Greyhawk

Velando o Herói | Heróis de Ferro

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Na última sessão ocorrida na segunda 30.07.18, os Heróis de Ferro focaram em reparar os estragos causados ao Templo da Flor de Sol e buscar maiores informações na Academia Tolariana. Dankester queria entender mais sobre os “Cubos de Pelor”, Sandy encontrar um meio de trazer Nybas de volta a vida e Erzurel uma forma de minimizar os danos ao secto religioso.

A partida contou com a participação dos jogadores:

Patrick Nascimento – Sandy Benelovoice
Aharon Freitas – Erzurel Graysson

Esse é um texto original escrito por Bruno de Brito e que contou com a prestigiosa revisão de Fabrício Nobre

O Templo da Flor de Sol

04 de Preparos de 597 CY, manhã

clérigo de Pelor recebia os voluntários que chegavam com um leve sorriso de agradecimento. A esta altura, algumas pessoas haviam chegado ao templo Flor de Sol, muitas vindo para a missa rotineira de todas as manhãs. Os fiéis, sensibilizados com a atual situação do templo, tentavam ajudar como podiam. O Templo Flor de Sol se situava dentro do vasto território onde fica a Academia Tolariana e era um dos pontos mais afastados do centro de Verbobonc. Mesmo assim, as pessoas se deslocavam cerca de cinco quilômetros todos os dias para participar da “Benção do Amanhecer“. Porém, ao invés do templo lhes abençoar, desta vez era o templo que precisava da compaixão das pessoas.

O sacerdote seguiu sua costumeira rotina da fé antes que os trabalhos se iniciassem. Aqueles que o seguiram puderam  orar junto a ele no pátio a frente do templo. O sacerdote de Pelor sentia um calor tranquilizante e terapêutico na luz que lhe tocava naquela manhã fresca e isso o inspirou a agradecer pelo rebanho de Pelor que ali estava presente para ajuda-lo na árdua tarefa que se anunciava.

Uma vez terminada a missa, Erzurel e alguns fieis se incumbiram de retirar de dentro do templo, envolvidos em panos grossos, os corpos das criaturas conhecidas como Mastins das sombras. Em um terreno mais distante a carcaça destas criaturas foi queimada. Uma nuvem negra de forte odor subia das chamas que crepitavam e devoravam a carne desses seres. Já os homens e mulheres mortos, incluindo o padre Joachim, foram levados para o mortuário do templo. As mulheres se dividiam entre varrição, limpeza e a cozinha do templo. A horta do templo era farta e provinham muitas raízes e legumes. No cercado, um porco foi abatido para alimentar a todos no almoço do meio dia.

Pedra foi lavada. Moveis e assoalho limpos. Aos poucos a velha rotina de orações e bênçãos era restabelecida. O Templo das Sombras era agora uma memória ruim de um passado. Um pesadelo que todos queriam esquecer.

Três Caminhos – Sandy

Perdida em seus pensamentos, a paladina tinha as lembranças da madrugada passada ainda martelando em sua mente. Mesmo a passos calmos, ela não tardou muito a adentrar a zona urbana de Verbobonc. Cansada, seu corpo estava exausto e esgotado. Desde os fatos ocorridos no Museu de Arte do Viscondado e o ataque ao templo, ela não tivera uma noite justa de sono. Bem da verdade se diz que, desde os Esgotos de Verbobonc, a paladina não sabia o que era descanso. Seu corpo e mente reclamavam, mas na sua fé, Sandy não conhecia limites para sua força de vontade e determinação. Em sua mente, um dito de Justine, sua mestre, lhe fortificava:

“Apenas Lendas e Mitos, conhecem o limite do que é impossível, e assim também são os paladinos”.

