As Guerras de Greyhawk – Parte IV

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Ajuda do Sul

A chegada do inverno trouxe alívio para todos os estados em guerra. Ao norte, neve e gelo cobriam a terra e o vento congelante açoitava pelas planícies. Ao longo da borda sul da Floresta Vesve, os humanoides de Iuz, longe de suas cavernas quentes e seguras quando sopravam as lufadas frígidas do inverno, escavaram abrigos da melhor forma que podiam. Uma vez entrincheirados, estes humanoides desprezíveis se recusaram a se aventurar fora de suas tocas aquecidas. O Rei Belvor utilizou esta quietude resultante no norte para planejar e reorganizar suas forças.

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O Inverno apazígua o ritmo da guerra

Ao leste, as chuvas tiveram um efeito retardador similar. Atolados em lama e paralisados pela mesquinharia do Rei Supremo, os exércitos do Grande Reino se acumulavam nas fronteiras de Medegia, Almor, e Nyrond. A incursão de Osson e a chegada das chuvas deu tempo para os almorianos fortificarem suas fronteiras e incrementar novas reservas. Nyrond também criou novos exércitos para enfrentar a ameaça do Grande Reino.

Apesar do inverno ter parado exércitos, ele parecia acelerar os esforços diplomáticos. O Marquesado dos Ossos, oscilando razoavelmente pelas promessas de ouro e terras, decidiu tentar a sorte com Ivid V, jurando marchar quando a neve desaparecesse. Ahlissa, sentindo que o seu destino poderia se assemelhar ao de Medegia, afirmou sua intenção de lutar ao lado do Rei Supremo. Os Barões do Mar também expressaram sua pronta resolução, enquanto a Província do Norte propagandeava sua eterna e fiel lealdade à coroa.

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Príncipe Latmac perde o Domínio das Ilhas para seu primo distante, Príncipe Frolmar Ingerskatti

A entrada do Rei Supremo na guerra simplificou uma tarefa comum a Almor e Nyrond – persuadir a Liga de Ferro a se juntar a aliança. Com Portão de Ferro, Idee e Sunndi ameaçados, os membros da Liga que estavam em terra se encontraram em Oldred a convite do Rei Archbold e assinaram o Pacto do Leste, aliando-se formalmente contra “as agressões insanas do Grande Reino”. O Condado de Urnst também assinou o pacto, mas a Teocracia do Pálido, citando as inúmeras heresias de Nyrond, recusou-se a participar.

Porém, o maior revés para a aliança veio de um golpe de estado súbito que substituiu o Príncipe Latmac do Domínio das Ilhas pelo seu primo distante, Príncipe Frolmar Ingerskatti. O novo regente proclamou de forma surpreendente seu apoio ao Grande e Oculto Império da Irmandade Escarlate. Esta proclamação não apenas retirava o Domínio das Ilhas da planejada aliança como efetivamente prendia o Comandante Osson em Medegia. Apesar da mão da Irmandade ter passado despercebida até então, a sua presença tornar-se-ia progressivamente inegável.

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Príncipe Frolmar Ingerskatti

A oeste, os alertas dos diplomatas finalmente surtiram efeito. Percebendo que a ameaça de Iuz não era nem rápida nem contida, os reinos do sul consentiram em se aliar. A primeira assinatura do Tratado de Niole Dra veio da maior e mais importante nação ao sul Keoland, rapidamente seguida pelo Grande Marquesado, Yeomanry, Ducado de Ulek e o Condado de Ulek. Celene foi a última nação a concordar, com os elfos relutantemente consentindo em enviar uma força simbólica. Citando ameaças em suas fronteiras, as nações remanescentes declinaram em ajudar, mas todas juraram que não dariam qualquer auxílio a Iuz. Com, o tratado em mãos, Rei Belvor retornou a Chendl com esperança para o seu povo.

Em seu próprio estilo “mão pesada”, Iuz concluiu alianças – todas obscenamente envergadas a seu favor. Depois do Reino dos Bandidos terem sido coagidos à submissão, agentes do Ancião viajaram para Ket, Tusmit e Perrenland, urgindo-os a tomarem em armas. Ket e Tusmit responderam favoravelmente enquanto Perrenland ofereceu apenas mercenários e uma promessa de neutralidade nos anos seguintes. Outros agentes penetraram nas Montanhas das Brumas Cristalinas (Crystalmists Mountains), esperando atiçar as criaturas residentes para atacar as terras benignas.

