Viagem para Leste | Heróis do Trono

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Resumo da Sessão ocorrida no dia 30.03.19

Thrommel estava desperto, mas para Sandy e Eophain, os Heróis do Trono, ainda era estranho olhar para um dos homens politicamente mais poderosos de Flanaess e encarar isso com uma naturalidade desconcertante. Tom era simples, humilde e jovem para a posição que ocuparia nos próximos meses. Aos 40 anos, ele parecia na verdade possuir 30, e vivera pelo menos duas guerras. O homem que sentaria no Trono dos Cavaleiros estava conduzindo o grupo para o leste, e não para o sul. Para onde nem mesmo ele sabia o destino. A paladina e o kensai provariam suas astúcias contra inimigos diferentes de tudo que eles já enfrentaram até agora…

Essa é uma história original escrita por Bruno de Brito e revisada pelas hábeis mãos de Bruno Simões.

Nota importante: Faço um agradecimento especial a Fabrício e Patrick que em pleno sábado à noite, levaram o baba até quase 2h da madrugada de domingo. O nome disso é empolgação e dedicação e o jogo, espero ter feito por merecer. Confiram nas próximas linhas.

Estradas para o Sul

11 de Preparos de 592CY

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atts havia partido; o guerreiro mago desaparecera tão logo identificou que Caleb poderia estar em perigo. Sandy, Eophain, Dikstra, Silvertite e Thrommel, agora desperto, seguiriam para o sul. O único plano combinado com o guerreiro mago era que eles seguiriam para o sul, em direção a Reymend. Uma vez lá, aguardariam o sinal de Gatts. Juntos, os heróis poriam fim ao domínio da Legião do Chifre sobre Reymend.

E assim, se puseram a caminhar. Thrommel estava acordado, se mantendo em silêncio e observando os prados, céus, pássaros e eventualmente os seus companheiros. Sandy ele conhecia muito bem, mas os demais lhe eram como novos amigos. Haviam um mar de coisas para conhecer sobre eles. Em seu íntimo, ele queria se encontrar com Aescriel, o seu algoz, responsável pelo Ardil do Vampiro, história que lhe colocou em um estado latente de sensibilidade com o divino e o fez dormir por muito tempo. Ele também ansiava reencontrar com o guerreiro santo – Erzurel.

E foi Sandy que o tirou de seus devaneios. “- Tom, tem algo que preciso falar com você. Sei que pode parecer inoportuno e de certa forma inconveniente, mas…” A paladina refletiu cuidadosamente sobre as palavras que diria na sequência e desatou a falar: “- Você representa muito para Furyondy – para todos nós. Você é mais que um homem, é o símbolo da esperança. É a pessoa predestinada para pôr um fim em Iuz e sentar-se no Trono dos Cavaleiros. Justamente por essa razão, penso que sua condição é muito delicada e precisa ser preservada. A única forma que penso ser possível para algo assim, seria o senhor se juntando a uma nobre, uma mulher que possa dar-lhes um filho, um herdeiro…”

Sandy calou-se depois disso, baixou a cabeça e esperou, avaliando internamente cada palavra utilizada. Verificava se não cometera algum desrespeito ou algo similar, mas tinha certeza que precisava tê-lo dito. Mais do que assegurar Furyondy, Thrommel era uma segurança para o futuro.

Guardiões do Rei

“- Não quero que se preocupe com isso Sandy. Sei da importância de ter um herdeiro na atual circunstância, mas arrastamos a nossa condição de sobreviventes por tempo demais.” Era hora disso terminar. Em seu íntimo, Thrommel sabia que se fosse para continuar a sobreviver, seus súditos não teriam uma condição melhor do que a atual. A melhor alternativa era lutar, para buscar tempos melhores, mais estáveis e com garantia da paz incondicionalmente.”