Logo a Titã de Heironeous estava diante da mansão do Sr. Regis de`La Frank. As sentinelas, reconhecendo a paladina, já baixavam seus arcos e lanças. Vale frisar que, ao ver tão bela mulher, de pele clara e cabelos vermelhos como fogo, os homens cansados e calejados encontravam um oásis de desejos e fantasias impossíveis que aquecia seus corações.  Todos lhe eram educados e corteses. Um deles seguiu para dentro da mansão, enquanto a paladina aguardou nos jardins internos, em frente à casa. Não tardou, o governante da casa recebeu Sandy, deixando- à vontade na sala de visitas. Finos biscoitos, fatias de pão integral, mel, pedras de açúcar, café, suco de laranja foram servidos. Na sala, uma grande mesa de granito negro refletia uma cesta de frutas no centro. Sandy observou o café da manhã posto à mesa. Em ocasiões menos urgentes ela provaria cada uma daquelas iguarias, mas não hoje. Suas preocupações eram tamanhas que lhe roubavam ate o apetite.

Encontro com o Tutor

O Sr. Regis surgiu pouco tempo depois. Sandy se levantou ante a presença do Tutor e, após uma pequena formalidade, se sentaram.  Regis prontamente se pôs a comer do desjejum que fora servido para Sandy. Um café bem passado foi servido neste momento. A garrafa anterior havia sido ignorada pela paladina e esfriara.

O Tutor colocou uma xícara para a paladina e depois se serviu. O cheiro do café despertara finalmente o interesse de Sandy e ela girou o copo entre os dedos, esperando que o líquido esfriasse um pouco.

– “Sandy, a que devo a honra de sua visita? Aliás, você me disse que viria. O diamante para o nobre Arthur Guerreiro, não é mesmo?”.

– “Não senhor Tutor – respondeu a paladina – As coisas mudaram de ontem para hoje, mudaram rápido. Infelizmente creio não ser possível trazer o arquiteto de volta. Seu corpo fora profanado pela maldição dos mortos-vivos. Segundo meu entendimento, uma vez que isso ocorre, não é possível trazer a pessoa morta de volta à vida. Entretanto, o senhor não está enganado. Ainda irei precisar da gema. O Templo da Flor de Sol sofreu com um ataque de forças profanas entre tarde da noite de ontem e a madrugada de hoje”.

Vendo o espanto nas feições do tutor, a paladina continuou:

– “Venho aqui para pedir-lhe assim a gema. Além dos estragos ao clero, uma tragédia tão grande quanto ocorreu. Um de nossos companheiros, infelizmente, morreu. Nybas Tyrangur”.

Embora fosse um homem controlado, o Sr. Regis não conseguia esconder sua preocupação. As noticias que trazidas pela paladina eram amargas e denotavam problemas maiores e que ele esperava. Ele não percebe, mas Sandy começa a ver em seu rosto preocupado as feições denunciarem seu estado de espirito. O tutor estava claramente consternado.

Três Caminhos – Dankester

Enquanto isso, em outro local, o halfling Dankester que inicialmente havia saído junto à paladina, chegará à academia Tolariana. A academia não era muito longe do templo e, mesmo tendo partido com Sandy, ele não saberia dizer se foi percebido pela paladina, nitidamente preocupada com seus próprios problemas. Porem, para Dankester não fazia diferença. O halfling caminhava displicente enquanto observava a natureza com estranha curiosidade. Em sua mente, tendo apenas os pássaros que cantarolavam na arvores próximas como testemunhas, uma conversa se iniciou:

– “Quando você deixará que “nós” controlemos a situação novamente? Já se prolonga demais nossa ausência!” – resmungou Lester.

– Pelo tempo que julgar necessário Lester – Respondeu em voz alta Dankester – E acredite em “nós”, é melhor assim. Tenho mais capacidade de lidar com essa situação que vocês. Esses cubos estão além do conhecimento de Chester. Acredito ate que o problema não seja os cubos propriamente ditos, entende? Os cubos estiveram por tanto tempo sob a influência dos artefatos, que mimetizaram suas capacidades.

Dankester retirou um dos cubos de sua bolsa. Sandy e Erzurel desconheciam a natureza daquelas peças por isto estavam em sua posse e assim continuaria. Dankester tinha descoberto que as pedras, em sua essência, não passavam de mármore preto de excelente qualidade, extremamente polido e sem poder. Agora, qual era o gatilho, qual era a reação necessária para a manifestação da força que havia testemunhado ainda lhe era desconhecido.

