Sóis Mortos

Obel – Neurolink I – A Estrela Guia (Sóis Mortos)

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Os membros da tripulação vigente passam por momentos difíceis e mortais durante as missões. Algumas vezes esses traumas despertam uma lembrança, memórias ou até mesmo visões sobre o passado do indivíduo.

Os Neurolinks de Memória Pós-Traumática (NMPT) são um recurso narrativo que visa encaixar elementos da história com os personagens, trazendo à tona conflitos internos e traumas passados para dar profundidade na construção da persona individual e sua interação com o grupo.

Referência

É chegada mais uma noite de descanso na dura jornada pelas florestas de Ukulam. Logo depois de fazer suas preces noturnas, Obel se deita e começa um sonho muito peculiar.

Link para o episódio aqui

A Estrela Guia

Depois de revisar o plano de ação do próximo dia com Maenala e Vixen, Obel vai se deitar e logo começa a sonhar com uma grande aventura espacial. Um sonho recorrente na bem-aventurada mente desse ser de espírito simples.  Ele pilota desviando de disparos laser em uma verdadeira guerra espacial de escala interplanetária. Toda a habilidade onírica do pequeno apressamandra sendo posta à prova enquanto ele faz manobras surreais e circenses para se esquivar de tiros que cruzam a negritude do espaço sideral.

Parecia mais uma noite comum coroada por sonho majestoso que faria Obel despertar com um inocente sorriso no rosto, mas à medida que o tempo passa e seu sono se aprofunda, ele percebe que não está mais no espaço. O apressamandra observa montanhas de cumes congelados à sua volta, bem como nuvens densas atrapalhando sua visibilidade e capacidade de realizar manobras. Ele rapidamente reconhece esse céu esverdeado e a geografia erma a qual ele sobrevoa. Trata-se do planeta Triaxus.

A ampla cadeia de montanhas com picos cobertos de neve apresenta um desafio maior do que a própria guerra, mas dessa vez não se trata de um simples sonho e sim de uma lembrança. Obel já atravessou os ventos fortes que varrem os cumes afiados das afrontosas montanhas da região. É difícil manobrar mesmo para naves estrelares mais bem preparadas. Ao virar a cabeça para o lado, o jovem apressamandra percebe que não está sozinho. Dois meio-elfos fazem companhia para o piloto destemido.

Ele não se recorda bem como esses dois meliantes conseguiram o convencer a fazer essa viagem insana, mas isso pouco importa agora, pois a nave está a um fio de sair de seu controle.

Obel tenta controlar o manche com seus seis pequenos braços numa disputa virtuosa entre carne e maquina. Comandos de voz reagem a seus gritos de desespero e o sistema de controle parece processar mais do que consegue. A nave começa a pender e emborcar na direção dos cumes mortais. Numa última tentativa de salvar a embarcação, Obel usa de toda sua força, física e mental, para arremeter na direção do céu, puxando o manche todo em direção a sua virilha peluda.

Para surpresa de todos, a manobra funciona! A nave começa a subir e logo passa por cima das nuvens, encontrando uma visão límpida e clara da estratosfera do planeta. Mas ao tentar retomar o domínio da aparelhagem, Obel percebe que a máquina havia se exaurido e o esforço excessivo tinha finalmente cobrado seu preço… A embarcação estava fora de controle. Nenhum comando reagia, inclusive a Inteligência Artificial que deveria auxiliá-lo.

Sem muitas opções, os contratantes vestiram seus trajes espaciais e já se preparavam para abandonar o engenho voador quando um baque ocorreu. A nave cruzou a fronteira entre a camada de vida do planeta e o espaço. Um grande solavanco seguido do barulho ensurdecedor de alerta dos sistemas críticos subitamente os atingiu. Era o fim, nada mais poderia ser feito, o maquinário voador estava morto aos olhos de Triune.

Os meio-elfos abriram manualmente a comporta lateral da nave, causando uma brusca queda de pressão interna na nave e, tão rápidos quanto surgiram na vida de Obel, eles sumiram na escuridão do espaço. Sem ar e sem conseguir pensar como poderia sair daquela situação, Obel abraça seu fatídico destino. Ele solta o cinto de segurança, abre seus braços e se ejeta em direção ao nada.

Nave do pequeno Obel

Uma explosão silenciosa eclode nas costas do lacônico apressamandra. O impacto foi forte o suficiente para fazê-lo perda a consciência. Enquanto flutuava no vazio, de olhos fechados, Obel, apesar de estar sufocando e do torpor latente do seu corpo, só pensava que o fim era inevitável, nada poderia fazer a não ser abraça-lo.

Ao abrir os olhos, uma pequena estrela, ao longe, começou a se aproximar. A cada segundo ela parecia estar mais perto, aumentando a intensidade e o raio de seu brilho. Ele sabia que isso não era possível, talvez as lendas sobre seguir a luz no fim do túnel depois da morte fossem realmente verdadeiras.

A estrela, à medida que se aproximava, adotava um formato peculiar. Asas iam se formando ao fundo da forma luminescente enquanto o brilho ia se achatando e tomando a forma de um inseto com antenas. A mutação resplandecente parecia adotar a silhueta de uma borboleta. Uma borboleta com estrelas em suas asas. Era uma visão magnifica, indescritível. O pequeno apressamandra foi inundado por todos os tipos de emoções, das melhores às piores, dá felicidade à raiva, da completude ao isolamento.

Uma voz feminina ressoou em sua mente, uma voz escutada em todos os anos vindouros de sua história. Mas de alguma forma Obel percebeu que a voz de Desna é a voz de Maenala.

“Compendioso ser senciente, acompanho sua jornada desde seu nascimento (…) sua fé, coragem e determinação transformaram seu percurso no Plano Material em uma aventura que merece ser apreciada com carinho (…) Essa não é a hora de interromper essa empreitada, você ainda tem muito a oferecer para os outros seres, ainda existem mistérios para serem resolvidos e segredos para serem revelados e isso fará parte de seu trajeto. Serei sua estrela guia e seu ponto de conforto. Serei, para sempre, a voz em sua mente que te guiará para um futuro glorioso. Acredite no seu potencial, pois, apesar de seu diminuto tamanho, no seu coração cabe o universo…”

O brilho tocou o apressamandra e ele retornou do seu estado catatônico, vivo e de alguma forma adaptado às intempéries do espaço. Obel não sabia explicar o que ocorreu, mas de uma coisa tinha certeza: deveria ouvir Desna e fazer o que sua voz clamava.

Ao acordar no dia seguinte, ele se depara com Maenala, já pronta para continuar a empreitada, a jornada na floresta. Ela serve o café da manhã, o ajuda a vestir a roupa e lhe faz um carinho rápido na cabeça, mas Obel não pode deixar de reparar que há um brilho diferente nos olhos da lashunta. Um brilho estrelar…

Rafael Maradona

Mestre das campanhas "Sóis Mortos" e "Contra o Trono Eônico", do sistema Starfinder. Mestre de "Maldição da Extinção", do sistema Pathfinder. Jogador e mestre da campanha "Aventuras em Golarion" e jogador de "Pendor de Pedra Pestilenta". Integrante do Orbecast. Adorador de Asmodeus e não vê pornografia nos anúncios.

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Rafael Maradona

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