Thrommel não disse as palavras que pensou, mas Sandy conseguiu ler exatamente isso em seus olhos. Era chegado o tempo de reagir. Ela percebeu que a monarquia de Thrommel não buscaria a paz momentânea, ou a defesa continua ante Iuz e seus asseclas. Ele queria uma paz duradoura, um estado permanente de bem estar. Seria isso possível? Ela teria que refletir sobre o assunto. Eophain caminhava próximo e acompanhava a conversa em silêncio, mas sentia-se satisfeito com a resposta do seu rei. Era hora de sair da retaguarda e sua espada estava pronta.

Dikstra observava a estrada a frente, olhando com estranheza para o dragonado da paladina que caminhava lânguida e de prontidão. Era um animal belo, pensava a meio-orc.

Aquele dia transcorreu sem mais conversas pertinentes ou qualquer encontro, e o mesmo ocorreu nos três dias seguintes. Silvertite caçava lebres e trazia para o grupo, mas Thrommel também conjurava comida através de seu poder. Além disso, o rei pedira ao kensai que o colocasse em forma novamente. Eophain logo percebeu que Tom não era um combatente nato, nem mesmo um paladino como pensara, estava mais para um clérigo. E compartilhou essas informações com Sandy, dizendo: “- Em hipótese alguma ele deve assumir a dianteira como combatente. Não sei o que ele é, mas homem de armas, com certeza não era.”

Encontros Inferiores

14 de Preparos de 592CY

O fim da tarde estava chegando e o grupo procurou uma clareira na qual pudesse passar seguramente a noite. Os heróis organizaram um sistema de turnos, no qual cada membro ficava duas horas acordado em vigília. Normalmente a paladina pegava o primeiro turno, Eophain o segundo, Dikstra o terceiro e Thrommel o quarto.

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O grupo seguia por uma região de bosque

Dikstra e Eophain avançaram um pouco mais à frente do grupo para verificar a segurança de uma clareira e, convencidos de que era um bom local, convocaram os demais membros.

Todos comeram lebres assadas caçadas pela manhã por Silvertite e a paladina iniciou o seu turno. Ela e a sua dragonado patrulhavam o perímetro iluminado e assim seguiam-se as horas.

O turno de Eophain logo chegou e sendo despertado pela paladina iniciou a vigília de seu turno.

Sonhos e Portais

No princípio o kensai pensou que Thrommel estivesse acordando, mas logo percebeu que ele dormia em um sono inquieto. Falava nomes e interagia com outras pessoas em sua mente. Em dado momento ele disse: “Marcos, resista, seus companheiros não estão distantes, mas os orcs chegarão antes deles, estou com você filho, resista…” E os nomes mudavam e as circunstâncias também. Agora Eophain entendia por que durante o dia Thrommel andava tão lento e com os reflexos de quem não tinha um sono tranquilo. Ele precisaria conversar com Sandy sobre isso.

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Eophain em sua vigília a noite, percebeu o inquieto sono de Thrommel

E um som na mata despertou o kensai de sua atenção para com o príncipe; ele não havia baixado a guarda ou o nível de prontidão enquanto observava Thrommel, e ainda que quem quer que fosse não quisesse atrair atenção, ele estava alerta, como um bom sentinela deveria sê-lo.

Antes que um novo movimento se fizesse audível, ele foi mais rápido e alertou aos seus companheiros de clareira: “- Acordem, inimigos na mata!”

A voz do kensai foi firme e resoluta, alta o suficiente para tirar todos do sono tranquilo, e das sombras dois seres apareceram diametralmente opostos a posição da clareira.

As criaturas eram pouco discerníveis na penumbra e elas intencionalmente pareciam se aproveitar disso. Quando todos estavam despertos, à exceção de Thrommel, Eophain teve a sua deixa para avançar no limite da luz e fazer frente à ameaça na escuridão. Mas foram elas que avançaram primeiro. Eophain viu o vulto indistinto se aproximando e adquirindo cada vez mais clareza, e o que ele viu não era algo que ele já vislumbrara em sua vida de aventureiro.