A duvida corria pela mente de Dankester e de seus outros semelhantes. Nenhuma linha de raciocínio parecia lhe levar a uma resposta. Sendo assim, se em sua mente ele não encontrava, na Academia Tolariana poderia achar o que procura.

A Academia Tolariana

– Como assim não posso consultar a sessão de Monumentos Históricos de Verbobonc? – Questionava impaciente o halfling chamado Dankester Winchester.

– “Caro halfling, essa sessão está sobre revisão literária, e somente autorização da prefeitura pode ser liberada, ainda que para apenas consulta.” – respondia com uma calma o bibliotecário.

– “Eu não acredito no absurdo que está me sendo dito! Como consigo essa maldita autorização?” – Diz Dankester claramente irritado com a voz tranquila do velho meio elfo.

– “O senhor precisará de uma carta assinada por escrito de algum magistrado ou representante do governo do Viscondado e pagar uma taxa de 2.500 trigos.” – Responde novamente a bibliotecária, desta vez acrescentando um leve sorriso ao final da frase.

– “Como pode…”

-“2.500.”

– “Isso é um ultraje”!

-“Trigos, Senhor. 2.500 Trigos”.

Dankester estava à beira de um ataque de nervos. Havia algo de estranho ali, ele supunha, mas não tinha alternativas. O bibliotecário, um meio elfo de avançada idade, parecia inflexível ao pedido do halfling. Sem poder avançar mais, Dankester retornou para o templo, batendo a porta da biblioteca as suas costas.

Sandy Benelovoice

De dentro da rica e ornamentada carruagem que percorria as ruas do viscondado, Sandy Benelovoice observava a vida dos cidadãos da pacata cidade. Alheios à guerra  que ameaçava suas vidas tranquilas, como se fosse um advento distante e folclórico. Os problemas já haviam alcançado Verbobonc e os Heróis de Ferro lutavam em seus esgotos, museus e templos para manter aquela paz. Nas ruas, o povo parecia alheio ao mal que rodeava a cidade. Os prédios iam saltando pela janela da carruagem, ora grandes, ora pequenos. Pessoas iam e viam, de um lado para o outro, tocando suas vidas sem mais delongas. Perdida em pensamentos absortos, a paladina sentia uma tristeza, um pesar. Aflita, se perguntava o motivo de toda aquela depressão. Um vazio que, naquele momento, só poderia ser preenchido por um nome: Nybas.

Voltando no tempo, Sandy tentava repassar a situação fatídica naquela madrugada. Mesmo analisando todos os fatos ela não entendia, Erzurel tomou uma ação inadvertida e insensata. Ela não tinha coragem, não sabia como repreender o sacerdote pelo feito. Simplesmente ela estava em luto demais por tudo que havia ocorrido. Ela queria poder voltar a aquele momento. Ter tomado para si a responsabilidade e resolvido ela mesmo a situação do general. Mas foi imatura, tanto quanto Erzurel  havia sido em seu ímpeto.

No final das contas, Sandy não sabia se era só isso. Em seu íntimo o vazio parecia ainda mais opressor. Ela lembrou-se que a missão havia sido bem mais que trágica pela morte de Nybas, mas também por ter sacrificado o espírito de Exórdios, o Cavaleiro dos Prados. Sua armadura sagrada não respondia mais à sua energia de sagrada e a paladina duvidava que esta se recuperasse algum dia.

A Gema de Garl

Regis tentou conversar com Sandy sobre trivialidades ao longo da viagem afim, de afastar aquele semblante obscuro, mas desistiu. A paladina parecia imersa em sua própria culpa e totalmente alheia a sua voz. E no silencio que prosseguiu, foi incontrolável o impulso de admirar a paladina, por mais que o Tutor tentasse resistir. Sandy era forte ao limite da exuberância feminina. Possuía músculos, mas mantinha o brio e tez da pele feminina. Seu aroma era inebriante, uma fragrância impar que inundava a carruagem com seu perfume. Seus cabelos, seus olhos, seu aspecto jovem e belo, tudo encantava nela, mesmo quando triste.

