Interações | Parte III – Eophain e Hadauck

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Esse artigo é a continuação do capítulo Interações, e nesta parte falaremos de Eophain e Hadauck. Essa dupla de guerreiros que dividem no sangue a mesma moral – o combate e a lealdade.

Esse é um texto original escrito por Bruno de Brito e que recebeu uma contribuição na Revisão sem precedentes de qualidade de Fabrício Nobre, muito obrigado Eophain!

Nota do Revisor: Deste fragmento do Artigo, os textos originais de cada interação foram preservados ao máximo, mantendo a essência de cada diálogo.

Se perdeu? Não se desespere, veja o primeiro capítulo dessa série importante de artigos dos Heróis do Trono!

Parte I – Conhecimento

04 de Preparos de 597 CY

Greyhawk_Letra-O-198x200 Aurora dos Conflitos Campanhas Pathfinder 2ª Edição  grupo retorna ao Templo flor de Sol. É fim da tarde e cada membro começa a sair para cumprir afazeres pessoais. Hadauck notando a tranquilidade no momento realiza uma proposta para Eophain:

– E então guerreiro, está interessado em beber algo em Verbobonc? – Pergunta o Blakunita

“- Aceito seu convite, caro Hadauck. Porem não quero nada alcoólico. Bebida quente para mim somente um bom e fumegante café recém passado.” – Responde o Kensai, afastando a caneca de cevada.

E Eophain continua a conversa durante o caminho:

“- Fico feliz que tenha me procurado. A rapidez dos acontecimentos nos impediu de ter um dialogo mais rico, porem, para mim, é imprescindível saber com quem estou andando e o que o trouxe ate nós, os heróis selvagens. Somos um dos braços armados de um grupo maior, que também conta com a comitiva da Paladina que acabara de conhecer. Eles são nomeados como Heróis de ferro.”

A dupla segue, saindo da região periférica de Verbobonc para o centro agitado do Viscondado, chegando a Gamo de Ouro,  estalagem já conhecida dos heróis.

Hadauck pede enguias fritas com sal e especiarias para acompanhar o rum e, após a atendente sair, ele diz:

– “De fato, a comitiva é bem maior. E acredito que há ainda mais homens e mulheres neste grupo, creio. O que vocês fazem? Quais são os propósitos dos Heróis Selvagens?”.

“Como disse, caro Hadauck. Fazemos parte de uma missão muito maior. Nosso líder, Gatts, compõe outra ramificação denominada Heróis da magoa. Todas essas três equipes convergem para uma tarefa final e grandiosa que breve você tomara conhecimento”.

Eophain não se sente a vontade para mencionar o nome do príncipe, nem seu grau de envolvimento com os acontecimentos.

– “E você é mesmo como os kensais das histórias de Furyondy? Guerreiros de elite?” – Indaga Hadauck.

– “Em tempo – continua Eophain, após um gole de seu café. Sorrindo, ele percebe a curiosidade de Hadauck – Nosso proposito é investigar o que ocorre em Celadon e o mal que aflige aquela floresta. E sim, sou um Kensai Furyondy.”

Hadauck observa o guerreiro a sua frente. Em seu intimo ele sabe da força e notoriedade dos Kensai de Furiondy. Medindo Eophain, ele tenta imaginar as capacidades combativas do homem a sua frente.

“- Diga-me Hadauck, agora que sabe quem sou e o que são os Heróis Selvagens – diz Eophain, bebericando seu café. – Quem é você e o que o trouxe até nós?”

Ele bebe uma boa dose de cerveja e repõe, enquanto sussurra: – “Celadon… Será que aquilo tem jeito?”.

-” Já fui muitas coisas nesta vida, escravo, mercenário e ate ladrão. Mas hoje sou o que você vê.” – Ele abre os braços, sorrindo. – Um baklunita apegado a sua espada. Aqui, não sou ningué. Porem em Urnst, sou o que eles chamam de Guerreiro do Dragão de Bronze, nos Desertos Luminosos sou o Xá de Parcentuck, um Oásis atualmente dominado por Rary, um ex-membro do Círculo dos Oitos de Greyhawk.”

Eophain pondera sobre o que lhe é dito e também analisa o guerreiro. O Baklunita é uma variação racial de Flanaess, isso ele tem certeza. Já Guerreiro do Dragão ele desconhecia tal titulação. Quanto a “Xá”, ele sabia que era um título hierárquico, tal como rei para a sociedade de Furyondy, só que entre os baklunitas. Eophain se surpreende. Ele não esperava tanto renome e, intimamente, começava a crer que Hadauck será de muito valor para sua causa.

