Esse artigo é a continuação do capítulo Interações, e nesta parte falaremos de Rathnar. Voltaremos um pouco no tempo para contar uma passagem importante, e na sequência falar das demais interações.
Esse é um texto original escrito por Bruno de Brito e que recebeu uma contribuição na Revisão sem precedentes de qualidade de Fabrício Nobre, muito obrigado Eophain!
Se perdeu? Não se desespere, veja o primeiro capítulo dessa série importante de artigos dos Heróis do Trono!
Rathnar e os Gnomos
04 de Preparos de 597 CY
ssa história se passa ainda pela manhã do dia 04. Os Heróis Selvagens descansavam e se preparavam para passar “brevemente” em Verbobonc, pegar o Andarilho e regressar dentro de dois dias à Fazenda da Pedra de Kir.
Rathnar chamou para uma conversa Carla e Korine Tyle. O elfo precisava ter com ambas um franco diálogo, no qual pediu desculpas por tudo que fez. E reconheceu que em nada havia contribuído para ser o herói que os gnomos tanto precisavam. Para sua surpresa, o olhar de ambas gnomos, senhoras da Fazenda da Pedra de Kir, era de gratidão. E, como resultado, tudo havia sido minuciosamente calculado para sê-lo da forma como foi. Talvez por obra de Segojan, talvez de uma instância superior.
Rathnar não podia contestar aqueles argumentos e se emocionou. Era tudo simples e ele finalmente conseguia enxergar. Os três ficaram em silencio, contemplando a água que corria finamente pela represa. Aquilo era algo que em breve seria também desfeito. Depois de alguns instantes, finalmente o elfo retomou:
– Quero dar algo a vocês. Encontramos diversos tesouros, moedas e outras coisas de valor, tais como ouro e pedras preciosas. Eu gostaria que vocês ficassem com minha parte. Essas moedas devem servir para reparar os danos causados à Pedra de Kir e também Dandelion. E, se possível for, ergam um pequeno símbolo no local em que Segojan se sacrificou para destruir Melniir, para que ele nunca mais seja esquecido novamente.
As gnomos não negaram e agradeceram profundamente a generosidade do alto-elfo de cabelos prateados.
Rathnar e o Oráculo
Em um momento após a conversa com as senhoras da Pedra de Kir, quase próximo do meio dia, Rathnar foi de encontro ao Oráculo Sabyr Arcadani. O elfo encontrou o baklunita sobre uma pequena colina, praticando. Ele lançava golpes lentos e suaves com a espada katana que havia recebido como parte do tesouro de Segojan. A lâmina que brilhava como uma pedra de gelo irradiava uma cor azulada intensa em seu centro, dando-lhes um aspecto frio e mortal. Rathnar desconhecia o manuseio daquele tipo de espada. Aparentemente Sabyr também não detinha tanta maestria, mas a harmonia entre o homem e a espada parecia cada vez melhor. Sabyr sorriu quando ele se aproximou.
– Olá meu amigo elfo. Vejo que essa missão não salvou apenas os gnomos. Acabou sendo um desafio para sua própria salvação e quem sabe do que mais?
– Você sempre com palavras diretas e objetivas, não é meu caro baklunita? – Respondeu Rathnar.
E era mesmo. Apesar de um aliado, Sabyr era um contemplador das situações e, até de certa forma, interferindo minimamente nelas, como se o medo de alterar a trama do destino fosse trazer-lhes grande prejuízo.
O Oráculo e o Elfo
Sabyr podia, como os raros oráculos, ver o futuro, o passado e o presente. Principalmente o futuro em suas múltiplas linhas de possibilidades. Ambos conversaram durante o pouco tempo que restava até a partida para Verbobonc.
E Rathnar não resistiu questionar o oráculo:
– “A profecia que você nos disse na Caverna dos Mistérios, você sabia o que eu me tornaria? Até hoje as suas palavras ressoam em minha mente:”
As chamas se intensificam e o fogo da destruição queimará onde menos se espera, utilizando-se da maior fraqueza de vocês. Um anel deverá ser forjado no fogo, mas ambas trazem resultados inesperados. Do sol, sabedoria mais que apoio; da Espada, mais Temperança, ainda que não tenha mais valia; da Inteligência, o portal que traz o pesadelo e, por fim, do senhor dos elfos, a bondade dos paladinos.
-“Cada trecho de sua profecia se cumpriu.” – Disse o Elfo:
“As Chamas que se intensificaram“ – foi o fogo de Melniir sobre nós.
“Utilizando a maior fraqueza que possuímos“ – Nosso orgulho. O fato de estarmos nos sentindo invencíveis, tal qual estávamos contra os gigantes;
“Um anel deve ser forjado no fogo“ – No calor da situação do confronto contra o Vemerak, o improvável ocorreu: Unimo-nos contra o fogo;
“Do sol, sabedoria mais que apoio“ – Uma clara mensagem sobre Kalin;
“Da Espada, mais Temperança, ainda que não tenha mais valia“ – Uma mensagem para o espírito de Eophain;
“Da inteligência, o portal que traz o pesadelo“ – Esse trecho se refere à Aescriel. Eu não entendi exatamente. Aescriel poderia ter escapado daquela situação? Mas, ao invés disso, ele trouxe o pesadelo a Melniir?
“O Senhor dos Elfos, à bondade dos Paladinos“ – “Esta passagem esta mais do que clara. – Concluiu Rathnar. – Você previu tudo, ao seu modo, Sabyr. Como você faz isso?”.
E a resposta do oráculo foi singela e humilde:
– “Eu apenas vejo as coisas, Rathnar”.
E antes de Rathnar pudesse dizer algo, notou os olhos do oráculo revirarem novamente, ficando totalmente brancos. Ele já tinha visto isso antes. Uma nova profecia se anunciava:
“Os cubos devem ser destruídos. O guerreiro da mágoa possui um disco de ouro. Não beba do cálice de prata.”
Rathnar não entendeu o que diziam aquelas palavras proferidas por Sabyr. Uma centelha do futuro estava conectada aqueles três fatos e Rathnar os memorizou. Quando voltou a si, Sabyr desejou boa sorte ao amigo, como se não tivesse noção do que havia acabado de dizer ao elfo.