Forgotten Realms

Fharagauwer Thurull – Capítulo III | Guerreiro de Tempus

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Este texto é a continuação da fantástica história de um guerreiro de força e renome sem precedentes – Fharagauwer Thurull, o Guerreiro de Tempus.

Texto Original: Fabrício Nobre e adaptação: Diogo Coelho.

Para ler os artigos anteriores, clique nos links abaixo:

Fharagauwer Thurull – Capítulo I | A Criança Fera
Fharagauwer Thurull – Capítulo II | Jovem Guerreiro
Fharagauwer Thurull – Capítulo III | Guerreiro de Tempus

A Reunião

Data

“ – Obrigado por terem atendido ao meu chamado.”

Gangaster Yeates, sacerdote da capela de Tempus, iniciava em tom preocupado e semblante consternado aquela reunião. Juntos a mesa estavam Amon Yeates, seu filho e principal capitão da guarda, Fharagauwer, soldado da capela e aspirante a comandante da guarda da abadia da espada, Lorde Ilmeth, administrador de Essembra além de um terceiro homem, sentado pouco mais afastado da mesa, em um canto.

Gangaster Yeates

Todos foram convocados as pressas e o tom de voz do velho clérigo inquieta os corações. O ar é denso dentro da pequena sala. Aqueles que estão ali reunidos sabem que aquela pauta emergencial não poderia significar amenidades.

“ – Espero que seja realmente importante, Gangaster. Possuo afazeres que, estando preso aqui com você e seus filhos, não conseguirei concluir em meu prazo.” – diz em tom impaciente Lorde Ilmeth.

“ – Sim, caro regente de Essembra. Não lhe traria aqui se o assunto a ser tratado não fosse de seu interesse – responde Gangaster, suspirando ao final. E acrescenta: “- E para concluir, não são apenas meus filhos. São os mais graduados soldados que possuímos. O senhor deveria saber pois o senhor mesmo os condecorou.”

Aquiescendo com a cabeça o velho herói de Helm deixa sua impaciência de lado e passa a ouvir atentamente. A presença daquelas pessoas realmente dava um tom urgente e preocupante aquela reunião.

O Harpista

Eles eram os únicos que sabiam a real identidade do terceiro homem, sentado mais afastado.

Acendendo um longo cachimbo, enchendo o ar com um cheiro de ervas, aquele era o líder dos espiões de Essembra. Conhecido somente pela alcunha “O Harpista” , nenhuma medida militar era tomada antes das informações trazidas por ele e sua presença era sinal de que, em algum lugar, alguma ameaça contra a cidade de Essembra era tramada.

Tempos Obscuros

“ – Senhores, temos fortes indícios de movimentação drow na superfície – começou o clérigo – E para nosso infortúnio, toda esta movimentação esta perigosamente próxima a Essembra.”

Os membros da reunião estavam em silêncio. Amon e Fharagauwer trocavam olhares perturbados. Muitos anos se passaram desde o início de seu treinamento. Fharagauer galgou patentes com êxito e competência. Ao seu lado, Amon tornou-se além de tutor, companheiro de espadas. Juntos desbravaram terra e mar, muitas vezes em missões para a cidade de Essembra mas também como aventureiros no tempo que lhe sobrava. No combate haviam fortificado as lições aprendidas em família, mantendo a tradição do sangue Yeates digna de respeito e admiração. Medalhas e brasões carregavam nas armaduras, reflexo de uma vida dedicada a disciplina e devoção a Tempus.

“ – Ao que parece, esta escorria élfica montou acampamento próximo estrada de Moander, em Cormanthor – disse o homem sentado nas sombras – meus homens viram quatro desses drows comandando Gnolls. Muitos. Circulando livremente e levando perigo a aqueles que circula naquela região. E não é somente isso. Parece que todos estavam a cavar um enorme buraco naquela assentamento. Pelo ritmo em que estavam, estão com muita pressa ou muito determinados a encontrar o fundo daquela cratera.”