Quando enfim a primavera chegou, vários novos exércitos estavam em marcha: A força principal de Keoland movia-se pelos passos das Montanhas Lortmill; um pequeno mas experiente exército do Grande Marquesado passava através das Colinas Lorridge (esporão norte das Montanhas Lortmill); Celene enviou um pequeno destacamento ao norte através das florestas; e a Liga de Ferro se agregava em Idee e Irongate. Entre as forças malignas, Ket estava preparada para atacar Bissel; o Marquesado dos Ossos ameaçava Ratik e Nyrond enquanto navios dos Barões do Mar e do Domínio das Ilhas singravam para a Baía Grendep para acabar com as incursões dos navios bárbaros suelitas.

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Exército Keolandês

Um Império onde antes não havia

Enquanto novos exércitos marchavam ao norte, eventos surpreendentes se desenrolavam numa parte do mundo há muito negligenciada – Pomarj (um termo corrompido de marquesados pobres). Outrora parte do Império de Keoland (atualmente um reino), este ermo entremeado de montanhas e bosques há tempos tinha passado para as mãos de tribos humanoides selvagens (embora havia alguns pequenos e mesquinhos nobres humanos locais). Ao passar de décadas, o Principado de Ulek tinha feito numerosas tentativas em reclamar a região, mas ninguém conseguia derrotar a feroz resistência dos orcs e goblins que se abrigavam neste território. Pomarj rapidamente ganhou uma reputação de morte, escravidão, degeneração e riquezas. Apenas humanos e outros humanoides aliados (anões, halflings, gnomos, elfos, meio-elfos) corruptos ou aventureiros adentravam intencionalmente nestas terras.

A reputação selvagem ocultou das terras vizinhas de Celene e Ulek os eventos que estavam se desenrolando em Pomarj. Uma revolução tinha ocorrido como jamais fora vista antes: um líder meio-orc tinha emergido. Após clamar a chefia dos povos Nedla, Turrosh Mak tomou controle das tribos vizinhas[33]. Proclamando-se Déspota, Turrosh Mak procedia em agrupar a coleção de tribos díspares numa única confederação. O que parecia ser uma tolice em sequer tentar, o Déspota Mak conseguiu.

[33] Como um meio-orc – normalmente ostracizado pelos orcs – obteve comando de uma das maiores tribos em Pomarj é um mistério. Alguns estudiosos especulam que Mak foi ajudado por um mago ou talvez pela Irmandade Escarlate.

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Turrosh Mak – Senhor do Pomarj

Para obter um controle sobre esta tumultuada e belicosa coleção de orcs, goblins, gnolls, ogro e similares, Turrosh uniu todos a uma causa comum. As estórias das Guerras Odiosas, que expulsou as tribos das Montanhas Lortmil, ainda circulavam ao redor dos fogos dos conselhos tribais, logo Turrosh precisou de pouca persuasão para convencer os chefes em reclamarem o seu “direito de nascença”.

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A Horda do Pormaj, O exército de Turrosh Mak

Por um golpe de sorte, Turrosh atacou no momento mais oportuno. Os grandes exércitos tinham acabado de sair das terras do sul, levando com eles alguns dos melhores homens e generais dos reinos. Com a atenção dos outros focada ao norte, a recém-proclamada nação orc conseguiu tempo para se organizar e crescer.

Proclamando arrogantemente que ele “forjaria um império onde nenhum existia”, Turrosh preparou seus exércitos selvagens no mês de Preparos. Ele escolheu suas conquistas cuidadosamente, procurando por vitórias fáceis. Numa sequência rápida, Elredd, Badwall e Fax caíram ante os exércitos humanoides e o sul da Costa Selvagem foi tomado. Instigados pela vitória, as tribos se voltaram para o sudoeste, marchando através da temível Floresta Suss e para o interior do Principado de Ulek.

