
Muitas delas, devida a alta proteção do peitoral de aço vestido pelo paladino e da paladina, que vestia uma brunea, erraram ou atingiram sem efeito os dois, porém algumas poucas os acertaram.
Quando alcançaram uma larga árvore, acreditando que estariam protegidos das flechas, foi que, para a surpresa deles, foram atacados por hobgoblins trajados com mantos pretos e armaduras de couro batido de igual coloração, eles estavam estrategicamente posicionados e foram se aproximando do intrépido casal, que para escapar das flechas, foi forçado a se refugiar no local onde estavam as criaturas, que aproveitaram o rápido momento de surpresa deles para tirarem vantagem em seu ataque covarde e duro contra os paladinos, que foram castigados pelos golpes coordenados dos guerreiros goblinóides.
Foi um combate duro e prolongado contra os táticos hobgoblins.
Apesar da astúcia e aparente vantagem numérica e estratégica daquelas criaturas, eles não contavam com a grande afinidade e coordenação de ações do casal, que se posicionava taticamente e os atacava com poder e tenacidade, minando assim aqueles adversários, que pareciam surgir de vários pontos para falqueá-los, com ataques combinados que lhes causavam grandes danos, mas ao final eram rechaçados pelos paladinos.
Em determinados pontos, quando os combatentes pareciam diminuir em frequência, a dupla se voltou para procurar pelos arqueiros inimigos, que continuavam a atingi-los com suas flechas enquanto os combatentes hobgoblins corporais mantinham-nos afastados.
Assim, eles foram eliminando as ameaças, no entanto, quando um dos hobgoblins fugiu temendo ser morto pela dupla, seu corpo foi arremessado, da escuridão para onde havia fugido, com o peitoral esmagado, o que revelava aos dois heróis que um novo inimigo estava surgindo.
Um ogro das matas apareceu, a grande criatura bestial era precedida por um terrível fedor de esterco e portava uma enorme clava.
Ele foi severamente castigado pela ação combinada dos preocupados Wenishy e Tyla, que o derrubaram, cortando-o em dois, antes que este pudesse esboçar qualquer reação ofensiva, que certamente poderia causar grandes estragos aqueles combatentes, e isso eles não queriam e não poderiam arriscar, pois muito ainda precisava ser feito naquele bosque.
O confronto havia rendido aos paladinos algumas escoriações, pequenos machucados, além do banho de sangue e fedor que exalavam em virtude do contato que tiveram com o ogro, o que lhes gerou certo nível de desconforto.
Assim, eles triunfaram contra os hobgoblins e o ogro da mata. Enquanto Poderkaine revistou as criaturas, a desconfiada Rufgard, começou a investigar o que poderia ter acontecido com a trilha, pois ela teve a impressão de ter visto um dos hobgoblins arqueiros pisando no abismo sem cair nele.
Após terminar sua investigação e recolher dos derrotados instrumentos e equipamentos que pareciam serem de fabricação de Ecnor, o que o deixou muito intrigado, ele ouviu a voz de Tyla num sussurro alto dizer:
– Joshua, venha aqui! Venha ver isso.
Ao atender ao chamado da paladina, ele viu que a mulher guerreira sagrada estava de pé sobre a beirada do abismo, do lado do vazio, o que o deixou surpreso ao perceber que ela não caiu. Rufgard o chamou, com os braços estendidos, para ficarem juntos sobre o buraco, sendo atendida pelo paladino que foi até seu encontro.
Quando os dois estavam juntos, como num passe de mágica, o grande abismo se dissipou numa tênue névoa cinzenta que ao desaparecer, revelou árvores, vegetação rasteira e a trilha. Wenishy declarou que aquilo, com certeza, era obra de magia e que por isso eles deveriam redobrar a cautela.
Diante desse fato, os dois descansaram brevemente, apenas para utilizarem seus recursos para se curarem dos abalos infligidos pelos oponentes, em seguida partiram.
Com o decorrer de uma hora, na qual Tyla ao renovar a tocha que estava se extinguindo disse o quanto amava Wenishy, que retribuiu a declaração com um olhar apaixonado e palavras recíprocas de carinho e amor.
