Chendl | Heróis do Pacto

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Gatts, Sandy e Kalin, seguem para Chendl, a capital do reino de Furyondy, um dos locais mais importantes da região central de Flanaess. O que eles farão lá? Se preparar! O resumo que você lerá aqui, é uma síntese estruturada de partidas que ocorreram via whats app nos meses de julho e agosto de 2020. E compreenderá uma importante passagem para finalmente colocar os heróis diante da estrada da campanha.

Jogadores:

Bruno Simões
Patrick Nascimento
Diogo Coelho
Daniel Alonso

Esse é um texto original escrito por Bruno de Brito e revisado por Bruno Simões e Patrick Nascimento.

Esse artigo é uma continuação da história A Ilha de Syrul.

Chendl

24 de Preparos de 592CY

Greyhawk_Letra-O-198x200 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição

grupo presencia uma cerimônia na qual uma lei de guerra foi aprovada e logo após a cerimônia política as figuras vão saindo com a benção do rei, e Sandy, Gatts e Kalin notam que surgem vindo detrás de da cadeira do rei, Dikstra (a bárbara meio-orc) e Draig Bom Dhu (a barda elfa). No aposento fica a guarda real (cerca de 40 homens armadurados com bardiches, 20 de cada lado). E os heróis notam Thrommel relaxar a postura real. Ele se levanta e descendo do pedestal se aproxima de cada um, e um a um lhes dá um forte abraço. É perceptível os olhos marejados de Tom.

– Muito obrigado por tudo que fizeram!

Kalin é o primeiro a falar:

“- Meus parabéns, senhor Rei. Espero que a luz de Pelor lhe traga bons frutos e sabedoria, para um longo e frutífero reinado.”

Logo em seguida é Gatts:

“- Vossa Majestade, ver o senhor neste trono é para a minha pessoa a finalização da maior e mais importante missão que me foi imposta. Agora eu sei que toda dor, angústias, sofrimento e perdas que presenciei nesta jornada serão recompensadas com esperança e justiça para toda Furyondy. Era um caminho longo e cheios de desafios, mas, eu sabia que, ao fim da jornada, cada gota de suor e sangue seria recompensada.”

Gatts recorda de cada inimigo derrotado, começando por um ogro e goblinoides que incendiaram uma vila, e de cada aliado que sacrificou suas vidas nesta jornada, a visão do funeral de um heroico gnomo, que sucumbiu no combate contra uma cria vampírica, tudo passa rapidamente pela sua mente.

– Se me for possível, gostaria de ter com o senhor uma audiência“.

A última é Sandy. A paladina lembrou que apesar de ter apelidado o futuro Rei com o nome de Tom, para não revelar sua identidade nos momentos em que estavam na estrada, agora não mais caberá essa alcunha por conta do decoro e deferência ali exigida. Todavia, como num ato falho, ela fez uma longa deferência e declarou quando o Rei a cumprimentou: “ – Tom… err (enrubesce) – Vossa Alteza! Perdão!” – continuou “– Sinto-me, assim como meus amigos, com a leveza da sensação de dever cumprido! Conforme declarei no início de nossa jornada, fui enviada das nossas falanges do Norte, pela própria Lady Justine Misdiff, e a cúpula de comandantes, na missão de encontra-lo, entroná-lo e aguardar suas ordens, ou retornar ao Norte, onde cada membro desta gloriosa nação é preciosa nas ações para evitar o avanço do Velho sobre nosso sagrado território”. – a paladina se preparou para se abaixar para se curvar, em sinal claro de obediência, seu olhos marejaram com a visão de Tom, Thrommel, Rei de Furyondy, mas ela não chorou.

A mulher sentiu o símbolo sagrado (Exórdius), quente, pulsando entre seus seios, o item sabia que estava na presença de um ser de divino poder, e Sandy sabia disso sem precisar do item, pois ela testemunhou. Por fim, ela declarou de forma solene: “- Aguardando novas ordens meu Senhor! Pois o tempo urge, e a iniquidade precisa ser eliminada pelo poder de Heironeous, seus aliados e seus agentes!”