Greyhawk_Hadauck Aurora dos Conflitos Campanhas Pathfinder 2ª Edição
Hadauck, O Falcione

Parte II – Antigo Herói

Hadauck é um homem sem filtros, nota  Eophain. Muito simplicista em suas palavras e ideias, como as de alguém que já viveu para ver muitas coisas. Observando cuidadosamente, Eophain nota que ele deve ter seus 40 anos. Há sinais da idade, apesar de sua raça conseguir disfarçar.

“- Acredito que esses títulos não lhe vieram por acaso. Somente em ver o manejar de sua lamina já me diz que fez por merecer e isso eu valorizo muito.”

E Eophain continua:

“- Mas diga-me, o que levou você e os outros que o acompanhavam ate a Caverna do Dragão? Foram enviados como reforços por Pedra de Kir?”

-“Somos conhecidos como os Arautos de Versis. Riore, o meio-elfo, nos lidera. Ele tem seguido através de adivinhações Kalin. O clérigo do sol é importante, de um modo que somente ele consegue explicar. Além disso, estávamos atrás do Andarilho também.” – Responde hadauck. E ele prossegue:

-“Através de um rastreamento ele conseguiu determinar a localização de Kalin e nos teletransportamos para aquela situação onde vocês estavam contra aquele ser, o Vemerak. Como vimos que seus companheiros estavam com problemas, ajudamos. E cá estamos”.

– “Então foi assim que os fatos se sucederam. Vocês auxiliaram meu grupo a fugir ou a lutar. Bem, não sei como, mas eles se livraram do dragão.” – Conclui Eophain, dando de ombros.

Trajetória

Percebendo a falta de conhecimento do guerreiro Kensai, Hadauck resolve atualiza-lo dos fatos que ele tem conhecimento e que ocorreram ate aquele momento.

– “A criatura conhecida como Vemerak, que ajudamos o seu grupo a “despertar”, revelou sua real forma a nos. Era a mesma entidade divina responsável pelo seu retorno, Eophain. Ela deu cobertura a todos nós, enquanto combatia o Dragão vermelho. Confesso que  gostaria de ter testado Esemble no couro rubro daquele escamoso!” – Ele sorri, enchendo novamente sua caneca e pedindo um novo barril a atendente.

“- Então foi assim”. – suspira Eophain, que sinaliza pedindo também mais café – Enfim, não imaginava  que teria sido Kalin a atrair os Arautos até nos. Meu próximo questionamento seria a respeito do elfo Rathnar. Acreditava que teria sido ele o chamariz de seu grupo.

– Fazia tempo não víamos Rathnar. E foi uma grata surpresa vê-lo! Esperávamos encontrá-lo em Celadon, quando chegássemos com o Andarilho. Mas Istus escreve certo por linhas tortas!”– Sorri o blakunita”.

“- Rathnar, um nome que me preocupa dentro de minhas fileiras…” – Suspira Eophain, soturno.

– “E por que diz isso, Kensai?”.

Aprendizados

– “Infelizmente o guerreiro elfo nasceu como uma promessa de um ótimo irmão de espadas, assim como você promete o mesmo, caro Hadauck. Porem, num momento crucial, ele se mostrou volátil e imprevisível da pior maneira. E isto culminou na nossa primeira derrocada junto a Melniir e os danos colaterais de suas ações resultaram na minha queda.” – Explica Eophain, continuando – “Lamentável. Preocupo-me em ter não só inimigos a combater, caso um aliado não demonstre foco e comprometimento pela nossa causa”.

– “Você pensa como um soldado de elite, caro Eophain. Uma infantaria precisa de coesão para não perder a formação. Mas meu caro, são necessárias muitas batalhas até você afirmar que um alguém é seu irmão de espada. Nesse caminho, cada vez mais creio que minha melhor promessa – diz o baklunita batendo na bainha onde se encontra sua grande lâmina – de irmã de espada é essa aqui! Não me falha nunca! Apesar de já ter lhe falhado algumas vezes…”

“- Sim, caro Hadauck. Você é sábio no que diz, assim como fui sagaz e precavido em usar o termo “promessa”. Para meu infortúnio, minha parceira sólida e fiel não teve a mesma sorte que eu, após o encontro com o dragão.” – Diz Eophain, colocando o cabo da lamina juramentada na mesa.

