Essa é a continuação da aventura ocorrida no dia 20.06.2020, nesta história o grupo formado por Gatts, Sandy, Talglor, Draig, Gillius e a aliada recém integrada Lytta Neyd (A verdadeira), correm contra o tempo para encontrar Reynard e salvar tanto o dragão, como o príncipe Thrommel. Essa história encerra os eventos relacionados a essa série de aventuras envolvendo os lugarejos de Stalmaer e Sobanwhych.
Jogadores:
Diogo Coelho (Gatts)
Patrick Nascimento (Sandy)Personagens do Mestre
Gillius – Anão Guerreiro
Lytta Neyd – Aguara Ladina
Talglor – Anão Clérigo
Draig – Elfa bardaRevisão: Bruno Simões
Essa história é a continuação do artigo: A Torre da Bruxa – Parte I
Leste ou Oeste
21 de Preparos de 592CY (madrugada)
ytta conhecia muito pouco daquela caverna, e informou os membros do grupo que tinha conhecimento de duas câmaras grandes o suficiente para abrigar uma criatura tão grande quanto um dragão. Uma situada no extremo à esquerda e outra, à direita. Uma dessas direções era mais longa que a outra. E o grupo decidiu arriscar pelo lado esquerdo.
Gillius explicou que aquela caverna não era uma formação natural, e que além de se manter a uma profundidade de cerca de dez metros, era plana, com pouco desnível. Era importante estarem atentos apenas para os corredores, que por serem muito estreitos poderiam facilmente representar uma armadilha. Gatts, Lytta e Draig ficaram na retaguarda, não apenas para preservar Thrommel, bem como os membros do grupo que avançariam.
E foi quando chegaram a uma encruzilhada, com três caminhos possíveis, que o grupo foi atacado novamente. De dutos situados no alto das paredes saíram dois grandes répteis, e eles não estavam sozinhos. Dois trogloditas monges e outros dois xamãs interceptaram o caminho do grupo e um combate se principiou. Desta vez, o grupo estava mais bem preparado para a refrega e conseguiu rechaçar os inimigos rapidamente. Apenas Lytta foi atingida por uma magia e ficou permanentemente cega. Um dos xamãs fugiu, ele estava enfrentando Sandy e ela o viu seguir por um corredor acima, mas não foi tola para segui-lo.
Não havia uma cura para a cegueira da Estaroste de Stalmaer. Talglor poderia livrá-la da cegueira, mas só o faria no dia seguinte. Ela considerou que seria um peso e cogitou regressar, mas foi desencorajada pelos companheiros. Ela se juntaria ao grupo de proteção a Thrommel.
A Sombra Perfeita
Gillius, Talglor e Sandy avançaram no rastro do troglodita xamã que escapou e chegaram até uma câmara, onde no chão em alto relevo havia um símbolo. O trio não teve muito tempo para entender o que era. O troglodita estava próximo de uma alavanca e a moveu, surpreendendo os três que imediatamente avançaram contra ele, não antes dele tocar o símbolo no chão e proferir palavras mágicas.
A luz mágica produzida pela espada sagrada de Sandy e a de Talglor, invocada através de sua fé em Moradin, foram engolfadas pelo poder de uma escuridão profunda que tomou a câmara. Ela se limitou à entrada do local. Do lado de fora, os demais observaram surpresos o ocorrido. Um combate às cegas se iniciou, e não era apenas o troglodita que atacava conjurando suas bruxarias xamânicas, novos inimigos surgiram ali dentro.
Seja o que fosse, os anões e Sandy sabiam que se tratava de alguma fera, pois rugia e mordia com grande ferocidade; Gillius contabilizou três destas criaturas.
Em um dado momento os aventureiros tornaram a ouvir palavras mágicas do xamã e foi quando o grupo viu três pares de olhos bestiais esverdeados surgirem na escuridão. Aquilo com certeza possibilitaria melhores chances de acertar as feras, no entanto havia uma maldade, como em tudo que cercava aquele local. O primeiro a sentir que os olhos eram carregados de algum efeito foi Talglor. O anão era muito experiente em enfrentar criaturas do subterrâneo e olhos como aqueles, já tinha visto mais de uma vez em sua vida de aventureiro. E ele logo que reconheceu, gritou aos seus companheiros:
“- Cuidado amigos, são todos Basiliscos!”
A cautela alertada pelo anão não ajudou. Estando com melhores chances de atingir, ainda assim a escuridão favorecia completamente os inimigos. E foi Gillius que definiu o curso que equilibrou a balança. Mesmo sem enxergar, mas considerando a voz contínua emitida pelo troglodita, o anão deu um passo e esperando estar próximo o suficiente, atacou a escuridão.
