Este é o resumo da partida ocorrida no dia 21.10.18, e que contou com a participação dos Heróis do Trono:

Theros Gatts (Diogo Coelho)
Eophain Al’Durkan (Fabrício Nobre)
Sandy Benelovoice (Patrick Nascimento)
Kalin Orochi (Bruno Simões)

Os demais personagens foram conduzidos como NPCs

Rathnar Selfanar
Erzurel Graysson

Sinopse: Os heróis precisam decidir o que farão agora diante de tudo que ocorreu, essa decisão precisa vir logo, haja visto que novas situações não param de ocorrer, deixando os heróis com cada vez menos alternativas. Não bastasse isso, os valores éticos do grupo passam por um teste de estabilidade.

Esse é um artigo original escrito por Bruno de Brito e revisado pelas hábeis mãos de Fabrício Nobre.

Valore Morais

07 de Preparos do ano de 597 CY

athnar despertou logo que o dia raiou. Os acontecimentos na missa, o envenenamento de Alvearnelle, o desaparecimento de Aescriel e a prisão de Kalin martelavam em sua mente como um tambor durante toda a noite, perturbando seu repouso. Ainda assim, independente do que estava acontecendo, ele não poderia se desvia de sua missão principal. Ele estava com o Andarilho em mãos e os Arautos de Versis estavam ao seu lado. Agora ele tinha os heróis necessários para começar a empreitada pela Floresta das Trevas. Essa missão não poderia mais esperar, porem ele não sabia se deveria antes seguir para Greyhawk em apoio a Aescriel.

O elfo possuía muitos assuntos urgentes em mente. Havia também uma necessidade de estabelecer junto aos Heróis do Trono um conjunto de prioridades a seguir. Ele deveria auxiliar o grupo na construção de um código de ética, um guia para orientar os valores e motivações de cada membro. Isso, segundo seu raciocínio, poderia evitar que traições como a de Eophain tornassem a ocorrer.

E assim, o Alto Elfo o fez. Encontrou a paladina tomando o desjejum em uma das salas do Templo da Flor de Sol e pediu a uma senhora que chamasse Gatts, que estava hospedado em um dos quartos do templo. Tão logo estavam todos reunidos, ele expôs seus pensamentos.

As Preocupações do Elfo

 – “Gatts e Sandy acredito já ter uma noção de como será a divisão do grupo. Eu, ao lado dos Arautos de Versis, partiremos para Celadon. Porém, existe uma possibilidade de irmos antes em Greyhawk, ao lado de Lester. Primeiramente iremos nos reunir em Pedra de Kir e discutir isso com os demais. Meu interesse é resolver a questão de Aescriel e de lá partirmos para Celadon, juntos. Entretanto, preciso que vocês me expliquem melhor sobre o mago elfo. Sei que ele já se aventurou com vocês e que já foi acometido por um terrível mal, tornando-se um morto vivo.”

E ele continua:

“- Quero saber, até para caso precise defendê-lo em um tribunal, quais são as acusações. Não apenas confio na índole de Aescriel, mas como um elfo, caso preciso de uma defesa, eu pretendo representá-lo. Portanto, Sandy e Gatts, me expliquem melhor o que Aescriel fez, quais foram seus crimes e por quais motivos o levaram a ser julgado no tribunal arcano de Greyhawk.”

E foi Gatts que retrucou:

“- Aescriel foi levado para responder por crimes que cometeu quando vampiro e, independentemente desta condição, a Ordem Arcana está cobrando o preço. Não sugiro se meter neste assunto. A Ordem é um grupo fechado, acessível apenas aos seus membros. E digo mais, não irão ouvir o que você ou quem quer que tenha algo a ser dito em defesa do elfo do sol.”

Discussões frutíferas

A conversa continuou e o trio chegou a conclusão de que muito pouco sabiam acerca da ordem para conseguir apoiar Aescriel. No fim, o próprio Rathnar percebeu que não poderia auxiliar o elfo do sol. O próximo tópico tocado pelo grupo foi à clausura de Kalin. Ainda que tenha sido conduzido de forma coercitiva, Kalin não ofereceu qualquer resistência. Neste tema, eles precisaria ir ter diretamente com o clérigo. E Sandy sente uma pesada carga perante aquele e outros assuntos que a assombra.

A paladina apenas observa a todos, como se não estivesse ali e sim em outro lugar. Ela sente que seu corpo está meio etéreo, como se sua existência tivesse sido partida e agora existissem duas dela. Uma, a guerreira sagrada treinada por Justine para ser uma arma contra o mal e a iniquidade, abnegada em seus desejos e austera frente aos erros que podem prejudicar o bem maior. Outra, uma mulher que acredita na amizade e que ela pode se manifestar das formas mais improváveis possíveis, sendo mais forte que a própria morte.

