Os Heróis Selvagens se enveredam pelos corredores de uma caverna esquecida pelo tempo. Mensagens escritas na pedra e criaturas poderosas testarão no limite a capacidade dos heróis. Esse é o resumo da partida ocorrida no último sábado 09.06.18, com os jogadores:
Bruno Freitas (Rathnar Selfanar)
Marcelo Guimarães (Aescriel)
Bruno Simões (Kalin Orochi)
Sabyr Arcadani (PdM)
03 de Preparos 597 CY
O grupo estava abalado. Eles estavam ali a serviço do grande dragão vermelho Melniirkumaukreton, e sob suas ordens deveriam “limpar” a caverna de seus males e retornar com todos os discos de ouro que encontrassem. Aescriel o mais inteligente do grupo estava intrigado com o pedido do dragão, mas o primeiro disco encontrado em meio as pedras onde derrotaram os mantos, pouco lhe revelou.
Pesando cerca de 5kg, o disco continha inúmeros glifos e desenhos intrincados. Aescriel era um especialista em idiomas, com elevada graduação em linguística, mas decifrar aqueles glifos, levaria horas. E esse tempo eles não tinham.
Seguindo para as câmaras ao norte da masmorra, eles chegaram até uma área fechada com restos de um esqueleto gigante soterrado por grandes rochas. O escrutínio dos aventureiros revelou que a ossada do gigante tinha sucumbido em uma armadilha de rochas soltas no teto, e que ele queria alcançar alguma coisa dourada próxima da parede sob as rochas. A área era inalcançável sem remover os entulhos.
Após tentarem de todos os modos a remoção pela força, sem sucesso, Aescriel através do uso de sua magia conseguiu remover as rochas e além do esqueleto do gigante os aventureiros descobriram 2 novas coisas.
O brilho dourado que Rathnar havia visto era mais um disco, o terceiro encontrado pelos heróis. O primeiro eles viram na pilha de tesouro de Melniir; o segundo eles encontraram com os mantos. Porém além disso, os aventureiros notaram na parede, escritas feitas possivelmente pelo gigante antes de sua morte. Aescriel conseguiu traduzir a mensagem:
“Está é a caverna do verme, Melniir e o vemer… ilegível Segoan, nos salve”
Os aventureiros levaram um tempo refletindo sobre a mensagem e o que tinha de informação até ali, e concluíram que precisavam investigar mais. O caminho a seguir foi percorrido com extremo cuidado pelos aventureiros. Segundo os cálculos de Aescriel aquele território era a região do limo que eles avistaram. O ex-mago da Ordem Arcana de Greyhawk Aescriel estava sob efeito de duas magias, a primeira era a capacidade de enxergar no escuro e o segundo encanto era o de voar.
Diferente dos feitiços básicos, Aescriel havia alcançado um novo patamar arcano. E o elfo dourado sentia a magia vibrando em seu sangue. Uma sensação que há muito ele não tinha. Quando vampiro, ele ainda havia mantido suas capacidades arcanas, mas estas não tinham brilho ou a força que tinham agora, ele se sentia pleno para apoiar os seus companheiros naquela caverna.
Kalin, Sabyr, Rathnar e Aescriel seguiam cautelosamente pelo amplo espaço em direção ao sul da caverna. Aescriel de tempos em tempos olhava para cima, na esperança de antever um ataque aéreo do ser, mas também refletia.
Intimamente Aescriel ponderava. Ele possuía poder para sair daquele local e levar consigo seus companheiros. Mas ao fazer isso estaria condenando os gnomos, maculando-os a uma servidão permanente. O elfo tinha o seu grimoire, com ele seu poder era sólido, mas sua moral lhe impedia de encerrar toda aquela situação de forma simples e mágica.
E foi quando um leve ardor tirou o elfo dourado Aescriel de seus pensamentos. Olhando por sobre o ombro viu uma pequena gota do que parecia ser um óleo preto queimando o tecido de seu robe. E foi quando olhou para cima ele viu uma escuridão que seus olhos não conseguia perpetrar.
Aescriel reagiu instintivamente. Ele não teve tempo de alertar os seus companheiros o enorme limo caiu por sobre os heróis, com exceção de Aescriel que conseguiu escapar no último instante.
A criatura caiu pesadamente sobre Rathnar, Kalin e Sabyr. Dos três, dois conseguiram sair a muito custo de sob a criatura e estes foram Kalin e Sabyr. Rathnar havia sido escolhido aleatoriamente pela criatura e estava preso dentro dentro dela. O simples contato com a gosma preta oleosa queimava a pele dos aventureiros e Kalin viu quando sua roupa adquiria uma tez fraca e rompia fivelas em algumas partes.