Um Dilema

Thrommel olha cada um nos olhos à medida que ouve as palavras colocadas e regressa ao trono. Uma vez sentado, ele retoma:

– Dói em meu coração Eophain não estar entre vocês, e sobre ele gostaria de começar prestando esclarecimentos. O kensai, lutou, protegeu e foi bravo em todas as missões que chegaram ao meu conhecimento. Mas quando pude testemunhá-lo em ação, o que vi foi outra coisa. Uma espada cega, uma espada que tem sede de ser posta em prática, que não vê valor na diplomacia, no menor dano em detrimento das próprias ações. E pude no pouco tempo que tive, pedi orientações ao divino espírito da justiça. E a resposta que obtive não foi aprovadora.

“- Um homem que aceita qualquer meio, para alcançar o seu objetivo, e isso foi o que ocorreu a Laucian”
“- Um homem que ignora o comando de uma liderança, e foi o que aconteceu ao Wyvern em Dapple”
“- Um homem que se alia conscientemente a entes malignos duas vezes, em prol de sua salvação, e foi o que aconteceu com Kaeris, o dragão esqueleto e com a Bruxa Lytta Neyd”
“- Um homem que ao invés de proteger, ataca, e foi o que aconteceu aos rhenos em Stalmaer”

– São erros graves, que não notei em toda carreira de cada um de vocês (ele olha para Gatts e para Sandy), ainda que muitas coisas boas e em meu nome tenham sido feitas por ele.

– Não, Heironeous não comunga com esse comportamento, e foi por esse motivo que ele foi destituído da lista de Kensais de Furyondy, e seu nome mancha a ordem das Forças Especiais de Greylode. E por essa razão, a benção acometida a Dikstra e Draig, não se derramou sobre ele.

– Mas, ainda assim houve débitos, e foi por essa razão que trouxe seu corpo comigo, assim como fiz com as demais. Ele está preservado, embalsamado na catedral da Santa Fé aqui em Chendl, e vocês poderão decidir que destino dar a ele.

Ele silencia, dando vez para que cada um ali pudesse falar a respeito.

Pronunciamentos

Kalin

“- Majestade, se me permite, acredito que há redenção para Eophain, e estaria sendo incoerente se eu pensasse de outra forma. Veja bem, entendo que seus crimes sejam gravíssimos. Mas a luz de Pelor há de guiá-lo por um caminho melhor. Fui capaz de conceder o caminho da penitência a um irmão de clero, que assassinou um valoroso General das fileiras de Chendl, Nybas Tyrangul.

Hoje, este companheiro, Erzurel Greyson, trilha sua redenção de forma exemplar. Gostaria, se houver a aprovação de todos, dar a mesma oportunidade a Eophain Al’Durkan. Alerto, no entanto, que levarei a Eophain as consequências de seus atos, e a decisão de retornar a este plano será exclusivamente dele. Tenho fé que ele aceitará, e caso não haja mais espaço para ele aqui em Furyondy, espero contar com a ajuda dele para libertar a Terra dos Escudos, o que também trará benefícios ao seu reino, Majestade.”

Kalin termina sua argumentação, e dá um passo para trás.

Sandy ouve as palavras de Thrommel, escuta o que Kalin fala e olha para o primo com expectativa, aguardando o posicionamento de Gatts para se manifestar. Um silêncio tenso paira pelo ar, e então o guerreiro mago fala.

Theros

– Eu já tive minha cota de problemas com as condutas do Eophain… mas em relação aos últimos acontecimentos, eu não estava presente e não tenho como opinar, a única coisa que posso falar é que no fim Eophain foi morto de forma cruel. Ele aparentemente, tinha aceitado sua condenação pelos seus atos contra os elfos, mas sua punição foi “arrancada” por aqueles que desejavam fazer justiça com as próprias mãos. O guerreiro pode ter seus inúmeros defeitos, mas a forma que Eophain foi morto não foi digna de um soldado de Furyondy. Se Kalin Orochi pretende conduzir o guerreiro na trilha da luz e da Honra, eu concordo em tentar ressuscitar Eophain, mas com a condição dele pagar pelos seus atos, seja com ações ou punições.

