Esse é o resumo da última parte da aventura A Pedra de Kir, na qual os Heróis Selvagens compostos por Rathnar, Kalin, Sabyr, Eophain e Aescriel retornam finalmente para a fazenda de Corine Tyle. A partida ocorreu no dia 22.07.18, e contou com a participação dos jogadores:
Marcelo Guimarães – Aescriel
Bruno Gonçalves – Rathnar
Bruno Simões – Kalin
Fabrício Nobre – Eophain
PdM – Sabyr ArcadaniParticipação especial (revelando o que está por vir…) Patrick Nascimento – Sandy e Valentin!
03 de Preparos, 597 CY
E muito antes do clérigo Kalin vir ao seu encontro ele orou, rezou como nunca antes outrora. Perdido, amargurado e desorientado, Rathnar Selfanar estava desesperado, e orou:
Pai,
Me Perdoe.
Eu falhei.
Falhei em liderar meu povo em Celadon.
Falhei com minha família de Demesnes.
Falhei como Campeão de Corellon.
Falhei com meus fieis companheiros.
O pior de tudo.
Me iludi acreditando que estava fazendo o correto.
Mas o Senhor tem toda razão em me punir.
Eu abandonei meu povo.
O Povo Élfico não merece um Campeão como esse.
Onde eu estou agora?
O que estou fazendo?
Meu egoísmo em tentar ser um herói, um grande espadachim, o maior de todos guerreiros de Flanaess.
Para que?
General do exército de Demesnes?
Arauto de Versis?
Minha arrogância me cegou.
Alguém que fez o que eu fiz, que serviu aos desígnios de entidades malignas.
Que falhou em guiar seu povo.
Que não consegue defender seus companheiros.
E agora, um assassino.
Um Assassino?!
Sim, julguei e executei um inocente.
E porque não me arrependi e escolhi o guerreiro para retornar?
Não quero acreditar que faria novamente isso.
Sim, Pai.
Eu mereço a sua Punição.
Minha ilusão de controle não me fez não perceber a Verdade.
Eu ainda preciso pagar pelo que devo.
Na verdade, eu tenho muito o que pagar.
E foi por isso que o Senhor não me ouviu em minhas preces ao encarar o dragão vermelho.
Mas eu não vou abandona-lo nunca, Pai.
Mesmo não sendo mais merecedor de sua Benção.
Jamais deixarei meu Povo e o Senhor.
Serei a Espada que sua Vontade apontar.
Farei de tudo que for possível.
Pois da Morte não temo mais.
A Honra já se espedaçou.
Tudo que me resta é Vingança.
Sim, Pai.
Não vou desviar de minhas obrigações.
De agora em diante serei sua Espada.
E não terei piedade de meus inimigos.
Não.
Eu não mereço seu Perdão.
Ao que é dito:
Ouvindo em sua mente, uma voz suave como o vento ressoou:
Quão disposto você estaria para ser quem era? O que abdicaria em seu excesso de “arrogância”, que em verdade jamais foi. Pode se dizer que meu filho, você foi ignorante.
O quanto estaria disposto a mudar?
Eu Posso lhe penitenciar Rathnar, mas você precisar me dizer que errou o caminho élfico e que está disposto a voltar a ele. E se tornar novamente o Campeão de Corellon.Diga-me o que quer. O passo de um guerreiro ordinário ou de um campeão extraordinário.
E a frente rodopiando em uma espiral de poeira e folhas uma figura surgiu, ainda que transparente, mas claro o suficiente para denotar os traços uma figura gigante de um elfo:
Rathnar estava impressionado! Ao mesmo tempo que sentindo uma profunda vergonha interior, o alto elfo sente em sua pele a luz do grande senhor, o maior entre os maiores e mais soberano dos elfos.
Como um farol, na busca de resgatar seu filho perdido em mares de angústia e decepção, o alto elfo faz a sua mais profunda reverência ao Pai de Todos os Elfos, o seu criador.
E medindo cuidadosamente suas palavras, ele diz com lágrimas escorrendo em seu rosto:
“Pai… O que aconteceu comigo? Tenho medo de desonrar-lhes, e mais ainda ao meu povo.
Tudo que mais quero é entender a Palavra, o Caminho e as Tradições.
Não temo a morte. Meu maior medo é decepcionar ao senhor, ao meu povo.
Mostre-me a verdade! Irei seguir a ela, e tão somente a ela! O que preciso fazer para ser seu Campeão?”
Por um instante, que pareceu um milhar de anos passando entre as duas figuras, Rathnar sentiu o medo genuíno de não conseguir. Mas diante d a imagem de Corellon, tudo parece ser mais claro, até mesmo efêmero.
