Olá seguidores do cenário de campanha Aurora dos Conflitos. Chega até vocês mais uma história fantástica. Ela representa uma série de partidas iniciadas no dia 08.05.21. As datas das partidas você pode consultar aqui. Após a última reunião dos Defensores do Trono e aliados, o grupo se dividiu em três tarefas. Um grupo seguiu para o Condado de Urnst, o outro para Colinas Kron, e um terceiro para o Cemitério de Rakdanam, e é neste último grupo que o artigo concentra.
Diferente dos textos anteriores, neste estrearei o compartilhamento da aventura. É isso mesmo. Se você utiliza a plataforma virtual de jogo Foundry, poderá baixar os arquivos desta aventura e mestrar para o seu grupo de jogadores, inteiramente gratuitamente. Essa é uma história original criada por mim (DM – Bruno de Brito) e se você gostou, quer mestrar e fazer publicações derivadas, peço apenas que informe as fontes, respeitando a propriedade da ideia, no mais espero que goste. Os links serão compartilhados no fim dessa história, não necessariamente deste artigo, pois no momento que escrevo, meus jogadores ainda vivem essa aventura. Desta forma, me acompanhe até o final dessa jornada!
Jogadores:
- Daniel Alonso (Pyrus)
- Marcelo Guimarães (Dhounay)
- Diogo Coelho (Gatts)
Esse artigo foi escrito por Bruno de Brito e revisado por Bruno Simões.
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Preparativos
08 de Flocos de 592 Ano Comum
Eram por volta do meio para o fim da tarde. A reunião dos Defensores do Trono terminara, cada grupo conversava sobre como procederiam suas missões. Gatts ouvia os relatos mais detalhados passados por Nay. Ela juntamente com Rathnar e Erzurel haviam feito a primeira incursão ao cemitério, e era importante ouvir toda a passagem com mais detalhes.
Finalizado o relato, Gatts concluiu que certamente a missão envolveria mortos-vivos. Ele recordava muito pouco sobre o que era um Mohrg, mas Adda, a sacerdotisa escolhida para seguir os aventureiros na missão explicou sobre os seres. Mohrgs eram o resultado de uma punição por uma vida inteira de cometimento de assassinatos, genocídios e outros extermínio de vidas. Carregando a dor de suas vítimas em vida, um mohrg era um morto-vivo perigoso.
Ainda havia talvez algum tempo até a noite chegar, e aproveitando-se disso, o grupo foi até a Academia Tolariana comprar mantimentos e tentar obter mais informações sobre o cemitério. De lá partiram para o Bastão Santo, a Catedral do Santo Cuthbert, e ali compraram poções de cura, água benta e outros itens que poderiam ser úteis na missão.
O Sol já havia se posto quando os aventureiros chegaram até as grades que cercavam o cemitério público de Verbobonc. Nay pediu para o grupo aguardar enquanto iria averiguar a área no entorno do mausoléu que eles usariam para descer. Eles não tinham certeza se aquela passagem os levaria até a casa da administração do cemitério, mas precisariam tentar. O grupo queria realizar a missão sem levantar suspeitas, seja de Casimir, seja da própria Sinigaglia da Noite, e para isso, precisaria tentar alcançar o local onde os cubos prisão estavam, sem levantar suspeitas.
O Cemitério
A história em torno daquele local era confusa. Rathnar mesmo compartilhou com aqueles que desconheciam da cultura de sua raça: elfos não enterram seus mortos. O rito mais comum para a maioria das religiões de sua espécie era o da cremação. Ter encontrado túmulos élficos em Verbobonc lhe surpreendera. Aquele era um local antigo, cujas razões e motivos de sua representação eram desconhecidas.
Os que conheciam da história do Viscondado, sabiam que originalmente todo aquele local era um reino élfico, com um denso bosque que foi desaparecendo à medida que a ocupação oerita foi avançando ao longo dos séculos, e é sabido que foi uma invasão pautada em grandes confrontos e violência, cujas páginas da história foram apagadas ou esquecidas.
Seja como for, a enorme extensão de terra que inicia dentro das muralhas do viscondado e segue até quase quatro quilômetros pelas planícies do território, é responsável por concentrar todos os enterros realizados. Separado por ruas, o cemitério recebe duas formas de menção: Cemitério Público de Verbobonc, nome dado após a finalização da ocupação humana; Cemitério de Rakdanam, nome derivado da Colina de mesmo nome, local onde os elfos realizavam seus ritos funerários em tempos antigos. Dentro das muralhas, o cemitério principia pelos primeiros túmulos datados do início da ocupação oerita e em sua maior parte de elfos, nobres e figuras importantes da história do viscondado.
