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Essa é uma parte da longa e envolvente história acerca de Kirkmund Nicol Gard, ou mais popularmente conhecido como Kirkmund, o Peregrino. Peregrino, pois os pés desse viajante conheceu inúmeros locais de Toril, conheceu inúmeras cidades e figuras míticas e lendárias. Ao todo em seus 37 anos, este sacerdote de Lathander, como nova Fé, e Amaunathor como da Velha Fé, é piedoso misericordioso e casado com a vida e toda a sua riqueza e beleza.

Vamos a sua história, sem mais delongas.

Texto Original: Bruno de Brito

Revisão: Bruno de Brito

Primeiro Arco – O Casamento e a Marcha

Nestes 30 anos que completo hoje, olho para trás e observo a trilha de feitos que me conduziram até aqui. Digo a maioria das pessoas que sou um homem feliz, mesmo sendo filho de um aasimar sem suas características divinais, a menção desta diferença acaba por gerar uma impressão de que não “sou daqui” e assim não sendo de lugar algum adquiri a alcunha de “peregrino”. Aprecio a alcunha, pois em essência, é o que sou – Um caminhante de Faêrun.

Quando me tornei membro do clero do Senhor da Alvorada na cidade de Águas Profundas, era chegada a hora de cumprir com minha promessa. Viajar pelas terras infindáveis de Faêrun com intuito de levar a luz, a paz do Pai criador da vida.

Sou órfão, desconheço o sentido de família consangüínea e devido a minha ascendência fui acolhido pelo clero de Lathander e ali doutrinado nos caminho do Senhor. Recebi no ato de minha adoção, o nome de Kirkmund. Confesso que o sobrenome caiu no esquecimento dos fios brancos que surgem em minha cabeleira.

Eu sou Kirkmund, a maioria das pessoas que conheço me chama de Peregrino e sou prontamente atendido pelo apelido. Tenho 30 anos e a idade já me revela os primeiros sinais físicos, mas sei que tenho um longo caminho ainda por percorrer. Com cerca de 1,82m e 80 quilos, sou um homem de boa constituição, mas baixa força e pouca destreza.

Sou leal e me considero uma pessoa do bem. É notável que minha postura e alinhamento sejam uma perene razão para conflitos e problemas nas tumultuosas cidades que passo, no entanto, aprendi a me posicionar como um sábio observador. Em geral a má conduta sempre revela rápido seu preço, enquanto que a bondade sempre sai cara no princípio e recompensadora no final.

Preciso contar como tudo começou, e para tanto, preciso voltar 16 anos atrás. O ano era o ano do (ver com DM a era atual), estávamos no verão, mês 8, o mês de Eleasis, ou comumente conhecido como o Alto Sol, lembrando hoje, tudo me remete uma grande coincidência, mas não, não foi.

Era o ano de meu casamento, eu na plenitude de meus 14 anos…

Em um seleiro preparado para a cerimônia, presidida pelo pai da noiva como era de costume naquele tempo eu me casei.

– Dou-lhe esta grinalda que simboliza nossa vitória sobre a solidão, Ídris, minha esposa.

“Giev me thinn sho”

Ídris se descalçou e entregou ao pai a sua sapatilha e ele se voltando a mim disse:

– Concedo-lhe o sapato de minha filha, e os cuidados pelo bem estar dela.

“Nim minere hand
Ve sind handfeste.
Ve sind vere and veef”.

E uma pessoa ao fundo gritou:

– Beije-a logo!

E todos em coro começaram a dizer o mesmo.

Minha noiva, Ídris, me olhou com ternura e voltou-se para o pai com respeito. Este olhou para mim, inclinando levemente a cabeça em tom positivo.

– Beije-a então.

E foi o beijo mais tenro, verdadeiro e puro que já entreguei a alguém.

Os presentes aplaudiam e proferiam votos de felicidades.

Erámos marido e mulher.

E foi então que aquele homem adentrou o celeiro. Vestindo uma armadura de couro, acompanhado por um cachorro de guerra e uma espada longa na cintura. Aquele homem era um mensageiro de guerra, um representante do exército. Ordgar, já era conhecido da nossa vila, ainda que aparecesse vez ou outra para coletar impostos, ele era um homem respeitado, ainda que visto com deveras antipatia pela maioria. E ele estava ali, no celeiro de Leofric, meu sogro. Todos sabiam o que aquela visita significava. Havia tempos os boatos corriam através dos viajantes e caravanas. Eram tempos incertos.

– Vocês me conhecem, sabem por que vim.

Minha mulher o interrompeu dizendo:

– Senhor…

Mas ele nem a deixou continuar.

– Hoje é o dia. Não posso contribuir com a escolha de vocês. Os homens guerreiros formam uma fila aqui.

E todos os presentes se agitaram. O silêncio e o medo eram evidentes nos olhares outrora alegres.

– As mulheres devem se sentar.

E ele repetiu mais enfático.

– As mulheres devem se sentar!