Sandy

” – Entendo que um coração misericordioso possa se coadunar com a iniquidade e acreditar que em algum momento possa haver a redenção. Mas trago a seguinte reflexão: quantas chances poderemos estar abrindo para que o mal seja deflagrado por meio de mais uma tentativa de contê-lo ou redimi-lo? Quantos outros inocentes precisarão ser ceifados? Quantas outras ordens, mais, precisarão ser desobedecidas? Quantas outras missões precisarão ser penalizadas? Precisaremos perder o reino ou outros amigos, para entendermos que o descanso do Kensai Al’Durkan não deve ser interrompido?”

A paladina continuou:

“- Penso que só porque temos a benção de produzirmos um retorno, as vezes o que está morto, deve permanecer assim para ter a paz e trazê-la.”

Sandy olhou para Gatts, e prosseguiu:

“- Não pretendo ser o bastião do exemplo e correição, uma vez que já me aliei com peças malignas para exercer um bem maior, mas vos digo, que até os malignos com que fui obrigada a me unir demonstraram maior valor e dignidade enquanto tivemos que nos aturar. Mas sei que pareço cética e dura em minhas palavras, mas Eophain teve mais oportunidades do que quaisquer outros que tenha conhecido ou convivido. A morte dele trouxe o aprendizado de que nem todos os fins justificam os meios quando nos coadunamos com o mal que temos que combater. Além disso, trará mais paz entre o povo de Draig e o nosso, pois não ficarão mais rusgas, uma vez que o retorno dele possa parecer uma afronta aqueles elfos, ou o nobre clérigo também pensa também, em de alguma forma ressuscitar todos os elfos que pelo kensai foram ceifados?”

Ela olha para Kalin com o olhar incrédulo, e conclui dizendo:

“- Entendo que ele em algum momento tenha sido um bom amigo para vocês, declaro que não foi para mim, mas isso não me cega para os fatos como já demonstrei em outras situações. Sou uma humilde serva da justiça, a justiça também é amor, mas a justiça não coaduna com aqueles que persistem no erro. Isso é o que eu tenho a dizer sobre este assunto.” – Ela olha para Tom, por fim, com serenidade.

As palavras de Kalin juntas com as palavras de Sandy fizeram Gatts refletir sobre a atuação de cada um. O guerreiro arcano, apenas lembrou da única vez que ele perdeu a confiança em sua prima, lembrando que Sandy tinha acobertado o assassino de Nybas Tyrangul, protegendo seu algoz. Com a lembrança desta situação Gatts, percebeu que isso ainda era uma “ferida” aberta em sua memória.

A Voz e o Pensamento

Thrommel, respirou fundo, percebia-se que algo era maior que a sua própria vontade.

Ele aperta o início do trono em que se senta, o Trono do Cavaleiro, e suas palavras adquirem um tom mais duro, severo e impessoal. Um dos guardas reais perde a compostura e treme dentro de sua pesada armadura, outros guardas mais resistentes conseguem manter a posição, mas vocês percebem um grande desconforto neles. Gatts, Sandy e Kalin, sentem uma paridade de conduta poderosa, e por isso não se abalam como os demais, diante da aura divinal que é emanada.

” – Kalin, sua penitência poderia corrigir o caminho daquele que queira expurgar seus pecados. Você acredita que Eophain o queira, ou mesmo apiede-se de seus erros, buscando se tornar um homem melhor, não falo, neutro ou bom, essa é uma escolha dele, mas no mínimo ordeiro? Se ele assim afirmasse a Pelor, você teria tenacidade para aplicar-lhe a vara, para que lhe obedecesse e aprendesse com os desvios do caminho? Você é um homem de esperança, é a luz que aquece quando a coragem do cavaleiro titubeia, mas estaria preparado para a decepção, e caso afirmativo, como agiria?”

Kalin sente um peso nos seus ombros e quanto mais ele fala, mais percebe que aumenta esse peso, o sacerdote quer se livrar disso, e sabe que precisa responder. Ele está falando com algum ser de natureza celestial sem precedentes de força no plano material. E mais! Sente como um réu, e a posição é extremamente incômoda. A loucura atenta-lhe a sanidade, para fugir de dar qualquer resposta.