Em seu íntimo Rathnar sente uma injeção de vitalidade inexplicável, ele daria sua vida, pela mera vontade de seu criador, ele mergulharia no reino dos drows, ou Celadon para enfrentar qualquer desafio, ele só queria uma coisa. Satisfazer a vontade do senhor dos elfos, atender o mais simples dos pedidos daquele que o criou, e a toda a espécie.
Rathnar lutava para se conter tamanha a força divina que testemunhava, seu corpo parecia que ia se desmanchar e foi com muita força de vontade que não se despedaçou em uma loucura errática. E ele ouviu a voz, e era como se milhares de elfos falasse através daquele som:
“A prova de sua redenção, será ser meu paladino. A você concedo a honra de ser o meu campeão. Você honrará os elfos e toda a vida selvagem pura e imaculada, você é o novo rei de Demesnes e ao seu povo e as famílias élficas você deve salvar”.
E o dedo angular de Corellon tocou a testa de Rathnar.
O alto elfo sentiu cada fibra de seu ser vibrar e toda angústia, pesar, dor e sofrimento foi dissipado. Apenas uma breve memória dos episódios que o tornou o que é hoje ficou remanescente. Rathnar nasceu novamente. A semente escura plantada dentro do elfo quando ele ainda se aventurava em Celadon foi purificada e um novo e poderoso herói renasceu, Rathnar Selfanar, o Campeão de Corellon e agora Senhor dos Elfos de Demesnes.
Rathnar ainda estava absorvendo tudo que havia lhe acontecido, quando Kalin chegou. E o que sucede nas próximas linhas é tudo que ocorreu mediante a ótica do sacerdote de Pelor, com adicionais de minha própria narrativa.
Ao chegar no local onde outrora existia a vila dos Gigantes, encontrei o elfo sentado em uma pedra, pensativo. Ser furtivo ou esquivo não é uma das minhas maiores qualidades. Assim, ele rapidamente percebeu minha aproximação.
Contei-lhe do ocorrido, e o mesmo pareceu satisfeito. Ouvi o arrependimento de Rathnar, e percebi em suas palavras que era genuíno. Porém, havia algo a mais ali: o seu espírito estava diferente, mais próximo do Lâminas Ardentes que havia conhecido em Pontyrel. Isso tranquilizou minha mente.
Rathnar pouco ou quase nada disse em retorno ao Clérigo. O alto elfo estava em paz.
Enquanto nos preparávamos para partir, uma explosão totalmente diferente de qualquer coisa que eu já vi ocorreu, emanando uma grande quantidade de calor. Foi tão violenta que o chão tremeu, como um terremoto, e com isso, fomos levados ao chão. Ao nos recompormos, percebemos que onde havia anteriormente a colina e a caverna do dragão Melniir, não havia mais nada, a não ser uma planície desolada.
Eu sou um emissário das vontades de Pelor neste mundo. Porém, foi a primeira vez que via o que uma divindade é de fato capaz de fazer. Se Segojan, enfraquecido, foi capaz de causar tamanho estrago, o que será que divindades como Corellon, Pelor, Iuz seriam capazes… Iuz, aquele o qual desejo intimamente destronar, e libertar aqueles que estão sob seu domínio. Precisarei reunir entes que sejam capazes de confrontar tal poder, e eu mesmo deverei estar pronto para isso. Pelor há de iluminar meu caminho.
Nos apressamos para reencontrarmos os demais, sem maiores conversas pelo caminho. Os Heróis Selvagens e os Arautos de Versis precisavam se reunir e alinhar seus próximos passos. Além disso, deveríamos regressar a Pedra de Kir junto com Carla Tyle, conforme havíamos prometido à sua filha.
No reencontro, Carla fez questão de perdoar Rathnar pelo ocorrido, o que deixou a maioria de nós, que presenciamos a cena, consternados. A única exceção foi Eophain. O guerreiro estava incomodado com aquilo tudo, e fez questão de expressar seu descontentamento. O kensai não havia testemunhado os feitos após a aventura na caverna do Dragão, e a única lembrança latente foi seu confronto insólito contra Melniir.
Kalin precisaria ter uma conversa mais longa com Eophain, de toda forma. Além disso, todos estavam preocupados com a explosão que ocorreu. Apesar de mais distante o grupo também havia visto e sentido a explosão e um ponto luminoso caindo no local.
Assim, nos dirigimos à planície recém-criada nas Colinas Kron, para investigar detalhes do que poderia ter ocorrido ali.