“ – Toda e qualquer aparição destes seres na superfície, ainda mais estando tão próximos de nossas fronteiras, deve ser contida de imediato, Gangaster.” – disse enfaticamente Lorde Ilmeth – “Combatemos esses seres há eras, eu mesmo já me responsabilizei por eliminar muitos outrora e agora eles vem bater a nossa porta.” – concluiu o governante de Essembra.

Lorde de Esembra Ilmeth

Decisões

“- Encaro esta situação com a mesma gravidade, Lorde Regente.” – disse Gangaster em resposta – “Sabemos da crueldade e vilania dessa raça. Sabemos que, não somente nossas fronteiras estão ameaçadas, mas também todo cidadão de bem que tenha o infortúnio de cruzar-lhes o caminho. Em virtude dessa emergência, com o intuito de exterminar a presença drown na superfície e, dos destroços tentar colher o maior numero de informações para descobrir o que é para que tanto cavam, ordeno que o capitão Amon Yeates convoque seus homens e parta imediatamente!

Em prontidão, Amon e Fharagauwer põem-se de pé. Mãos levadas ao peito demonstrando obediência. Punhos fechados demonstrando força. “Considere feito, Senhor!” – responde Amon em tom firme e determinado. Juntos, os dois soldados saem, deixando para trás três semblantes consternados que se entreolham, numa tentativa de encontrar respostas para aquela situação. Drows na superfície era caso recorrente porem o que queriam acampados em Cormanthor trazia desconfiança e, principalmente, preocupação para as lideranças militares e politicas daquela cidade.

Amon Yeates

Em pouco tempo, Amon havia preparado sua tropa para missão. Fharagauwer era seu imediato, o segundo na cadeia de comando. Foram escolhidos outros nove combatentes, entre eles guerreiros altamente qualificados e experimentados. A força Drow não deveria ser subestimada e por isso somente os melhores foram escolhidos. Junto a comitiva um dos espiões de Essembra que havia localizado os Drows foi enviado. De rosto calejado pelo tempo e cicatrizes antigas, mostrava ter competência. Ele serviria de guia e batedor e seria dele a responsabilidade de leva-los ate o local exato do acampamento inimigo. Doze homens partem com um único intuito: Eliminar a escória Drow em Cormanthor.

A Elite da Guerra

Atravessando Pedra do Acordo, a comitiva avança em velocidade. Cavalos forte e preparados para longas viagens foram escolhidos e não refugavam quando os açoites lhe cobravam a urgência de sua missão. Quando florestas pareciam impedir o avanço daquela tropa, o rastreador entre eles fazia valer sua presença na tropa. Caminhos tortuosos, estreitos e as vezes íngremes. Caminhos que cortavam o seio verde do antigo império de Cormanthor e levavam-os ate o local de encontro ao inimigo. Mesmo com o passo reduzido, avançavam. Descansavam pouco. O senso de dever era mais urgente que a fome ou cansaço.

Fharagauwer aos 15 Anos

Cruzavam a Terra dos Vales sob sol e chuva, dia e noite ate alcançaram seu objetivo. Amon enviara nosso rastreador a frente e muitos ciclos se passaram. Era noite quando o batedor retornara ate Amon e seus homens. Eles estavam próximos de onde se encontravam os Drows e agora deviam avançar com cautela. Do céu, uma forte chuva era prometida, fazendo com que suas nuvens carregadas e escuras tornassem a noite ainda mais densa. Já desmontados, os guerreiros avançavam cautelosamente, subindo por um pequeno morro. Seguiam o rastreador , seu rosto coberto por folhas e musgo, vestindo couro, com um manto surrado e sujo coberto por folhas era facilmente confundido com a selva que nos cercava.

O Local

“- La em baixo, olhem. – disse o ranger, sussurrando – é ali onde estão cavando.”

Fharagauwer observava a grande movimentação no acampamento. Gnolls cavavam um enorme buraco, enquanto do alto de uma paliçada improvisada um ser baixo, de cabelos brancos e pele tão escura como a noite dava ordens. dois Drows podiam ser vistos, somando um total de três na área, um deles aparentando ser uma fêmea. O quarto drow avistado não estava visível. Somados aos Gnolls não aparentavam estar em grande numero. Se o ataque fosse coordenado, aquele combate não duraria muito.

