Como mosca numa teia podre, parte 9 – Berdan o lívido

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Para ver a parte 8, tragédia revelada, clique aqui.

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O caminho a trás do grupo havia sido completamente soterrado.

Berdan, o lívido.

Com a verdade revelada e recuperando-se do momento de emoção e dos efeitos do soterramento que quase os devorou eles ponderaram que seria melhor que armassem uma armadilha naquele local, que pareceu a Juliette e Forflin, um ponto ideal para uma estratégia de combate que eliminaria os mortos-vivos a frente, um a um, diminuindo os perigos da comitiva em adentrar por locais aos quais não conheciam. Todavia, ocorreu um empasse: quem seria a isca? Igor, decretou veementemente que não se disponibilizaria a tarefa – Juliette exibiu desprezo pela atitude do rastreador – Thunderlad e Edgar, por conta de suas armaduras, seriam lentos demais para atuarem como iscas. Sobrou para Lypottin e sua Risonha, que diante do impasse e sabendo que seriam a escolha mais lógica, se candidataram a tarefa, mesmo contra a recusa de Juliette, que achava que a hiena deveria ir sozinha, mas Lyli, dando de ombros, lhe respondeu:

– Precisarei ir com ela minha jovem, pois Risonha não conseguirá fazer isso sem mim.

Assim, a gnoma e sua companheira animal partiram rumo a escuridão do corredor. Após alguns minutos, ela retornou gritando:

– Lá vem eles!

Assim o grupo, que estava posicionado com Juliette e Igor com seus arcos enquanto Forflin estava preparando suas magias, como os atiradores do grupo. Já Edgar num ponto oculto da câmara aguardava as criaturas para pegá-las pela retaguarda e Thunderlad na linha de frente, para chamar a atenção dos adversários, com a tarefa de desviar a atenção dos adversários para a localização de Edgar. Com esta estratégia, eles venceram os primeiros esqueletos com facilidade.

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Estratégia utilizada pela comitiva

Após a vitória inicial, Lyli e Risonha partiram em busca de mais mortos-vivos. Desta vez, ela demorou muito, para a preocupação de todos, mas quando já se preparavam para enviar um grupo de resgate, eis que ela ressurgiu com um olhar em pânico, guinchando:

– Desta vez eles vem em muitos! Preparem-se!

Assim, começou um longo combate entre a comitiva e os esqueletos, que em seu segundo levante foi derrotado, mas durante a derrocada deles, foram sendo rapidamente substituídos por mais esqueletos que foram surgindo em números superiores aos dos aventureiros, formando uma turba horripilante, que lentamente forma minando as forças deles, que começavam a quebrar sua formação, para tentarem dar conta das criaturas.

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Uma grande leva de esqueletos surgiu. Fonte: Roll20.net

Lyli, deu suporte com seu poder curativo proveniente da magia da natureza e com seus preciosos cataplasmas misturados com folha varsho (uma planta com uma poderosa capacidade analgésica e antibiótica). Mas isso não era suficiente, pois os danos provocados pelos mortos eram muito fortes. Para piorar a situação, um forte odor de podridão e morte foi lentamente tomando conta da câmara, sentido por todos e anunciando um adversário poderoso que se aproximava. Em seu íntimo, um sussurro disse para Juliette:

– Aconteça o que acontecer, você não deve morrer pelos outros… Deixe-os! – Disse a voz.

Contudo não havia por onde escapar, a jovem nobre, arregalou seus olhos purpúreos e posicionou-se o mais atenta possível para aquilo que viria em seguida, pois ela sabia que seu destino estava ligado ao daquela comitiva.

De repente, o fantasma de Plun apareceu na saída da câmara, por onde parecia se aproxima uma nova criatura, e disse em seu idioma, sendo simultaneamente traduzido pela druidisa:

– Berdan… ele chegou!

Ao proferir essas palavras o fantasma do guia desapareceu, e em seu lugar, surgiu na passagem uma aterradora e maligna criatura, com aspecto semelhante ao do carniçal anterior, contudo esse era tão robusto e grande que ficou era do tamanho de Edgar, o mais alto do grupo, era possível ver que a fera, com sua pança e olhos terrivelmente ameaçadores, jogou o que pareceu ser um estranho osso que a consolava para o lado, ao contemplar com um olhar de desejo, uma profusa fonte de alimentação, mas antes ela teria que deixá-los em condições para que servissem, ela sabia que tinha que mata-los. Novamente Juliette ouviu um sussurro que desta vez lhe alertou:

– Ele era um líder entre eles… assassino de seus irmãos – Enquanto uma rápida imagem do antigo líder gnomo surgiu e desapareceu num piscar dos olhos da jovem ladina.

Thunderlad que viu a forma insidiosa como a criatura olhou para o grupo e devolveu à ela um olhar cruel e decretou aos demais num grito:

– Isso é um lívido! Uma criatura semelhante a outra, mas com um mau-cheiro nauseante. Precisamos eliminá-la o quanto antes.