O cenário era aterrorizador: um raio enorme esvaziado, como se tudo que houvesse ali antes, tivesse evaporado. As exceções eram algumas moedas, placas de metal que foram derretidas e fundidas, e alguns itens que reconhecemos, e faziam parte do tesouro de Melniir.
Eophain procurou por sinais de seus itens, em especial sua espada juramentada. E o kensai apenas encontrou um. Aninhada entre rochas o cabo de sua espada se revelou para o herói. Mas quando este retirou-a dos escombros, revelou que a lâmina estava destruída. Nenhum de seus itens havia resistido à explosão.
Por fim, chegamos ao epicentro da planície: lá repousavam as 12 colunas do Templo de Segojan, com metade delas revestidas em ouro. Além disso, um disco dourado repousava tranquilamente próximo a uma coluna de pedra. Rapidamente inserimos o disco em sua posição, e a coluna foi coberta de ouro.
Após algum tempo, a própria Carla Tyle nos apontou um local, onde repousava o último presente de Segojan para nós: uma pilha significativa de moedas e itens. Talvez isso servisse para acalmar Eophain sobre a perda de tempo e de recursos que, segundo ele, tivemos nesta história. A última coisa que localizamos, em uma extremidade da planície, foi a ossada de Melniir. Suspiramos aliviados ao ter a confirmação que o dragão vermelho fora destruído.
Após guardarmos todos os tesouros que ali estavam, retornamos à Pedra de Kir utilizando uma magia de teletransporte, viabilizada por Aescriel e Riore, que nos levou até a entrada do vilarejo.
Conforme entrávamos na fazenda, alguns gnomos começaram a notar a presença de Carla Tyle ali. Assim, um alvoroço começou a se fazer ao nosso redor, e, instantes depois, é como se estivéssemos cercados por todos os habitantes de Pedra de Kir. Por fim, Korine Tyle chegou, com seu rosto já rubro de emoção, e abraçou sua mãe.
Foi contada a história do que ocorrera, e reforcei que os gnomos deveriam restaurar sua fé em Segojan, visto que ele era o principal responsável por aquele milagre. Foi revelado também, que Dandelion também compartilhava da crença em Segojan, e que a fé dele e de Carla foi a responsável pelo não desaparecimento completo desta divindade.
No final o dragão sabia que não podia desafiar Segojan em sua forma Vemerak, pois sua centelha divina ardia por conta das últimas fontes de fé existentes. Eram as de Carla e Dandelion. Com isso o dragão orquestrou sobre Carla Tyle para que acabasse com Dandelion. E quando o velho gnomo tivesse morto, o dragão mataria a última fonte de fé – Carla. Com isso poderia desafiar Segojan e certamente destruí-lo. Quando Rathnar matou Carla, o poder de Segojan diminuiu e com isso o dragão esperou que o grupo fosse forte o suficiente para destruir a divindade. Mas o que ocorreu foi o contrário. E a divindade acabou sendo salva pelos Heróis Selvagens.
Quando chegamos em Kir, fomos alocados em um velho estabulo. E os gnomos festejaram o final feliz daquela dramática história. Quanto a nós, pudemos nos alimentar e descansar devidamente. O dia seguinte seria de decisões importantes, e não poderíamos parar por muito tempo em Pedra de Kir.
04 de Preparos, 597 CY
No dia seguinte, logo após o desjejum, minha intenção era reunir todos os heróis, e discutirmos os próximos passos. Porém, antes disso, Eophain me chamou para uma conversa privada. Contei tudo que ocorreu após o seu tombamento diante Melniir, inclusive o milagre que o trouxe de volta. O guerreiro reforçou seu desconforto com toda a situação, pontuando corretamente que aquilo tudo poderia acabar de forma diferente, com um retumbante insucesso de nossa parte, e com todos nós mortos. Não discordei dele, mas observei que, se isso aconteceu, o melhor que poderíamos fazer com essa fortuna, era não cometer os mesmos erros novamente.
Isso não pareceu convencê-lo, especialmente tratando do comportamento de Rathnar, o qual Eophain julgou muito conveniente, mas creio que o tempo tratará disso.
Após isso, todos nos reunimos para as devidas apresentações, e poderíamos entender o que os Arautos de Versis faziam ali. Riore já havia dito que eu era procurado por eles, mas foi esclarecido que esta busca foi uma orientação de Fabiana Espelho Solar. Ao ouvir o nome de minha mentora, a vontade era de ir até Pontyrel imediatamente; porém, Riore completou que ela, Arinus e Lillack combatiam os estragos que o dragão verde Vermillion fazia na região.
