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De Tenebris Occulta

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O misterioso livro “De Tenebris Occulta” foi escrito por Verydan, a Vazia, no ano de 1372 CV.  Pouco se sabe sobre ela além de que se tratava de uma noviça no Círculo da Benção Negra, um templo secreto dedicado à adoração de Myrkull na cidade de Marsember.

Os terríveis vaticínios feitos pelo tomo são tomados por muitos como meros devaneios enlouquecidos de uma mente perturbada. Mas alguns estudiosos da obra garantem que se tratam de importantes revelações sobre a chegada de um grande mal à Faerûn, inclusive complementando as profecias do famoso sábio Alaundo.

Enverede pelo tormentoso labirinto de palavras criado pelo Oráculo de Marsember por sua conta e risco, pobre aventureiro incauto!

Noite Eterna

Das profundezas geladas de um abismo estelar
Um chamado terrível se faz escutar
A Essência do Caos observa das trevas
A Roda dos Mundos girar sem parar

A Entropia faminta devora os planetas
Consome a Existência com apetite voraz
O Filho Vazio do Mal com o Nada
Lançará sobre nós os Últimos Dias

No Palácio de Vidro esquecido no Tempo
Um terrível segredo será revelado
E o que foi perdido será encontrado
E o que que foi criado será destruído

Essa é a palavra verdadeira
Essa é a profecia derradeira
Escrita com símbolos de fogo
No abismo que existe além das estrelas

A Rainha das Trevas

Escutem, ò meros mortais
O terrível canto da Rainha das Trevas
Contemplem, ò relés mortais
A Verdade perdida além das estrelas

Quando o Fim dos Tempos chegar
A Destruidora da Luz será revelada
Envolta em um Manto de Escuridão
Sustentada por Asas Sangrentas

Uma Rainha de Medo e Esplendor
Ascenderá à um trono de prata
Para governar pelos Últimos Dias
E decidir o destino da terra

A fronte cingida pela Morte
Sua Palavra será Divino Édito
Sua Vontade será Lei Sempiterna
A sua Fúria será o Fogo do Inferno

Escutem, ò meros mortais
O terrível canto da Rainha das Trevas
Contemplem, ò relés mortais
A Verdade perdida além das estrelas

Quando o Suspiro Derradeiro ressurgir
Encarnado na glória dos reis
Reforjada será sua morada
Em um leito de chamas e trevas

Quando o Dragão Púrpura estiver domado
E o mais terrível Inverno for afastado
Quando um honrado herói houver tombado
E uma vida inocente for tomada

Quando um grande Mal assomar
Dos quatro cantos da terra
E três Antigos Terrores voltarem
Para realizar sua horrível Colheita

Saberemos, ò relés mortais
Que o Palácio de Vidro foi encontrado
Que o Sétimo Selo foi violado
Que um sorriso se desfez em pranto amargo

Essa é a palavra verdadeira
Essa é a profecia derradeira
Escrita com símbolos de fogo
No abismo que existe além das estrelas

Os Peregrinos Sombrios

Em um tempo esquecido
Perdido em eras passadas
Três peregrinos sombrios
Encontraram a estranha morada

De uma antiga Verdade
Que permanecia velada
Aos olhos daqueles que vivem
Enquanto durava a jornada

Através do mundo da luz
Da existência encarnada
A doce mentira da vida
Tantas vezes desperdiçada

A Verdade contou-lhes segredos
Terríveis mistérios sangrentos
Disputados osso por osso
Entre os peregrinos sedentos

Um deles se tornou Tirania
A negra manopla do Medo
A ambição obscura do déspota
A espada cruel do guerreiro

Um deles se tornou Morte
O gélido beijo implacável
O derradeiro sussurro dos vivos
O desenlace inevitável

Um deles se tornou Matança
A adaga fatal do assassino
A lascivia do canibal
O êxtase do homicídio

Por eras os peregrinos reinaram
Espalhando seu terrível legado
Por eras o mundo queimou
Sob o jugo do Triunvirato

