Aventura CaLuCe: o enigma da Vila do Herege, parte 2

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Sessão do dia 14/12/2017

Personagens:

Drigos “Fênix” Poderkaine (humano mothaviano) – paladino de Tyr de 11º nível
Joshua Wenishay Poderkaine (humano mothaviano) – paladino de Tyr de 11º nível
Kraver Kravinoff “Merlin”(humano mothaviano) – mago evocador de 11º nível
Markin’Sman Thintalion (elfo) – cavaleiro arcano de 11º nível

A breve conversa com a Xerife Eldran tirou Joshua de sua costumeira tranquilidade. Refletindo sobre isto, ele trouxe a luz do conhecimento para os seus companheiros sua percepção.

Aquelas pessoas não eram e talvez nunca foram más. Não era isso, por outro lado, manifestavam um comportamento errático em uma direção que representavam valores inescrupulosos a todo tempo, em todas ações e pensamentos. Um interrogatório a base da violência física, religiosa e moral, um estalajadeiro curioso e interessado na vida do grupo e de outros cidadãos, um marido ciumento, uma esposa com comportamentos suspeitos de infidelidade.

Todas aquelas pessoas estavam manifestando aquilo que todos nós temos em nossos interiores. Carregamos esses sentimentos e os mesmos são freados por nossa educação, nossa moral, nossas experiências de vida e ciência de que tudo que fazemos de bom e de ruim tem volta. Essa é a justiça de Tyr, essa é a lei sobre todas as leis. E o povo daquele local precisava dos Cavaleiros da Luz Celestial!

Wenishay tinha quase certeza de sua hipótese e seus companheiros concordaram e reafirmaram sua plausibilidade, agora era hora de pôr em pratica os planos do grupo, precisávamos chegar até os líderes daquele lugarejo, pois alguma entidade maligna e de um poder, talvez, jamais enfrentado pelo grupo se encontrava ali, escondida, manipulando e orquestrando de forma perniciosa a vida daquelas simples pessoas.

Nós, heróis iríamos resolver aquilo, da forma simples com que o paladino Joshua Wenishay abordou a situação para com Eldran, ele encontraria o corruptor, o dragão branco, ou quem quer que estivesse por trás daquele cenário estranho e enigmático. Se houvesse mal, nós o encontraremos e eliminaremos.

Restauraremos o patamar de justiça e paz que uma vez reinou sobre o Protetorado de Ecnor!

Por Sir. Joshua Wenishay Poderkaine 

Os heróis ainda estavam aturdidos com o berro do dragão alado que cortou os céus, mas como a criatura desapareceu sem parecer tê-los visto, deram continuidade as suas tarefas na vila, buscando informações para desvendar aquele intrigante enigma.

A Vidente sonolenta

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Drigos e Markin forma em busca de Aluriel a Vidente de Kelser. Fonte: internet

Drigos e Tinthalion seguiram rumo a habitação onde eles encontrariam a famosa vidente da Vila Kelser, Aluriel. Segundo eles descobriram, a mulher vivia numa roça, nos limiares da vila, afastada dos demais. Segundo as orientações que haviam recebido, uma velha árvore seca de uma antiga macieira indicaria que eles encontraram o local certo.

Assim, a dupla seguiu uma estrada de terra lameada – por conta da neve, que tornava a caminhada até o local mais lenta. Contudo, Markin tinha a plena sensação  de que o tempo estava se arrastando, mas manteve esse sentimento guardado para comentar com os demais quando se reunissem novamente.

Os dois heróis conseguiram chegar até  a árvore indicada e viram o casebre que deveria ser da tal vidente. A choupana ficava sob a sombra de dois grandes pinheiros, era rustica mas exibiu uma beleza bucólica. Uma fumaça saia de sua chaminé, o que lhes indicou que haviam pessoas no interior do lugar.

Quando se aproximaram, sentiram o aroma adocicado de maçã. Viram que uma bela torta jazia numa janela semi-aberta. O cheiro despertou o desejo dos dois, Markin salivou, enquanto Drigos tinha em mente que enquanto estivesse naquele lugar, aparentemente maldito, não consumiria nada além de água, e olhe lá.

Ao baterem na porta, foram atendidos por uma figura que surpreendeu a ambos. A imagem do homem era idêntica ao do corpo que eles haviam encontrado na neve (vide a perseguição na neve). Sem muita reação, eles pediram para se encontrarem com a vidente. O homem pediu que entrassem e aguardassem que a Aluriel já esperava pela visita deles e não tardaria a encontrá-los.