Trazida de volta aquela discussão pelas últimas palavras de Rathnar, Sandy quebra o transe. Ela observa seu primo, pensando nas semelhanças entre o Nalambar pai e o filho. Por fim, declara:

– “Nosso líder tem razão, Rathnar. E como tal, sua orientação deve ser primada. Contudo, pode ser que seja necessário, através das artes arcanas ou divinas, consultar Aescriel quanto a sua vontade de alguma intervenção nossa. Mas é como Nalambar disse: ele não nos revelou os motivos de sua jornada rumo a Greyhawk ou o que ele infringiu exatamente. O que sei, é que ele detinha consigo uma poderosa pedra que o permitiu, mesmo no estado vampiro, andar em plena luz do dia! Dela também ele extraia energias místicas fora de minha compreensão”.

– “Essa pedra pertencia a sua ordem e a última carga ele utilizou para me permitir alcançar Exórdius. Com ela pude derrotar o invencível observador Malba-Tahan em Hommlet. Uma coisa é certa: pelo o que sei das jurisdições humanas, não será um elfo que poderá agir como procurador de outro. Você deve seguir para sua missão principal, nobre guerreiro elfo sagrado”!

Muitos Assuntos

Lendo os olhares de Gatts, ela enxerga seu apreço por sua decisão. Contudo, a paladina, cerrando seu semblante, exclama: – “Eu ainda tenho um assunto para discutir, nobres companheiros. E preciso que isto seja deliberado pelo grupo futuramente, a depender do que exprimam aqui nesta consulta. Não acho saudável para nosso grupo a permanência de Al’Durkan nele. Ele vem empreendendo instabilidade e discórdia onde outrora havia concórdia estabilidade”.

Ao que Gatts retornou:

“- Eu não estou sabendo de todos os fatos. Gostaria de saber sobre este assunto para pode dar minha opinião”.

E foi Rathnar eu revelou o ocorrido a Gatts. O guerreiro mago quis saber também sobre a morte de Nybas, mas Sandy parecia ainda abalada demais para poder narrar o fato e o assunto foi esquecido. E foi a vez de Sandy pedir maiores explicações a Gatts sobre o ocorrido com o Príncipe e com Pyrus. E Gatts conta o ocorrido.

Sandy ouve atentamente e concorda com cada palavra dita. Enquanto isso, um turbilhão de pensamentos e emoções atinge seu ser. A morte repentina de Pyrus, o angustiante desconhecimento do paradeiro de Thrommel, a perda dos poderes de Erzurel e morte de seu querido aliado Nybas e o súbito surgimento de seu líder em desespero, a paladina se sente pequena diante de ameaças que só crescem em tamanho e perigo. A falta de uma solução nítida para todos aqueles desafios fazem sua cabeça girar. Seu corpo balança e ela não sente firmeza em suas pernas. Rapidamente ela tenta alcançar uma parede para se apoiar, mas desfalece no caminho.

– “Por Heironeous, nos temos que…” – Sem conclui a frase, a paladina tomba no chão frio do local de reuniões.

Os detalhes sobre o ocorrido a Sandy, poderão ser conhecidos no artigo: “A História de Exórdius“.

Uma nova paladina

Gatts e Rathnar se assustam com o repentino mal estar da paladina. Eles logo se põem a prestar os primeiros socorros quando algo os surpreende novamente. Do peito da paladina, um forte brilho começa a irradiar, oriundo do medalhão carregado por ela.  Eles veem o brilho do medalhão no peito da paladina tomar a todo o lugar. Quando a luz diminuiu, eles notam uma mudança em Sandy. Seus cabelos, outrora rubros, agora eram brancos como uma prata. A paladina abre os olhos, se recompondo. Ela diz estar bem. Gatts dá um sobressalto para trás, impressionado e temeroso com a transformação da prima. E assustado, cobra maiores esclarecimentos sobre o que ocorreu.

Sandy explica porem Gatts mantem a desconfiança. Ja Rathnar vê nos cabelos prateados uma semelhança curiosa aos seus. E ele recorda da mesma transformação por que passou em Kir.

Lester surge. Porem, antes que possa integrar a conversa, o som de marcha do lado de fora é ouvido pelos heróis e eles vão em direção a nave principal.

Interdição na Flor de Sol

Eophain e Hadauck, foram os primeiros a ouvirem o som de marcha do lado externo do templo. E Erzurel se aproximou ao notar.

Diante do portão da nave principal, eles viram um homem vestido em um luzido peitoral de aço e elmo parcial com a face exposta. O Homem avança e logo atrás dele uma outra figura. O homem atrás do soldado armadurado tinha cerca de 1,70m e vestindo um nobre robe avermelhado.

