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Das divindade de Golarion a que mais me chama atenção é Pharasma. uma divindade com muitas nuances e que permitem história incríveis como a da Inquisitora Imrijka. Além de tudo, a menina é uma meio-orc, uma daquelas raças menos representadas nos universos de fantasia (talvez exceto por wow). Ademais, ser órfão não é muito fácil, mas quando há bons guias e estrutura, o futuro parece menos dramático. A Inquisitora icônica foi anunciada no blog da paizo no dia 11 de Outubro de 2012. Texto original de F. Wesley Schneider.

Tradução: Fred Torres
Publicação: Fred Torres


Lamentos ecoam frequentemente na ala leste de Cargagrave¹, a catedral de Pharasma na na cidade uiversitária de Lepidstadt. Mas esses não sao os gemidos dos mortos que ecoam pelos cantos de Ustalav, mas lamentos dos vivos. Desde a sua construção, Cargagrave hospeda jovens orfãos e doentes um ambiente limpo e bem supervisionado. Pharasma, é sabido, tanto quanto se preocupa com a passagem entre a vida e a morte, se alegra até com as vidas marcadas pelas mais duras tragédias.

Imrijka chegou a Cargagrave trazida por um guarda da cidade, que a envolvera num velho uniforme e a mantinha longe se si. O guarda alegava que sua patrulha havia encontrado “a coisa” durante a ronda do alvorescer no Cromlech Espiral², uma ruina Kellid que sobrevigia a cidade e é famosa por recorrentes episódios de má sorte e desaparecimentos misteriosos, nunca de “aparecimentos”.

Ao ouvir o choro do bebê entre as pedras da ruína banhada pela luz da lua, os guardas foram corajosamente investigar. A primeira vista, tomaram a criatura por uma cria democíaca e quase a mataram alí mesmo, naquele lugar mal assombrado. Reconhecê-la como uma meio orc fez pouca diferença para conter as lâminas dos guardas, mas sabiam que decidir sobre a vida e a morte era competência exclusiva da própria Pharasma e quando confrontados com esse argumento, contiveram os impulsos daqueles que não derramariam sangue de uma criânça, seja qual fosse a cor dela.

Nomeada Imrijka, em homenagem à primeira Alta Sacerdotiza de Cargagrave, Imrijka Castavelik, a garota com pele de ervilha foi banhada, vestida e recebeu um lugar entre os outros órfãos da catedral. Inicialmente ela amedrontava as outras criânças por ser mais forte, maior e tinha uma mordida mais feroz do que outras com o dobro de sua idade. Mas isso durou pouco. As sacerdotizas de Pharasma logo explicaram aos demais que ela era mais um exemplo da grandeza de sua senhora e prova de que sua criação era vasta e diversificada e que eles eram abençoados de ter consigo uma irmã tão singular. Por um tempo, dentro das muralhas da catedral, isso foi até verdade.

Quando velha o suficiente para compreender e ser compreendida, Imrijka se reportou ao escritório de Jarlos Teym, Alto exorcista de Cargagrave, pela primeira vez. Ele perguntou bastantes coisas sobre sua infância, seus estudos, o clericato, sua relação com as outras criânças e se havia qualquer coisa que ele pudesse fazer para tornar sua estadia mais agradável. Tímida, Imrijka nada pediu. Conversas futuras foram sobre seu futuro, seus sonhos, os objetos de suas orações e como se via dalí a alguns anos.

Finalmente, depois de alguns meses montando um verdadeiro dossiê sobre a garota, ele a questionou sobre seu passado. Mas para Imrika, a vida começara no orfanato, com as outras criânças e as sacerdotizas. Teym insistia, pressionando a garota por respostas, recorrendo inclusive a feitiços. Após uma entrevista particularmente tensa, Imrika, apesar de bastante confusa, começou a fazer suas próprias perguntas. Por quê aquelas coisas importavam? O que Teym queria com tudo aquilo? Quem ela era agora não era mais importante do que o que ela poderia ter sido?

Julgando-a madura o suficiente para saber, Teym explicou sua insistencia: Alguém viera à catedral para adotá-la. Três vezes. A cada Kuthona nos últimos três anos. Primeiro veio um homem vestido como um lacaio de um conde, muito articulado mas com mais perguntas que respostas. Ele foi embora depois de levantar muitas suspeitas com perguntas claramente direcionadas a Imrika.

Um ano depois, voltou acompanhado de uma mulher de beleza traiçoeira que se dizia mãe de Imrijka, muito embora sua idade aparente tornasse a história quase impossível. Foi a própria sagacidade e capacidade de discernir mentiras de Teym que mantiveram os estranhos longe da garota. Sem sucesso, o casal improvável partiu em um silênciodesinteressado.