A visão estratégica de Amon trabalhava acelerada. Olhando a movimentação, demarcando a rotina dos vigias gnolls e identificando pontos fracos e desguarnecidos, onde um ataque surpresa seria mais eficaz, ele vai enviando seus homens. Posicionando-os para o ataque, Amon envia Fharagauwer, que arrasta consigo mais dois guerreiros, movimentando-os atrás de uma tenda, onde não haviam guardas. Do alto do morro, Amon e o rastreador orquestravam a investida. Demais guerreiros e combatentes estava espalhados, todos aguardando a ordem. Corações acelerados, respiração ofegante e músculos tensionados. Escudos juntos ao corpo e punhos de espadas firmes. É chegada a hora dos filhos de Tempus se revelarem.

O Ataque

Data

Do alto, a trombeta de Amon anuncia o ataque. Fharagauwer ouve os gritos dos soldados e o grunhido dos gnolls surpresos. “Por Essembra! – Gritam os Homens tomados pela ira e pelo calor da batalha. Fharagauwer envia seus homens para fortalecer o ataque enquanto rasga a tenda, adentrando-a. La fora ele escuta o som do combate, travado a ferro e sangue pelos homens de seu irmão Amon. Dentro, o guerreiro de Tempus se vê em um pequeno escritório improvisado. Uma pequena escrivaninha, papiros, mapas e documentos onde Fharagauwer começa a tatear alguma pista do que ocorre ali. Subitamente o guerreiro para ao ser tomado por um odor de morte que inunda o recinto, chegando agora as suas narinas. Ele não estava só.

Um corpo jazia sentado num canto. Levemente tombado para o lado e amarrado a um dos pilares da tenda, tinha seus pés decepados a altura dos tornozelos. O guerreiro também percebe braços amarrados as costas, onde o corpo também teve mãos e dedos decepados. Fharagauwer tenta não pensar na tortura sofrida por aquele homem quando, de repente seu coração congela. Circulando o corpo ele consegue ver sua face. Fharagauwer conhece aquele homem. Ele fora apresentado a ele alguns dias atrás, antes de partir de Essembra naquela missão. Aquele homem era o rastreador que os guiava por todo caminho ate ali.

Encurralados

Desespero. Pânico. Os sons da batalha lá fora mudaram. Ao sair da tenda Fharagauwer se depara com um numero infindável de Gnolls, resistindo e sobrepujando o ataque. Saiam do maldito buraco aos montes, cobrindo todo o terreno e o ar com aquela maldita risada característica daquela raça. Ao virar-se para o morro, o guerreiro não tem tempo de avisar seu capitão. O falso rastreador, a medida que saca uma lamina curvilínea e desfere um ataque contra o flanco de seu irmão, revela sua verdadeira forma tal qual uma bruxaria. Rosto negro como uma sombra com cabelos brancos e trancados as costas, o maldito e ardiloso Drow se infiltrou no entre eles. Este era o quarto Drow, ate então oculto e não localizado. Todos soldados que partiram de Essembra foram atraídos para uma emboscada.

O 4º Drow

A chuva caia com força. Ao redor, os guerreiros e combatentes de Essembra estão cercados. Fharagauwer havia se reunido a eles ao centro, resistindo e ceifando aquelas hienas como podia. No alto, Amon havia resistido ao primeiro ataque furtivo do Drow e agora travava uma batalha feroz contra seu oponente. Ao seu lado, o guerreiro de Tempus via seus aliados tombavam pouco a pouco. A força dos soldados de Essembra era grande. Mesmo na morte levavam consigo Gnolls e os famigerados Drows que os cercavam. Porem as forças de Tempus estavam em menor numero naquela armadilha e Loth escondida naquele céu negro, favorecia seus asseclas.