Demônios Indistintos

O que quer que fossem aquelas criaturas com aproximadamente 1,40m de altura, elas pareciam na verdade que eram de fato duas, unidas pelo tronco, esbeltas, com chifres demoníacos sobressaindo das cabeças e um aspecto completamente infernal. Para completar o pesadelo testemunhado pelos heróis, na barriga, uma grande boca surgia, com um aspecto de uma face. Com os 4 braços, dois terminando em garras e 2 em kukris, elas queriam sangue e a que chegou em Eophain o surpreendeu pela velocidade dos quatro ataques, enquanto do outro lado Dikstra também foi atacada por uma das criaturas. O mais surpreendente foi o recuo delas, sem gerar qualquer vantagem aos combatentes corpo a corpo. E aqui era diferente.

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Demônio desconhecidos

Quando as criaturas regressaram para as sombras, Eophain avançou ativando sua capa do deslocamento e, ao desferir seu ataque contra a criatura, falhou devido a penumbra onde se encontrava o ser. Havia algo mais que dificultava os ataques do guerreiro, no entanto ele não notara. Apenas os ferimentos garantiam que aqueles seres deveriam ser enfrentados com cautela.

Sandy tentou tirar o demônio enfrentado por Dikstra das sombras através de uma palavra mágica de comando ao desafio, no entanto a criatura resistiu ao poder mágico da paladina. Na verdade ela não precisou resistir. Uma aura existente no entorno do ser lhe concedia uma resistência natural a magias.

A Luz de Heironeous

Silvertite havia seguido para apoiar Eophain, e Sandy temeu pelo ímpeto do dragonado, enquanto ela permanecia junto a Thrommel velando por sua proteção. A paladina já imaginava que aqueles seres não estavam neste plano por mero acaso, e isso poderia ter algo haver com a natureza divina de Thrommel. Seus companheiros precisariam resistir às investidas. Dikstra chegou a ficar bastante ferida, e ela tratou de curá-la. Do outro lado ela viu quando Eophain ingeriu uma poção. Com certeza de cura. Ela chegou à conclusão de quem precisava de luz para tirar as criaturas da defensiva que se encontravam. Mas nenhum deles possuía uma fonte de iluminação mais forte que uma tocha ou a luz da fogueira. Enquanto isso Thrommel dormia um sono intranquilo, como se ali em seus sonhos uma batalha também estivesse irrompendo, e estava.

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A Luz de Heironeous

Impasse

Os aventureiros entenderam qual era a estratégia das criaturas. Era uma guerrilha perigosa. Eles saiam da escuridão, atacavam a vítima mais próxima e recuavam. Elas eram habilidosas o suficiente para fazer esse movimento sem gerar qualquer vantagem para Eophain ou Dikstra, que estavam no fronte de combate.

E foi de repente que um enorme clarão se fez presente no centro da clareira. A luz advinha de Thrommel. E iluminava a tudo a 18 metros como se o sol tivesse aberto uma janela particular para a região.

Diante dos heróis eles puderam ver claramente os seus inimigos, e vice-versa. Eophain e Dikstra já estavam preparando a investida para combater em pé de igualdade as criaturas, quando elas simplesmente desapareceram. como efeito de algum tipo de teletransporte.

Caminho no Escuro

Todos avaliaram os ferimentos, ainda em prontidão. Era possível sentir no arrepio da pele que aqueles seres ainda poderiam estar perscrutando a mata escura. Thrommel curou a todos com um pulso de energia positiva e Dikstra, que estava mais ferida, se sentiu melhor. Diante dos riscos, o grupo tomou uma decisão. Thrommel invocou uma benção conhecida como “Dormitar Acumulado”, e através dela, todos afetados poderiam dormir muito menos. Na prática, Sandy, Silvertite e Eophain permaneceram acordados, enquanto a bárbara e Tom concluíam o descanso. Uma hora antes do sol nascer, eles já se punham a estrada novamente.