Sabyr também exibia queimaduras e o oráculo gritava aos seus companheiros sobre a situação em que se encontrava Rathnar. Sem ouvir uma resposta, ele sacou sua massa e se preparou para o combate.
Dentro da criatura Rathnar se via em uma situação desesperadora. O ácido da criatura corroía sua pele, roupas e ele sentia que os seus itens também! E a todo custo o alto elfo tentava se livrar do julgo do limo, porém a criatura era extremamente pegajosa e manipulava sua estrutura amorfa para neutralizar seus movimentos ao limite da exaustão. Começava ali uma luta pela própria vida.
Do lado de fora Aescriel tentava buscar em seu conhecimento qualquer informação que pudesse ajudar o grupo a combater aquele ser. Decidido a tirar seu companheiro de dentro do limo, Sabyr golpeava com sua maça. Os ataques felizmente não atingiam seu companheiro, ele pôde perceber, entretanto, a cada ataque sua arma era corroída pela substância da qual era feita seu adversário. Kalin receoso de ser a próxima vítima, invocou sobre si as benção do Escudo de Fogo. Com isso o clérigo de Pelor esperava reagir aos ataques do limo com o fogo de seus deus.
Uma serpente feita de chamas circundou o limo, gerando uma grande explosão de calor. A conjuração havia sido realizada por Aescriel, e o mago esperava que não atingisse o seu companheiro.
Mas não teve jeito, o intenso calor e as chamas chegaram a Rathnar, tanto quanto à criatura. Além disso, o elfo dourado havia invocado um elemental da terra para tentar mover o limo de lugar e sem sucesso, o elemental foi de pouca ajuda.
Graças a Kalin, Rathnar teve parte de seus ferimentos acalentados pelo pulso de energia positiva, liberada pelo sacerdote do Deus Sol. Dali para frente os aventureiros lutaram. Rathnar tentando se libertar, Kalin liberando energia curativa para segurar a vitalidade do elfo aprisionado, Sabyr lutando da melhor que podia, e Aescriel invocando mágicas menos danosas a Rathnar.
Aescriel sabia o nome da criatura, entretanto não recordava suas habilidades, e isso dificultava a melhor estratégia para vencer tal monstro. Lhe restava apenas lutar, acreditando que uma hora a criatura cederia.
Rathnar conseguiu vencer o aperto da criatura e sair de seu abraço ácido, para notar que Sabyr ,e Kalin haviam sido suas vítimas momentos antes. A armadura do alto elfo era frangalhos inútil, suas espadas élficas temperadas com magia nobre estavam destruídas, sua roupa praticamente dissolvida. Os únicos itens incólumes ao poderoso ácido foram suas gemas de Fhauskanger e estranhamente o arco élfico de Seümiel, que mesmo feito de madeira como outros objetos, parecia ter se imunizado ao efeito corrosivo do limo. Porém, este estava sem a corda. A criatura dissolvia qualquer matéria orgânica ou metálica. Apenas objetos feito de rocha ou minerais escapava de seu toque destrutivo.
O Escudo de Fogo ajudou Kalin a devolver parte dos danos sofridos. Sem armas, Rathnar se viu impotente, mas antes que pudesse pensar em uma forma de ajudar os seus companheiros engolidos pelo ácido, 5 dardos feitos de pura energia atingiram o limo, e isso foi suficiente para derrotar a criatura finalmente.
Não apenas Rathnar perdera valiosos itens para o limo, Kalin também sofrera perdas. Sua armadura, uma loriga segmentada encantada estava destruída, e seu escudo, uma relíquia de Pelor, quebrada. Restava aos heróis agora se recompor e verificar os mistérios escondidos na Tabuleta de Pedra
Após se recomporem, os aventureiros seguiram até a câmara mais abaixo, onde esperavam encontrar o limo. No local um disco de ouro estava entre pedras e em uma grande rocha, uma mensagem intrigou os aventureiros. Sabyr removeu com a ajuda de Rathnar o 3º disco em posse dos aventureiros. Enquanto isso Aescriel olhava curioso. O idioma era totalmente desconhecido para ele, mas suas capacidades lhe dizia que poderia decifrar aqueles glifos.
Levou-se cerca de 1 hora, até que finalmente o elfo dourado Aescriel Saliezur conseguir trazer um sentido ao que estava escrito:
Segojan ΚàÖȲΦϖŒ⊗ξ∂ (incompreensível), gnomos, Carla sabe, ela vai ajudar ∂∂ΚàŒ⊗ξ∂∂ΚàÖȲ (incompreensível). Ele quer que desçamos, muitos morrem àÖȲΦΚàÖȲΦ (incompreensível), ele sabe Œ⊗ξ∂ΚàÖȲΦϖ (incompreensível) os discos ϖŒ⊗ξ∂ΚàÖȲΦ (incompreensível) reúna-os, derrota ΚàÖŒ⊗ξ∂∂ΚàÖȲ (incompreensível) muito poder.