Como já foi colocado, este ataque foi executado num momento oportuno. Apesar do Principado não ter entrado na aliança, todos os vizinhos que poderiam oferecer ajuda a esta pequena nação assinaram o pacto, enviando tropas excepcionais para bem ao norte das Lortmils. O pequeno exército do Principado, apesar de resoluto e profissional, foi pego totalmente de surpresa pelo conjunto unificado de tribos que invadia. O anão Guardião da Jóia, Augustus Escória da Queima de Carvão, lutou o melhor que pode, mas contra tamanho número, poderia apenas organizar uma retirada cuidadosa e organizada. Finalmente, nas colinas das Montanhas Lortmill mais baixas onde os anões lutariam em melhores condições, Lorde Augustus compôs sua firme resistência, apesar de que naquela hora toda a porção leste de Ulek fora perdida.

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Augustus Escória da Queima de Carvão

Reconhecendo a fragilidade da confederação tribal, Turrosh não pressionou o ataque. Os seus orcs precisavam de vitórias para manter o entusiasmo e o Déspota estava determinado em evitar uma batalha prolongada e sem conclusão. Satisfeito com seus ganhos, Turrosh posicionou seus contingentes humanos na linha de Ulek e direcionou suas hordas orc ao norte[34]. Tinha chegado a hora para o Déspota reclamar o direito de nascença ancestral de Pomarj.

[34] O Déspota odiava e precisava de suas tropas humanas. Apesar de detestá-los por serem fracos e carentes de selvageria (quando comparados aos orcs), ele sabiam que eles tinham maior paciência para uma campanha prolongada. As forças orcs, por outro lado, minguariam se não fossem providas constantemente com batalhas e vitórias.

Evitando grande trechos de floresta ao norte, Turrosh comandou seus exércitos para o noroeste, descendo a cordilheira Lortmill entre Celene e o Condado de Ulek. Os gnomos, halflings e anões das colinas lutaram com coragem e perícia, mas muitos de seus soldados mais corajosos e mais bem-treinados estavam longe, em Furyondy. Os orcs prosseguiram adiante ao noroeste, virtualmente sem oposição até alcançarem o passo de Celene. Lá, uma força combinada de reservistas – humanos, anões, gnomos, halflings e até elfos de Celene – mantiveram sua resistência no lugar.

A Batalha do Passo de Celene foi sangrenta e duramente engajada. Os batedores da Liga da Equidade (como os defensores se intitulavam) tinham acabado de alcançar uma curva angulada do passo quando avistaram os primeiros orcs, batedores avançados como eles. Por ordem de Rourk Pedralascada, seu grupo de batedores, não mais do que 200 anões, ergueu apressadamente uma barricada de terra e pedra – um reduto em cunha ao longo da extremidade distal do passo. Percebendo que o seu comando estava em inferioridade numérica desesperadora, Pedralascada despachou corredores sob a escuridão da noite para Celene e Ulek. Apesar dos mensageiros arriscarem os perigos do passo, desconhecendo se os orcs também rondavam por lá, aqueles que permaneceram encontraram um destino mais cruel. Se os mensageiros fossem mortos, ou se alcançassem as terras civilizadas tarde demais para que os reforços enviados efetuassem um resgate, Pedralascada e seus homens não poderiam fazer nada exceto lutar até o amargo fim.

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Rourk Pedralascada e seu grupo de batedores, não mais do que 200 anões

O primeiro ataque veio sob a escuridão da noite – uma tática orc padrão. O ataque não era nada mais do que uma carga desenfreada, uma tentativa de sobrepujar seus defensores através de seu número superior. Sob o comando frio de Pedralascada, entretanto, a barricada resistiu. Ondas de orcs golpeavam o baluarte pelo passar das horas na escuridão, recuando apenas ao amanhecer. O sol da manhã revelou uma cena igualmente atordoante e horrível: incontáveis cadáveres de orcs se dispunham em pilhas sangrentas ante a parede rochosa, adicionando sua massa ao baluarte. As perdas dos anões, apesar de bem inferiores, ainda eram severas. Apesar da necessidade urgente de descanso das tropas, Pedralascada ordenou a construção de um segundo e até um terceiro muro atrás da primeira parede.