A charrete parou em frente a uma loja de arquitetura interessante. Vidros temperados em tom verde decoravam as paredes laterais, sinalizando em uma vitrine diversas jóias exibidas em manequins. Gnomos, elfos e humanos. Ornamentados com as mais finas pedras. Medalhões, anéis e pulseiras. As pedras e metais preciosos eram exibidos sem receio do seu efeito sobre os transeuntes que a contemplasse da rua.

Regis foi o primeiro a sair da carruagem e abrir a porta para Sandy. Estendendo-lhe a mão para ajuda-la a descer. Prontamente teve sua cordialidade aceita, o Tutor conduziu para fora da charrete e seguiram juntos para dentro do Estabelecimento. No alto da construção uma placa exibia o nome da loja: Gema Verde.

Foram recebidos pelo velho gnomo Arus, amigo de Regis e proprietário da joalheria. Com uma reverencia, o gnomo recebeu os recém-chegados a sua loja e, com entusiasmo, os saldou:

-“Que belíssimo casal recebo em minha humilde loja! Em que posso ajuda-los?” 

”­-Olá Arus, viemos ver a Gema.” – Respondeu o Tutor, enquanto Sandy se distraia olhando as inúmeras peças espalhadas pela loja.

Ela não percebera, mas um leve sorriso perscrutou o rosto do Abade Regis de`La Frank ao ouvir serem chamados de casal. O Tutor de Verbobonc há muito tinha transformado admiração pela forte e moral mulher que conhecera em outra coisa.

Arus, o Joalheiro

A Gema Brilhante

Não tardou muito o gnomo retornou. Trazia consigo uma caixa retangular, de veludo preto e decorada com fios dourados em suas extremidades.

– Você é uma jovem muito privilegiada. Como posso chamá-la?

– “Sandy.” – se adiantou Regis.

– “Sortuda é você senhorita, ser presenteada com tão belo brilhante é de fato uma honraria digna de sua beleza. Meu velho amigo é realmente um cavalheiro.” – Acrescentou o gnomo, fazendo tanto Sandy quanto Regis corarem de embaraço.

Quando Arus abriu a pequena e requintada caixa, a dupla viu em seu interior Três pedras brilhantes de distintos tamanhos. Eram Três belíssimos e bem lapidados diamantes.

– Escolha minha jovem. E lhe farei o mais belo colar de ouro branco que jamais viu em sua vida. Ou prefere ouro tradicional?

Regis notou o desconforto de Sandy e respondeu a frente da paladina:

– Arus, a gema terá outra finalidade.  – Ponderando se deveria dizer ao gnomo que o destino da joia, mas se calou. – “Minha jovem amiga necessita da gema para a conjuração de uma poderosa magia. A deve ser um diamante de proporções e valor que girem entorno de 5.000 trigos”.

Exibindo certa frustração, esta não era a primeira vez que um cliente tenha chegado a sua loja com um pedido similar. Era lamentável destruir uma gema tão preciosa, ainda que fosse por um nobre motivo.

Este sentimento do gnomo não passou despercebido a Sandy. Sua elevada capacidade de sentir a motivação de outras pessoas havia lhe ensinado a perceber esses nuances de humor e ela estava preparada para contra argumentar:

– Um companheiro de grande valor pereceu em batalha – disse a Paladina – E acredito que somente uma gema de tão único valor deveria ser capaz de um feito tão milagroso quanto traze-lo de volta, caro Arus.

As palavras de Sandy foram suficientes para aplacar a impaciência do gnomo. O Abade Regis não deixou de notar que, mesmo sem a paciência habitual que sempre mantem, a paladina ainda conseguia ser educada, cortês e delicada. Mas algo lhe dizia para não testar os limites da paciência da paladina de Heironeous. Sua experiência lhe ensinara que grandes furacões se iniciam com leves brisas.

