Esse texto resume as sessões ocorridas nos dias 12 e 21 de Novembro de 2021. Nas próximas linhas os aventureiros atravessam um Portal Antigo e chegam a um local cuja paisagem estoica lhe remetia a um ambiente arborizado e fora do comum de tanta naturalidade.
Jogadores:
Essa é uma história original escrita por Bruno de Brito e revisada por Bruno Simões.
26 de Flocos de 592AC
Pequenos sinais luminosos flutuavam no ar, entre as árvores e arbustos, para logo se revelarem vaga-lumes transitando com a tranquilidade e frescor de uma noite repleta de estrelas. Uma leve brisa trazia no ar o aroma constante de terra molhada e umidade de flores recém desabrochadas. O solo era de um amarelo escuro e macio com uma espécie de grama que em muito se assemelhava a um tapete. Árvores frutíferas, macieiras, mangueiras, dentre outras podiam ser avistadas nos arredores de uma construção que se erguia no bosque arborizado.
Conduzidos por Dan Gumini, a feiticeira que havia se provado uma poderosa aliada na luta contra os gigantes das sombras, os aventureiros foram conduzidos através do jardim. Duas sentinelas abriram a porta quando notaram a aproximação da elfa, e um a um os heróis foram adentrando na mansão.
Uma vez dentro, todos perceberam quão majestosa era a mansão. Um piso bem esculpido com pedras de um tom cinzento bem lustrado, paredes trabalhadas com ornamentos naturais em folhas, estátuas e rochas minerais em sua maioria em um tom verde esmeralda. Era impressionante como toda arquitetura se casava de forma perfeita e harmonizada.
Todos chegaram a uma sala com piso xadrez e uma grande mesa no centro. Ali presentes, três figuras pareciam aguardar o início da reunião. Duas delas rapidamente foram reconhecidas pelo grupo. O elfo Naeryndan, e Branditan, o Sacerdote Combatente, líder da guarda pessoal do visconde. A terceira figura era uma mulher alta, forte e não menos bela que olhou para os novos entrantes com curiosidade. Dan Gumini apresentou aos novos integrantes, aqueles que já aguardavam, ainda que dispensassem apresentações, e a desconhecida era Fausta Perrenaço, líder dos Cavaleiros da Rosa, a principal unidade de elite da igreja de São Cuthbert no Viscondado de Verbobonc. Superada as formalidades, para a surpresa do grupo a elfa se dirigiu para Gatts, Rathnar, Kalin e Pyrus e os informou que Durandal deseja falar-lhes antes da reunião principal.
O grupo caminhou pelos aposentos da magnifica mansão até chegar em uma sala circular, com um divã no centro, e uma série de janelas estreitas feitas de vidro, permeadas por trepadeiras que exalavam um aroma adocicado e suave. Mas além da visão do aposento, lá estava Durandal. O elfo vestia um roupão preto com bordados em dourado na extremidade das mãos e da baia da indumentária. Durandal contemplava as trepadeiras de flores amarelas com as mãos unidas às costas, quando se virou para receber os seus convidados.
Não fosse a terrível queimadura que tomava mais da metade de sua face, ele poderia facilmente ser tomado por um nobre elfo, mas as marcas, somadas a um de seus olhos totalmente opacos, lhe conferia uma feia máscara do que outrora teria de beleza e nobreza. E era essa face maculada que transmitia a todos heróis um estranho arrepio e temor inexplicável.
“- Sejam bem-vindos à minha residência. Confesso que receei de que viriam todos. Mas vejo que a fama que os precede com relação a honra e compromisso, não é falsa. Acredito que iniciamos este relacionamento de forma inadequada e com desconfianças que não agregam valor, pelo contrário, nos coloca em uma posição de vulnerabilidade na missão que empreenderemos. É por essa razão que solicitei que falássemos antes da reunião principal. Eu acredito que devemos reparar percepções que criamos e que em nada nos será útil.”
“- Eu sou Durandal Aeshiar, último membro vivo da família a que pertenci há muito tempo. Vivi o suficiente para perceber como o tempo pode ser cruel com aqueles que se deixam seguir ao sabor de suas decisões. Vi a queda de Demesnes e estive do lado de muitos de meus irmãos na luta para evitar que isso ocorresse. Por muitos anos estudo um local onde meu povo, agora disperso, possa se reunir novamente como rescaldo do que sobrou de um reino milenar, e essa oportunidade finalmente surgiu a partir da reconquista de Reymend. Para alcançar esse objetivo, acabei por usar de uma manipulação que alternativamente à diplomacia surtiu efeito, mas provocou entre os aliados conquista, desconfiança e falta de empatia. Vocês são o que são, conquistadores por natureza, e nós de maneira análoga temos também nossas qualidades e defeitos, mas o que interessa, é o respeito e sobretudo que confiemos uns nos outros. É o que peço, a oportunidade de recomeçar, com uma aliança forte, embasada na confiança e unidade.”