– Gatts, a morte não respeita valores e iniquidades, ela simplesmente ocorre, como muitas vezes, por acaso, ou através de decisões que tomamos. Tranquilize-se quanto a este aspecto. A morte sempre fará parte da vida, o que quero saber de você é: Eophain é merecedor de receber as graças de Heironeous, essa é uma recompensa digna aos olhos do líder que ele seguia? Essa é a sua responsabilidade, você queira, ou não. Ele é merecedor, poderá equiparar-se aos heróis que essa terra perdeu e ainda vai perder? Pois este será o seu destino. Aos seus olhos e julgamento Theros Gatts, Eophain Al´Durkan é merecedor da misericórdia de Heironeous?”

De trás do trono uma figura se junta silenciosa ao lado da meia-orc, o grupo vê Sir Pyrus Donimir. Ele olha para o trio de companheiros, exibindo seu sorriso discreto, mas mantém-se calado ao lado do rei.

Gatts, sente ao mesmo tempo uma ternura e lealdade transbordando, ele sente que o olhar de Thrommel é carregado de uma compreensão, que lhe permite ter certeza que ele lhe compreende, e sabe que a posição de líder, demanda decisões como essa e que a palavra que você disser, decidirá o rumo do seu companheiro.

Percebendo que o olhar de Thrommel pousava sobre si, Kalin deduziu que teria que se manifestar e assim o fez:

” – Eu respeito seus questionamentos, Majestade, e apenas isso (Kalin aperta o símbolo sagrado). Eophain foi, outrora, soldado das fileiras que devem seguir suas ordens. Se a decisão, aqui, for de não o trazer de volta, irei acatar esta decisão. Porém, como disse anteriormente: antes de trazer o guerreiro, irei lhe deixar a par do que lhe aguarda – sua destituição do posto de Kensai, sua punição pelo que fez com os elfos, e quaisquer outros crimes que tenha cometido. Essa justiça não cabe a mim sentenciar – serei apenas um mensageiro.”

Continuou:

“ – Porém, se Eophain Al’Durkan, sob a luz de Pelor e sabendo das punições que o aguardam neste plano, ainda sim quiser voltar, entendo que seria um bom primeiro passo para a redenção.
E, não me entendam mal, Sandy e Rei Thrommel: acredito que ele pode se redimir, e estou disposto a assumir essa responsabilidade e correr esse risco. Mas não o farei à revelia dos demais que testemunharam o que Al’Durkan fez.”

Dessa vez, Kalin não deu um passo para trás e firmou sua postura.

Sandy Benelovoice respirou fundo e soltou o ar com um leve pesar, que traduziu àqueles que a conheciam, o peso da responsabilidade sobre o destino de uma vida, manteve-se onde estava, olhou para Gatts e leu em seu semblante um aborrecimento pela contrariedade de sua declaração anterior, olhou para Kalin e percebeu que este, pela primeira vez, lhe transpareceu raiva, mas ela olhou o clérigo com um nuance de ternura por perceber a bela alma do homem, e postando sua voz, por fim declarou:

“- Vossa Alteza, sinto por não facilitar o papel na decisão que aqui está para ser tomada, mas devo cumprir meu papel como sua leal súdita, conselheira e pretensa guardiã, é preciso ponderar a decisão para além das questões sentimentais, mas sim uma decisão política e de Estado! É presunção da minha parte ter que lhe dizer isso, porém humildemente penso que uma questão dessa magnitude não deve caber nem a mim, nem aos nobres Kalin e Gatts, somos um colegiado e como colegiado devemos deliberar em conjunto, como normalmente foi no passado, de forma democrática. Que não sejam minhas palavras ou dos nobres colegas que aqui estão, outros que decidam o destino de Al’Durkan, que isso seja feito por todos os membros desta comitiva de heróis, que estiveram envolvidos nos últimos acontecimentos.” – Sandy pensou por onde andaria Gilius.

