Essa é a continuação da sessão ocorrida no dia 11.01.18, com os Heróis do Templo. Para ler a primeira parte desta história, clique aqui.
Narrador: Bruno de Brito
Data da Sessão: 11.01.18 (A primeira de 2018!)
Jogadores:
Diogo Coelho (Gatts)
Fabrício Nobre (Eophain)
Bruno Simões (Kalin)
Daniel Alonso (Pyrus)
A ACADEMIA TOLARIANA
Os aventureiros notaram com grande surpresa a paisagem mesclada entre barro amarelado, alvenaria e natureza. Uma série de prédios formavam a Academia Tolariana. Uma obra de engenharia ímpar aninhada entre um bosque denso na zona periférica de Verbobonc.
Gatts se viu deslumbrado com tamanha fonte de informações e de certa forma invejou os jovens que estudavam despreocupados por entre as praças, o parque de grama verde e outras áreas ao ar livre. Ele queria poder ter igual tempo e disponibilidade para ser como aqueles jovens, um estudioso mais afinco da magia que ele tanto apreciava e dependia. Isto causou certa irritação ao guerreiro mago que optou por focar no que interessava.
Já fazia algum tempo que Gatts não aprendia novas magias, e seu conhecimento estava reconhecidamente defasado. O guerreiro mago já tinha presenciado conjurações e efeitos que estavam longe de seu saber, e ali seria o lugar ideal, não para aprender, mas conseguir pergaminhos ou mesmo grimórios que lhe permitisse estudar ao longo das viagens que sabia teria pela frente. Não era o melhor dos mundos, mas pelo menos poderia absorver novos encantamentos e efeitos mágicos.
Porém não foi como imaginou, Gatts acabou por perceber que precisaria de mais tempo para pesquisar pergaminhos e negociar livros de magia em troca de novas fontes de aprendizado. E mais uma vez o guerreiro mago se frustrou. Os pergaminhos disponíveis não lhe interessavam pelo que ele tinha a oferecer, um grimório do fogo – livro com magias que chegavam até a 3ª esfera de conjuração e todos relacionados ao elemento fogo.
Até que neste momento um mensageiro chegou até o local onde Nybas, Gatts e Kalin estavam. O homem vestido em trajes leves, porém muito polido aos heróis:
– Boa tarde cavalheiros, tenho aqui uma carta do Abade Regis de´La Frank, o que está endereçado ao nobre soldado kensai Eophain Al´Durkan. Sou Rubens Croix, estafeta oficial de Verbobonc. Eophain é algum de vocês?
Surpresos com a situação o grupo avisou ao mensageiro que nenhum deles era o kensai, entretanto conheciam Eophain e poderiam entregar-lhes a carta. Curiosos sobre quem seria o abade mencionado, o mensageiro disse:
– O Abade é governante de uma das “tutelas” do Viscondado de Verbobonc, por assim dizer, ele é um nobre político dessas belas terras verdejantes em que vós se encontram. Queiram por favor fazer-me a gentileza de dirigir a missiva a vosso companheiro, é possível?
E com expressões afirmativas, o grupo recebeu a carta. E ainda que não a tenham aberto, alimentaram grande curiosidade sobre a natureza de seu conteúdo.
Não tendo se entusiasmado com os pergaminhos oferecidos em troca do grimório do fogo, Gatts entendeu que teria que voltar a Verbobonc em uma oportunidade futura, explorar a academia àquela velocidade lhe faria perder mais tempo que ganhar com adição de novos conhecimentos. O Guerreiro Mago realizou uma nota mental. Voltaria a Academia Arcana Tolariana, e ele esperava que muito em breve…
– Vamos! Não há mais nada que possamos fazer aqui. Obrigado senhor pelas ofertas. Retornarei com mais tempo em uma oportunidade futura.
E assim quase ao final da tarde o grupo seguiu de volta para a estalagem Gamo de Ouro.
ENCONTRO POLÍTICO
Batidas a porta tiraram Eophain do exercício de polir sua espada juramentada e luzir seu aço. O kensai estava com as energias revigoradas. Não imaginava o quê além disso um soldado poderia querer. Ele também notou quando Pyrus que lia um pequeno livro de bolso foi retirado de sua concentrada leitura.
À porta estavam o trio formado por Gatts, Kalin e Nybas. Eles adentraram o quarto e pela expressão no rosto deles, Eophain tinha certeza que não era coisa boa. O kensai, temia por notícias de seu príncipe. E foi Gatts que lhe entregou a carta com o selo em amarelo indicando uma mensagem oficial. O soldado furyondês rompeu o lacre e iniciou uma leitura de seu conteúdo.
Os demais aguardavam Eophain concluir e tentar ler em sua expressão algo que denunciasse o conteúdo da carta. Mas o soldado exibia uma face em mármore ilegível, frio como o vento que soprava pela janela trazendo alguns flocos de neve.
– É uma carta convite, do Abade Regis de´La Frank. Ele convida a mim e minha comitiva para um jantar no inicio da noite de hoje. Não há detalhes natureza da conversa, apenas o convite…
O grupo se entreolhou tentando adivinhar qual seria o motivo daquele misterioso convite, mas não conseguiram chegar a uma conclusão. Sem muitas alternativas, preferiam providenciar vestes mais formais que pudessem servir para a ocasião, e cerca de 2 horas depois estavam a caminho do local.
O bairro indicado no convite era a região mais nobre de Verbobonc. Certamente Regis era uma figura de poder e influência. O grupo já tinha ouvido falar que Verbobonc era governada por Abades e que cada um cuidava de uma tutela, o que seria correspondente a bairros e vilas nos arredores de Verbobonc, Kalin sabia devido seu conhecimento religioso que Verbobonc era dividida em 8 “Tutelas”, e essas compunha o centro de governo daquela rica cidade.
