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Personagens envolvidos:
Joshua Wenishay Poderkaine – humano motaviano – paladino
Markin S’man Tinthalion – elfo dourado – guerreiro e mago
Um sol frio voltou a raiar sobre a Cidade Capital do Protetorado de Ecnor (Lothian), onde seus súditos acabavam de sentirem a liberdade de seu aprisionamento amigo.
Sob os olhares perscrutadores dos heróis, a cidade parecia ganhar cor e vida novamente, pois seu povo, ainda aturdido, voltou a andar pelas ruas e sair de suas casas para contemplarem aquele dia ensolarado, porém frio.
Absortos com a vitória e testemunho de tudo o que passaram e viram até aquele momento, por um breve instante, esqueceram as mazelas e horrores vividos no submundo dos sete infernos e tentavam focar nas boas imagens da cidade sob aquele tempo sem nuvens.
Um grito de socorro irrompeu entre as pessoas que estavam no interior da Catedral da Justiça Vigilante. De pronto, o grupo se dirigiu para seu interior em prontidão e preparados para eliminarem qualquer que fosse a ameaça, entretanto, viram e ouviram o pranto e a tristeza, pois entre os braços de muitos dos moradores da cidade, jaziam os corpos dos sacerdotes e clérigos que, assim como Tyfrass, haviam se doado no grande ritual de proteção que havia evitado o genocídio de todo aquele povo.
Muitos sacerdotes pareciam terem definhado pela inanição e exaustão, outros davam seus últimos suspiros sob os olhos em lágrimas daqueles que lhes davam afagos ou tentavam inutilmente lhes reanimar.
Alguns deles exibiram sorrisos de condescendência em acordo com o destino que haviam escolhido e pareciam estarem em paz de espírito, como se vissem algo ou alguma presença ali que os reconfortava.
Em meio àquela cena de pesar, os heróis se deram conta que aquela vitória alcançada havia sido fria e não havia motivos para comemoração, pois muitos se sacrificaram para garantir aquele resgate.
Todos viram quando Esmeralda, pegando firme na mão de Tyla, puxou a amiga, que percebeu imediatamente o porquê da agonia repentina da amiga.
Elas correram juntas, aflitas, em lágrimas, na direção de uma pessoa em especial que jazia, assim como os demais, no chão frio da grande catedral, ele estava arrodeado de pessoas ajoelhadas que choravam e o acompanhavam numa oração que ele regia.
A paladina e a sacerdotisa chegaram à Tyfrass e o abraçaram com fervor, lutando para diminuírem o volume do pranto e do soluço para não atrapalharem sua oração.
Os demais heróis foram até o local onde o alto sacerdote do deus da justiça estava. Em meio aquele ambiente de pesar e tristeza, diante da possibilidade da perda de tão nobre alma, todos foram arrebatados pela melancolia e pelo desespero, pois grande parte do clericato de Tyr havia perecido e entre eles todos os detentores dos maiores postos eclesiásticos na ordem sagrada. Percebendo aquele ambiente, Tyfrass, parou sua oração e disse com uma voz fraca e pesada, mas que foi ouvida por todos aqueles que ali estavam:
– Por que o desespero meus filhos?! O pesar é justo, mas o desespero não, pois não faz jus ao milagre aqui presenciado. Uma vez que o sacrifício daqueles aqui dentro tinha de ser no mínimo equiparável ao daqueles que vieram de fora.
O sangue de milhares foi derramado para que o de muitos milhares fosse poupado de um fim no mínimo injusto. – O grande clérigo fez uma breve pausa, dirigiu seu olhar para Wenishay e continuou. – Onde houver a justiça, haverá a esperança de um dia melhor! – Tyfrass voltou seu olhar para Tyla. – Pranteiem por nós e não esqueçam do sacrifício feito por todos em prol da justiça, pois tudo tem um custo equiparável ao feito, e o que presenciamos aqui foi um feito épico!
Que Tyr os abençoe e os guarde. Mantenham-se firmes, pois enquanto houver um justo de pé, haverá justiça!
Esmeralda e Tyla seguravam as mãos de Tyfrass, que viu quando Wenishay, com lágrimas nos olhos, se aproximando por trás da paladina, e disse para ambos:
– Vocês estão predestinados meus filhos e isso é bom. Sabia disso desde o momento em que pus meus olhos sobre vocês. Saiba Joshua que Tyla o completará naquilo em que lhe faltar e você a ela! – Wenishay tocou o ombro fino do alto clérigo, que continuou. – Para mim foi uma honra ter seu pai como amigo assim como a você.
O alto clérigo olhou para Esmeralda e, fechando os olhos, disse:
– Esmeralda, meu amor, minha vida, minha filha. Deixo para você e sua geração, meus desejos de perseverança e o manto que carreguei. – Sua voz foi sumindo. – Agora é com vocês meus filhos! Continuem no caminho dos justos. – Deu um suspiro final e continuou. – Tyr nos abençoe e guarde para sempre!
Assim, Tyfrass Martelo de Tyr, Alto Clérigo da divindade da justiça, deixou Crivon, sob os olhos tristes e pesarosos de todos os presentes, que viram a luz fria do novo dia adentrando a abóboda da catedral, por entre seus vitrais multicoloridos.
Wenishy, após ver os olhos de seu antigo mestre se fecharem pela última vez, sob a luz dos vitrais multicoloridos da Grande Catedral, sentiu que uma sombra havia pairado sobre seu coração paladínico.
Continua…
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Criação e elaboração: Patrick, Bruno Santos, Aharon Freitas
Fonte da imagem da capa: acervo pessoal – desenhista: Shin;
Fonte de imagens: acervo da internet.
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"Onde houver a justiça, haverá a esperança de um dia melhor!"
Uma história difícil, uma vitória custosa e quase relutante em perseverar.
A morte destes sacerdotes e de Tyfrass, foi um marco na história de Wenishay. Ele mesmo, queria ter dado sua vida àquela missão, sob a recompensa de ter evitado tantas mortes. Foi um bem maior, feito a um custo e preço muito altos.
Wenishay está mais silencioso, menos feliz e mais obstinado... Em seu íntimo ele sabe que esses sentimentos são obscuros no coração de um paladino, mas ele bem como, todos os seus amigos, não tiveram tempo para lamentar seus mortos.
A sensação é de que o dia deste episódio continua, em Vila Pratinha, Vilaverde, Falcon, Ophir, Karac Varn, Malpetrin... Crivon.
Haverá um tempo para chorar os seus mortos, haverá um tempo de paz e serenidade? É tudo pelo que Joshua mais luta, incansável e obstinadamente.
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Excelente texto Patrick.