Três Caminho Erzurel | Silêncio

Erzurel meditou com afinco e refletiu pesadamente. Havia algo estranho nas suas costumeiras orações. Ele não conseguia se conectar com o divino e não sentia a tranquilidade habitual enquanto recebia as bênçãos de seu Deus. Por um motivo que ele já compreendia, estava sem os seus poderes divinos. Mais cedo, quando tentou curar os poucos feridos remanescentes pela manhã, também não havia conseguido. Algo tinha mudado. Em sua meditação, Erzurel compreendeu que havia cometido um erro. Sua conexão com o divino fora interrompida a partir daquele momento em que tomou a fatídica decisão. O sacerdote entendia que não era uma penalidade, mas ele infringiu regras que compunha todos os elementos necessários para estar conectado com sua divindade.

Ele percebeu que necessitava de ajuda. Precisaria confessar os seus pecados e receber a penitência que lhe coubesse ao tamanho do gesto.

Enquanto isso, após a saída da joalheria, Sandy recusava polidamente a oferta de almoço de Regis de´la Frank. Porem, o Abade não se deu por satisfeito e ofertou que sua carroça levasse a paladina onde ela desejasse. Vendo que o Tutor não aceitaria outra negativa, Sandy aceitou que seu cocheiro a conduzisse até o templo, após deixá-lo em sua mansão. Assim, a paladina retornou para o Templo da Flor de Sol rapidamente e tratou logo de  encontrar o sacerdote Erzurel, entregando-lhe o diamante.

– “Faça o que tem que ser feito Erzurel.” – Disse a paladina, estendendo-lhe a pedra.

O sacerdote nada respondeu. Ao ouvir aquelas palavras ele se recorda do pedido da paladina, no momento que ela clamou para que ele ajudasse Nybas. Erzurel observou o diamante em suas mãos. A pedra reluzia várias cores ao refratar a luz. Era uma joia perfeitamente lapidada e valia uma pequena fortuna. O sacerdote sabia que possuía agora a chave para consertar seu erro. Intimamente ele agradeceu a oportunidade e orou, enquanto retornava a nave principal do templo, ainda em silêncio.

Sandy notou o olhar de pesar e embaraço que o sacerdote lhe dirigia. Mais uma vez, com elevada percepção sobre o comportamento humano, pequenos gestos lhe revelavam mais do que as palavras eram capazes de transmitir. Mas ela decidiu que o clérigo já sofria pressão demais e decidiu não pressionar Erzurel. Ambos estavam meio distantes desde o episódio ocorrido no templo. Cada um em seu luto silencioso, velando respeitosamente o General Nybas Tyrangur.

Alto Zênite

Sentada nas escadarias do templo, Sandy não podia mais resistir a fome que tomava conta de seu corpo. Saboreava avidamente a primeira refeição que lhe fora servida no templo. Sopa, pão e carne. A paladina estava realmente faminta. Conversava displicentemente com um jovem voluntário que havia lhe trazido o almoço quando percebeu o retorno de Dankester. Ela estava tão concentrada em seus afazeres que havia esquecido completamente do halfling. Embora nitidamente aborrecido, Dankester parecia disposto a conversar. Os três falaram sobre trivialidades, porem quando o jovem saiu, o tom da conversa mudou. E começou pelo que o mestre das varinhas falou:

– “Não tive sucesso na academia. Me inventaram a necessidade de um tal documento oficial, para acessar a sessão que precisava para estudar algumas coisas relativas a monumentos históricos. Além de absurdas 2.500 moedas de ouro!” – Bravejou Dankester, indignado.

– “Não tem problema Dankester. Falarei com Regis. Ele certamente nos apoiará. Quanto às moedas, não se preocupe. Temos fundos para arcar com isso”.

– “E você, conseguiu o diamante?” – Perguntou o halfling, arqueando uma das sobrancelhas, intrigado.

– Sim. Está nas mãos de Erzurel.

A dupla permaneceu em silêncio por tempo. Ponderavam sobre o que aconteceria a seguir ate que Dankester ouviu um leve gemido vindo de Sandy. Virando-se para a paladina, ele vê Sandy derrubar o prato que segurava e levar as mãos a cabeça, elevando seu gemido para um tom mais alto e preocupante. Sandy sentia uma dor repentina e insuportável em sua cabeça. Dankester aproximou-se da paladina, apoiando-a pelos ombros.