“- Olá, meus caros! Meu nome é Jaskier e esse companheiro a minha frente é Arno Handbolt, sargento da milícia do Viscondado. Gostaria de saber quem é o responsável pelo templo. Tenho em mãos uma ordem expressa da justiça de Verbobonc, sobre o qual venho até você senhor Erzurel Graysson, como responsável pelo prédio, informar da sua interdição”.

– “A medida é de caráter temporário e visa investigar evidências que possam ajudar a elucidar o crime cometido à diplomata Alveranelle Tulvar. Peço a todos que peguem apenas os seus pertences e liberem o templo”.

Todos, com exceção de Eophain, foram pegos de surpresa. O conhecimento penal e legislativo que o guerreiro possuía lhe dizia que isto ocorreria, mais cedo ou mais tarde.

Ainda que Sandy e Erzurel tenham argumentado veementemente, o representante da justiça do viscondado foi peremptório e inflexível. Rathnar tentou ajudá-los, mas todas as investidas foram infrutíferas.

O Corpo de Nybas

Mesmo diante de todas as negativas, Erzurel pediu a Jeskier que ao menos o corpo de seu companheiro Nybas Nalambar fosse permitido retirar do templo. E a negativa mais uma vez se fez presente.

Desta vez, até mesmo Gatts se envolveu na disputa. Sandy, Erzurel, Gatts e até mesmo Rathnar que, desconhecendo o homem, tentou ajudar seus companheiros de alguma forma. Mas Jeskier fora pragmático em sua decisão.

“- O corpo pode remeter evidências que cabem ao que ocorreu aqui. Ainda que seu óbito tenha ocorrido dois dias antes do crime contra a gnomo, ao que soube, mortos-vivos assolaram o templo, e uma coisa não pode ser separada da outra. Ou vocês podem me garantir que ambos os elementos estejam desconectados, e se podem, como, com quais evidências?”

O homem era uma parede de argumentos, e não houve diplomacia que pudesse transpor seu objetivo. O corpo de Nybas ficaria no templo ainda por mais tempo.

Querendo vencer em pelo menos uma disputa, Erzurel pediu ao homem que começasse a investigação pelo corpo de seu companheiro, de modo que este pudesse ser liberado o quanto antes. E para surpresa de todos, Jeskier disse que poderia fazê-lo, ainda que não garantiria em quanto tempo o corpo estaria liberado. Foi a única vitória que o grupo conseguiu naquela manhã.

Texto original do Decreto de Interdição do Templo Flor de Sol

“O Templo da Flor de Sol deverá ser alvo da investigação sob os plenos poderes da Lei de Verbobonc, o Viscondado. Até a segunda ordem, o templo deve ter suas operações interrompidas”.

Assinatura: Visconde Lagard

Kalin

Triste pelo ocorrido no Templo da Flor de Sol, mas ainda assim determinados a seguir em frente, o grupo formado por Gatts, Eophain, Lester, Hadauck, Rathnar e Erzurel, seguiu para a casa da guarda. Antes de se separarem mais uma vez, eles deixariam o sacerdote Kalin a parte de tudo que seria decidido. Gatts tinha no clérigo um importante conselheiro e mediador. Kalin já provara inúmeras vezes com sua elevada sabedoria, quais eram os melhores caminhos e rumos a serem tomados, muitas vezes sacrificando até a sua própria condição em prol dos demais.

O sol já alcançara a metade da manhã. Como era um grupo grande, não era permitido mais que dois visitantes por vez acessando os aposentos do torreão da guarda do viscondado. Entraram primeiro Gatts e Rathnar. O sacerdote solar felicitou-se em ver seus amigos e frustrou seus visitantes quando narrou a visita que recebera mais cedo. O tutor Regis De´la Frank o tinha visitado.

O tutor havia aparecido como amigo, para esclarecer que a estada do sacerdote não seria tão curta quanto ele esperava. A condição de Kalin era de preso político. Ele era a resposta às Colinas Kron sobre o ocorrido. Ele seria usado pelo Viscondado para sofrer as consequências do ocorrido à Alvearnelle, afinal, Verbobonc precisava dar uma resposta severa ao ocorrido com a diplomata do reino gnomo em território do Viscondado.

Kalin ouvia as considerações de Regis, mas no fim ficou com uma dúvida de se ele estava ali para ajuda-lo ou apenas queria informá-lo de sua nova condição. Ao sacerdote foi difícil sentir as reais motivações do Tutor.

Visita e Partida

Gatts e Rathnar tiveram com Kalin uma longa conversa sobre as estratégias que cada braço dos heróis seguiria. Kalin os ouviu atentamente. O sacerdote também colocou Gatts a parte dos detalhes ocorridos na missa. Um ponto em especial chamou a atenção do guerreiro furyondês. O gesto de Eophain. Algo ali não estava claro o suficiente, mas fez uma nota mental. Indagaria o seu companheiro em outro momento.

