Interseções & Interações – Parte III: Derivações Perigosas

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Nos dias 06.03.21, 21.03.21 e 02.04.21 ocorreram as sessões com a tríade formada por Dhounay Zhonusha, Rathnar e Erzurel. Na trama o trio, dentre outras coisas investiga o cemitério de Rakdanan, ou também conhecido como cemitério público de Verbobonc.

Jogadores:

Bruno Freitas (Rathnar)
Aharon Freitas (Erzurel)
Marcelo Guimarães (Dhounay)

Essa é uma história original escrita por Bruno de Brito (DM), revisada por Bruno Simões (Kalin).

Esse artigo é uma continuação da Interseções e Interações – Parte II.

Rathnar & Erzurel

07 de Flocos de 592 do ano comum

Greyhawk_Letra-R Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição athnar foi descansar, a conversa com Kalin tinha ido quase até o raiar do dia, e ele estava cansado. Perto do meio-dia, ele foi almoçar. A refeição ainda não estava pronta e ele encontrou Erzurel também aguardando a refeição ficar pronta. Rathnar compartilhou com o companheiro o interesse de ir a Catedral do Bastão Santo para fazer alguns questionamentos. Ambos decidiram ir junto até lá.

No templo, Rathnar conversou sobre sua dificuldade com a sacerdotisa Keira Mertz, sobre o veneno da orquídea do Abbor-Alz, mas ela nada sabia. Informou que certamente Gaunter saberia algo, mas este estava fora em viagem. A dupla comentou com a antiga presbítera da igreja de Pelor em Reymend sobre as intenções no cemitério público. Ela advertiu os dois e reforçou uma mensagem passada por Kalin. Cuidado e reserva. Sobre o veneno, esperar o regresso do sumo sacerdote de São Cuthbert não era uma opção, Rathnar sabia. O veneno reagia fortemente à magia, e somente se o conjurador fosse realmente poderoso, poderia vencer o efeito do veneno mágico da Orquídea do Abbor-Alz. Ele não poderia arriscar. Agradeceu a sacerdotisa e saiu do templo.

Memórias

07 de Flocos de 592 do ano comum à tarde

Erzurel mencionou que conhecia um antigo alquimista, que atualmente vendia incensos e aromáticos na feira. O Guerreiro Santo explicou que a arte da alquimia era proibida no viscondado, e nenhum praticante poderia ser pego vendendo ou realizando efeitos nas ruas da cidade, sob pena de ser preso. Mas esse vendedor em especial poderia ajudar, se tivesse conhecimento.

E ele tinha! Erzurel e Rathnar almoçaram no Sabor de Casa, pois já tinha se passado cerca de um par de horas desde o sol alto e a barriga de ambos roncava. O elfo elogiou o tempero e o preparo e Erzurel se satisfez relembrando o nostálgico sabor da comida de sua mãe, a senhora Anabelle Graysson. Esta que foi apresentada a Rathnar. Rapidamente Erzurel contou sobre como ela havia ficado enferma por efeito de um Cubo de Pelor que mantinha em casa, como suvenir religioso. Naquela época não se imaginava quão nociva era a peça. Mas graças a Pelor tudo havia se resolvido.

Erzurel deu um forte abraço em sua mãe, sua tia Farízia também estava ali – era bom estar em família novamente. Rathnar observou o momento e se pegou pensando em seus entes queridos em Celadon… Erzurel lhe removeu das lembranças com um gentil toque no ombro: “- Vamos amigo? A tenda de Bastargre não é longe daqui. E de fato não era. Logo que chegaram Erzurel revelou a intenção ali. O gnomo foi muito prestativo e se dispôs a fabricar um antídoto mediante a entrega de uma ou mais pétalas da Orquídea do Abbor-Alz, o problema era justamente que para conseguir as pétalas, pois seria necessário ir até onde elas floresciam: As Cordilheiras do Abbor-Alz. No fim, Erzurel e o próprio Rathnar compraram algumas essências para ajudar o velho gnomo.

Isto feito, os dois decidiram que era hora irem no Cemitério. O plano era simples. Eles iriam reclamar os corpos do Bispo Joacquim Von Gratz e Avalach, presbítero do templo Flor de Sol. Era fim de tarde.

Primeiro dia de trabalho

07 de Flocos de 592 do ano comum, manhã

Dhounay chegou cedo. Ainda que tivesse a senha número um, ela não iria querer arriscar com quem quer que estivesse dormindo na fila no dia anterior para garantir uma chance de ser entrevistada pela jovem Sabrina. Cativar a jovem havia sido uma tarefa fácil, difícil era o que viria a seguir, dentro do prédio administrativo.

Conforme planejado, dada as suas qualidades e experiências em casas ricas do Viscondado, Dhounay conseguira uma vaga.