Gillius é um anão com longa data de aventuras e experiência, e ele não errou. O Machado do Trovão atingiu em cheio o pescoço do troglodita xamã e uma chuva de um sangue pastoso e esverdeado aspergiu para todos os lados.
A Luz e as Pedras
O troglodita xamã tombou sem vida no solo da caverna e o encantamento que estava sendo sustentado por ele imediatamente cessou. Podendo enxergar os inimigos, o trio pôde contemplar as tão temidas criaturas. Os Basiliscos eram criaturas médias com cerca de 1,5m de comprimento e cerca de um metro de altura. Com um aspecto réptil atarracado, oito pares de patas, possuía uma pele azul e uma crista pontilhada de espinhos da cabeça à cauda. Mas os seus olhos que detinham o verdadeiro poder.
Vendo o que eram, Gillius sabia que o combate deveria acabar o mais rápido possível, e o que ele fez impressionou a todos. Concentrando na energia de seu machado, o anão se posicionou e descarregou um poderoso relâmpago através de seu machado. Tamanha foi a carga, os dois basiliscos no caminho do raio foram completamente fulminados.
Talglor derrotou o último Basilisco no mesmo momento que Sandy acionou a alavanca, reabrindo a passagem. Mas para a surpresa dos anões e da paladina, Gatts e Draig estavam petrificados. Surpresos com a condição dos aliados, o primeiro a agir foi Talglor. Ele conhecia uma forma de reverter aquele estado, mas precisariam ser rápidos. Sandy, Talglor e Gillius carregaram a criatura até onde estava Gatts e com um corte no pescoço dela, aspergiram o sangue do basilisco sobre o aliado petrificado, e logo depois o fizeram sobre Draig. Pouco a pouco a pedra foi virando carne novamente e eles estavam livres da perturbadora condição de petrificação.
Acesso Final
Na câmara onde os basiliscos foram derrotados havia muitas moedas, obras de arte, tesouros em geral, mas que foi completamente ignorado pelas prioridades do grupo. Eles não sabiam, mas aquela riqueza pertencia a Stalmaer, e que fora ali guardado pelo Ankou. O grupo refez o caminho de volta. O lado esquerdo revelara-se um caminho errado. O mais longo e errado, mas sem lamentar focaram em seguir pelo caminho contrário.
Após uma série de corredores eles finalmente chegaram até a outra câmara, e a visão que tiveram era difícil de descrever.
Deitado em volta do próprio corpo, uma magnífica criatura enorme sofria e claramente exibia ferimentos por toda a extensão de seu corpo. Com uma longa cauda terminada em uma espécie de pluma, e exibindo pouquíssimas escamas de um tom prata espelhado, os aventureiros finalmente encontraram Reynard. O dragão parecia muito abatido e dormia em um sono inerte, tal qual a morte. Rapidamente Talglor e Sandy se aproximaram para verificar o estado de saúde do ser. Gatts depositou o corpo de Thrommel perto do dragão esperando uma reação que não veio. E os demais foram se aproximando, Draig conduzindo Lytta cega, e Gillius atento a uma eventual armadilha, que logo veio se confirmar.
Novamente saindo de passagens no alto da parede trogloditas monges e xamãs foram surgindo da entrada da câmara e ávidos pelo combate se lançaram contra os heróis. No entanto, tendo sido mais rápido que todos eles, Gatts invocou uma poderosa magia. Uma muralha de energia se interpôs entre o grupo e os inimigos. Ainda que translúcida, era perceptível e os golpes dos monges de nada valiam contra a dureza da muralha. Alguns trogloditas xamãs até tentaram invocar magias, mas nenhuma delas conseguia transpor a barreira mágica. O grupo estava seguro.
Talglor sabia o que fazer, ele precisaria dispender energia mágica entre Thrommel e o Dragão e como consequência equilibraria as energias existentes entre as duas criaturas. O resultado era imprevisível.
A Chegada das Sombras
Mas um inimigo surgiu logo atrás do dragão, e para o terror dos aventureiros era o Ankou, o ser que se apossou da identidade da Estaroste Lytta Neyd de Stalmaer e havia arrasado a comunidade élfica de Sobanwhych, usando seus licantropos como infantaria para o extermínio. Gatts observou a criatura surgindo e sabia, um combate difícil se aproximava, e não havia sinais de que estava próximo do anão Talglor concluir o ritual que estava em andamento.
E foi o mesmo Talglor que interrompeu o rito e avançou contra a criatura invocando os poderes sagrados do pai dos anões – Moradin. Talglor conjurou um Dissipar o Mal, que para infelicidade de todos, foi frustrado. A resistência do Ankou era muito maior do que ele supunha. Sandy já estava do lado dele quando a criatura reagiu, sugando toda a escuridão existente no recinto, o Ankou criou uma poderosa magia conjurada sobre todos o grupo. Uma rajada prismática verteu causando um resultado devastador sobre o grupo.