15 de Preparos de 592CY

O dia transcorreu sem mais perigos. A lembrança das criaturas que os atacou na noite anterior ainda era o assunto principal entre os heróis. De onde vieram, e por quais motivos. Foi Thrommel que falou:

“- Essas criaturas são seres infernais, oriundos de planos inferiores, diferentes dos demônios e diabos, esses seres estão em uma classificação diferente, eles são chamados de Asura, estes especificamente eram Adhukaites, também conhecidos como Gêmeos Infernais. São seres que operam nos bastidores da morte, e compensam a falta de força física, com habilidades furtivas e de subterfúgio. Além disso, como vocês puderam constatar são criaturas resistentes a magia e extremamente rápidas. Elas não são originárias deste plano, mas também não foram invocadas”.

“- Mesmo não tendo sido invocadas, podem ser expulsas deste plano, através de dissipar magia?” indagou Sandy.

“- Através de Dissipar Magia não, pois elas não vieram a este plano através de uma magia de invocação. Elas atravessaram algum portal aberto. Mas um Dissipar o Mal, ou Expulsão, pode ser efetivo contra essas criaturas”.

Thrommel falava de magias em sua maioria de elevados círculos, seja arcano ou divino. E o grupo tomou seu caminho, com a noite chegando depressa.

Leste e não Sul

16 de Preparos de 592CY

O grupo acordou de manhã com uma conversa áspera entre Dikstra e Thrommel. Sandy e Eophain rapidamente entenderam o motivo da impaciência da meio-orc.

“- Não estamos indo para o sul, estamos indo para o leste!” Bradou a bárbara.

“- Dikstra, algo em meu íntimo me diz que é neste caminho que devemos continuar, não no sul, me entenda.” E foi Eophain que intercedeu:

“- Tom, combinamos de seguir para o sul para apoiar Gatts, lembra, e se ele estiver precisando de nosso apoio? A cidade está tomada por forças inimigas e nosso apoio pode ser fundamental para ele.”

“- Eu entendo meus caros, mas algo mais importante me diz que é para o leste que devemos ir, e não sul.”

“- O que há para lá?” Indagou Sandy, e foi a meio-orc que respondeu.

“- Se continuarmos nessa rota, logo veremos o Velverdyva e um pouco mais além, a vila de Stalmaer, um lugar para ser evitado.”

Em seu íntimo, Eophain sentia por Gatts, mas se o seu senhor queria ir nessa direção, ele respeitaria o novo curso. Já a paladina seguiria a rota de Tom, mas não podia arriscar perder a bárbara. Ela já tinha provado o seu valor e tê-la ao lado naquela confraria, lhe parecia a coisa certa a fazer.

“- Dikstra, eu lhe entendo. Você tem assuntos inacabados em Reymend, e acredite, lhe ajudaremos a resolvê-los. Aquela cidade está em nossa rota. Mas vamos ouvir Tom. Se você seguir sozinha, aquelas criaturas, os Asuras, podem estar à espreita. Siga conosco e logo que tudo se esclarecer, voltaremos a rota original.”

Sandy sabia ser convincente quando queria, e seus argumentos foram plausíveis. A meio-orc assentiu, ainda que emburrada pela mudança, e eles continuaram o caminho.

Thrommel pensou sobre os seus motivos e ponderou se eles o compreenderiam, ele precisaria arriscar…

Rhenos

E foi ao final deste dia que eles avistaram uma carroça viajando na mesma direção em que eles seguiam. Silvertite alertara Sandy que eram viajantes, não pareciam perigosos, e que havia crianças. O grupo acabou alcançando-os devido a velocidade lenta que a comitiva mais a frente estava.

O grupo de viajantes formado por 2 homens jovens, 1 velho, 2 mulheres (possivelmente esposas dos homens), além de 3 crianças com não mais que 7 anos. Era certamente uma família, dada a similaridade dos viajantes, além disso, eles tinham traços que eram diferentes do povo comum, provavelmente se tratava de rhennee.