Ponderações

Gatts, olhou para a prima com um brilho de satisfação no olhar, após a última colocação desta. Por fim, ponderou suas próximas palavras e as proferiu:

“- Al’Durkan está morto há dois dias, podemos pedir ao clero que conserve magicamente o seu corpo, dando a Kalin mais tempo para pensar sobre o assunto. Esta é uma decisão que não pode ser tomada de maneira leviana! Concordo com as palavras de Sandy. Kalin deve ponderar sobre esta decisão e ouvir a opinião de seus aliados, se assim ele desejar.  Quando falo “Kalin”, colocando-o como quem deve decidir, estou fundamentando minhas palavras nas leis de Furyondy. Al’Durkan não possui parentes ou familiares na cidade. Kalin como um aliado, está no direito de reclamar a posse do corpo do guerreiro. Al’Durkan não cometeu crimes no território de Furyondy que o impossibilite legalmente de ser ressuscitado. A única coisa que pode impedir Kalin de tentar ressuscitá-lo é uma ordem real, mesmo que isto seja contra a vontade de todos no grupo.”

Prosseguiu:

“- Eu só posso pedir que você, Kalin, pondere sobre suas escolhas. Eophain Al´Durkan foi morto antes de ser destituído de sua ordem, e neste momento ele foi enterrado com todas as honrarias, mas assim que voltar, Eophain vai passar por um julgamento e uma punição sendo provavelmente expulso de sua ordem. Ser um Kensai era a vida dele, não sabemos como ele vai reagir a isto, buscando redimir de seus erros ou transformando isto em uma força de ódio e destruição. Acredito em sua fé Kalin, e seu que você vai tomar uma decisão da melhor maneira possível, mas temo que isso possa afetá-lo de uma maneira que você não imagina. Minha preocupação não é com a Eophain e sim com o que isso pode causar a você, Kalin.”

Kalin respirou fundo e falou:

“- Agradeço a confiança depositada, Gatts. É importante frisar que não trato de ressurreição de forma leviana, e espero que não haja dúvida quanto a isso. De forma a tranquilizá-los, gostaria de informar algumas coisas que serão ditas a Eophain antes de consultá-lo sobre seu retorno e por fim, ressuscitá-lo:
– Ele deve ser julgado pelos crimes cometidos. As penas serão informadas a ele antes do ritual.
– Enquanto vocês falavam, percebi que um dos crimes – talvez o mais grave deles – tenha sido o assassinato de elfos em certa comunidade. Obviamente não tenho poder para trazer aqueles mortos de volta a vida, mas tenho algo que pode compensar isso. Um Campeão de Corellon, Rathnar Selfanar, está em missão para restaurar Celadon, uma outra comunidade Élfica. Eophain Al’Durkan pode ser incumbido de ajudá-lo de forma a compensar o mal que causou aos elfos. Uma vez acompanhado de um paladino, as chances de que ele trilhe um bom caminho são potencializadas, mas não posso garantir nada com relação ao perfil ordeiro. Celadon, inclusive, é capaz de ajudar a todos nós na campanha contra o Império de Iuz.”

Prosseguiu dizendo:

“- Algo que deve ser esclarecido: diferente de Erzurel, que cumpre uma penitência para restaurar sua conexão com o divino, a ressurreição de Eophain não o obriga a absolutamente nada. Apenas nosso julgamento quanto a sua natureza, quanto as promessas e decisões que serão tomadas ao longo do ritual. Minha posição é dar-lhe uma chance de redenção, mas, para falar com ele antes, preciso contatar seu espírito através de um ritual que conheço a existência, mas não sei conduzi-lo.”

Parecer Provável

Thrommel ouviu todos e se pronunciou:

“- Ao Santíssimo não cabe a decisão sobre quem deve regressar dos mortos ou se Eophain tem a autorização da Senhora de Livro e Osso, essa é uma decisão que cabe ao que nos motiva (ele olha para Draig, Pyrus e Dikstra). Como lhes disse e Gatts colocou, preservei o corpo, pois Eophain morreu em missão, a serviço de Furyondy, e por isso tem o meu respeito e reconhecimento do reino. No entanto, pelos seus erros, ele não é merecedor do título de Kensai. Ele transpôs uma linha moral perigosa. E ainda que seus erros não tenham sido passíveis do exílio, que é a pena máxima em Furyondy, ainda assim ele não pode ficar livre de uma punição.”

