Por Forflin, dos Muitos-Livros
Na III Era, Moradin, o forjador de almas, servo do bem, com o seu martelo uniu o raio destruidor dos céus antigos com a pedra negra de Crivon Toran que repousava, fria, firme e testada sob o fogo dos dragões.
Um raio em uma pedra maior e seis raios menores em treze pedras menores forjaram as almas e os corpos dos sete pais anões e suas esposas das montanhas milenares de Crivon, na cordilheira antiga da Araani.
Ao maior deles, Moradin, o corajoso, deu o nome de Paruk.
Paruk, possuía um semblante sereno e firme e seus olhos tinham o brilho dos raios, sua pele era escura e resistente como a pedra e sua voz retumbava como o trovão.
Paruk recebeu o escudo com a bigorna e o fogo de Moradin que o protegia e protegia o seu povo.
“Paruk, filho da terra e dos céus! Recebe este escudo, símbolo da proteção de Moradin.”
Saibas que recebe com ele o peso da missão do seu povo! Pois o ódio dos filhos das sombras cairá com mais fúria sobre a tua linhagem, para que os outros povos não pereçam.
Tua pele, teu sangue e a força da tua alma serão o escudo do bem que existe em Crivon, para que as sombras não prevaleçam. Resisti-lhes firmes na Tradição, na Ordem e no Bem.
As folhas verdes não te trarão tranquilidade, porém nas profundezas da terra encontrará teu sustento.”
Assim, Paruk e seus irmãos foram buscar o que vestir e se esconderam sob as galerias da antiga cordilheira de Araani.
Paruk e seus irmãos cresceram e fortificaram as montanhas de Araani. Chamaram a principal entrada de Tharak Bazan, ou Jardins de Pedras, e sua fortaleza principal chamava-se Lukhudabad, Montanha de Luz.
Sua fortaleza prosperava e neste tempo muitos machados e martelos de combate foram forjados com o fogo da terra.
Paruk teve um filho e chamou-lhe Paruk II, que era forte e sábio, semelhante ao seu pai.
No entanto, ao fim da III Era, o Caos ameaçou Crivon Toran e o primeiro cataclismo desfigurou suas terras.
Em uma batalha, uma Sombra Conjuradora levantou uma ofensiva violenta contra a fortaleza de Lukhudabad.
A Sombra Conjuradora, sob a forma de um corpo demoníaco, estabeleceu sítio sob as muralhas da cordilheira de Araani e se pôs a executar uma magia cujo o tempo e palavras se multiplicavam por dias e dias.
Paruk não temeu e investiu com doze batalhões anões e seus líderes, saídos das profundezas de Lukhudabad, em um ataque sem trégua contra a Sombra Conjuradora de forma a interromper suas ações malignas. Nesta batalha, muitos dos mais valorosos anões pereceram, e, contam as tradições, que, naquele dia, o machado de Paruk foi certeiro e dividiu ao meio o corpo possesso da Sombra Conjuradora.
A interrupção da magia foi fatal para ambos os lados. Ao golpe do machado de Paruk, um raio negro fendeu os céus e em um instante todas as hordas ainda em batalha, que estavam aos pés de Araani, após ofuscante explosão, deixaram somente um campo repleto de silêncio e poeira.
Naquele dia, dizem, a voz de Paruk ecoou gloriosa nas fendas de Araani e um primeiro terremoto, que trouxe muitas mortes ao povo, permitiu o surgimento da região que mais tarde seria conhecida como Ariân.
Quando o solo reencontrou sua firmeza, Paruk II, ao buscar o corpo de seu pai, encontrou naquele campo vazio somente o Escudo de Moradin.
As lendas afirmam que Paruk e seus doze batalhões continuam a lutar contra a horda diabólica em planos longe do tempo.
Assim terminou a III Era e a região de Araani passou-se a chamar Ariân.
Paruk II teve três filhos e chamou-lhes Paruk III, Raklin e Paruklin.
Paruk II e os remanescentes do povo anão iniciaram uma longa reconstrução de Lukhudabad e Tharak Bazan, sob a proteção do Escudo de Moradin.
Neste período houve muita prosperidade e os primeiros rastreadores anões iniciaram as explorações nos arredores da cordilheira de Ariân. Os primeiros intercâmbios foram feitos e o comércio começou a florescer na região.
Paruk III, um amante da forja, sempre acompanhou seu pai nas atividades, e cresceu forte nas armas e no poder.
Paruklin, o viajante, era o representante de seu pai diante dos outros povos e neste tempo admirou os filhos de Oberon, pois eram justos e sábios.
Foi em meio a prosperidade que muitos fatos ocorreram. Paruklin foi enviado para ser educado por um tempo com os elfos, quando iniciou seu aprendizado a arte arcana dos Eladrin.
A companhia de mineradores de Raklin descobriram o “skuld” conhecido como ferro vivo e aprimoraram sua arte de forjaria. Paruk III, em suas excursões de vigilância nas cordilheiras Ariân, descobriu que uma nova sombra agia sob os estandartes da Lâmina das Trevas.
Draugorin, o Louco, reunia uma horda de criaturas temíveis e em breve uma nova investida ameaçaria a Montanha da Luz.
Em pouco tempo uma nova batalha se deu no santuário em que o próprio Moradin criara os sete pais anões, em Tharak Bazan. Porém, desta vez, o resultado seria terrível para os filhos dos céus e da terra.
Draugorin, o Insano, conclamou o Espectro da Ganância, o Espectro da Vaidade e Kliraughuz o Dragão Incendiário. Muitos poderes malignos foram utilizados contra a força da pedra e a fúria do raio, presentes no povo das montanhas, e as divisões da loucura de Draugorin colocaram irmãos contra irmãos e instauraram o terror até as galerias mais profundas de Lukhudabad.
Os golpes de Paruk III foram capazes de ceifar o poder de Draugorin, porém ele mesmo perdeu a vida atingido pelas costas com golpes dos próprios soldados tomados pela loucura de Draugorin.
Ao final da batalha, diante da vantagem inimiga, Paruk II ordenou a Raklin que fugisse com o restante do seu povo e com o Escudo de Moradin para que um dia reconquistasse a honra de Lukhudabad. E assim se fez.
Paruk II não foi mais encontrado.
Sobre os soldados anões que mataram o comandante Paruk III caiu uma maldição eterna. Esses anões se tornaram e viriam a serem conhecidos como duergars.
Raklin, o exilado, fugiu com o que restava de seu povo, sob os tormentos dos Espectros da Ganância, da Vaidade e a fúria incendiária de Kliraughuz.
Paruflin e sua companhia, obteve as notícias terríveis da desgraça que caíra sobre o seu povo e os Eladrin o manteve escondido por muitos anos dos olhos dos espectros.
Dizem as lendas que Lukhudabad se tornara habitação maldita e profanada e que Raklin perambulava em busca de sobrevivência nas terras ao oeste de Motavian.
Assim terminou a IV Era dos Anões da Montanha da Luz.
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Criação e elaboração: Forflin dos Muitos Livros
Fonte de imagens: internet
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Já tinha lido outrora via email e reler essa alegoria não deixou de impressionar. Excelente conto Shin. Enquanto que a versão reconstituída dos arquivos encontrados por Domeracliff na fenda possui teor mais prático e sólido acerca da história dos anões, esta possui uma profundidade poética e quase lírica em prosa. Realmente muito bom!