A dupla ficou numa pequena sala, escurecida e funesta, apenas um feixe de luz parca adentrava o recinto pela única janela aberta que havia, iluminando um pequeno altar de carvalho negro, onde estava uma pequena estátua de um anjo de aparência feminina que estava ajoelhada em posição de prece.

Não tardou até que uma velha senhora veio ao encontro deles:

Seu olhar transmite toda sua experiência de vida e dores que sentiu e sente, sua voz rouca e gentil é acolhedora como a de uma avó. Usa roupas simples de algodão tingidas de preto, como se carregasse um luto prolongado.

A Parteira da Vila, é também conhecida como Vidente por utilizar ervas e chá para fazer previsões, sendo procurada por moradores que acreditam em suas previsões. Apesar de querida, vive numa roça num ponto mais afastado da vila.

A dupla conversou com a vidente, que demonstrava no olhar todo o cansaço de sua idade, ela exibiu doçura e atenção para com os dois. Serviu uma fatia de torta e chá para ambos, mas apenas Tinthalion os consumiu, sentido-se satisfeito pelo cuidado e pela alimentação, que lhe lembrou seus tempos de paz e infância em Thakester.

Durante a conversa que tiveram com a vidente, a velha senhora, ao segurar o braço de Drigos, entrou num estado de transe e lhes disse com vigor e com uma poderosa voz o que lhes pareceu uma profecia ou uma estranha fábula:

Voz de Aluriel:

Eu avisei a Jeskal para ele não ir atrás do tesouro de Nevasca! Mas ele não me ouviu! Ao trazer aquilo que deveria ter continuado enterrado no gelo do covil da criatura, ele atraiu muito mais do que a ira do poderoso lagarto branco.

Um mal ancestral jazia naquele lugar e foi trazido juntamente com a suposta redenção do descendente do Herege Kelser!

Agora, uma maldição recaiu sobre todos nesta vila! Vocês devem deixar o lugar ou encontrar a solução ou se tornarão igualmente prisioneiros neste lugar abandonado pelos deuses! Pois para vocês o tempo é um perigoso inimigo. O fim chegará com a Meia Noite!

A velha deixou o transe, quase desfalecendo, foi prontamente amparada por Markin, que a sentou numa cadeira de balanço. Sonolenta e sem condições de continuar, ela declarou que estava cansada, pediu para que a dupla se retirasse para que pudesse descansar.

O homem que os havia atendido voltou a estar com a dupla, quando foi interpelado pelos heróis se tinha um irmão mais velho ou algo parecido. O homem estranhou a pergunta e declarou que não tinha um irmão gêmeo. A resposta deixou a dupla pensativa no que poderia ter resultado na ressurreição daquele homem, que se chamava Eduard.

Assim, Drigos e Markin deixaram aquela estranha senhora, Drigos, apesar de sua desconfiança para com pessoas que alegavam possuírem poderes especiais, sem ao menos seguir alguma divindade, com os clérigos, ponderou que as palavras da mulher pareciam fazer algum sentido. Tanto o paladino quanto o cavaleiro místico ponderaram que precisavam encontrar Wenishay e Merlin para relatarem o resultado de seu diálogo com Aluriel. Partindo para o encontro dos dois.

O Magistrado orgulhoso

Enquanto Drigos e Markin conversavam com a Vidente Aluriel, a outra dupla composta por Wenishay e Kraver, foram em busca do magistrado Brian Soudez.

Eles chegaram até um grande sobrado de dois pavimentos. O casarão, com o telhado coberto por neve, demonstrava que seu dono era uma pessoa abastada, a fumaça saindo pela chaminé indicou a dupla que a casa estava habitada.

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A serviçal do Magistrado Soudez, atendeu a dupla. Fonte: internet

Wenishay bateu a porta, e após alguns segundos, foram atendidos por uma jovem que pelas vestes e avental era uma serviçal. A mulher, impressionada pelo porte dos dois, perguntou se eram da Capital do Protetorado (Lothian), recebeu uma resposta afirmativa da dupla que solicitou uma audiência com o magistrado. A garota pediu para que os dois esperassem do lado de fora, enquanto ela verificaria com seu mestre se ele receberia a dupla.

Após alguns minutos, a mulher retornou, solicitou que a dupla entrasse e aguardasse pelo magistrado, pois ele iria recebê-los. Merlin e Wenishay entraram e aguardaram a chegada da autoridade.