Continuou:

“- Vocês têm o direito sobre o destino deste homem, mas em Furyondy, ele será relegado a cidadão comum. Que ações fará a partir desta nova realidade, não cabe a mim determinar, mas a advertência feita por Gatts, é a mesma que farei. Uma espada sem regra, sem uma bússola moral, é uma arma perigosa nas mãos do destino. As fileiras de Iuz, Hextor e Erythnul estão cheias de homens como ele. Rogo sacerdote pelorita, que seu senso de julgamento esteja correto, independente das promessas que ele lhe fizer.”

“- Eu nas atribuições que me cabe, como rei de Furyondy, declaro Eophain Al´Durkan, banido da ordem dos Kensais de Furyondy. Seus títulos, posses e quaisquer armamentos conquistados neste solo, serão apropriados pela ordem Kensai e enviados para a Cidadela de Graylode.” Uma figura mais atrás parece escrever em um pergaminho apoiado por uma prancheta e logo depois Thrommel queima com cera o brasão em seu dedo sobre o papel.”

“- Como último gesto de misericórdia, concedo a você Kalin, a possibilidade de receber do clero de Heironeous os ensinamentos acerca do ritual de Chamar o Espírito, mas não receberá qualquer recurso adicional do reino, seja para conjurar, ou ter apoio na cerimônia.”

Concluindo seu veredito sobre o destino de Eophain Al’Durkan, declarou o ponto seguinte da reunião:

“- Com isso, podemos seguir para a pauta seguinte, e essa sim, tratará sobre o futuro de Furyondy, Verbobonc, Nyrond e a Terra dos Escudos, os Reinos do Pacto. Com a lei que foi aprovada e vocês testemunharam, toda a resistência remanescente nesses reinos, declararam guerra ao Império de Iuz, As Guerras do Pacto se iniciaram hoje!”

A Tríade

Rei Thrommel decretou:

“- Uma tríade improvável se uniu para dominar toda a região central de Flanaess. E ainda que a aliança não tenha sido formalizada, ela está operando. Iuz, Vecna e Tharizdum. Iuz quer a região central, norte e leste, compreendendo os reinos de Verbobonc, Furyondy, Sociedade do Chifre, Terra dos Escudos e Nyrond. Vecna quer regressar ao plano material no seio das Colinas Kron, e Tharizdum quer se libertar de sua prisão planar existente em algum lugar dentro do Templo do Elemental Maligno, ele é a força elemental suprema.”

“Em ordem, cada um deles precisarão ser combatidos por vez. Cada um deles possui um comandante das forças, e esses são os pilares que precisam ser combatidos e derrotados: Raven Pântano Negro – Filha de Iuz. Dal Quertos – O Sumo Sacerdote de Vecna e uma terceira força desconhecida que representa Tharizdum. Mas a região em que ele se encontra já é do conhecimento do santíssimo. Sua influência tornou negra as folhas de Celadon, criando a Floresta das Trevas ao sul daqui. E esse precisa ser o primeiro local da missão de vocês. Na sequência Kron, Verbobonc, Templo do Elemental Maligno e por fim, a Terra dos Escudos.”

Concluiu, sua fala dizendo:

 “- Outros personagens como Lareth e Aberain Melquisedec são incógnitas nesse mosaico e vocês precisam identificar que riscos eles representam. Aberain me raptou e a finalidade tenho certeza era destruir a minha centelha divina, plano que foi fracassado graças ao empenho de Sandy e Erzurel.”

