O Conto do Arco | O Destino de Laucian Parte I

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Esse texto foi reconstruído a partir de registros da aventura: Problemas Gigantes no Sudoeste. Seu conteúdo fala sobre um nobre herói que se aventurou a enfrentar um perigoso inimigo para poder cumprir, assim como era previsto para um herói, a missão de enfrentar os seus inimigos, vencer sobre seus ideais e perseverar perante seu desejo de fazer o que acredita ser o certo.

E por que agora, depois de tanto tempo esta serie de artigos vem a luz do conhecimento dos Heróis de Greyhawk?

A respostas está no empenho “sem claro conhecimento” de duas das três equipes que compõe os Heróis do Trono, em buscar a solução para o destino de Laucian.

Este é o primeiro de uma série de 5 artigos, que foca em contar com o máximo de detalhes, o que ocorreu no Fiorde de Pantarn, a exatos 2 anos atrás. O ano é 595 CY, em um mundo que há 10 anos estava curando as feridas que as Guerras de Greyhawk haviam deixado no mundo conhecido e o grupo, eram aqueles que mais tarde sob a liderança de Theros Gatts, viriam a se tornar a esperança de Furyondy.

Este é um texto original escrito e revisado por Bruno de Brito.

Durg

19 de Plantio de 595 CY

Greyhawk_Letra-N-200x166 Greyhawk Histórias de Greyhawk ão importa qual fosse o receio dos heróis, a algazarra, sons e cheiros se revelaram para o grupo em uma última virada do corredor. Eles estavam na Arena dos Porcos mais uma vez. E chegaram a tempo de ver um festival sanguinolento na arena. Seis gnolls enfrentavam um humanoide empunhando uma arma de haste, cuja ponta terminava em uma peça de aço serrilhado, tão afiado que brilhava a luz das tochas, era uma glaive.

A vista dos gnolls a arma do oponente era maligna e traiçoeira, o glaive de lâmina serrilhada era portado com uma habilidade ímpar. Ao seu portador reservava os detalhes sobre sua estatura de quase dois metros e meio, suas orelhas com pontas mais para chifres, do que orelhas, uma pele úmida cor de terra vermelha e escamosa, que denunciava sua natureza corruptora. Uma longa cauda, garras nas pontas dos dedos e pés, além de uma barba retorcida e nojenta completavam sua descrição. Os aventureiros estavam diante de um genuíno diabo. Aquele que a multidão gritava quase uníssona – DURG, DURG, DURG!

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Durg, o Diabo Barbado

O ser que se encontrava em desvantagem na arena, aparentemente se divertia do desespero e pânico que produzia em seus oponentes, que mais queriam encontrar uma forma de sair daquela gaiola mortal, do que enfrentar seu algoz. Para Durg, tudo aquilo era um aperitivo, um aquecimento para a disputa que logo viria.

A Escolha

Os aventureiros se entreolharam buscando reafirmar as escolhas que tinham feito quanto a quem enfrentar e quando a carnificina finalmente tinha terminado, os aventureiros testemunhavam Durg mastigando com desdém o antebraço de um dos gnolls mortos pela sua lâmina aguardando pacientemente a chegada de seu próximo adversário. Quando Laucian deu o primeiro passo rumo a gaiola e foi segurado pelo anão.

– Garoto, deixe este diabo comigo.

Laucian olhou o anão nos olhos e retirou o arco de suas costas. Uma resposta silenciosa levou Talglor a entender que essa fibra é que forja heróis. E assim confiou no resultado mais favorável.

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Talglor, Coração de Mithral e seu famoso martelo – Massacre.

Durg estava se retirando da gaiola, ninguém mais se atreveria arriscar a vida indo de encontro ao fio mortal da glaive dentada e por aquela noite ele já estava satisfeito com o banquete e espetáculo.

O som da grade sendo aberta do outro lado travou os movimentos do diabo e ele lentamente virou para visualizar aquele que lamberia sangue em sua glaive mais uma vez. Laucian do outro lado sorriu para o diabo e antes mesmo que apresentações fossem feitas os dois adversários reagiram.

Há um quê de presságio sobre grandes acontecimentos que permeiam determinados encontros, e neste os adversários sabiam que cada ato valia por mil palavras. A apresentação de Durg e Laucian se deu através da ponta de aço de uma flecha resvalando na altura do ombro do diabo. Um fio de sangue espesso e escuro como a noite riscou o chão, ao toque um vapor indicava a acidez do líquido. E a uma distância de quase seis metros o diabo descreveu um arco cuja ponta conduzia a morte fria. Um salto para trás, uma pirueta bem executada e Laucian se esquivou do risco da arma. O diabo era perito na arma, ele percebeu. E essa havia sido a apresentação de ambos combatentes.