Um grupo de 10 cavaleiros, vestidos com cota de malha e lanças, abordou o grupo e após revelarem sua intenção e a carta convite, foram escoltados até a residência.
Situado ao fim de um belo jardim coberto por neve, o grupo notou a mansão. Ainda que a neve recobrisse diversos pontos com o branco habitual, os aventureiros notaram como era grande e bonita a construção. A frente do jardim um muro vivo com plantas circundava toda a área, e em sua entrada principal dois sentinelas observava o grupo que se aproximava.
Um homem mais atras parecia já estar aguardando os ilustres visitantes e tão logo eles revelaram seus nomes aos seguranças, ele sinalizou para abrirem os portões. O mordomo era o governante da casa, e educadamente pediu que os aventureiros os seguisse. Avançando próximo da figura educada e polida do mordomo o grupo foi notando como era grande e belo jardim e a casa mais a frente.
Os aventureiros foram convidados a aguardar em uma suntuosa sala. Quadros, estatuas, um belo sofá e poltronas adornavam o cômodo. Ao centro uma pequena mesa com uma bandeja de prata e pequenos copos circundavam uma bela jarra feita de metal dourado. O grupo se sentou e aguardou por breves momentos até que um um homem surgiu de um corredor adiante.
Vestindo trajes requintados, branco e dourado, o homem de aproximadamente 50 anos recebeu os heróis com um sorriso.
– Boa noite meus caros, peço desculpas por tê-los feito esperar além do tempo necessário, mas assuntos de trabalho ainda me acompanharam até casa. Chamo-me Regis De´l a Franq e sou abade de Verbobonc em nome do Santo Cuthbert. Alguns de vocês reconheço pela história que os precederam. Eophain Al´Durkan, Lorde Nybas…
Olhando para os demais, Gatts os apresentou:
– Eu sou Gatts, este é Kalin, aquele é Pyrus…
Ao passo que Pyrus o corrigiu:
– Sir Pyrus, Gatts.
– Isso! Sir. Pyrus.
– A que devemos pomposo convite?
– Sou grato por terem aceitado tão rapidamente meu convite. Vocês tem fome, desejam beber algo, por favor…
Bebida foi servida e antes mesmo de terminar Regis revelou o motivo de seu chamado. Tomando conhecimento da presença dos heróis na cidade, ele propôs ao grupo uma troca.
Político que era, a proposta balançou e até mesmo surpreendeu Gatts e Eophain.
Claramente ciente da situação de Furyondy, uma proposta foi feita. Um acordo comercial para enviar 1 tonelada de madeira de construção, e 15 toneladas de pedra de alvenaria ao longo de 6 meses, contados a partir da assinatura do acordo. Ao preço unitário de 100 trigos (moedas de ouro) para cada 10 quilos de madeira e 10 trigos para cada quilo de pedra, mais custos de transporte de 1.000 moedas de ouro. Este preço poderia reduzir em até 50% caso eles possam ajudar a cidade em um conflito que atualmente tem causado problema nas relações comerciais entre Verbobonc e os gnomos das Colinas Kron.
Surpresos com a inusitada proposta o grupo pediu um momento para discutir a oferta. Os bens oferecidos pelo abade certamente seriam valiosos à condição do rei, e por 50% do valor, não haviam muito o que pensar. Em verdade a maior dúvida do grupo era o que fariam. Precisavam seguir de encontro a Sandy e o príncipe, mas tudo depois deste encontro poderia mudar. E foi então que Nybas se ofereceu para ficar e iniciar a missão até o regresso do grupo para a empreitada. A condição de atrito político entre o Viscondado e o reino Gnomo de Kron era de conhecimento de Gatts. Ele mesmo havia testemunhado a ira de Urthgan (Ur-fi-gan), rei gnomo de Kron, que era aconselhado por uma misteriosa figura envolta em mantos…
A recordação daquele encontro trouxe a Gatts a clara lembrança de onde tinha visto aqueles olhos, aquela barba… O conselheiro de Urthgan era seu tio – Sauber Benelovoice. Gatts tinha certeza, havia ficado impressionado por ter testemunhado a mão cadavérica que ele carregava e não tinha se atentado para o rosto.
Eophain percebeu a perda da fala de Gatts, o guerreiro mago repentinamente se perdeu em seus próprios pensamentos interrompendo a fala quando sua memória veio a tona. O pai de Sandy era o portador da Mão de Vecna e não obstante era quem estava alimentando a disputa entre o velho gnomo rei e o Viscondado.
Gatts revelou ao grupo o motivo de seu silêncio e uma nuvem escura pairou sobre a mente de todo o grupo, com exceção de Pyrus, que estava bebericando um licor e conversava com o abade mais afastado. O sacerdote de Joramy falava de seus feitos e de como poderia ser promissora a autorização de construção de um templo em nome de Joramy ali em Verbobonc.
O grupo tinha muito a discutir e não seria ali que o faria. Precisavam encontrar Sandy e com o grupo reunido decidir o que fariam com as novas informações. O abade aceitou a proposta de deixar Nybas em Verbobonc para iniciar a investigação. Gatts entregou ao abade todas as moedas necessárias para firmar o acordo. O grupo retornou para a estalagem, ainda conversaram um pouco sobre todas as informações que possuíam e tão logo foram dormir.
No dia seguinte, Gatts e os demais fora da cidade cavalgaram para o norte, há cerca de 1 dia chegariam até onde estavam Sandy, Aescriel, Erzurel e Thrommel.
Continua…
Nota do Mestre
Todos os personagens (Gatts, Pyrus, Eophain e Kalin) recebam 50 pontos experiência x nível pelas interpretações.