Durandal observou cada um dos heróis ali presentes e mediu o efeito de suas palavras. Ele não tinha mais cartas na manga, precisava acreditar que cada um ali presente sentiria em suas palavras, que sua sinceridade era profunda. O primeiro a falar foi Rathnar:
“- Durandal, o seu desejo para o povo de Demesnes é igual ao meu. Confesso que a forma como iniciamos, vendo todos aqueles mortos-vivos, sem entender a sua finalidade, me assustou. Eu já fui um e sei que a natureza intrínseca de um morto-vivo é vingança ou morte, quando não ambos, são seres não naturais. Além disso, pactuei da desconfiança compartilhada pelos meus companheiros. Mas eu acredito em você e sendo o nosso objetivo comum, as nossas chances de vitória melhoram.”
Rathnar fez um cumprimento élfico em direção à Durandal, os dois dedos mindinhos entrecruzados e leve genuflexão, que o correspondeu.
O próximo a se manifestar foi Pyrus, balançando a cabeça afirmativamente e estendendo a mão. Kalin emendou:
“- É de comum acordo a cessão de Reymend a você, e a população remanescente?”
“- Essa foi uma condição colocada para ter o apoio dos elfos para livrar o Viscondado da ameaça. Com relação à população remanescente continuará a ter Reymend como lar, sendo mantida suas propriedades retomadas.”
“- Sendo assim, estou de acordo com o pacto de lealdade e transparência.”
O último a falar foi Gatts:
“- Com o de acordo de meus companheiros, faço minhas as palavras dele, mas lhe advirto firmamos aqui um acordo de transparência e lealdade, mas como se pratica em Furyondy, essas coisas não se provam através de palavras, e sim, atos.”
Dan surgiu com uma pequena maleta de madeira e entalhes em vermelho, abriu o fecho e dispôs para Rathnar, duas poções para escolher um para cada. Uma poderosa Poção de Cura ou uma Panaceia, poção capaz de curar qualquer doença, maldição ou obliteração de sentidos. Cada um foi escolhendo uma das opções disponíveis. Rathnar e Pyrus escolheram a poção de cura, Gatts e Kalin escolheram a Panaceia.
Finalizada essa breve reunião, seguiram todos para a sala principal.
“- Obrigado pela presença de todos, Branditan, Fausta, Naeryndan e Defensores do Trono. O objetivo dessa reunião é a discussão de uma estratégia para suprimir a ameaça da Legião do Chifre que ocupou a cidade de Reymend. Sua força e experiência em combate é conhecida e não pode ser subestimada. Não obstante, é de conhecimento nosso que a energia de um artefato conhecido como Orbe Negativo emana da região no entorno da cidade. Os efeitos dessa emanação não são completamente conhecidos, mas as investigações preliminares falam da atração de criaturas do subterrâneo à superfície, uma em especial responsável por patrulhar as muralhas do lado externo. Essas criaturas são conhecidas como irlgaunts.”
Os integrantes da reunião se entreolharam e apenas Pyrus parecia saber algo sobre as criaturas.
Conhecidos como casas animadas, eram seres existentes nos subterrâneos, em cavernas escondidas nas profundezas. Mas além disso, suas habilidades e capacidades era um desconhecido ao todos.
O grupo seguiu com o compartilhamento das informações, considerando o que cada frente sabia sobre a região e os inimigos. Ao final um plano surgiu.
Considerando a força da patrulha dos irlgaunts e o potencial dano que causaria as unidades de combate, somado aos ataques das sentinelas nas muralhas, o grupo decidiu que investigaria uma fazenda, a fazenda Darlan. Os Defensores revelaram que ali havia um poço cujo curso de água segue para dentro da cidade. Se fosse realmente verdade, todo efetivo poderia tomar o caminho, evitando as defesas externas e se inserindo no seio da cidade.
Uma informação valiosa também foi revelada por Durandal. O dragão de Ossos, Kaeris, o orbe, bem como a sacerdotisa Raven não se encontravam na cidade, seu destino provavelmente o Templo do Elemental Maligno.
Os Defensores do Trono fizeram uma rápida reflexão: Se por um lado a ausência de Raven representava um inimigo a menos, seu movimento em direção ao Templo do Elemental Maligno representava uma preocupação a mais, haviam tarefas inacabadas e o grupo sabia que o templo estava intimamente ligado à prisão de Tharizdum.
Fosse como fosse, o plano principal estava traçado. Os Defensores encontrariam a passagem para dentro da cidade e disparariam uma mensagem para a mobilização da resistência. Durandal com seus 50 elfos, Branditan 100 soldados de infantaria e Fausta liderando um grupo de 10 capelães da guerra de São Cuthbert. Esse era o contingente que faria frente a força dos 100 guerreiros da Legião do Chifre.
Os preparativos para a mobilização ocorreriam em 1 semana, o que dava aos Defensores aproximadamente 4 dias para se preparem e 3 para cumprir a missão. Nos quatro dias preparatórios cada um cuidou de seus mantimentos, armas e itens, além de fabricar novos consumíveis e Pyrus chegou até a iniciar a confecção de poderosas Botas de Voo.
E o dia da partida finalmente chegou, com um teletransporte bem elaborado eles chegaram em um ponto afastado algumas horas da cidade. A aventura começaria.
Continua em: A Fazenda Darlan
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