A Insurreição dos Vales

Fogo x Trevas: A Queda da Árvore de Fogo

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A Árvore de Fogo.

O crepitar das chamas preenchia o ar, lançando sombras dançantes sobre o charco onde a batalha se desenrolava.

A grande árvore em chamas testemunhava o embate entre a coragem e a escuridão, enquanto Karnia “Patas do Céu”, entoava suas canções curativas, tentando tecer uma barreira de esperança ao redor de Fafnir, o Arconte Cão ferido.

A luz do fogo refletia nos olhos decididos de Karnia, cujas dedos habilidosos dançavam pela flauta, invocando notas que se transformavam em ondas de cura. Seu olhar, uma mistura de determinação e compaixão, nunca se desviava do combate que se desdobrava diante dela.

Kalmir, o outro Arconte Cão, era uma força indomável. Seu corpo robusto se movia com graciosidade, uma dança mortal destinada a ganhar tempo para a cura de Fafnir.

Três drows, sombras rápidas e traiçoeiras, circulavam como predadores famintos, buscando explorar qualquer abertura na defesa de Kalmir.

Cada golpe trovejava como um trovão, ecoando na noite encharcada de tensão.

O suor misturava-se com a água lamacenta do charco, transformando-se em uma poção amarga que testemunhava a intensidade do conflito. Os grunhidos de dor e açoitamento eram acompanhados pelo eco suave das notas curativas de Karnia, uma sinfonia desesperada que se misturava ao caos da batalha.

A atenção de Karnia era em curar Fafnir, mas o combate perto da Árvore de Fogo era intenso e emocionante, a vitória de Chandra era a única forma deste grupo sobreviver.

O rugido da batalha ressoava como trovões, ecoando pela clareira encharcada pelas chamas dançantes.

Kalmir e Fafnir, Arcontes Cão.

Irennan Pharn, com olhos impiedosos, segurava Chandra no solo com suas artes mágicas sombrias. O drow mago, ordenava seus companheiros, Glauthar-Kay e Xulgos Pharn, a eliminarem a jovem anja de asas flamejantes. Os Senhores da Garra estavam determinados neste embate decisivo.

Glauthar-Kay, com parte de seu corpo queimado pelas chamas, prendia Chandra com uma força demoníaca, resistindo ao calor intenso que emanava das asas ardentes.

A pele de Glauthar-Kay se estirava e fervia, mas ele mantinha sua presa com tenacidade, ciente do perigo que a libertação de Chandra representaria para seus irmãos drows.

Xulgos Pharn avançava, seus punhais ansiosos para perfurar a carne da jovem anja. Seu corpo tremia de excitação diante do calor intenso que a envolvia. O fogo refletia nos olhos mortos de Xulgos, uma luxúria assassina alimentada pela promessa de sangue quente.

No entanto, Chandra, mesmo aprisionada, não era uma presa fácil.

Com um movimento repentino, ela desvencilhou suas asas das garras de Glauthar-Kay.

Enquanto era segurada, ela encolheu-se em um casulo feito de suas próprias asas, concentrando sua energia divina.

A tempestade se anunciava nos olhos de Chandra. Com uma explosão de luz e fogo, suas asas se abriram, liberando uma tempestade de fogo selvagem. O calor incandescente devorava tudo ao redor, uma manifestação furiosa da ira celestial.

Glauthar-Kay, atordoado pela explosão de fogo, soltou um rugido de dor enquanto as chamas o envolviam. Xulgos Pharn, mesmo com sua empolgação assassina, não foi poupado da voracidade do inferno que se desencadeava.

Xulgos Pharn.

Chandra emergiu do casulo de chamas, suas asas brilhando com uma intensidade divina. O fogo dançava em seus olhos, uma expressão de determinação e poder celestial. A clareira agora era uma paisagem de destruição, os corpos carbonizados dos soldados drows e as chamas dançantes testemunhavam o poder indomável de Chandra.

Irennan Pharn, mesmo sendo um mago, estava perto demais do combate.

As chamas divinas de Chandra o envolveram. Seu corpo ardia, carbonizado, tombando no solo encharcado do charco. O destino, que parecia selado pelas mãos sombrias dos drows, tomava um rumo inesperado, guiado pelo fogo sagrado da jovem anja de asas flamejantes.

As chamas consumiam tudo ao redor, uma sinfonia de destruição que ecoava nos ouvidos de Glauthar-Kay e Xulgos Pharn. Feridos e exaustos, eles voltaram sua atenção para Chandra, cujas asas flamejantes a elevavam acima da carnificina que haviam desencadeado.

Chandra, mesmo cansada e ferida, flutuava acima dos dois drows.

Seus olhos refletiam a exaustão da batalha, mas seu poder ainda pulsava intensamente. Era um espetáculo que não escapava aos olhares dos drows, testemunhando a manifestação de um poder que transcendia o entendimento.

Observando a devastação ao redor, Chandra sentiu a magnitude da destruição que havia sido desencadeada. Corpos carbonizados e destroços testemunhavam o preço alto que a batalha havia cobrado. A jovem anja, que nunca presenciara tanta carnificina, sentiu o peso do sofrimento em seu coração.