“- Você foi selecionada. Mas cometi um pequeno erro, não perguntei o seu nome?”

“- Chamo-me Rafaelle. Tenha certeza de que não se arrependerá de ter me contratado.”

“- Que bom, agora Rafaelle, você pode começar agora, ou vir logo após o almoço. Hoje seu primeiro teste será no jantar que ocorrerá a noite. Você pode já ficar por aqui e pagarei sua diária em dobro, que me diz?”

Ela ainda passou por um breve interrogatório com um homem chamado Damien de La Tour. Se Rathnar ou qualquer outro membro do grupo olhasse a jovem Nay, não conseguiria percebê-la. Nay havia usado um de seus muitos disfarces para garantir risco zero de ser reconhecida pelas suas qualidades furtivas. As perguntas de Damien foram simples e tangia a família, filhos e relacionados com nomes citados aparentemente aleatórios. Nay sabia que respostas deveria dar. Por algum motivo criou um cenário completamente ordinário de uma família humilde e batalhadora. Sem qualquer relacionamento relevantes.

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Rafaelle

O Cemitério

Rafaelle foi orientada a aprender sobre todas as atividades com uma jovem chamada Donala, e ainda que a mulher fosse muito tímida, Nay tratou de estreitar um lanço de confiança e começar a garimpar informações. O local tinha dois níveis, o térreo e um subsolo, acessível por duas passagens, ambas trancadas. Ela tinha uma ideia errada do que encontraria como uma casa de administração de um cemitério. O local mais parecia uma academia, havia nichos reservados, onde pessoas liam livros, outras conversavam bebendo algo e na sala principal cujo chão era forrado com um carpete vermelho um tablado com uma cadeira em forma de caveira. A maioria das pessoas ali eram eruditos ou devotos de Wee Jas.

Para evitar levantar quaisquer suspeitas, Nay focou em trabalhar, e o fez com grande dedicação. Eventualmente lia os lábios de algumas figuras, mas nada relevante foi colhido. Apenas Donala tinha a permissão e chaves do subterrâneo, e ela iria querer saber o que havia lá, cedo ou tarde. Já era início da tarde, quando fez uma pausa para almoçar e o fez junto com Donala em uma das saletas do templo.

Rathnar e Erzurel viram a fila e a quantidade de pessoas em busca de uma oportunidade de trabalho. Nay havia os avisado. Dirigindo a Sabrina, eles explicaram a intenção de reaver corpos pertencentes ao templo de Pelor e a jovem prontamente os levou através do cemitério até a casa da administração. No caminho, Erzurel teve a certeza de que alguém o chamava em uma cripta e decidiu averiguar. Para desgosto de Rathnar, o seu companheiro começou a chamar mais atenção do que deveria e Sabrina se viu obrigada a chamar por Damien. Por sorte, Rathnar a convenceu do contrário, e desta forma sem mais perturbações a dupla chegou a casa da administração. Damien havia percebido a anormalidade, mas Sabrina disse não haver mais problemas. E desta forma ele conduziu ambos ao interior do local.

Camas e Tumbas

Durante a refeição, Donala acabou confidenciando a Rafaelle que ela em hipótese alguma deveria ir ao subsolo. Nay olhou com curiosidade e retrucou tentando brincar “- Claro que não, dos serviçais a única pessoa que vejo que tem tal autorização é você minha amiga”. E as palavras em resposta vieram carregadas de um medo, não, pavor:

“- Você não entende, Rafa. Acontecem coisas lá embaixo, os quartos não têm camas, tem, tem… tumbas. E eu já vi alguns dos convidados dormindo nelas, é horrível, me tremo só de lembrar que terei que voltar lá. Se eu pudesse largaria tudo, mas tenho medo do que possa acontecer comigo pelas coisas que vi”.

Rafaelle tentava inutilmente tranquilizar a colega, e refletia enquanto afagava a mão da amiga discretamente.

Locução Inútil, Vozes

A conversa entre Erzurel, Rathnar e Casimir havia se provado inútil. O presbítero claramente denotava pouco interesse em ajudá-los e apenas afirmou que os corpos de Avalach e Joacquim poderiam ser reavidos no dia seguinte. Já era fim da tarde e o expediente da administração do cemitério se encerrara há um tempo. Rathnar tentou localizar Nay, mas ainda que houvesse um certo trânsito de serviçais e funcionários, ele não conseguiu localizar a mulher. A dupla chegou a ver quando cinco figuras saíram de uma passagem, e o nervosismo de Casimir aumentar diante deles. Rathnar sentiu em sua pele um arrepio, Erzurel também. As figuras não lhes dirigiram a atenção, mas olharam na direção do presbítero de Wee Jas, parecendo transmitir ali algum tipo de mensagem mental. Casimir dispensou os dois e dirigiu para o cômodo ao qual as figuras tinham ido.