A Senhora Aranha

Amon desce em investida para o centro do acampamento. Mesmo gravemente ferido, ele avança intrépido, empenhado em se reunir com seus comandados. Porem, Loth exercia sua força naquele local. No momento em que Amon havia alcançado seus soldados uma enorme aranha, cavalgada por um daqueles drows irrompe pelo buraco para a superfície. Enorme, negra e asquerosa. De suas presas, um liquido verde, viscoso e acido derrete o chão por onde ela passa. Ela avança, faminta. Devorar os homens é a ordem que ela recebe do drow que a cavalga.

A Aranha devoradora de homens

Fharagauwer precisa agir rápido. Ele se junta aos únicos guerreiros de Essembra restante, numa tentativa desesperada de fuga. Todos os anos de treino e combate postos a prova naquela noite, naquele local. Os ataques dos guerreiros são fortes mas pouco eficientes diante da enxurrada de inimigos. Amon Yeates, o capitão das tropas de Essembra esta longe para poder intensificar os ataques e abrir um brecha para a fuga de seus Homens. A imensa aranha avança devagar e faminta, escolhendo nos sobreviventes qual seria seu jantar. Vendo que a criatura avança em direção aos seus comandados e sabendo que, mesmo estão entre eles seu forte e habilidosos irmão Fharagauwer, seu dever para com seus homens em garantir-lhes um chance de fuga é maior. Postando-se entre a aranha e seus comandados, Amon não permitira que ela avance mais.

O Sacrifício de Amon

“ Fharagauer, pegue! – grita o capitão, arremessando sua principal e mais poderosa arma. A Lamina Fria esta com os Yeates a inúmeras gerações. Passada de pai para filho, ela é o símbolo de importância, honra e coragem dentro da família. Ela é dada como premio e como prova aos mais valorosos guerreiros daquela casta.

A lamina voa em direção a Fharagauwer. O tempo parece passar devagar enquanto as gotas de chuva que tocam a lamina transforma-se em pedaços de gelo caindo no chão.

A Espada do Irmão. Lâmina Gélida

O Vapor gelado condensa o ar a sua volta, fazendo-a carregar uma nuvem gelada ate as mãos dos guerreiro de Tempus.

– Abra caminho com ela. Salve nossos soldados. Salve-se, meu irmão – Ele diz, enquanto tenta combater a monstruosa criatura que o ataca intensamente. Em seu intimo, Fharagauwer sabe qual será o desfecho daquele combate e, virando-se para os dois últimos guerreiros que lhe acompanham, ordena-os que ataquem com tudo que tem.

Os gnolls restantes não resistem a força daquela espada. Cortando e congelando cadáveres, ela abre caminho em meio aquelas hienas risonhas de forma sangrenta e gelada. Ao fundo, ele pode ouvir os gritos de dor e bravatas de seu irmão. Em seu peito, ele ora a Tempus que lhe dê uma morte rápida e que nela seu irmão possa carregar consigo o maior numero de inimigos possível. Com a saída a sua frente, Fharagauwer não vê opção a não ser fugir com os poucos homens que lhe restaram.

O Gnolls se refestelavam

Frangalhos

Eles correm desesperados em direção aos cavalos. Avançam em retirada assim que os alcançam. Demoram horas para que a dor da falha e da perda os atinja, já que o cansaço e ferimentos os cobram os esforço sobre-humano.

Em silencio e cavalgando na retaguarda, Fharagauwer chora. Perdera essa noite bons amigos. Perdera essa noite bons companheiros de arma. Perdera essa noite seu capitão, mestre e tutor. Perdera seu irmão, de sorriso fácil e abraço acolhedor. Vazio sente-se o guerreiro de Tempus, tentando encontrar conforto no sacrifício feito por seu irmão para salva-los. Fharagauwer pede a todos os deuses que olhe por ele e deem um bom descanso. Fharagauwer pede que lhe deem força, não para superar a perda que invade sua alma. Mas que os Deuses lhe deem força para ser o corvo na tempestade que ira levar noticias tão dolorosas de volta a Essembra.

Continua.

Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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