Pelos próximos três dias, os Defensores da Equidade se agarraram à sua posição rochosa contra onda após onda de orcs e goblins. Quando os reforços de Ulek finalmente chegaram[35] as tropas austeras estavam estonteadas ao encontrar Pedralascada e 30 de seus homens ainda vivos, tenazmente mantendo o passo atrás do último reduto. O comandante da força de apoio há muito já os considerava mortos. Por sua bravura, Rourk Pedralascada recebeu um pequeno baronato e suas tropas receberam uma grata pensão para o resto de suas vidas[36].

[35] Nenhuma tropa de apoio chegou de Celene. Os elfos naquela época clamaram que nunca receberam avisos sobre a situação problemática. Várias semanas depois, entretanto, um mensageiro retornou ao passo dizendo que ele entregara pessoalmente as notícias das condições ruins de Rourk ao Luminoso Comandante-Elfo Jevrail. Não há evidência que apóie a declaração do mensageiro e muitos (certamente os elfos) acreditam que ele estava mentindo para ocultar sua própria deserção.

[36] Os anões desenvolveram após este episódio a classe de combatentes conhecida como Anão Defensor – Os intransponíveis.

A defesa de Rourk parou o avanço orc. Novamente o Déspota de Pomarj interrompeu seus ataques, desta vez para lidar com chefes rebeldes em sua terra natal. Apesar de Turrosh Mak poder ainda manter seu império coeso, expansões adicionais teriam que esperar.

Com a pausa de Turrosh, as nações Uleks prepararam para contra-atacar, mas mesmo combinados os seus exércitos estavam fracos e machucados demais. Apesar de Celene, do outro lado das Lortmils, ter assegurado totalmente sua vitória, a nação de elfos não tinha intenção de ajudar,

Há muito desconfiada de forasteiros, Sua Majestade Faérica Yolande agora deixava seus temores e suspeitas paralisarem a sua nação. Em sua cabeça, humanos do norte tinham “exigido” sua ajuda e daí drenado tropas vitais de suas terras. Agora anões e gnomos, que não eram amigos dos elfos, pressionavam-na por ajuda nas montanhas. Nenhum reino se ofereceu para ajudar Celene em defender seus bosques contra a ameaça de Pomarj, ela raciocinou, então Celene não ajudaria os outros. Numa breve e enfática proclamação, a Rainha de Celene convocou o retorno de suas tropas de Furyondy e fechou as fronteiras de sua nação. Outros tinham começado estas guerras e outros iriam resolvê-las – sem a perda de vidas de elfos.

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Sua Majestade Faérica Yolande e seu poderoso exército imortal

A Conquista de Almor

Na medida que as nuvens da primavera se dissipavam no leste, o Comandante Osson, ainda acampado em Medegia, não poderia negar o destino reservado para ele e seus homens. A esperança que ele tinha depositado no Domínio das Ilhas provou-se equívoca. Navios dos Barões do Mar — os tubarões de Ivid V— patrulhavam as águas do Mar Aerdy enquanto os descansados e reequipados exércitos aerdianos aguardavam Osson em cada fronteira. Até o campesinato que Osson esperava que o apoiasse permaneciam quietos, temendo vingança quando as legiões do Rei Supremo voltassem. Assim, com plena noção de sua morte, a cavalaria participou do campo de batalha uma última vez, numa tentativa de fuga em direção às Terras Altas.

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A Última Batalha de Osson

Apesar de Osson ter planejado uma retirada ordeira para maior segurança, isto não estava destinado a acontecer. Enquanto a cavalaria galopava através do Rio Flanmi, a maioria de seus oficiais caiu ante os arqueiros do Exército Aerdy. Tantos caíram na verdade, que mesmo o enérgico e brilhante comandante não conseguiu frear o atropelo desordenado da cavalaria. Antes mesmo de assegurar o campo, cada homem montado que ainda respirava cavalgava rápido para as colinas e a segurança de Sunndi. De lá, a destroçada fileira da cavalaria rastejou em direção para casa por intermédio da Liga de Ferro. O Comandante de Campo, Osson de Chathold, não retornou, e o seu destino final permanece um mistério. A Grande Incursão Almoriana tinha finalmente chegado ao seu fim.