Laucian Applegat

Um silêncio estranho se abateu uma segunda vez na plateia que assistia ao espetáculo na arquibancada que circundava a arena dos porcos. Todos estavam certos que o esquálido homem portando um arco, não sobreviveria ao primeiro ataque de Durg. E por isso a razão da surpresa e silêncio da arena. Até aquele momento o diabo tinha sido preciso em todos os seus ataques e todos, absolutamente todos haviam sido terrivelmente mortais a seus alvos. Aquele homem de passos rápidos e de semblante esguio revelou que o destino evidente da luta não era tão evidente quanto pensavam.

Laucian era um dos batedores mais experientes de seu ramo e o arco e as suas flechas eram responsáveis por distribuir lendas por toda a região sul de Furyondy. O arqueiro era aluno da escola de Agulhas de Prata, a academia de arqueiros de maior renome de Chendl.

Nascido na cidade de Baranford, uma cidade fronteiriça a Furyondy, Laucian cresceu conhecendo as estradas reais do reino. Seus pais eram comerciantes viajantes que viviam de cidade em cidade, passando por vilas e oferecendo serviços diversos, era uma forma de ajudar o reino na guerra permanente, declarada por Furyondy a Iuz. Sua mãe era uma famosa curandeira. O pai de Laucian, por sua vez oferecia os serviços medicinais para quem necessitasse, era um homem dos números e da generosidade.

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Os Pais de Laucian. Joana e Müller

Talglor Coração de Mithral

Nesta relação de fé e comércio, Joana e Müller Applegat mantinha o sustento para os seus dois filhos, Lucas e Laucian, com 9 e 10 anos respectivamente. Tal como acontece nas coincidências da vida, durante uma viagem rumo a Chendl, Müller, pai de Laucian se deparou com um grupo de goblins cercando um anão. Eram cerca de 10 goblins contra o anão viajante e Müller pegou sua lança e foi em auxílio do anão. Sua esposa Martha temeu pelo marido, mas sabia que agora que os goblins os tinham visto, suas chances seriam maiores se conseguissem afugentar os goblins que atormentava o pobre anão. Logo que se aproximou, o anão gritou para Müller para ir embora que ele cuidaria daquelas criaturas, de posse de um martelo dois goblins jaziam no chão. Mesmo assim o homem insistiu em ajudar o anão em desvantagem. E a coragem do pai de família lhes custou a vida.

Diante da perda do pai, os irmãos choraram e mais ainda Martha que viu suas habilidades tão úteis não serem capazes de reter a vida que esvaia do corte no peito de seu marido. O anão de nome Talglor, abraçou e protegeu aquela família pelo caminho restante, sentindo profundo remorso. Talglor apesar de sacerdote, não podia salvar Müller.

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Laucian jovem (aos 11 anos)

Um Novo Pai

O anão viu que precisava fazer algo para ajudar aquela família desamparada. Ele os conduziu até Chendl e lá ficou por tempo suficiente para conseguir abrir uma casa de tratamentos medicinais para Martha. Esse estabelecimento garantiu a educação e sustento dos jovens e mais tarde o treinamento na Academia dos Agulhas de Prata de Laucian. Lucas assumiu as finanças da família e cada vez mais ajudava sua mãe. Quando finalmente Talglor estava pronto para continuar sua peregrinação o jovem Laucian veio lhes pedir um último apoio. Este desejava ser um guerreiro como o anão e poder ajudar as pessoas como sua mãe e seu pai. Àquele pedido, Talglor ponderou e não negou, ali começaria uma história de parceria que renderia muitas aventuras. Talglor era como um pai para Laucian, e este sentia como um filho do anão de Minas Carnalion. E por motivos distintos, após muitas aventuras, cada um seguiram caminhos distintos.

Anos mais tarde em uma vila, o velho anão e o então batedor Laucian se reencontraram. Talglor viu os resultados do treinamento e vivência do “garoto” em uma missão para livrar a vila de uma infestação de Ankhegs, um tipo de insetos gigantes que perturbavam a tranquilidade local. A habilidade no arco e capacidade de movimentação impressionou o anão e ele percebeu que o jovem garoto poderia se juntar a ele em suas aventuras por Furyondy. E desta forma Laucian conquistou um lugar no grupo liderado por Theros Gatts.

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Laucian Applegat, O Batedor de Baranford (Aos 29 anos)

Continua…

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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