Decidida a pôr um fim à violência, Chandra abriu suas asas, intensificando o calor que delas emanava. Seu grito ressoou no ar, ecoando como um trovão divino.

“Chega!” – ela exclamou, sua voz carregada de determinação e compaixão.

Diante dos drows feridos e do corpo carbonizado de Irennan Pharn, Chandra direcionou seu discurso. Seu pedido era claro: a rendição ou enfrentar as consequências. Seus olhos ardiam com a chama da justiça, enquanto sua voz ecoava como um ultimato divino.

Glauthar-Kay e Xulgos Pharn, embora feridos, encararam a jovem anja com uma mistura de desafio e surpresa. Aquela era uma virada inesperada, um ponto de inflexão onde a decisão deles moldaria o destino que ainda restava naquela clareira devastada.

As adagas de Xulgos Pharn encontraram repouso em um tronco caído, e seus joelhos cederam ao peso do cansaço. Seu corpo, mais exausto do que ferido, resistira às chamas da explosão. Ao lado, Glauthar-Kay apoiava-se nas enormes garras, quase se acomodando no chão. As palavras de Chandra ecoaram no ar, penetrando a atmosfera carregada da clareira devastada.

O olhar de Glauthar-Kay se dirigiu ao corpo carbonizado de Irennan, seu irmão mais novo. Uma expressão de mistura entre pesar e ternura atravessou o rosto do meio-drow, enquanto ele caminhava em direção ao corpo inerte.

Karnia, ajudando Kalmir e Fafnir, aproximou-se de Chandra, surpresa e feliz com o desfecho do combate.

Karnia Patas do Céu.

No entanto, a surpresa de todos se transformou em choque quando Glauthar-Kay, com um sorriso nos lábios, arremessou o corpo de Irennan na direção de Chandra.

O golpe não a atingiu fisicamente, mas foi o suficiente para distraí-la. Enquanto Chandra estava momentaneamente desconcentrada, Xulgos Pharn submerge nas sombras, surgir na escuridão acima de Chandra para cravar seus punhais nos ombros da anja.

Chandra gritou de dor, mas mesmo gravemente ferida, ela ainda possuía força e poder. Seu olhar de compaixão transformou-se em ira, e ela concentrou seu poder nas asas para invocar mais uma “Tempestade de Fogo Selvagem”. A certeza de destruir os dois drows encheu seu ser.

Entretanto, antes que a tempestade se desencadeasse completamente, um raio de extremo frio, quase uma lança de gelo, atravessou o peito direito de Chandra.

O sangue foi cuspido, e seu corpo desabou no chão.

Karnia correu em desespero na direção da anja caída, enquanto Kalmir e Fafnir se colocavam em posição defensiva para impedir Glauthar-Kay de se aproximar.

No ar, Irennan Pharn, “O Imortal”, pousou suavemente sobre seu corpo carbonizado.

Vestindo roupas limpas e com seu corpo intacto, ele observava o desenrolar dos acontecimentos. Seu braço direito ainda emanava resquícios do Raio Polar que havia abatido Chandra.

O drow renascido, contemplando a cena, estava de volta, revelando uma reviravolta na trama que nenhum dos presentes poderia ter previsto.

Kalmir e Fafnir, conscientes de que nada podem fazer para conter Glauthar-Kay. Em um grito angustiado, Kalmir súplica:

Chandra, se houver vida em teu corpo, salva Karnia!

Os três irmãos Pharn, partem em direção a Karnia e Chandra.

No entanto, são detidos abruptamente quando as asas flamejantes de Chandra se estendem, envolvendo o corpo de Karnia. O clarão flamejante os cega por um momento, e quando a luz se dissipa, Karnia e Chandra desapareceram.

Chandra, utilizando suas últimas reservas de energia, emprega seu “Salto de Chama”.

O ardor da fuga envolve-a, e ela desaparece em um rastro de chamas, levando Karnia consigo.

Xulgos Pharn surge das sombras, nas costas de Kalmir e Fafnir.

Glauthar-Kay, sorrindo para Irennan, observa a cena com um ar de diversão. A habilidade de seu irmão mais novo o entretém, e Glauthar-Kay comenta:

Elas fugiram. O que faremos, “novo” irmão?”

Irennan, porém, não desvia o olhar da Árvore de Fogo diante deles.

Sua expressão é séria, determinação refletida em seus olhos.

Ele responde a Glauthar-Kay:

Nosso objetivo está diante de nós, Glauthar-Kay, em nome de Lolth” O propósito dos drows permanece inabalável, a despeito das reviravoltas que o destino lhes reservou.

O fogo da ambição arde em seus corações, e diante da Árvore de Fogo, o caminho para seus desígnios sombrios se revela.

Glauthar-Kay.
Chandra.

Bruno Gonçalves

Mestre Aposentado, criador do cenário de campanhas Arzien, jogador de RPG a mais de 18 anos nos diversos cenários dos mestres da Orbe dos Dragões. Atualmente escreve sobre RPG, Dicas de Mestre e Cenários de Campanha.

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