Somente após os diabos entre as legiões aerdianas terem se satisfeito com a carne dos mortos que o Rei Supremo ocupou Medegia. Ivid ordenou que a terra – protegida de saques durante a breve posse de Osson – fosse estuprada e saqueada. Insatisfeito com o tormento eterno aplicado ao seu Sagrado Censor, Ivid queria que cada homem, mulher e criança da província rebelde sofresse. O Rei Supremo autorizou a pilhagem e espólios para cada soldado e alguns comandantes até lutaram pequenas batalhas pelo direito de saquear cada cidade. A determinação de Ivid em arruinar Medegia removeu então seu maior exército do combate por algum tempo.

A incursão de Osson realizou muito a favor de Almor: destruindo o Exército das Glorioles, redirecionando o Exército Aerdy para a conquista de Medegia e providenciando tempo para que Almor formasse exércitos e erguesse fortificações. Mesmo assim, a resistência almoriana no final provou ser fútil. O Rei Supremo – com Ahlissa, Medegia (o que sobrou dela), a Província do Norte e o Marquesado dos Ossos ao seu lado – descarregou toda sua força no infeliz Prelado.

Os historiadores hesitam em chamar a invasão de Almor de batalha: ela foi mais acuradamente um massacre. Exércitos de Ahlissa e das terras centrais convergiram sobre Chathold ao sul e a leste; o Exército do Norte marchava através da Floresta Adri para tomar a fronteira entre Almor e Nyrond; e os orcs do Marquesado dos Ossos ferviam através das Colinas Pedregosas (Flinty Hills), cortando em direção ao flanco das forças nyrondêsas. Ivid então atropelou Almor em três frontes e preveniu Nyrond de ajudar o Prelado.

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O Massacre a Almor

Ironicamente, tanto o ataque quanto a queda de Almor surgiram no mês de Bonança (alto verão). Apesar de Chathold possuir uma grande guarnição e com provisões adequadas para resistir a um sítio convencional, os defensores caíram ante à fúria mágica liberada pelos magos e clérigos do Rei Supremo. Num único dia, chamado atualmente de O Dia do Pó, magos e clérigos cruéis destruíram os muros, as construções e os cidadãos de Chathold com um ataque furioso de terremotos, bolas de fogo, enchentes, nuvens de gás venenoso e efeitos piores. Quando a fumaça se dissipou, nada sobrou de Chathold para ser saqueado ou arruinado. Ivid ordenou, entretanto, que o corpo de Kevont, Prelado de Almor, fosse encontrado e exposto por um mês sobre os portões derrubados da cidade. Assim, a nação de Almor desapareceu da face da Flanaess.

Os guerreiros Montados de Ket

Enquanto isso no oeste, Iuz se deparava com uma poderosa coalizão de exércitos do bem. Furyondy, Veluna, Grande Marquesado, os Uleks (as novidades de Pomarj não tinham ainda chegado às tropas do tratado), Keoland e Yeomanry, todas uniram seus estandartes contra o Senhor do Mal. Com a Sociedade dos Chifres e o Punho Pétreo como seus únicos aliados voluntários, a destruição de Iuz parecia certa.

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A Cavalaria de Ketita

Porém, a própria diplomacia do Senhor do Mal frutificou. No início da Bonança, os guardas de Bissel das torres de vigília erguidas ao longo do Rio Fals avistaram os estandartes do novo aliado de Iuz, Ket. Os exércitos vigilantes de Bissel se moveram para bloquear o avanço inimigo e manter esta força montada por várias semanas ao longo da linha do rio.

Veluna, temendo que os guerreiros montados poderiam se voltar para Mitrik, retirou tropas da fronteira de Furyondy. Ao mesmo tempo, os relatos do ataque de Pomarj alcançaram os comandantes de Ulek. Divididos entre as promessas para o Rei Belvor e as necessidades de sua terra natal, o Duque de Ulek (comandante supremo dos exércitos dos dois reinos – Condado e Ducado de Ulek), separou suas forças em duas, retornando apressadamente para suas terras e mantendo a outra em Furyondy.