A mensagem Aescriel descobriu, estava escrita em gigante. O elfo não conhecia aquele idioma e fez uma nota mental, no futuro talvez a aprendesse. A mensagem havia sido escrita mais uma vez por um dos gigantes que desceram ali para encontrar os discos, ou alguma outra coisa.
Kalin, Sabyr e Aescriel ponderaram sobre tudo que sabiam sobre a caverna até aquele ponto:
E a última e talvez mais importante conclusão do grupo:
Rathnar não participava das elucubrações de seus companheiros. Ele manejava sem jeito dois úmeros, ossos extraídos das carcaças dos gigantes. Ele estava frustrado, sem armas, sem o seu anel da regeneração (adquirido recentemente em Verbobonc) e principalmente suas raras Lâminas Élficas. Ele se sentia inútil e a discussão de seus companheiros, não lhe interessava mais que sobreviver àquela maldita situação. Ao olhar uma pedra no chão, ocorreu-lhes a ideia de lascar o osso em um tamanho menor, próximo de uma adaga ou punhal, porem, sem os instrumentos corretos levaria pelo menos 3 horas – frustração.
O grupo ponderou se não era hora de descansar, e após uma breve discussão interna, chegaram a conclusão que por ser provavelmente fim da tarde, não seria de alguma valia o descanso. Rathnar chegou a insistir, dado que faltava àquele grupo armas de combate, mas Kalin foi o decisor final.
Os aventureiros seguram pelo corredor oeste da câmara. Aescriel não tinha explorado aquele local, e a possibilidade de encontrar novos desafios perturbava não apenas ele, bem como todo o grupo. Mas para a surpresa dos Heróis Selvagens, no meio da sala, fincado no solo como se tivesse sido prensado no chão, um disco repousava verticalmente incólume. O grupo circundou a sala com extrema cautela, e foi Kalin que se dignou a tentar retirar o disco do solo.
O artefato estava firme e Kalin teve que imprimir certa força para arrancá-lo do solo, o que o sacerdote não esperava era que o chão cedesse sobre seus pés.
Mas Kalin conseguiu reagir rápido. E talvez por sorte ou fé, o sacerdote conseguiu saltar para trás evitando cair no grande buraco que se abriu sobre seus pés. Kalin sinceramente não soube explicar de onde tirou aquela súbita agilidade.
Os aventureiros tentaram medir a profundidade do buraco e sem sucesso decidiram ignorá-lo. Lembraram do conselho deixado pelo dragão vermelho: “Não ousem explorar os níveis inferiores, há males sobre os quais vocês não estão preparados para enfrentar”. O grupo deixou o buraco para trás com o 4º disco encontrado até ali.
A próxima câmara era o limite da caverna em direção ao sul. Notável na câmara uma rocha que destoava em cor e textura das demais parede da caverna. mas os olhos preciso de Rathnar identificaram algo mais. No chão, em diversos pontos riscos com largura de 1 metro mais ou menos sinuava aqui e ali. Indicando que algo passou por baixo do nível do solo.
O grupo todo se preparou para o pior que estivesse por vir. As marcas os heróis perceberam eram de mais que uma criatura. O grupo aguardou a qualquer momento um ataque. E este nunca veio. Aescriel aproximou levitando a cerca de meio metro do chão até a parede cuja textura de rocha era diferente a analisou. Rathnar também versado nos conhecimentos de masmorra parou observando as marcas no chão…
Sabyr e Kalin estavam mais afastados, aguardando a conclusão das análises do grupo e o oráculo começou a sentir algo, estranhamente tudo aquilo lhe parecia familiar.
Sem mais novidades o grupo decidiu continuar e estacou no corredor seguinte, quando todos observaram uma criatura do tamanho de um cavalo, porém para surpresa do grupo, o ser mergulhou na terra assim que também avistou o grupo. E Sabyr teve a certeza de seu Dejavu. O oráculo já tinha vivido aquela cena antes!
Sabyr abriu os braços impedindo a movimentação dos seus companheiros.
– Esperem! Esperem, voltem!
Rathnar já estava se preparando para o combate, juntamente com Aescriel, mas deram ouvidos ao oráculo.
O grupo não entendeu, mas cumpriu o pedido de Sabyr. Todos voltaram para o corredor após a câmara do buraco. Sabyr não explicou o que tinha visto ou imaginado, mas junto com Kalin voltaram para a sala dos mantos. Sabyr pediu a ajuda do sacerdote para trazer de encontro aos heróis as carcaças mortas dos mantos. Ninguém entendeu o que planejava o oráculo, até que ele começou a cortar em pedaços menores as criaturas, e com um saco seguiu perigosamente para a área onde fora avistada a criatura que nadava na terra.