Pouco tempo depois, enquanto observavam uma velha e grande pintura localizada numa das paredes da sala onde estavam (datada de 10 anos atrás), um homem utilizando roupas elegantes e ajustadas para o frio chegou para a reunião que esperavam:

Soudez tem um olhar penetrante e um jeito sincero. Fala pausadamente e escolhe bem as palavras, principalmente analisando quem é o receptor delas.

Magistrado do Protetorado assumiu o cargo de seu pai, uma prática muito comum em pequenas vilas e aldeias. Tem um grande senso de justiça e não tolera crimes ou atentados contra a moral e os bons costumes, agindo como sensor e juiz sobre quase todos os aspectos da vila.

Após as apresentações, a conversa com o Magistrado Brian Soudez foi longa, primeiramente discutiram amenidades, como a origem da pintura – era uma obra onde apareciam o jovem Brian e seu pai (uma figura imponente e aparentando sabedoria) e depois, conversaram sobre o grau de parentesco que tinham, Soudez e Poderkaine, ambas famílias originárias de Lothian, servidoras diligentes do Protetorado Ecnor. Durante o diálogo, a dupla de heróis percebeu que o ministro da justiça naquela vila tinha um grande grau de orgulho.

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O orgulhoso Magistrado Brian Soudez. Fonte: internet

Conforme comentado pelo Magistrado Brian, lhe era óbvio que o paladino estava em missão, no entanto a sua surpresa era para o fato deles estarem não em auxílio de sua carta a Capital, mas sim em outra missão. Brian Soudez disse a dupla que havia enviado uma carta para a Lothian informando sobre a possível ação de membros de sua comunidade (que estariam sendo liderados por Jeskall Kelser), que planejavam uma incursão ao Covil do Dragão Branco Nevasca, o que significaria uma grave ameaça não só para a vila como a todo o Protetorado. O magistrado também comentou com eles sobre a estranha atuação de estrangeiros em posições de comando e influência na vila.

Quando indagado sobre o porquê de não ter se oposto ou imposto sua autoridade sobre os acontecimentos na vila, o homem dissimulou declarando sobre sua incapacidade frente a tantos membros, aparentemente mais fortes e em maior número. Intrigado e disposto a testar o nível de empáfia da autoridade, Kraver interrogou o homem, declarou seu estranhamento e desconfiança, levantando a ira do magistrado, que o expulsou de sua residência.

Sozinho,  Wenishay discutiu com Brian sobre a situação do prisioneiro. O magistrado a princípio mostrou-se sem disposição para colaborar com a soltura do kardista, mas persuadido por Wenishay ele decidiu redigir a soltura do homem, que ficaria sob a tutela do paladino e seria sua responsabilidade dali por diante, enquanto estivesse nos limites do Protetorado Ecnor. Na saída, o Magistrado deu ao paladino um velho sobretudo de peles para que ele se aquecesse melhor no frio que estava caindo na vila e lhe disse:

Voz de Brian Soudez:

Junte-se com os grandes e será o maior entre eles. Junte-se com de baixo nascimento e será ainda menor do que todos eles! Desejo que seja altivo e grandioso Mestre Poderkaine! Que Tyr o guarde a abençoe em seus caminhos!

Do lado de fora, Merlin o guardava. Após discutirem suas impressões sobre o evento que havia acontecido, ambos decidiram que era importante que se reagrupassem para traçarem os próximos passos. Assim o arquemago e o paladino decidiram que precisariam encontrar Markin e Drigos, partindo logo em seguida.

Reunindo peças

O grupo se reencontrou na rua, cercados pelas criança que os ajudaram no reencontro.  Sabiamente, para evitar que os infantes ouvissem o que iriam tratar naquele momento Wenishay forneceu as crianças uma moeda de ouro para que eles saíssem dali. Animadas, as crianças disseram que iriam até a venda local para comprarem doces.

Aproveitando o momento de tranquilidade, o grupo discutiu, cada lado contou o que havia se passado com cada um. Eles elucubraram suas teorias sobre o que poderia ter se abatido sobre a Vila Kelser.

Ao final, o grupo deliberou que não importando qual teoria estava certa, duas coisas eram importantes: manterem-se unidos dali para frente e que precisariam libertar e dialogar com o prisioneiro. Markin perguntou se realmente aquela seria uma medida assertiva ao que Wenishay retrucou que numa situação onde a astúcia de um corruptor jogava com as obviedades, uma improvável aliança com um kardista – que até aquele momento não havia cometido crime algum, seria a possibilidade de enxergar o enigma por uma outra ótica.