Para completar estes reveses, uma nova ameaça veio da cordilheira das Brumas Cristalinas (Crystalmists): gigantes, ogros e outras criaturas horrendas, há muito mantidas à distância, surgiram nos vales montanhosos do Grande Ducado de Geoff e do Marquesado de Sterich. Os regentes destas terras enviaram apelos frenéticos ao Rei Skotti de Keoland, mas com a saída do grosso de seu exército, o rei tinha pouca ajuda a oferecer. Até mesmo suas forças reservas foram comissionadas para a fronteira Ulek. Ainda assim, Rei Skotti raspou e agrupou quaisquer forças militares que ainda tinha e as ofereceu para o Conde Querchard de Sterich, na condição de que o conde reconhecesse a autoridade de Keoland sobre ele. As negociações desperdiçaram um tempo precioso. Antes que os dois nobres pudessem chegar a um acordo, Sterich e Geoff foram invadidas em atropelo.

Gigantes e ogros também desceram das montanhas par atacar o Yeomanry, que – diferente de seus vizinhos nortistas – expulsou os monstros. Os sólidos camponeses de Yeomanry há muito tinham se acostumado em tomar armas em defesa de sua terra. Tornando um acampamento armado, o Yeomanry repeliu seus atacantes, mas carecia de força para desenraizar as criaturas de suas fortalezas montanhosas. Estes problemas gigantes, como passaram a ser chamados, preveniram o Yeomanry de enviar mais reforços para Furyondy.

Na mente de alguns estadistas e sábios, as forças do mal pareciam ter se unido em torno de um grande plano[37]. Em consequência da invasão de Pomarj e dos problemas gigantes, Iuz lançou uma nova rodada de ataques. O Senhor do Mal primeiro os direcionou para Chendl, mas quando os seus exércitos foram repelidos, ele rapidamente mudou o ataque para leste de Crockport. Ao mesmo tempo, a Sociedade dos Chifres vadeava o Rio Veng e promovia um sítio a Grabford. Pressionado por estes ataques, as forças de Furyondy recuaram e os exércitos de Iuz tomaram as margens do Lago Whyestil. A armada de Whyestil, que por muito tempo tinha assegurado a preponderância de Belvor naquelas águas, escapou por pouco, velejando o rio Veng abaixo até o grande lago Nyr Dyv.

[37] G. Ivril, mais do que qualquer outro, apoiava esta teoria. Ele insiste que o “tempo” preciso dos ataques de Iuz, Pomarj e das Brumas Cristalinas denotavam um plano central. Realmente, os agentes de Iuz procuraram incitar os habitantes das duas últimas regiões, mas incitar goblinoídes e gigantes é muito mais fácil do que organizá-los taticamente para ataques coordenados. É mais provável, como Ponfert sugere, que os ataques foram simultâneos porque os monstros de Pomarj e das Brumas Cristalinas perceberam simultaneamente a preocupação dos vizinhos com Iuz e decidiram atacar. De acordo com Ponfert, por conseguinte, os agentes de Iuz apenas incitaram ataques ao invés de liderar exércitos de criaturas em invasões precisamente planejadas

As forças do mal também provaram o gosto da derrota, entretanto. Enquanto Iuz marchou para o leste, Belvor contra-atacou na Floresta Vesve. Ajudado por elfos daquele bosque e os patrulheiros do Vale Alto, ele destruiu sistematicamente os antigos campos tribais orcs. Com a destruição do lar de cada chefe insignificante, Belvor eliminou um pouco da habilidade de Iuz em se reforçar e reconstruir. Enquanto isso, as forças de Veluna impediam o avanço ketita em Mitrik.

Bissel não teve tanta sorte: os seus soldados não puderam segurar a fronteira contra os guerreiros montados. Após penetrar a linha do Rio Fals, Bei Zoltan (tradução de Beygraf, título equivalente ao de um governador turco), o Escudo da Fé Verdadeira, forçou o Marquês de Bissel a aceitar os termos de rendição. Com a paz concluída, Ket controlou as rotas vitais de comércio que passavam através da Garganta do Bosque Espinhoso.

Contínua em:

O Rei louco assume o campo de batalha

Perdeu alguma coisa? Acesse:

  1. As Guerras de Greyhawk – Parte I
  2. As Guerras de Greyhawk – Parte II
  3. As Guerras de Greyhawk – Parte III

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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