Antaris – Neurolink I – A Libertadora (Sóis Mortos)

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Os membros da tripulação vigente passam por momentos difíceis e mortais durante as missões. Algumas vezes esses traumas despertam uma lembrança, memórias ou até mesmo visões sobre o passado do indivíduo.

Os Neurolinks de Memória Pós-Traumática (NMPT) são um recurso narrativo que visa encaixar elementos da história com os personagens, trazendo à tona conflitos internos e traumas passados para dar profundidade na construção da persona individual e sua interação com o grupo.

Referência

Na noite do primeiro dia da expedição à floresta tropical do inóspito continente de Ukulam, Antaris é assolada por uma lembrança que pode causar um grave curto-circuito nos chips de processamento de emoções de nossa jovem androide.

Link para o episódio aqui

A Libertadora

Ao fechar os olhos em meio à relva, Antaris é transportada diretamente para a única selva que conhece, a selva de pedra. Seus circuitos parecem regredir no tempo com destino à um passado incerto… Ela tem a impressão de ter menos dados armazenados em sua memória, seus algoritmos parecem mais truncados e rigorosos. Ao olhar para baixo, vê em seu peito um símbolo conhecido que lhe traz lembranças de paz, um pequeno broche com o brasão do Museu Interplanetário de Castrovel.

Antaris é guia de uma pequena excursão de humanoides diversos, de todas as idades e etnias. Chama sua atenção um pequeno e curioso Ysoki. Ele se assemelha a um hamster, com grandes bochechas, olhar vidrado nas obras de arte e tecnologia expostas atrás de grossas paredes de cristalometal blindado e ouvidos atentos nas explicações da androide. Antaris ainda não tinha processado em seu cérebro positrônico experiências como curiosidade e inocência. Aquela seria a cobaia perfeita para aprender.

À medida que as explicações sobre experimentos científicos e sua história relacionada saíam da sua boca, o pequeno e peludo jovem rato ia se debruçando sobre o balcão, cada vez mais atento. Sua curiosidade era o substrato que o sistema de realimentação do controle interno de aprendizado da androide precisava. Antaris nunca havia sentido tamanho desejo por entender um sentimento quanto aquele.

Enquanto a guiava a excursão, a androide percebeu que o pequeno Ysoki havia parado. Como o protocolo do museu não permite a separação dos visitantes, ela foi em direção ao jovem rato bípede para traze-lo de volta ao grupo. Ele estava parado, admirando uma obra de arte, um antigo quadro da época renascentista pré-lacuna de Castrovel. O quadro se chamava “A prisão da mente” e retratava um elefante que permanecia preso à um pequeno toco de madeira, incapaz de se libertar pois foi ensinado por seus mestres que não tinha forças para tanto.

Antaris nunca havia ligado para arte. Achava que todos esses quadros e estatuas eram só um serviço manual de péssima qualidade feito pelos humanoides. Não ligava até agora… O pequeno mamífero roedor apontou para o elefante e depois para ela. Antaris ficou confusa, e, concentrada no quadro para entender a relação que a criança havia feito, percebeu que o alerta de erro começara a piscar atrás do lóbulo da sua orelha direita. Um sinal amarelo e fraco, um sinal que alertou os lashuntas locais de que algum androide da sua linha de operação estava com defeito.

Sempre que ocorria isso com algum androide do museu, ele era prontamente levado pelos funcionários e tinha sua memória apagada e seus comandos reinseridos. E era a vez de Antaris. Ela entendia o que iria ocorrer e não gostava disso, porém, parecia não ter forças para reagir, algo a impedia de se rebelar, uma parede invisível a barrava de poder demonstrar sua vontade.

No momento em que um funcionário lashunta apareceu para desligar a androide, ocorreu uma explosão! Um som muito alto ecoou pelas paredes do museu, embora os algorítimos programados no cérebro de Antaris a impedissem de sentir medo.

De uma das portas laterais surgiram vários androides, de vários modelos e marcas diferentes. Todos fortemente armados e com seus números de série apagados. Se movimentavam fora do bloco de comando, de forma caótica e erradica, parecendo que cada um estava fazendo algo sem se importar com o coletivo. Algo que Antaris não conseguia compreender.

Símbolo da frente abolicionista Androide

Tiros, barulhos de laser e explosões tomaram o salão. Lashuntas morrendo, Androides sendo abatidos. O pequeno Ysoki, perdido em meio à confusão, decidiu se esconder embaixo da maca de transporte na qual Antaris estava repousando. Ela estava perdida… Era a primeira vez que se sentia assim na vida, não sabia como reagir, era muita informação para processar e suas sinapses ainda não estavam preparadas. Ainda lutava para tentar derrubar a parede invisível que a bloqueava de agir.

Um dos invasores veio em sua direção. Ele estava com um capuz por sobre a testa e olhos. Uma máscara tapava sua boca e queixo e havia sido pichada com os dizeres “Androides Livres”. A única coisa que se via era o tom esverdeado de sua pele, quase esmeralda.

Quando o invasor chegou perto, o pequeno e intrépido Ysoki pulou sobre ele. Antaris não entendia o porquê… Por que uma criatura iria tentar proteger um androide que ela mal conhece? A luz de erro piscava ainda mais forte e sua cor amarela ia dando lugar aos tons de vermelho alaranjado…

O Ysoki pulou e arrancou a máscara do invasor. Ele sacou sua arma, apontou vagarosamente para a pequena e inocente criatura e disparou um tiro contra sua têmpora. A luz agora piscava num vermelho como o do sangue jovem rato bípede que escorria pelo corpo de Antaris.

A androide então começou a se mexer, ignorando o comando de ficar imóvel que o funcionário acionou. Ela se levanta da maca ainda sem entender o que está ocorrendo… Algo não está funcionando bem, ela sente um desejo ardente de descumprir sua programação, parece incapaz de controlar seu corpo. A parede invisível foi quebrada e estilhaçada de sua mente para sempre…

O invasor fala com uma voz feminina em seu ouvido “ Vá, agora você é livre (…) Seja quem você quiser ser! ”. Nesse momento a androide ergue seu capuz e um moicano azulado toma conta de sua cabeça. Os olhos são de um azul profundo, os mesmos que Antaris viu serem apagados contra o Garaggakal (…) Sim, é Clara247!

Rafael Maradona

Mestre das campanhas "Sóis Mortos" e "Contra o Trono Eônico", do sistema Starfinder. Mestre de "Maldição da Extinção", do sistema Pathfinder. Jogador e mestre da campanha "Aventuras em Golarion" e jogador de "Pendor de Pedra Pestilenta". Integrante do Orbecast. Adorador de Asmodeus e não vê pornografia nos anúncios.

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Rafael Maradona

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