Escadas para a Neblina
Uma neblina esparsa cobria o solo, e após o sinal de Nay, o grupo saltou as grades, se dirigindo até a entrada do mausoléu. Não havia escrituras ou sinais de quem estava enterrado ali. No local, a ladina procurou vestígios dos mohrgs ali confrontados e não viu nada. Nay não era uma perita em rastrear, mas aquilo era estranho. Sem precisar fazer esforço o grupo abriu as portas do mausoléu e a luz que ali entrou revelou dois túmulos feitos de uma pedra cinzenta com toques em branco.
Entre os dois túmulos, uma escadaria se revelava através do piso quebrado daquele local. Alguma coisa quebrou, talvez de baixo para cima. Certamente os mohrgs enfrentados pelo trio (Rathnar, Erzurel e Nay) anteriormente. As escadas mostravam que eram mais longas que a capacidade de visão dos heróis, e um a um foram descendo.
A equipe foi descendo, lance após lance de cada degrau a neblina foi ficando mais densa, ainda que não impedisse a visibilidade, ela era fria e incômoda. Após uma descida de aproximadamente trinta metros, eles chegaram até uma porta de ferro. Nay se debruçou sobre a fechadura, percebendo a qualidade da mesma. Não era uma coisa criada por qualquer chaveiro. Ela estava trancada, e com muita maestria e ajuda dos companheiros, a ladina conseguiu abri-la.
Pyrus foi quem abriu passagem, seguido por Nay, Gatts e Adda. O recinto seguinte era quadrado com aproximadamente dez metros de cada lado. Uma estátua no centro parecia abençoar oito túmulos dispostos em grupos de quatro, nas paredes à esquerda e direita dos heróis. Havia também um baú com teias de aranhas e poeira na parede oposta a que os heróis estavam.
Oito Túmulos e a Estátua
Com cuidado e atenção, os membros foram averiguando o local, havia inscrições na estátua central, bem como na parede imediatamente atrás de cada túmulo. Aqueles que entendiam élfico rapidamente conseguiram ler. E aparentemente apenas Nay não compreendia o que havia escrito. Gatts tomava nota de tudo em seu caderno de anotações.
Mensagens
Na estátua encontraram seguinte mensagem e em linha as mensagens sobre cada túmulo:
Que a deusa Sehanine Arco da Lua proteja seu sono, ela contemplará a memória de sua glória eternamente. Uma homenagem a:
- Elvandaruil
- Sua bravura indômita e temperamento vivaz trouxe glória e honra aos elfos de Verbobonc. Éramos para sermos a união entre duas espécies, mas sua mágoa foi tamanha que em nome de sua honra e orgulho, tirou a sua própria vida, por vergonha sobre sua contraparte humana.
- Phelorna
- Suas bênçãos eram tão sagradas quanto o Velverdyva, que corria fluído por entre nossas matas. Quisera os oeritas tivessem ouvido suas preces, menos sangue teria manchado nosso amado rio.
- Eloen
- A fúria da própria natureza e a própria natureza em toda a sua fúria. Quando seu grito ecoava, toda fauna e flora vinham em seu auxílio.
- Nambra
- Lâminas mais rápidas não houvera, beleza igual nunca existira. Terrível foram as máculas dos homens em seu corpo, a seu pedido gravamos essas palavras, para que nenhum elfo jamais esquecesse do que os homens são capazes.
- Moryggan
- A vingança encarnada, vinte e cinco vezes morreu, vinte cinco vezes reviveu. Para atestar a nossa resiliência. Seu corpo nunca foi encontrado por completo, mas do que salvamos, preservamos na eternidade.
- Lola
- Campeã dos Campeões, Lola Aeshiar, filha de Durandal, símbolo da união dos povos, ligação que nos a une Demesnes a Verbobonc, nunca soubemos como morreu, mas soubemos por que, e o quanto viveu.
- Shonassir
- O senhor dos dragões, devoto e maior sacerdote já existente de Avachel, lutou e morreu convocando todos os dragões da natureza para nos ajudar.
- Tarathiel
- Tarathiel, irmã de Filvendor, a canção mais bela dos Verboboncos, as linhas mais poderosas da existência dos elfos.
Seguimento
Uma escuridão tomou o local, e isso se deu exatamente no momento que Nay investigava o conteúdo do baú existente no canto da sala. Porém no mesmo momento que isso ocorreu, duas outras situações sucederam. A primeira foi o rasgar das trevas pela força do fogo irradiado pela espada de Pyrus, a Língua de Fogo, ao passo que os heróis vislumbraram criaturas esqueléticas brotando do solo e vindo na direção dos heróis.