Na saída, uma figura adentrou o local dando de cara com a dupla que saia. Rathnar seguiu seu caminho, mas Erzurel estacou. Ele conhecia aquele homem e seu olhar lhe dizia que ele também, a figura era Sauber Benelovoice, ou como era conhecido em Kron, Dal Quertos, o conselheiro do Ancião Tulvar.

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A Sinigaglia da Noite

Sirva-nos uma refeição

Rafaelle e Donala foram chamadas para atender os convidados da sala de audiências do templo administrativo de Wee Jas. Nay percebeu o medo verdadeiro de Donala, mas achou que a jovem estava impressionada com as coisas que vira no subterrâneo. E ambas seguiram para o local.

Rafaelle estava de um lado, Donala do outro e ambas viram quando um sétimo convidado adentrou o recinto. Casimir o anunciara, era Dal Quertos. Nay já tinha ouvido um ou dois boatos acerca daquele nome, mas não recordava de onde. Sabia apenas que tinha relação com Colinas Kron. Para sua frustração toda conversa ocorrera em um idioma completamente desconhecido para ela, no entanto algumas palavras lhes foram claras, tais como Caingorn e Pelor. Para a ladra, estava claro que aquela reunião era um encontro de negócios, ela não conseguia identificar do que exatamente, mas suspeitava que se tratava dos cubos.

Seu coração gelou quando Donala, ao ser chamada por uma mulher, viu a visitante segurar a serviçal com extrema facilidade e atacar-lhe o pescoço. Nay olhou para todos ali presentes, e imediatamente olhou para possíveis pontos de fuga. Ela e Donala estavam ali para serem elas o drinque dos visitantes. O corpo da sua colega tombou pálido no chão, e Casimir ordenara para que um dos guardas das passagens a carregassem para fora do local.

Tão rápido quanto começou, terminou o encontro. Nay respirou com alívio, nenhum dos visitantes quis “bebê-la”, e ela se pôs a sair imediatamente do local.

Exploração Rápida

Rathnar sabia, todos eram mortos-vivos, ele podia sentir em cada fibra de seu ser e algo lhe dizia para sair dali, o mais breve possível. E foi o que fizeram, e estranhamente ninguém os acompanhou até fora do cemitério. Eles aproveitaram para olhar o local com um pouco mais de critério. Rathnar observava as lápides, enquanto Erzurel andou apressado se afastando de seu amigo, até o local onde ouvira a voz lhe chamando. O primeiro notou que havia muitas sepulturas élficas. Era incomum elfos serem enterrados ao modo humano, normalmente o ritual mandava cremar ou entregar o corpo a um rio, ou em casos especiais enterrar ao pé de uma árvore de raízes frondosas, mas não. Ali muitas lápides indicavam elfos mortos a duas, três e até quatro centenas de anos. Aquele local pertencia a uma comunidade élfica antes de mesmo de ser o que era hoje, ele tinha certeza. Foi um grito de Erzurel que tirou o Selfanar de seus pensamentos.

“- Rathnar, algo não está certo aqui!”

Rathnar estava a poucos metros de Erzurel e também viu, saindo de uma tumba, uma criatura feita de ossos e tripas que pareciam remexer vivas em seu interior, saindo através da boca como uma serpente vermelha e nojenta. Eram Mohrgs.

Mohrg Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
Mortos nefastos

Ainda que as criaturas fossem perigosas, Rathnar e Erzurel rapidamente combinaram suas habilidades para conseguir lutar contra não apenas uma mais outra que surgiu e se juntou ao combate. Quase próximo do fim, uma mulher também ajudou o grupo. A dupla deduziu rapidamente que era Nay, e de fato era. No fim, Rathnar quis coletar um pedaço de um daqueles mortos, para que Kalin pudesse averiguar e em um respiro final da essência de vida, um dos mohrg disse-lhes:

“- Obrigado por nos libertar, irmão élfico. Queremos o descanso da eternidade.”

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Rathnar usou sua magia focal para reduzir ao pó ambos os restos mortais dos mohrgs, dando assim paz as almas daqueles elfos que foram tirados de seus descansos eternos. O trio seguiu imediatamente para o Templo da Irmandade Solar, no caminho Nay contou o que vira e o pouco que entendera. Eles sabiam que o tempo urgia. Os Defensores do Trono precisavam se reunir rapidamente. No caminho Rathnar ponderou. Até aquele momento nada, nenhuma evidência indicou onde poderiam estar o exército de Eredim, nada havia sido mencionado.

Continua em Interseções & Interações – Parte Final: Pouco Resta

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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