Pude ver o olhar de desespero de minha amada Ídris. Mas só pude abraçá-la. Todos apreensivos cumpriram as ordens de Ordgar.

– Hoje, o fronte de guerra forma-se-á de novo. Os homens que utilizei da última vez não retornaram. Preciso levar estes homens jovens para juntarem-se a eles.

E desta forma ele começou apontando.

– Você, você, você. Vão para casa, peguem seu escudo e lança.

E desta forma continuou.

– Você, você e você. Os que não têm ninguém, os que são jovens, receberão novas armas.

E enquanto os jovens amigos meus, e alguns primos, se moviam seguindo as ordens de Ordgar, Leofric o questionou: – Já não basta de tantas guerrilhas, a diplomacia não é mais forte que a espada?

– Onde arrumaremos alimento, quando a fome chegar à época de Mirtul¹?

E Ordgar respondeu em mesmo tom.

– Se eu não pegar esses homens agora, nenhum de vocês terá estômago para sentir fome. E a diplomacia velho, morreu com a razão e insensatez dos homens, agora sente-se!

Ele então se virou para mim e minha esposa.

– Os dois, vão para casa. Ainda há algum tempo antes de agirmos.

E desta forma acatamos a ordem.

O Juramento e a Profecia

Algumas horas mais tarde, estávamos todos reunidos na principal praça da vila, prontos e preparados. Mas antes de partir deveríamos jurar ao nosso rei, e Ordgar nos ordenou o juramento. Todos com copos em mãos com vinho pela metade proferimos:

– Eu juro, diante desta companhia, que vou lutar até a morte pelo meu rei. Se meu rei ou meu Senhor morrer, tomarei o lugar dele e lutarei como ele teria lutado. Se qualquer homem daqui me vir de coração fraco ou fugitivo, vai me lembrar desta promessa feita diante de meu rei.

E assim bebemos.

Todos começaram a se juntar em uma fileira e um a um fomos indo. Algumas mulheres choravam pelos seus maridos e outras pelos seus filhos. Mas Ordgar nos ungiu com um sentimento de frieza e silêncio, de forma que ninguém transpareceu o medo e o receio que nos assombrava, engolindo nossa coragem e alimentando nosso desespero.

Ordgar foi o último a seguir o destacamento e em uma última casa para a saída da vila, ele observou um garoto com vestes brancas e colar feito de sementes escuras. O olhar do garoto chamou a atenção de Ordgar, mais pelo pânico evidente nos olhos do jovem do que qualquer outra coisa. Ele então se aproximou do garoto e questionou:

– O que te preocupa, criança? O que você vê?

A criança, loura respirava com dificuldades e em seus grandes olhos denotavam que o seu foco não estava ali. Ela disse:

– O rei guerreiro vêm do oeste, do mar, para encher os cemitérios de Águas Profundas. Pássaros pretos e carniceiros depois. A morte chega.

Ordgar olhou a criança nos olhos e sentiu um frio na espinha dobrar-lhes a força de uma forma sobrenatural. Ele se ergueu com dificuldade e como se nada tivesse ouvido, virou-se para a comitiva e ordenou: – Em frente e marchando!

A criança se retraiu para a escuridão e seus olhos se iluminaram com um fulgor sombrio…

A marcha

Sempre foi usual para os homens guerreiros a convocação para o fronte de guerra, ainda mais naqueles tempos perturbadores. Mas neste inicio de verão foi diferente. Os generais do rei parecem ter requisitado cada fazendeiro, cada caçador, cada apicultor de todas as vilas as margens da grandiosa Águas Profundas.

Não estávamos treinados, preparados ou qualquer outra definição que coubesse a um punhado de aldeões que só entendiam de porcos, vacas e galinhas. Ordgar durante dias treinou-nos da melhor forma que lhe foi possível. E desta forma recebi os primeiros treinamentos de armas de minha vida. Confesso, não era forjado para aquilo. Não era forte, a armadura pesava em meu corpo destreinado e a lança era uma arma que me incomodava portar. De qualquer forma, precisava aprender a usá-los do contrário minha morte seria rápida no campo de batalha.

Continua…

Kirkmund, após a campanha em Anauroch

¹ Mirtul é 5º mês do ano e se inicia com o Festival do Plantio, em muitos locais é conhecido também como a época do Degelo.

Quer conhecer outros heróis e histórias de Forgotten? Não perca tempo acesse nossa página aqui no blog.

Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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  • Os conselhos, a fé, a força de vontade e principalmente a liderança deste sacerdote da Luz, são a alma e a luz guia da Comitiva dos Bravos.

    Como qualquer ser humano, Kirkmund tem seus momentos de dúvidas, em relação aos membros da Comitiva, mas o clérigo de Lathander sabe que mesmo depois da noite mais escura logo o sol ira raiar e é com este pensamento que ele mantém a fé em seus companheiros, ele sabe que os corações dos membros da Comitiva estão no lugar certo, eles só precisam ser conduzidos para a direção correta.

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