Eles atingiram uma área de descampado, onde era possível divisar um mirante no alto de uma colina, onde havia alguma luz. Temendo que aqueles que lá estivessem pudessem vê-los e ataca-los com tenacidade e covardia, antes que alcançassem o local, Poderkaine sugeriu a paladina que aguardasse dentro no limiar entre o bosque e o descampado, enquanto ele investigaria o local furtivamente, sendo acatado pela companheira.
Sem revelar que dispunha de um meio mágico para tal, Wenishy partiu em meio as arvores, na escuridão e utilizou seu poderoso anel de invisibilidade.
Enquanto atravessava por entre as sombras do mundo real, ele rapidamente se aproximou do cume da colina, onde estava o antigo mirante de pedra, coberto por árvores secas e algumas ainda vivas, grandes carvalhos e cerejeiras frondosas decoravam o espaço, que parecia ter sido construído a milênios atrás, apesar de que os olhos do paladino não se ocuparam com a paisagem em si, mas com os dois corpos atravessados por uma lança que os uniu num abraço eterno, o casal de mortos estava pendurado num árvore seca que fica aos pés da escadaria do mirante.
Foi quando Joshua fez uma inusitada descoberta, pois ele viu com os próprios olhos, Rufus Banden, o antigo prefeito que havia sido encontrado morto por Garibaldi estava ali, com sua esposa ao seu lado e mais dois hobgoblins vestidos de preto, que os guardavam, cada um num pilar do mirante arruinado, observando o ritual que estavam fazendo, pois, a frente do prefeito havia um círculo feito com sangue e vísceras, que vinham de uma mulher morta que estava no interior daquele símbolo ritualístico.
Um outro corpo jazia morto e estripado, do outro lado da construção, que no passado deveria ter um telhado, mas que naquele momento era completamente aberta para o céu rodeado de estrelas e sem lua.
O paladino respirou fundo e lembrou-se de seu conselho para Rufgard, pois precisou agir com a razão para não atuar naquele instante, regressou rumo ao local onde a paladina estava para lhe informar sobre sua inusitada descoberta e para poderem traçar um plano de ação.
No entanto, a medida que descia a colina, o paladino viu que o local onde havia deixado Tyla não exibia mais a pequena iluminação da tocha que ela portava.
Temendo pelo pior, apressou o passo e correu em direção ao local de trevas.
Para ver a continuação, clique aqui.
Criação e elaboração: Patrick, Bruno Santos.
Fontes de imagens: internet
Autoria da imagem da capa do artigo: Shin
É curioso como a leitura incorpora com propriedade as passagens dessa aventura.
Wenishay, vive uma continua preocupação por seus companheiros e o destino da liga dos reinos da ordem de Toran. Crivon atravessa um período turbulento e incerto, tal como ele recorda do tempo do Estratagema de Forças das Trevas, não tem certeza, mas deve ter menos de 5 anos de ocorrido, e não é possível que o mundo esteja curado dos efeitos colaterais deste vilão.
Para Wenishay, Crivon está longe de se ver curada de todo mal que assola suas infinitas terras de beleza, ordem e paz. Forças malignas teimam confrontar o estado natural das coisas. E ele por vezes se questiona se essa batalha terá fim.
Joshua sabe, tão cedo ele não terá paz, e quando reflete sobre isso pondera sobre seu relacionamento delicado com Tyla…
Paladinos são feitos para amar? Ele pondera.
Observações para revisar no texto: Em uma passagem vc escreveu Wenishy e em outra Poderakaine. Meros detalhes, diante de tão rico texto.
Continue assim DM!
Esses questionamentos que aprofundam ainda mais as característica do paladino Wenishay e ler e reler esses textos proporcionam ao personagem e ao DM a possibilidade não apenas de recordar, como também utilizá-los nos desdobramentos que virão…
Correções efetuadas! Valeu!
Wenishay teve um trecho que acabou sendo omitido no texto: o momento em que, após o combate contra os hobgoblins e ogro, ele contemplou Tyla limpando a Claymore dos Poderkaine e sentiu um grande bem estar em ter concedido o uso da lâmina familiar para a paladina…