Aqueles seres eram exatamente iguais aos enfrentados por Nay, Rathnar e Erzurel mais cedo – Mohrg. E havia um para cada túmulo, num total de oito criaturas. Ver aquelas criaturas trouxe para Pyrus a ciência de uma informação que lhe ocorrera em seus estudos pregressos. A língua daqueles mortos-vivos, apesar de não causar severo dano, detinha o verdadeiro poder através de uma paralisia mágica que poderia acometer aqueles atingidos por ela. O líder elemental alertou aos seus companheiros e a refrega começou.
Gatts avaliou rapidamente a posição de cada membro do grupo e observou que Nay e Adda eram as que estavam mais distantes, e percebendo que levaria alguns momentos até o reagrupar do grupo, e deu as coordenadas:
“- Adda, venha para perto de mim, Nay idem!”
E tal como previra, Adda e Nay foram os primeiros alvos das criaturas, seguidos por Pyrus. No entanto, este último era um combatente experimentado e suas defesas provaram-se superiores a habilidade das criaturas. Os mohrgs atacavam com a língua buscando paralisar sua vítima e depois rasgava com as garras em suas mãos. Todos viram quando uma luz azul e branca irrompeu das mãos de Gatts. O guerreiro mago invocou uma poderosa corrente de relâmpagos e todos ficaram surpresos quando notaram que apesar do tamanho e força da magia, nenhuma das criaturas tombou.
Resolução
Pyrus orquestrou o posicionamento do grupo, tomando a frente do combate. Nay mostrou elevada habilidade tanto no combate, se aproveitando da vulnerabilidade da criatura, como conjurando magia para atingir os inimigos. Adda com suas bênçãos de Lança Divina feria com profundidade as criaturas. Gatts observava a forma como cada membro do grupo lutava e percebeu que a sinergia obtida foi rápida e sem baixas. Demorou, mas cada mohrg foi sendo derrotado, até não sobrar mais nenhum.
O grupo concluiu que cada morto-vivo representava provavelmente cada elfo no túmulo. Aquela manifestação certamente estava sendo provocada pela interferência dos Cubos Prisão. O grupo já tinha ciência da força das peças e sua influência sobre o corpo dos mortos. Aquelas criaturas não eram fruto de um passado relacionado aos elfos, mas sim parte do exército de Vecna, que chegavam a esse plano através da influência dos Cubos, aquelas criaturas certamente eram oriundas de Cavitius, um dos Domínios do Medo existente em Ravenloft.
Com o desafio superado, Nay recolheu os espólios no baú e o grupo seguiu pela única porta existente ali.
Pequena Capela
A porta não estava travada, nem continha armadilhas, e Nay avançou como batedora. Sua capacidade de ver na escuridão era uma grande vantagem, e com sua perspectiva conseguia enxergar corredores longos e caminhos que em seu fim faziam curva. Igualmente, Gatts comentava com Pyrus mais perto sobre o que vinha. A extensão daquele mausoléu era imensa, e tomando um caminho o grupo viu uma bifurcação cujo um dos lados terminava em uma porta e o outro, em um novo corredor.
Seguindo pelo corredor, eles chegaram até uma sala grande. Seu desenho era retangular e havia pedras pela sua extensão, lembrando talvez bancos, e no final o piso era elevado, como em um palco. Duas estátuas estendiam suas mãos apontadas para a frente. Havia sinais de bancos de madeira destruídos, do que outrora serviria para esse pequeno teatro ou talvez sala de orações. Em uma das paredes, o grupo notou um quadro, com duas figuras desenhadas.
Uma mensagem abaixo do quadro trazia em élfico:
Labelas Enoreth e Elebrin Liothiel, que preservem nossa história, conhecimento, a abundância de nossas matas, pomares, rios e florestas. Que sejamos eternos em sua eterna fé.
Nay e Pyrus seguiram para a área onde as estátuas estavam e investigavam. As estátuas novamente reproduziam as imagens nos quadros, ambos eram divindades élficas. Enquanto Pyrus, Líder Elemental, as contemplava, Nay sentiu uma pequena vibração vinda da parede atrás das estátuas, havia algo ali, seu sexto sentido alertava, no entanto ela mal teve tempo de investigar. Uma voz fantasmagórica se fez audível a todos ali presentes.
Infiéis, profanadores, a alma de vocês nos alimentará na eternidade!
Três fantasmas claramente élficos surgiram bruxuleantes em direção aos heróis.
Continua no próximo artigo: As Catacumbas de Rakdanam | Parte II