Sabyr arremessou à frente pedaços ensanguentados de carne do que outrora foram os mantos. E assim foi recuando, até deixar um último pedaço em frente a rocha que destoava das demais. O que os aventureiros viram foram uma das criaturas avançando catando os nacos de carnes deixados pelo oráculo até chegar na parede de rocha. Ali Sabyr arremessou novos pedaços e a criatura a medida que comia forçava a pedra, cedendo-a pouco a pouco, até ela cair para o outro lado, revelando uma passagem.
Após isso a criatura adentrou na câmara recém revelada. Os aventureiros agora discutiam o que fazer. Enfrentar os seres estava fora de cogitação. Aescriel com seu conhecimento revelou que se tratava de Vormes do Subterrâneo. Criaturas parentes dos dragões que tal como seus parentes, era dotado de grande poder e resistência, ainda que fossem desprovidos de inteligência. Mesmo diante disto, o grupo sabia que não possuía condições de enfrentar os monstros.
E foi Aescriel que pensou em um novo plano. Invisível ele poderia induzir para longe o vorme. Com os restos de mantos que tinha isso seria possível. E assim foi feito. O mago voando e invisível seguiu para dentro da câmara, com sua elevada capacidade visual, ampliada magicamente, ele notou o vorme. E mais que isso, dentro da câmara havia um disco. Com aquele o grupo estava com um total de 5, porém a excitação do elfo pela descoberta foi cortada por uma sensação que lhe invadiu.
O Elfo largou para o vorme um grande pedaço de carne e antes que pudesse seguir em direção ao disco enquanto a criatura se refestelava com a carne, ele ouviu atrás de si um ronronar. Um segundo ser entrava pela passagem cobiçoso em relação ao pedaço de carne que o outro comia. E a aura de ameaça que o vorme expandiu pegou Aescriel em cheio, mesmo ele não sendo o alvo da fúria.
Para Aescriel, o monstro olhava diretamente para ele e se empertigava e ameaçadoramente. Uma terrível aura de medo irradiou da criatura neste instante, e mesmo dotado de elevada resistência, primeiro por ser um mago e segundo por sua natureza élfica, Aescriel falhou em resistir. O que aconteceu na sequência foi o caos que precede uma tragédia.
O grupo de onde estava, viu quando um segundo vorme adentrou a câmara por onde passou Aescriel e sentiram real receio. A sensação ficou pior quando ouviram o som do ataque das criaturas. Urros carregados de fúria e sons estridentes. Aescriel voou desesperado para fora da câmara e viu quando seus companheiros, seguindo todos para onde ele estava instantes antes. Mas o pânico impediu o elfo de alertar aos seu companheiros, ele próprio estava em uma fuga alucinada dali.
Sabyr, Kalin e Rathnar estacaram quando notaram que as criaturas não atacavam ao elfo. Em verdade elas estavam se engalfinhando pelo pedaço de carne que restara. Aquela era a chance que eles precisavam para tentar sair dali com o disco. Rathnar jogou mais para o fundo da câmara o último pedaço de carne e todos viram quando as criaturas foram em direção a preciosa comida. Rapidamente o alto elfo pegou o disco e todos saíram daquela área.
Aescriel se deu conta depois por que seus companheiros não o viu enquanto ele saia alucinado da câmara. Ele estava invisível. E assim como as criaturas não o notou, seus companheiros também não.
Os aventureiros caminharam então até o último local e a medida que foram se aproximando até a entrada onde o último olho arcano de Aescriel foi dissipado, o grupo notou uma grande quantidade de poeira suspensa. Algo como uma neblina pesada e espessa obscurecia a visão dos heróis para o além dos 6 metros. O grupo sabia, aquele era o último local.
O grupo foi adentrando na câmara cautelosamente e a cada passo dado notavam as grossas colunas que sustentavam o teto de aproximadamente 10 metros. As colunas eram de um tom cinza escuro e sobre sua face diversos glifos exibiam símbolos e ideogramas. Aescriel contemplo toda aquela arte e sua curiosidade aguçou na intenção de anotar aqueles símbolos para estudo posterior. Já Kalin no momento que bateu o olho nos desenhos teve a certeza de que aquilo representava devoção, oração, fé afinal.
O grupo teve a certeza de que estavam adentrando em um templo há muito abandonado.
Em algumas colunas o grupo viu um grande espaço em baixo relevo nas colunas. A área era circular e era exatamente do tamanho dos discos encontrados pelos heróis. Mas antes que o primeiro herói falasse ou se movesse, eles sentiram o chão tremer suavemente. Do fundo da câmara eles viram a neblina dançar ante o movimento de um grande ser que a rompia.
Diante dos heróis surgiu o pesadelo da Caverna dos Mistérios – O Vemerak.
Continua…
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