Um enigma entre as raças de Greyhawk. Enquanto as outras quatro raças (Flãs, Suelitas, Oeritas e Baklunitas) podem localizar as suas histórias oriundas de outro lugar no continente, os Rhennee têm origens separadas. Algumas crenças fundamentam que eles surgiram inicialmente ao redor de Flanaess, na área ao redor da floresta de Adri por volta de 150 AC. Os Rhennee progressivamente deixaram o solo firme para se tornar migrantes nos rios centrais, até em comparação com as demais raças os Rhenee possuem poucos locais habitados hoje. Embora raramente comentem sobre o assunto com estranhos, as lendas contadas por eles, afirmam que a raça chegou ao plano material acidentalmente e dizem que sua terra original é bastante diferente de Flanaess.

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Rhenos encontrados no caminho para o leste

Aproximação

Sandy foi a primeira a adiantar o passo e se apresentar. Eophain e Dikstra se mantiveram de prontidão mediante qualquer ameaça que surgisse. Mas eles estavam bem mais assustados do que a comitiva que se aproximava e ao notar esse medo, Sandy percebeu que eles eram apenas viajantes, um homem se adiantou a frente da paladina e aguardou falarem primeiro, o que não demorou muito.

“- Olá! Somos viajantes, e estamos indo pela mesma estrada que vocês estão. Com os perigos que assolam esses prados, podemos nos juntar a vocês?”

Sandy sempre teve um sorriso fácil no rosto e uma total compleição de tranquilidade, isso gera nela uma empatia natural e uma reação positiva. O homem a frente dos rhenos disse: “- Não vejo problemas, podemos seguir juntos. Somos comerciantes de tecidos e pretendemos vendê-los em Stalmaer. Eu me chamo Ramirez, aquela é a minha esposa Carmem, Este é o meu irmão Miro e a sua esposa Alba. Na carroça está o nosso pai Valter e nossos filhos Lucca, Sebastião e Milanna.”

Os demais se aproximaram até onde Sandy estava, percebendo que não havia risco, e também foram apresentados por Sandy.

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Valter, o patriarca Rhennee

O homem mais velho observou a todos de sua carroça, seu aspecto era um misto de homem mal cuidado e até de certa forma maltrapilho. Uma grande mecha de seu cabelo estava unido em uma massa compacta e apesar da estranheza, algo nele era marcante. Os seus olhos. Sua íris era completamente amarela, a esclera (“parte branca do olho”), por fim sua pupila, esta era fendida… Mas nenhum dos heróis havia notado isso e o velho não fez questão de chamar mais atenção do que sua aparência miserável já transmitia.

A Viagem Segue

Feitas as devidas apresentações e dirimindo qualquer desconfiança, foi a vez de Silvertite atrair toda atenção das crianças rheno. E quiseram muito mais do que apenas tocar, quiseram também cavalgar no dragonado. Sandy se divertia e Silvertite também, era a primeira vez que Sandy via o dragonado sob uma ótica tão ingênua e tranquila. Era como um gato brincando com filhotes.

As mulheres rhennee mostrou à paladina tecidos e joias que encantaram a furyondesa. Era bem verdade que Sandy se impressionara com o fato de que na sociedade rheno, as mulheres possuíam tanta responsabilidade quanto os homens, e eles dividiam com elas tarefas que normalmente eram apenas femininas em sua sociedade, tais como preparar comida, banhar as crianças, cuidar das roupas, etc. Era um ponto de vista diferente, e Sandy havia gostado. E gostara muito mais dos tecidos.