Ninguém imaginava que aquela criatura, possuía a capacidade de invocar uma magia tão poderosa. Somente arcanos capazes de conjurar magias da 7ª Esfera, eram versados em tal habilidade. Mas aquela estranha fada de sombras se revelou capaz. Quase todos os heróis foram atingidos pelo caleidoscópio de cores devastador. Fogo, Ácido, Veneno, Expurgo planar, Petrificação, dentre outros efeitos, quem estivesse na direção do feixe poderia ser afetado por até duas cores, e a câmara em que o grupo se encontrava, tinha dimensões exatas para potencialmente gerar este efeito.
Quase todos heróis foram atingidos por dois raios, após o efeito enquanto o brilho intenso ainda dissipava como gliter colorido no chão, todos olharam uns para os outros averiguado como estavam. Haviam resistido aos danos, mas um membro estava desaparecido e outro morto no chão. Gillius desaparecera e Draig estava branca, pálida no chão, sem vida. O anão desaparecera dragado para qualquer outro plano de existência. Ali naquele momento, eles não poderiam lamentar as perdas, precisavam ser rápidos!
Mais Escuridão
Sandy atacou a criatura com tudo e usou de todo seu poder paladínico para causar o máximo de dano aquele ser. A paladina sentia em seu âmago toda malignidade da criatura e ela sentia que havia sido treinada para confrontar seres daquela natureza. No entanto o Ankou era igualmente forte. Não apenas em resistência e defesas. Mas também com seus subterfúgios e capacidade combativa.
A criatura ludibriou os sentidos da visão do grupo ao invocar uma escuridão profunda, e essa habilidade lhe concedeu grande vantagem sobre a paladina. Sandy combatia a criatura sozinha por um momento. Talglor recuara para continuar o ritual de reparação espiritual, e foi quando Gatts teve uma brilhante ideia. Ele lembrou que Thrommel lhes ofereceu a espada sagrada para combater o Ankou lá em Sobanwhych. O príncipe lhes dissera que a espada era um bastião do bem e poderia combater aquele ser com uma margem de vantagem significante, e foi o que aconteceu. Quando Gatts segurou a espada sentiu como se ela tivesse sido projetada para si. Ele conhecia as propriedades e sabia que a força da espada estava muito acima de muitas lâminas com qualidades singulares.
A lâmina parecia feita em ouro com três pequenas esmeraldas decorando a base em cada lado. O Cabo feito em bronze queimado era firme e aderia a mão com extrema leveza. Era uma arma feita para aqueles que tivessem um coração bom. A luz irradiada pela arma rompeu completamente as trevas e tanto Sandy quanto Gatts puderam contemplar a real posição do inimigo, que se beneficiava da situação enormemente.
Gatts precisava se afastar, a criatura o atacava severamente e ele estava cada vez mais enfraquecido a cada ataque. E foi então que ele entregou a espada de Thrommel a Sandy que percebeu o tamanho do poder e isso mudou a balança a favor da paladina. Cada ataque que Sandy desferia era mais preciso e era nítido o enfraquecimento do Ankou, até que o ataque final veio e a paladina cravou a espada sagrada até o fim, no peito da criatura que começou a desvanecer. O Ankou finalmente fora derrotado.
Um Só
Ao mesmo tempo que isso ocorria, Talglor concluía o ritual, e já não havia mais o corpo de Thrommel, e o dragão outrora abatido, doente e enfraquecido estava totalmente recuperado em sua glória. Os inimigos que sobreviveram a Rajada Prismática fugiram e mais um milagre ocorreu. Lytta (a verdadeira) recuperara a sua visão. Todos ouviram quando o dragão começou a falar:
“- Eu agradeço imensamente o esforço e sacrifício de cada um de vocês. Minha condição monárquica por muitas vezes vulnerabilizou todo o grupo, e agora é chegada a hora de assumir minha posição onde sempre deveria ter estado.”
Um portal se abriu. O dragão carregou o corpo da elfa Draig e depois falou:
“- Sandy e Gatts, vão de encontro a Aescriel e demais. Ajude-os a cumprir a missão do elfo, e depois venham imediatamente a mim em Chendl.”
Sem dizer nada mais, o dragão desapareceu, após receber de Sandy a espada. Talglor adentrou o portal, ficando ali, apenas a Estaroste, Sandy e Gatts. Após uma breve conversa com a líder de Stalmaer, sobre o cuidado ainda naqueles corredores, e sobre o tesouro da câmara, eles se despediram dela e adentraram o portal.
Eram as últimas horas da madrugada do dia 21 de Preparos de 592 Ano Comum.
Continua…