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Sem delongas e preparados, os membros do grupo partiram nos lombos das duas montarias sagradas dos irmãos paladinos. Ao entardecer, eles seguiram rumo ao Bosque da Harpia de Pedra, na parte sudeste da Floresta da Vigília.
Sobrevoaram o caminho seguindo as orientações de Markin S’man Tinthalion, observaram o crepúsculo caindo no horizonte e perceberam como a floresta era vasta e fechada em muitos pontos.
Após ultrapassarem o ponto onde o alto elfo identificou a figura da harpia de pedra, eles seguiram até visualizarem uma lagoa de águas escuras, mas cujas margens permitiam o pouso de suas montarias, mas apenas uma por vez.
Mesmo desconfiados com aquela paisagem suspeita, Wenishy e Markin foram os primeiros a aterrissarem, sendo seguidos por Drigos e Kraver. Em solo, perceberam que estavam num trecho de transição entre a floresta e o que parecia ser um pântano.
Enquanto a luminosidade do dia se esvaiu, deixando um ambiente frio e lúgubre, o grupo seguiu desbravando o local, não encontraram trilhas, mas Tinthalion percebeu rastros ainda recentes de pegadas humanoides e uma pegada maior, que deduziu ser do corruptor. Os demais membros se surpreenderam ao imaginarem o tamanho do ser.
Enquanto cruzavam a área de charco, se sujando com lodo e lama, se molhando a todo instante, sendo constantemente chateados e atacados por mosquitos – que pareciam se deliciar com o sangue dos aventureiros, Kraver e Markin sentiram emanações magicas vindas daquela natureza. Para Merlin, a sensação que teve foi de que aquelas emanações eram residuais a algum cataclismo arcano, enquanto para Markin estava claro que aquele pântano não era natural, tendo sido provocado por alguma poderosa manifestação mágica.
Enquanto ambos os arcanos discutiam suas deduções, os irmãos paladinos mantinham a atenção ao redor, enquanto a espada de Wenishy iluminava o caminho com o auxílio dos globos de luz de Merlin.
Após algumas horas de caminhada, o grupo começou a identificar os primeiros sinais das ruínas, quando chegaram num ponto onde viram a estátua de alguma guerreira élfica do passado, ela estava inclinada e com sua base parcialmente afundada no lamaçal, parte de sua estrutura estava levemente enegrecida, e quase que completamente coberta por ervas trepadeiras. Logo após era possível ver outras estruturas destruídas que pareciam marcar o início das Ruínas Flograthi.
Ao seguirem em frente, os heróis chegaram num caminho de pedras que era o único caminho seco que puderam identificar naquele ponto, o barulho dos grilos na mata parecia ter cessado. Ao passo que caminhavam naquele trecho, foram identificando muralhas arruinadas de alguma construção élfica do passado, seguindo o caminho, viram uma passagem em arcada, com entalhes na borda em forma de elfos que seguravam os braços uns dos outros até completarem o arco levemente destruído e que levava ao interior de uma grande câmara.
Wenishy e Markin, que seguiram na vanguarda, foram os primeiros a avistarem o que parecia um antigo pátio coberto, com piso regular, tinha muito pontos apresentando marcas de incêndio, moitas e trepadeiras haviam tomado conta de parte significativa do grande recinto, assim como o musgo e pequenas poças de água que pareciam brotar do subterrâneo.
O teto, que outrora parecia ter sido vazado, agora estava completamente ruído e desabado, as pedras se espalhavam pelo chão. No centro do antigo salão, havia uma fonte danificada e seca, a parte do chafariz era esculpida na forma de uma elfa – a figura estava sem um dos braços e com metade da cabeça destruída. A estátua segurava um jarro quebrado na mão que restava, com o grande vaso onde estava quebrado não teria condições de segurar a água que a muito tempo não jorrava.
A dupla, com a luz emitida pela espada de Wenishy, conseguiu ver na penumbra a figura de um hobgoblin, ele estava com as mãos e rosto afundados no tórax de alguma vítima, as entranhas eram devoradas com avidez, enquanto um forte odor de excrementos, sangue e podridão emanavam do ponto onde estava. Murmurava palavras ininteligíveis, ao passo em que se despiu da couraça de metal, um escudo de corpo jazia ao seu lado junto com suas armas.
Ele mostrava sinais de estar acometido de uma estranha mutação, pois não tinha os pelos no corpo, sua pele de ruiva havia passado para um tom de preto. Eles ouviram a criatura, que pareceu crescer em tamanho, dizer:
– Maldito Sombra da Morte! Você me enganou! Me prometeu poder e me deu decadência!
Enquanto falava, pareceu que sua voz alterava entre o grave típico da má humorada voz hobgoblin, com um grasnar de algum tipo de ave, enquanto penas surgiam a volta de seu corpo, onde outrora haviam pelos.
De repente, percebendo que estava sendo observado, olhou na direção dos heróis, com um par de olhos fendidos e vermelhos, seu rosto se transformava, se alongava, com um bico de um abutre nefasto surgindo. Por fim, olhando na direção de Markin, disse com um tom ameaçador e agressivo:
– A culpa é sua! Seu maldito! Se não tivesse trazido ele até nós, eu ainda seria o comandante que era… Agora, sou um mero escravo de sua vontade! Você pagará com seu sangue e sua alma por isso!
Ao terminar sua fala, ele havia se transformado numa criatura que pareceu um híbrido gigante de um humanoide e um abutre, o corpo deformado, bestial e com asas largas. A criatura começou a se aproximar da dupla para confronta-la, no início da caminhada bateu as asas desajeitadamente – quase que de forma inconsciente, e os alcançou num pulo. Uma vez próxima, todos puderam perceber um grande fedor de carniça.
Markin identificou que aquele hobgoblin era o antigo Comandante Grievuss, cujo poder militar era grandioso. Segundo o alto elfo, aparentemente a união entre o corruptor e hobgoblin custou ao líder militar goblinóide, mais do que ele poderia pagar.
Um grande combate começou, enquanto Markin, Wenishy e Drigos enfrentavam o corruptor recém desperto, Kraver teve de confrontar quatro hobgolins vigias que vinham pela retaguarda. Apesar de ser um combate perigoso, o grupo rechaçou os inimigos com grande força, coesão e precisão.
Com os inimigos destruídos, os heróis fizeram uma breve pausa, permitindo a Kraver e Markin analisarem o local. Markin pareceu absorto, olhando o ambiente a sua volta com grande melancolia. Para Merlin estava claro que saber sobre o que levou aquele lugar a ruína era um conhecimento fundamental na luta contra a entidade que viriam eventualmente a enfrentarem.
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Criação e elaboração: Patrick, Aharon Gonçalves, Bruno Gonçalves, Bruno Santos, Diogo Borges.
Fontes de imagens: internet
Autoria da imagem da capa do artigo: Shin