Kalin falou da profecia para Gatts, e para a surpresa o guerreiro mago estava com um Disco de Ouro. Rathnar ficou com o disco, uma vez que seguiria para a Pedra de Kir.

Outro ponto que deixou Gatts perplexo foi a cortina de fumaça sobre a qual a morte de Nybas era tratada. Ao invés de utilizar da única permissão que tinha de conjurar magia para trazer  Nybas de volta, ele optou por penitenciar Erzurel. Este havia cometido um crime. Foi Erzurel o responsável pela morte de Nybas! Até mesmo Kalin tratou o assunto com uma reserva anormal. Mas quando o sacerdote confessou que o general de armas foi morto por Erzurel em uma situação confusa e mal explicada, Gatts se irritou. Havia, na leitura do guerreiro mago, uma conivência estranha e a devida gravidade ao assunto parecia que havia sido negligenciada até mesmo por sua prima, Sandy. Gatts saiu da sala sem falar mais nada. Estava aborrecido e infelizmente naquele momento, o seu foco precisava se manter no príncipe Thrommel.

Rathnar permaneceu um tempo mais. E conversou com o sacerdote sobre o passado e as aventuras que havia feito juntos. Rathnar falou um pouco sobre sua transformação para Kalin. Para ele, aquilo tudo era novo. Kalin entendia exatamente o que havia ocorrido. Rathnar foi abraçado por uma benção que apenas aos paladinos é permitido tocar.

Após um abraço longo, eles se despediram. Rathnar seguiria para a Pedra de Kir e continuaria rumo ao sul. Kalin prometeu que assim que tudo tivesse sido resolvido, ele se juntaria ao alto elfo de Celadon.

Gatts e Eophain

Gatts saiu do torreão e encontrou o kensai conversando com Hadauck. Gatts pediu um momento do guerreiro e ambos conversaram sobre o ocorrido na missa. Gatts desejava entender as motivações de Eophain e se mostrou absolutamente concordante, até o ponto em que ele fez o que fez, supostamente pelas costas.

E Eophain esclareceu a Gatts sua linha de raciocínio. A decisão tomada entre Sandy, Erzurel e Kalin de realizar uma missa daquele grau de importância e envolvendo possíveis alvos de seus inimigos era errônea. E, uma vez deixando claros seus argumentos contra o evento, foi ignorado. Ele saiu da reunião com uma decisão mas seu gesto aparentou não ter ficado claro para todos. No momento em que demonstrou abertamente sua discordância, faria alguma coisa para evitar o pior e assim o fez.

Gatts ouviu tudo atentamente e em seu íntimo fez a leitura de todos os fatos, já havia ouvido um, e estava ali ouvindo o outro lado. E disse afinal:

“- Eophain, espero de todos sinceridade, transparência e lealdade. Sei que esses requisitos você possui e peço que de forma aberta, sempre deixe claro suas intenções e ações, pois essas podem influenciar o todo. Isso é o mínimo que peço de cada membro nesta empreitada”.

E o Kensai respondeu:

– “Antes de tê-lo como líder, Gatts, possuo uma lealdade e devoção maior a minha bandeira, meu pais e ao trono que o governa. Fiz o que fiz, pois a paladina e seus aliados criaram um risco imenso para a vindoura paz entre Colinas Kron e o Viscondado. É do interesse de nosso príncipe que esta paz se estabeleça corretamente e sua prima não soube promover os primeiros passos para tal. Sou-lhe fiel e dedicado, mas saiba que, acima de nos há um trono, e eu farei o que for necessário para garantir os interesses de nossa bandeira. O que for necessário, Gatts. TUDO o que for necessário”.

Na mente e linha de ação do kensai, ele havia feito o necessário para evitar danos maiores. Somente os Deuses saberiam dizer o que pior teria ocorrido, caso ele não tivesse agido tal qual como agiu. Gatts entendeu a logica do Kensai, mas também tentou deixar clara a mensagem que passava. O Kensai o ouvia e balançou a cabeça concordante, ao fim.

Despedida

Sandy ainda foi conversar com Kalin antes de se juntar a Gatts e Eophain. Erzurel ficou observando seus companheiros seguirem rumo ao norte. A exceção da paladina e Rathnar, nenhum dos outros veio falar-lhes e despedir-se. Ele sentia que havia um motivo para isso e infelizmente só poderia mostrar seu arrependimento com seus atos. Ele se levantou e tornou a adentrar o torreão. Precisava conversar e definir a estratégia com Kalin.

Continua…

Galeria da partida