Contudo, convencidos por Drigos e Markin – que naquele momento havia percebido que era meio dia e, que o dia parecia finalmente caminhar, o grupo decidiu conversar mais uma vez com Aluriel.

Conversando com um ex-morto

O grupo chegou até a casa da Vidente, mas tudo o que encontraram foi uma residência fechada e um homem cortando lenha no campo a frente do casebre. O grupo identificou que o lenhador era Eduard, filho da vidente, e também era o morto que haviam encontrado na neve, quando estavam chegando a vila, na companhia de Jocasta.

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Os heróis conversaram com Eduard. Fonte: internet

Ao se aproximarem do rapaz, perceberam que ele parou de cortar lenda e exibiu uma clara postura hostil, mantendo as duas mãos presas ao machado. Em seu semblante estava claro que estava incomodado com a presença dos aventureiros ali.

Eduard tinha um olhar distante, não focava as pessoas – como se não estivessem ali, não as encarava. Parecia viver num mundo a parte, um mundo apenas seu.

O coveiro, fungou como se farejasse no ar e tivesse captado o cheiro forte e fedido da manta orc usada por Drigos e fez uma careta de desprezo, enquanto continuou a cortar lenha, ignorando a presença dos heróis.

Quando interpelado sobre a possibilidade do grupo poder ter um novo encontro com sua mãe, o rapaz abruptamente a negou, serrando as mão no machado, informou aos heróis que a mulher havia esgotado suas forças no diálogo que tivera mais cedo e desaprovava que eles insistissem em revê-la.

Foi então que Drigos teve a ideia de interpelar o homem sobre sua morte e possível ressurreição. A princípio, o homem pareceu relutar em falar sobre o assunto, mas persuadido por Wenishay e Markin, falou ao grupo, de forma estranha, como se descrevesse um situação irreal:

Voz de Eduard

– Eu venho tendo um sonho. Parece ocorrer todos os dias. Sempre o mesmo sonho. Eu vejo (pausa)… Eu vejo Jocasta saindo para caçar orcs. Vejo depois um grupo: tio Jeskal e outros saindo para a Montanha Branca em busca de tesouro. Depois, a noite, vejo minha terra atacada por um grande lagarto branco raivoso! A todos mata, menos eu e Albert! Eu me vejo enterrando todos! Eu enterro minha mãe! Pela manhã, Tio Jeskal retorna sozinho com um grande globo branco frio. Ele chora! Tio Jeskal parece ouvir vozes e sai com Albert. Eu não suporto a solidão e fujo chorando num cavalo. A dor é demais! Não consigo suportar! Faz muito frio onde estou! Está muito frio. Minha faca parece estar quente. Sinto a lâmina quente em minha garganta. Não faz mais frio. Sinto um calor me tomando e o sono chegando. Não tem mais dor. Vou dormir na neve. Ouço meu cavalo Barney relinchar e a doce voz de minha amada que há muito se foi. (faz uma longa pausa) – Hoje vejo pessoas marcadas e, vocês com um estranho brilho em suas cabeças!

O homem pareceu ficar absorto, olhando para o ar, como se vislumbrasse e revivesse cada palavra que havia dito. O grupo ficou sem saber o que fazer inicialmente, foi quando Merlin interpelou:

Voz de Merlin

Você diz que vê um brilho em nós. Você o vê nas outras pessoas?

Voz de Eduard

Não. Apenas em vocês, no tio Jeskal, em Jocasta e no homem de preto que está na cadeia.

O grupo entendeu que seja lá qual fosse o efeito que parava naquele lugar, eles ainda não estavam afetados. Wenishay quebrou o silêncio e determinou:

Voz de Wenishay

Senhores, acredito que agora devemos interpelar o clérigo de Kardis para vermos o que ele sabe!

O grupo se despediu de Eduard, que voltou a cortar lenha e arrumar a grande pilha atrás de si. Os heróis decidiram que precisavam conversar com o estranho prisioneiro. O fato do prisioneiro apresentar o mesmo “brilho” que eles, identificava que apesar das diferenças entre kardistas e CaLuCes, os destinos deles, estavam de alguma forma, entrelaçados.

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Criação e elaboração: Patrick, Aharon Gonçalves, Bruno Gonçalves, Bruno Santos, Diogo Coelho.
Fontes de imagens: internet
Autoria da imagem da capa do artigo: Shin

Legenda:
¹ - CaLuCes - A Ordem dos Cavaleiros da Luz Celestial;
² - Kardista - seguidor da divindade relacionada a morte, trapaça, assassinato e aos mortos.

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Sobre o Autor: Patrick Nascimento

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