Com um animo sobrenatural a criatura, que urrou estrondosamente, exalou um terrível mau cheiro, que apesar de terrível, foi suportado pelos combatentes da linha de frente, que sofreram com os duros golpes da fera.

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Berdan, o lívido, surgiu para combater os aventureiros.

O combate se prolongou, pois além de terem de enfrentar seu novo desafiante, ainda tinha que eliminar os esqueletos remanescentes que persistiam num combate que lhes tirou suor e sangue, durante os minutos que se passaram. Juliette, com sua mira certeira continuou a atingir os mortos vivos, notando que mesmo embebido em óleo e fogo, as flechas faziam um efeito reduzido contra os esqueletos, mas no lívido, eram mais eficazes, mantendo seu foco centrado nesse último. Forflin, esgotando seus últimos recursos místicos, utilizou poderosas magias de fogo que enfraqueceram a criatura sensivelmente. Lyli, gastando todos os seus recursos curativos, tentou manter seus aliados de pé, o máximo que pode.

No entanto, todos os recursos não foram suficientes para manter a vida do rastreador Igor, que ao ver o guerreiro Edgar tombando diante dos primeiros ataques do monstro, tentou acudi-lo, mas acabou vitimado pelas potentes garras da fera, que laceraram sua jugular com profundos e sanguinolentos golpes, que o levaram ao chão sangrando e tentando arfar ar, mas tudo o que sorveu foi sangue. Chocando a toda comitiva, que olhou impotente, o Mateiro cair morto, sem poder ajudá-lo e imaginando quando chegaria a vez de cada um deles, para o terror de alguns.

Thunderlad foi atingido duramente e parecia igualmente perto do fim, quando Juliette guinchou para ele:

– Saia daí mestre anão! Ou você morrerá! Recue agora!

Com um olhar severo e um grito violento em resposta, o clérigo anão lhe rebateu:

– JAMAIS! Um clérigo de Magnus, jamais recua de um combate donzela! JAMAIS!

Receosa em manter um diálogo inútil e percebendo que o clérigo ficaria ali até o fim, Tasselroff se calou, disparando mais flechas contra os inimigos.

Enquanto o grupo se dividiu entre combater os esqueletos e o lívido, Forflin e Juliette, focaram em destruir o monstro que julgaram ser o mais perigoso e poderoso entre aqueles adversários. Após uma nova dose de magia do anão mago, a ladina disparou um tiro certeiro contra Berdan, eliminando com uma flecha que perfurou o cérebro do lívido.

Ao verem o lívido tombar, os últimos três esqueletos baixaram suas picaretas e pararam de lutar, a sua maneira, se entreolharam como se não entendessem o que estavam fazendo ali. De repente, se desmontaram, enquanto a sala se iluminou num faixo de luz, revelando muitos svirfneblins, meio transparente e com uma leve luz azulada, entre eles era possível ver Plun, que numa voz serena, que pela primeira vez foi compreendida pelos demais, sem a necessidade da tradução de Lyli que o olhava espantada, o gnomo cinzento disse a todos:

– Obrigado amigos! Finalmente aquele que seguiu o caminho das trevas, pelo orgulho e ganancia foi destruído. Agora poderemos descansar em paz! Conforme havia prometido – o espírito apontou na direção da única passagem que se apresentava a frente deles – Sigam por esse caminho, sempre em linha reta e encontrarão a saída. Adeus!

Após falar pela última vez com a comitiva, ele e seus companheiros mortos sumiram, deixando para trás uma sensação melancólica e o ar menos pesado.

Contudo, triste e não escondendo uma lágrima que teimava em escapar de seus olhos, Forflin se dirigiu até o corpo do Mateiro, seu companheiro de jornada desde sua chegada em Unicórnio Cinza até aquele momento. O arcano percebeu as lagrimas que o rastreador desferiu em seu momento de morte, enquanto suas mãos em agonia ficaram paradas em sua garganta, como se tentassem estancar o sague do profundo corte que o matou. Muitos-Livros rasgou um pedaço de sua capa, pacientemente removeu as mãos do finado e lhe fechou os olhos, enquanto envolveu o pescoço dele com o pano, para lhe dar a dignidade na morte. Juliette dirigiu a Igor um olhar de pena e ressentimento por ter desprezado o homem, que julgou covarde, há alguns momentos antes. E assim, todos os presentes silenciosamente se despediram de Igor Mateiro da Vila de Unicórnio Cinza.

Para ver a continuação, clique aqui.

Criação e elaboração: Patrick, Henri e Sandro
Autor da imagem de capa: Shin
Autor da imagem de Forflin: o próprio
Fonte de demais imagens: internet
Fonte de imagem da batalha: Roll20

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Sobre o Autor: Patrick Nascimento

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