Finalmente, depois de alguns meses – dias antes de Teym encontrar-se com Imrijka – os dois desconhecidos retornaram, liderados por um homem de vestes brancas e prateadas. O homem que falava como se estivesse acostumado a ser prontamente obedecido, exigiu que Imrijka fosse trazida até ele. Teym em pessoa lhe negou insistindo em saber que direito ele teria sobre a garota. O direito de um pai, o homem insistiu. O Alto Exorcista os ordenou que saíssem imediatamente, mas antes de sair, o homem em branco e prata sorriu e disse, “ela é diferente de nós”, seus olhos brilhavam saboreando sua própria astúcia. “Excelente”.

Apesar das explicações de Teym, Imrijka entendeu apenas que seus pais vieram atrás dela e que o Alto Exorcista havia lhes negado o reencontro. Guardou -pra si as lágrimas e as perguntas e apenas balançava a cabeça em silêncio até que foi liberada. Saindo dali, não foi para seu quarto, mas saiu pelo portão de entrada de Cargagrave para as ruas cobertas de neve – onde alguém a esperava.

O homem de branco sentava sobre um dos bancos cobertos de gelo de uma praça próxima alimentando os corvos com pedaços de carne moída. Ao vê-la adentrar a praça com passos abafados pela neve, ergueu-se e foi ao seu encontro. Imrijka aproximou-se cautelosamente. Nas mãos enluvadas, a figura de branco empalmava um estranho pendão. Um disco gravado com símbolos bárbaros e uma figura empalada numa lança. Ela tentou alcança-lo.

Uma Flecha impiedosa estilhaçou a mão da figura de branco mandando o disco aos ares, até encontrar novamente a neve no chão da praça. Teym estava do outro lado da praça, uma flecha tensionada contra o fio de seu arco  de espinheiro alvar. De seus ombros pendia a capa escarlate de bordas negras dos Inquisitores de Pharasma, tremeluzia como se cozida com fogo, destruindo os flocos de neve que o vento empurrava sobre ela. “Para trás garota” comandou Teym, com uma voz que ela nunca o ouvira usar.

O homem de branco parecia ter sido talhado em gelo. Ele nem se mexera. Ainda que o dico tivesse sido arremessado para longe, um emaranhado de tecido, ossos e pele sem sangue mantinham-se erguidos em direção a Imrijka. Ela, com suas pequenas presas pressionadas contra os dentes, não gritou.

“quem sabe um outro dia” o homem sussurou apenas para ela. Então a neve começou a circular ao seu redor. por um momento pareceu que ele era um com o frio, um príncipe da tempestade. Então ele sumiu, deixando Imrijka com frio e assustada – mas acompanhada. A capa do Alto Exorcista Teym ao seu redor era pesada, quente e tinha um cheiro forte de tabaco e poeira. Na imaginação de Imrijka, era o cheiro de um avô, ou pelo menos era o cheiro que um avô deveria ter. Um cheiro muito diferente daquele do homem de branco.

Até a maturidade – e até que fosse capaz de se defender sozinha plenamente – ela raramente saía da Catedral de Cargagrave. Quando finalmente saiu, saiu coberta pelo negro-escarlate de um Inquisitor iniciado de Pharasma. Mesmo após a aposentadoria do Alto Exorcista Teym, ela continuou a servir a igreja e ao homem que adotara como avô, ajudando-o nas suas pesquisas e atividades mais acadêmicas como consultor de assuntos religiosos e antiguidades da Universidade de Lepidstadt.

Ela viajou por boa parte de Ustalav e além – foi guarda numa expedição até as torres de ossos de Cortekalex³, passou a noite no hotel mal assombrado conhecido como Casa Beumhal, foi exotada na varanda pelo caçador de monstros aposentado Alison Kinder (mas não antes de autografar sua cópia de Lua do Caçador4), e muitas outras aventuras.

Ela visita Cargagrave frequentemente, onde vários companheiros de infância ascenderam a cargos maiores dentro da esfera de influência da igreja – incluindo Brel Vhalsik, um teologo Kellid que gota de argumentar com quem compartilha uma relação complicada.

Cada vez mais frequentemente, seus interes e as pesquisas de Teym a tem levado além das fronteiras de Ustalav, onde ela viaja com as bênçãos de sua Deusa, levando julgamento para todos os que violam as leis da vida e da morte. Em suas viagens ela enfrentou bastante preconceito, mas as histórias do mosntro caçadora de monstros de Pharasma e o arsenal sempre a mostra de Imrijka convence a maioria dos idiotas a manterem as bocas fechadas.

Até hoje ela jamais vira o homem de branco novamente – pelo menos com alguma certeza, pois sempre há muitas sombras e muitas silhouetas similares para ter certeza. Ele conseguiu pegar o estranho presente naquela noite embranquecida pela neve e usa disco abertamente na esperança de alguém reconhecê-lo, fornecendo alguma pista sobre o seu passado. Por hora, o futuro lhe parece muito promissor, e ela o encara valente, confiante em sua fé, em seu caminho e em sua identidade.

 

O próximo icônico é Balazar, o Arteiro

Fred Torres

Ilustrações de Wayne Reynolds (caixa) e ?? (topo)

*Traduções não oficiais*

¹ Gravecharge
² Spiral Cromlech
³ Kalexcourt
4 Hunter’s Moon

Dom Freddonci

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