Exórdios existia dentro da paladina e podia ser convocado a qualquer momento. Isso dava à Sandy a possibilidade de trajar qualquer vestimenta e rapidamente estar protegida em situações de perigo. Ela aproveitou dessa vantagem para poder mudar o seu visual. Seus cabelos originalmente ruivos ainda eram brancos, e aos poucos já era possível verificar a tonalidade voltando ao tom cobre vermelho original. Os demais aliados seguiram conversando com Ramirez e Miro sobre o caminho a frente e sobre a cultura daquele pouco.

A noite logo chegou e os aventureiros puderam conhecer a música rheno e a alegria daquele povo diferente. Os turnos foram mantidos e não houve perigos. Ainda que ao longe, a comitiva estivesse sendo acompanhada por olhos infernais…

Perigo no Estreito

17 de Preparos de 592CY

Logo cedo os aventureiros comeram da comida rheno, Thrommel produziu mais alimento, o que impressionou os novos companheiros, mas todos saborearam e apreciaram a refeição mágica. Tão logo estavam todos prontos, puseram a caminhar. Segundo Ramirez, no fim do dia ele estimava que chegariam a Stalmaer.

E foi por volta do meio dia que a comitiva chegou até as bordas de um vale estreito que era trilha do caminho deles. E nesse momento eles pararam para planejar a travessia. Ramirez e Miro disseram que iriam a frente para certificar da segurança do caminho e ainda que Eophain tenha se voluntariado, Thrommel de repente disse “Não” e segurando o braço de Sandy continuou: “- Sinto o cheiro de morte paladina, não deixe eles irem só, na verdade nenhum deles pode ir.”

Sandy foi pega de surpresa e percebeu nos olhos de Tom algo mais, uma vontade enérgica de impedir que algo de ruim acontecesse, mas ela percebeu que além disso, o perigo alertado pelas palavras do príncipe parecia iminente, como se estivesse para ocorrer naquele exato momento.

Os heróis sentiram a urgência do rei e nenhum dos rheno seguiu com Dikstra, Eophain e Sandy. O que quer que fosse, aquele trio era capaz mais do que qualquer um ali de enfrentar o desafio adiante, e esse inimigo não demorou a se revelar.

Lagartos Camuflados

O trio avançava poucos metros na frente da carroça, e na retaguarda se puseram Silvertite e Thrommel. Ramirez e Miro estavam com suas cimitarras em punho. Havia um clima de tensão no ar e tinha uma justificativa. Eles viram quando, à frente, onde se encontrava a paladina, os inimigos que estavam camuflados na rocha se revelaram e um odor insuportável subiu a narina dos aventureiros.

Tratava-se de trogloditas, a maioria no solo e paredes e outros montados em lagartos gigantes.

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Avançando pelo estreito, Dikstra, Eophain e Sandy foram atacados

Eophain analisou a posição de seus companheiros e viu que Dikstra estava mais afastada e perigosamente próxima da beirada do estreito. Um rio corria alguns metros mais abaixo, e qualquer desequilíbrio poderia levá-la correnteza abaixo. A paladina estava em uma posição melhor e logo ele estaria com o franco protegido por ela, até lá ele teria que abrir o caminho por entre os inimigos. E foi isso que ele fez.

O primeiro a atacar foi o lagarto próximo a Dikstra e, conforme previu Eophain, o animal conseguiu derrubá-la ao chão, mas por sorte ela conseguiu se equilibrar e evitar a queda. Sandy, que estava mais próxima, avançou contra o lagarto e o troglodita que a cavalgava, e conseguiu gerar uma defesa para a meio-orc. Em contrapartida, Eophain ficou mais vulnerável, pois os inimigos de Sandy viram o flanco do kensai aberto e se aproveitaram dele.

Não havia sido assim que esperava que as coisas fossem desenrolar, mas Eophain já tinha enfrentado aquelas criaturas antes, e sua resistência era baixa, apenas aquele fedor era insuportável e já lhe provocava náuseas. Isso prejudicava sua visão e concentração, mas mesmo assim sua espada desceu com violência decepando braços e cabeças de quem encontrava pelo caminho. Eophain era uma máquina de guerra.