Vermillion. O dragão que aprisionara a mim e Sabyr. O dragão que quase ceifou minha existência, o que não ocorreu pela intervenção de Rathnar Selfanar, Lilack e Arzentop (descobrimos posteriormente ser a reencarnação do velho patrulheiro Arinus Thomes). Eu tinha muitas contas a acertar ali. Além disso, eu tinha um dever a cumprir com Pontyrel e seus habitantes. Já era mais que a hora de voltar.
Porém, novamente foi trazido à tona o assunto do Andarilho. Rathnar se espantou pelo fato do artefato ainda existir, visto que Rana Galumba se sacrificara para destruir o artefato, e findar a existência de Karenax, o grande wyrm verde. Riore explicou que a druidisa conseguiu seu intento, morrendo, porém matando o dragão. Porém o que ninguém sabia era que enquanto Celadon vivesse, o Andarilho se repararia.
Como a última localização conhecida do Andarilho era Verbobonc, achei prudente contatar Sandy Benelovoice e Gatts sobre o artefato, para saber se os mesmos tinham alguma informação sobre ele, ou que ficassem atentos a qualquer pista sobre tal. Os Heróis de Ferro, denominação atribuída pelo príncipe Thrommel ao grupo, estavam em m issão para dissolver as dissidências entre as Colinas Kron e o Viscondado de Verbobonc.
E lhe enviei a seguinte mensagem:
“Amiga, precisamos de alguma informação sobre um item chamado “Andarilho”, que foi visto recentemente em Verbobonc. Se souberem de algo, me informe”
A magia divina de Pelor conjurada através de Kalin viajou centenas de quilômetros a uma velocidade espantosa e chegou a mente de Sandy.
A paladina estava andando pelas ruas de Verbobonc. Tinha a intenção de encontrar o abade Regis, apesar de não precisar do diamante para trazer o velho arquiteto Arthur Guerreiro de volta a vida, precisaria para fazer isso agora a Nybas Tyrangur, o general havia sido morto pelas mãos de ninguém menos que Erzurel. Esta história e seus meneios pode ser lida na integra consultando a aventura: O Templo das Sombras.
Para minha surpresa, Sandy Benelovoice respondeu que estava em posse do Andarilho, e essa foi a sua resposta:
“O item referido está sob nossa posse. O guardamos para levá-lo para Celadon e Rathnar, assim que nossa missão findar”.
Levei a informação ao grupo, que se animou com a boa sorte que o destino nos trouxera. Assim, foi decidido que os Heróis Selvagens, desfalcados de Sabyr, porém reforçados por Hadauck, o Falcione, seguiriam para Verbobonc. De lá, poderíamos seguir para Pontyrel, e meu acerto de contas. Por fim, iriamos até o coração de Celadon, a Yggdrasil, para acabarmos com a infestação que assola o Ducado de Urnst e a Floresta. Após presenciar o milagre das Colinas Kron, fazer parte da ressurreição de uma divindade, e ter juntado uma força heroica tão significativa, estou confiante que conseguiremos chegar aos nossos objetivos.
O grupo esperava fazer uma viagem rápida a Verbobonc e colocar no rumo para o sul novamente, porém as palavras de Sabyr ficaram na mente dos heróis:
“Vocês não retornarão tão breve quanto imaginam. Os Heróis de Ferro e Selvagens empreenderão uma importante peleja. O Deus Mutilado orquestra a espalhar a agonia nos prados e colinas novamente. Os dois grupos se unem, mas não necessariamente se separarão”.
Após a profecia estranha proferida por Sabyr, Kalin emitiu por fim, uma última mensagem a paladina:
“Estamos indo ao seu encontro”.
Ao passo que Sandy respondeu. Porém o teor dessa resposta somente será conhecido na próxima aventura.
Ficaram em Pedra de Kir: Riore, Sabyr e o anão Grom Taldir. Seguiram para o Viscondado de Verbobonc: Rathnar, Hadauck, Kalin, Aescriel e Eophain.
Continua…
Entre as milhares de moedas de ouro, prata, cobre e platina encontrada pelo grupo,havia também uma quantidade generosa de gemas e objetos de arte, que certamente detinha significativo valor. Os heróis doaram todas as moedas de cobre e prata aos gnomos em especial Dandelion para uma reconstrução de sua fazenda. O ouro, platina e pedras preciosas foram divididas entre os membros do grupo. Kalin ficou com um pouco mais, já que na divisão dos itens mágicos não ficou com qualquer parcela. Rathnar doou todas a sua parte aos gnomos em uma conversa particular que teve com Korine, Carla e Dandelion.
Sobre os itens mágicos:
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