Mas nunca era o bastante
Para as sombrias Deidades
A Morte desejava seus lábios
Sobre os lábios da Eternidade

Ela conspirou em silêncio
Ao lado da Tirania
Para tomar o controle
Da Eterna Roda que Gira

Não sabiam os peregrinos
Que sua hubris divina
Servia a um outro Senhor
A um Mal que se escondia

O Caos que prescruta das trevas
Entropia feita em Essência
O que foi, é e será
O Devorador da Existência

Quando a Espada da Lei abater
Uma dama misteriosa
E a Terceira em glória ascender
À radiância apoteótica

Saberemos então, com pesar
Que um dos Selos foi violado
Que o Palácio de Vidro afundou
Que o Destino foi recuperado

A Morte poderá morrer
A Tirania desaparecer
A Matança irá perecer
E o Bem prevalecer

Mas escutem, ó meros mortais
Contemplem o próximo Selo
Pois a Verdade guardou para si
Seu mais precioso segredo

Quando a Morte enfim retornar
De seu exílio nas trevas
Encarnada na glória dos reis
E beijar a face da terra

Quando a Matança voltar a fluir
Na forma de um rio escarlate
Espalhando seu legado maldito
Sua semente por toda parte

Quando a Tirania crescer
Em um ventre imaculado
Para então ressurgir
Na carne de seu filho bastardo

Saberemos, ó reles mortais
Que outro Selo foi violado
Que um sorriso esmaeceu
E se transformou em pranto amargo

Esta é a palavra verdadeira
Está é a profecia derradeira
Escrita com símbolos de fogo
No abismo que existe além das estrelas

A Dama Risonha

Do alteroso Monte Olimpo
Fugiu uma dama risonha
Temendo o iracundo relâmpago
Do altiregente Crônida

Viajando pelo espaço infinito
Chegou a uma terra distante
Pentagramado disco de prata
Refulgente estrela errante

Acolhida por um povo arcano
Destruído pela hubris traiçoeira
De um Arquimago obsecado
Em atingir a Divindade Verdadeira

Por muitas eras foi amada
Como o Sorriso da Fortuna
O Destino inevitável
Dos audazes a bravura

Igualmente amou a Guerra
E ao Sol se entregou
Mas cansou-se do amante
Enfadada o deixou

E vagando pelo mundo
Encontrou a rubra rosa
Que selou a sua sina
A perfídia venenosa

Roto aroma podre
Miasmática armadilha
Doce engodo sórdido
De uma Verdade esquecida

No passado a bela dama
Também havia amado a Morte
E a Morte a reclamou
E a entregou a própria sorte

Sabendo que um dia
Muitos anos no futuro
Seu sorriso cumpriria
Um desígnio obscuro

Dividida foi a dama
Corrompida pela rosa
Pelos raios luminosos
De uma deusa piedosa

Sendo dois a bela dama
Ainda assim era só uma
Duas faces da Moeda
Reluzindo à luz da Lua

Mas conheçam, ó mortais
O segredo da donzela
Pois o raio luminoso
Não purgou a alma dela

Quando o ouro precioso
Transmutar-se em fosca prata
Boa Sorte e Azar
Reunidas em amálgama

Saberemos, ó mortais
Que a dama corrompida
Desposou a própria Morte
E retornou enfurecida

Ominoso pentagrama
Sobre o manto estrelado
Um sorriso reluzente
Transformado em pranto amargo

Dragará a Existência
Para o Fim inelutável
Consumindo a Luz do Cosmos
Com uma sede irrefreável

Esta é a palavra verdadeira
Está é a profecia derradeira
Escrita com símbolos de fogo
No abismo que existe além das estrelas

Sandro Moraes

Mestre das campanhas "O Segredo Enterrado no Gelo" e "Tirania dos Dragões", ambos ocorridos no cenário de Forgotten Realms. Mestra também no cenário de Golarion, em "O Mestre da Fortaleza Caída" e mais recentemente O Chamado de Cthulhu. Entusiasta do sistema GURPS, em especial High Fantasy, mestra e joga Pathfinder, Starfinder e D&D 5ª Edição.

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