Regalos

Fechando o ponto, e com um sorriso de satisfação, logo ocultado pela solenidade do momento, o Rei declarou:

“- Há algumas coisas importantes que precisam ser colocadas, mas deverá ser feito quando os demais membros do grupo chegarem: Aescriel, Lester, Rathnar e Erzurel. Tirem um mês para se preparar, estudarem suas habilidades, estudarem seus inimigos, e traçarem o plano estratégico. Ao fim deste um mês, nos reuniremos novamente, e acredito que teremos novos integrantes presentes. Reservei aposentos dentro do castelo para que vocês possam se reunir, dormir, descansar e servir de ponto de encontro. A cada um concederei uma audiência privada, de modo que detalhes particulares possam ser tratados” – ele olha na direção Kalin.

Com os olhos brilhando e marejados, o Rei continuou:

– Muito obrigado por tudo que vocês fizeram até aqui, seja por metas pessoais, valores morais, ou respeito e amor a Furyondy. Como um gesto de gratidão, quero que aceitem um presente, escolhido especialmente para cada um de vocês.”

 “- Theros Gatts Nalambar Benelovoice, a você, ofereço esta runa, que aumenta substancialmente a potência da armadura. Com isso sua malha élfica, por exemplo, pode ser gravada com duas runas de propriedade.”

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Runa de Potência dada a Gatts

Com o olhar voltado para a paladina, disse:

“ – A paladina Sandy Exórdius Benelovoice, concedo-lhe esta capa, chamada Capa do Saltimbanco.”

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Capa do Saltimbanco

Com o olhar voltado para Kalin, ele falou:

“- Kalin, o presente que lhe concedo é algo especial, uma relíquia guardada no tesouro real de Furyondy e que pertenceu a um bravo aliado pelorita que atuou aqui em Chendl. Ele entrega ao sacerdote uma caixa de madeira com aproximadamente 20x25cm. Dentro dela há uma veste de cor vermelha. Esta roupa é chamada de Batina da Devoção.”

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Batina da Devoção

Agradecimentos e Solicitações

Uma vez presenteados e ovacionados pelo público presente, um a um, os heróis agradeceram. O primeiro foi Kalin, que começou, e disse:

Kalin

“- Agradeço o presente Majestade. Em adição, sim, tenho interesse em ter esta audiência na maior brevidade possível, e peço que reserve algum tempo, visto que temos muitos assuntos a tratar, e boa parte deles diz respeito a está tríade infame que citaste.”

Gatts

“- Agradeço o presente Majestade. Também gostaria de ter uma audiência.”

Sandy

Sandy fez nova reverência a menção de ser presenteada. A paladina sabe que seu soberano conhece o código dos cavaleiros sagrados de Heironeous, e que suas ações são baseadas nele e em defesa do reino, não carecendo de presentes ou recompensas. Ela olhou novamente para Thrommel, ruborizou ao contemplar o sorriso de satisfação dele e percebeu que o presente era de Tom, seu amigo de jornada, não do soberano que ali se desenhava. Contudo, ao pegar no elegante e confortável tecido a mulher percebeu que o item lhe será confortável.

Todavia, sua mente viajou rapidamente rumo ao Norte, lugar de onde veio na sagrada missão de procurá-lo, e onde nem sempre se encontra um tecido adequado para se aquecer enquanto se pensa no inimigo a porta, inimigo este que precisa ser combatido com os recursos apropriados e que, com a ausência de Belvor, esses recursos minguaram a quase inexistência – ela olhou para o regente ao lado de Tom e lembrou que este foi o único que, na ausência de um legítimo soberano, impediu que as forças do Norte sucumbissem, enquanto uma luta familiar pela sucessão impedia que os recursos seguissem rumo as forças nortistas e faziam com que o interior de Furyondy fosse assolado (lembrou da visão que teve com o Pai de Gatts – Lorde Jandor Nalambar). Ao lembrar disso, Benelovoice diz com voz solene:

“- Grato, Vossa Alteza, por sua deferência a esta humilde serva! Assim que tiver pauta, vos rogo por uma audiência! Até lá, aguardarei com nossos aliados, pensando em estratégias para melhor servir ao Reino! Que Heironeous o abençoe, proteja e guie, meu soberano!”

Todos os presentes carregavam, em algum local de sua constituição, um detalhe dourado com o brasão de Furyondy, são peças diretas do tesouro real.

Continua em Audiências.

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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