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Trogloditas avançaram contra os heróis

Muitos contra Poucos

Os trogloditas avançavam sobre o trio, e não apenas contra eles. Mais atrás Silvertite e Thrommel também enfrentavam as criaturas e impediam o avanço por sobre a carroça. Trogloditas não são perigosos pela sua força de combate ou resistência, mas sim pelo efeito de seu odor fétido e sempre surgirem em quantidades perigosamente elevadas e era contra isso que eles estavam lutando agora.

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Os lagartos gigantes cavalgados pelos trogloditas

Eophain conseguiu se recuperar evitando os flancos contra os trogloditas e lagartos. Os grandes répteis eram mais perigosos que os seus cavaleiros, pois cada mordida de um deles causava o estrago de cinco trogloditas, e assim ele focou em eliminar essa ameaça primeiro e depois os trogloditas. Isto por que eles só conseguiam acertá-lo na sorte, uma vez que ele estava sob efeito do manto do deslocamento que lhe conferia uma chance de evitar os ataques dos inimigos e a sua bota da velocidade que lhe garantia velocidade suficiente para causar mais ataques aos inimigos.

Graças a ajuda de Sandy, Dikstra conseguiu se recuperar, e em fúria já abria espaço em meio aos trogloditas. A paladina assumiu a posição central do combate e derramava sobre os inimigos a lâmina de sua espada.

Vitória e Constatações

Pouco a pouco os heróis foram ganhando terreno e eliminando os inimigos. Mais atrás Thrommel e Silvertite conseguiram derrotar os seus inimigos e os que restaram no fronte da batalha fugiram quando perceberam que não poderia vencer os heróis. Ao fim, apesar dos inúmeros ferimentos sofridos, eles foram vitoriosos.

Eram muitos trogloditas, além dos répteis, e imaginando o resultado de um confronto dos rhenos versus aquelas criaturas, Sandy se arrepiou só de imaginar o resultado. Thrommel havia previsto aquilo, como era possível? Era visível no olhar dos rhenos que os heróis haviam lhes salvado a vida. Aquela rota seria utilizada por eles e o destino seria completamente diferente, se aqueles homens e aquela paladina não estivessem com eles.

Ramirez olhou para o pai, e viu nos olhos do velho patriarca uma tranquilidade que remetia a ciência sobre os fatos. E um pensamento no velho foi entendido por Ramirez. Eles até poderia ter tido um sufoco contra aquele encontro, mas nunca teriam sido derrotados… Mas Ramirez e os demais não transpareceram essa tranquilidade, pelo contrário. Exibiram um olhar de agradecimento aos heróis, e Sandy talvez a mais hábil em ler o comportamento humano, não foi capaz de detectar a dissimulação no olhar do rheno Ramirez.

A Mudança do Príncipe

O grupo voltou a caminhar, após as curas de Thrommel e também de Sandy. Eophain, Sandy e Dikstra estavam feridos, mas nada era grave e assim que se recuperaram, se puseram a caminhar. Thrommel pediu para seguir na carroça, talvez o cansaço e a sua recente recuperação ainda não estivesse plena. Sandy, desconfiada, olhou clinicamente Tom e não sentiu febre ou detectou qualquer sinal de ferimento ou inoculação venenosa. Talvez tenha sido apenas uma indisposição, fosse como fosse, o príncipe a tranquilizou e disse que estava bem.

“- Provavelmente tenha sido o esforço em alertar-lhes dos trogloditas, não se preocupe minha cara, eu ficarei bem. Só preciso descansar um pouco.”

E assim, ainda atenta ao monarca, Sandy e os demais seguiram, e conforme dito por Ramirez, ao final da tarde já a noite, eles adentraram em uma área rural com cabanas e casas de palha e avistaram mais ao longe as luzes de uma vila.

O que virá a seguir? Descobriremos na próxima sessão!

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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