– “Sandy, você está bem? O que houve?”- Questionava preocupado o halfling.

A paladina nada respondeu. Em um sobressalto, se levantou e saiu correndo para fora do terreno do templo. Dankester levou alguns segundos para imaginar o que poderia ser e, assim que encontrou uma possível razão, iniciou uma conjuração arcana com duas de suas varinhas. Gestos e palavras de poder foram proferidos. O ar estalava em torno do halfling. Cordas prateadas tomavam forma, a partir da poeira suspensa no ar. Delas, uma criatura começou a ser desenhada. Dorso, patas e cabeça demonstravam a criação de um ser senciente, feito da mais pura magia arcana. E com um piar alto, capaz de vibrar portas e janelas, um hipogrifo tomou forma, voando, sob o comando de seu criador Dankester em seu dorso, em direção a paladina.

– “Venha Sandy, suba! Indique a direção e iremos em Hipofester!”

-“ Hipo o que?” – dizia Sandy, ainda se recuperando da repentina dor de cabeça, subindo na garupa do animal.

– “FESTER! HipoFESTER, Paladina!”

Mesmo tendo falando em tom sério, o nome dado a besta mágica por Dankester soava engraçado aos ouvidos de Sandy. Talvez fosse algo inerente dos halflings. E, deixando de lado o breve momento descontraído, a dupla voou.

Hipofester

Mortuário

Erzurel estava no subsolo do templo. Caminhava através dos corpos organizados lado a lado. Ao pé de cada um deles um copo de vidro matinha acessa uma vela. Um velho rito para aqueles que se foram antes da hora. Era como os peloritas velavam seus mortos, deixando uma vela acesa até que todo calor extinguisse. O consumo da vela pelas chamas representava que era a hora de realizar o funeral.

Sobre uma longa mesa três corpos eram mantidos em separados. Envoltos num grande e grosso cobertor de lona, estavam o padre Joachin, seguido por Nybas e, por fim, do presbítero Avalach.

Erzurel olhava com cuidado cada um deles. Em silencio, prestava-lhes orações em nome do sol.

Um barulho interrompe as preces do sacerdote. Alguém batia repetidamente as portas do mortuário. Seja lá quem fosse, tinha pressa em ser atendido.

Do outro lado, uma jovem voluntaria estava ofegante e batia nervosamente a porta. Ela se assusta ao ver o sacerdote Erzurel abrir repentinamente, olhando-a de maneira seria.

-”Diga-me minha jovem, o que demanda tanta urgência? Esta tudo bem?” – indaga o clérigo de Pelor.

– “Padre Erzurel, ouvimos dos homens que chegaram a pouco no templo! Algo está acontecendo na antiga fazenda de Nivellen. Sua amiga e o halfling foram para lá.”

Erzurel conhecia o local. Não era muito longe dali.

– “Por favor, rápido, apronte o cavalo do templo para mim!” – Orientou o sacerdote.

– “Sim senhor!” – Respondeu a garota, partindo rapidamente em direção ao estabulo do templo.

Enquanto isso, Erzurel seguiu para o seu quarto no segundo andar do templo para se preparar. Deixou o diamante guardado num pequeno baú de trancado e, tão logo estava pronto e equipado, saiu.

O cavalo já estava no pátio do templo a sua espera. Montando, Erzurel cavalgou rapidamente na direção da fazenda abandonada. Em seu intimo pedia que Pelor guardasse a vida de Sandy e Dankester enquanto ele estava a caminho. Precisava chegar a tempo de auxilia-los no que precisassem. Daria tudo de si para que seus erros passados fossem corrigidos e , com a ajuda de Pelor, voltaria a ser o grande clérigo que fora outrora.

Continua…

Pontos de Experiência

Pela interpretação na sessão e apoio na revisão de todos os eventos da última partida ocorrida em 30.05, recebam 25 x Nível em Pontos de Experiência.

Galeria da Sessão

Sempre bom estar com vcs

Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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