A Juramentada

O baklunita observa. E Eophain nota novamente a curiosidade nos olhos do companheiro e percebe que o guerreiro faz menção em tocar no que resta da espada.

” – Eu não faria isso se fosse você – diz Eophain em tom soturno – Eu não desejaria que sua boa sorte se extinguisse tão rápido quanto o meu cafe esfria nessa taverna.”

Hadauck nada diz. Apos um  momento de silêncio, o baklunita pergunta:

– “Esta é, ou era, uma lâmina juramentada?

“- Sim guerreiro. Forjada pelos ferreiros Kensai para um só dono, para um só proposito e um único objetivo: levar a lei e ordem para onde estes não existem ou são ignorados.” – Profere Eophain com orgulho uma das passagens do juramento Kensai para o, aparentemente,  incrédulo guerreiro a sua frente – Sua lamina foi quebrada mas sua essência é indestrutível.”

“- Com certeza! – Exclama Hadauck. – “Pretende reconstruí-la? É Possível?”

– “Sim, pelo mesmo martelo e bigorna que a forjou. Porem, esses só se encontram na fortaleza Greylode e demorarei muito a chegar lá”. – Lamenta Eophain, lembrando-se que este não é seu único motivo para querer voltar pra casa.

A Continuidade

O Kensai continua:

“- Mas nem tudo foi prejuízo no encontro com Melniir. Conseguimos bons recursos. Pretendo usá-los em prol de itens que me sirvam mais adequadamente. Sou um guerreiro especializado em armas de duas mãos, Hadauck. Conhecimento este que me permitiu ver com mais precisamente as suas habilidades. E sua espada,  Esemble, é fantástica!”

Em resposta, o baklunida diz:

– “Há aqui em Verbobonc uma boa loja de armas e armaduras. O nome, se não me falhe a memória, é Ferro e Aço. O dono é um velho amigo meu de aventuras. Seu nome é Lírio. Pode ser que ele tenha um bom aço para você por lá. É horrível trabalhar com armas as quais não são nosso foco de habilidades. Que me diz de irmos lá pela manhã?”

– “Será de grande valia sua companhia, Hadauck. Contarei com sua ótica e perspicácia, guerreiro. Pretendo, se não negociar, abastecer Kalin. Meu velho sacerdote carece de bons equipamentos. Tão valioso quanto armas e armaduras é um bom clérigo vivo.” – sorri Eophain.

– “Kalin, O ingênuo – Diz Hadauck, dando um grande gole em sua caneca de cevada. – Não mudou nada desde as primeiras aventuras que fizemos. Ele está exatamente o mesmo. Do que o sacerdote precisa?”

“- Uma boa arma e uma boa armadura. Dei-lhe um excelente escudo recentemente, mas o vi preso às costas do sacerdote completamente trincado!”

Justo Descanso

Eophain percebe o olhar do Baklunita em direção à outra mesa. Jovens meretrizes sorriem e acenam para os dois guerreiros ao serem vistas.

“Ei, Eophain? Vê aquelas raparigas na mesa sentadas à companhia daquele trovador? Elas não param de olhar para nossa mesa. O Que me diz?”

Fazia muito tempo que Eophain não tinha aquela sensação tão básica à condição humana. A constante marcha e preocupação com o bem estar do príncipe ocupavam por completo a mente do Kensai. Talvez, o baklunita estivesse certo. Proporcionar aquele tipo de descontração com coisas mundanas, de vez em quando, poderia lhe fazer bem.

 – “Hadauck vai pegar alguma?”

– “Com certeza meu caro. Eis assim como pretendo encerrar essa agradável noite”.

Ele dá um sinal às moças e elas se aproximam.

– “Nos encontramos aqui pela manhã então?” – diz Eophain, abraçando uma jeitosa rapariga pela cintura, assim que se aproximam. – “Temos negócios a tratar com seu conhecido armeiro.”

Ele balança a cabeça afirmativamente e vai se levantando.

 – “Até amanhã, Kensai”.

Eophain acena positivamente e sobe para o quarto com a prostituta. Mesmo estando sempre de prontidão, ele sabe que seu corpo precisa ser saciado. Afinal, não somente de lutas e batalhas vive o homem.

O próximo artigo continua, em “A Guilda do Porto”, ainda com a dupla Eophain e Hadauck.

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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