Atrás dos Cubos – Parte Final

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No dia 27.08.21 ocorreu o jogo com uma parte dos Defensores do Trono, na missão os aventureiros se depararam com uma importante decisão diante da missão principal do grupo.

Jogadores/Personagens

  • Diogo Coelho (Theros Gatts);
  • Marcelo Guimarães (Dhounay);
  • Daniel Alonso (Pyrus).

Essa é uma história original criada por Bruno de Brito (DM) e revisada por Bruno Simões.

Diante da Batalha

09 de Flocos de 592 Ano Comum

Pyrus e Adda estacaram diante da porta da saída. Esse havia sido o pedido de Gatts. Eles deveriam aguardar o sinal do líder, enquanto ele e Nay iriam averiguar qual era a proporção da batalha que ocorria mais adentro da construção. O grupo estava no limite de suas forças e habilidades. Eles viam de uma sucessão de desafios desde as Catacumbas de Rakdanam até o subsolo onde enfrentaram Zandro.

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E ao mesmo tempo que Gatts e Nay constatavam o combate que desenrolava entre a Sinigaglia e ninguém menos que Eredrim e Dal Quertos, mais ao fundo eles vislumbravam os cubos até então de posse da Sinigaglia. Do outro lado, Pyrus abria a porta e percebeu a aproximação de duas figuras na penumbra.

Gatts orientou Nay a seguir invisível e coletar o máximo de cubos que pudesse, enquanto isso, ele tentaria fazer o mesmo seguindo pelo outro lado. Ocorre que quando sentiu uma presença mais atrás, ele parou surpreso. Após adentrar desejando um boa noite a Pyrus, as duas figuras élficas se dividiram. Uma foi até Gatts e a outra para o lado oposto.

“- Você tem uma oportunidade única de derrotar o arauto de Vecna e seu defensor – Eredrim. Se junte a mim e os espólios dessa batalha serão divididos, parta e não ouse reclamá-los depois.”

As palavras de Durandal ecoaram na cabeça de Gatts e ele olhava para o grupo, avaliando o peso que sua decisão teria. Evadir com o que conseguisse de cubos lhe parecia garantir algum nível de vitória, mas tanto esforço para chegar naquele momento de mãos vazias seria frustrante. A janela de possibilidades estava diante do grupo e só lhe restava agarrar a chance de ter todos os cubos em mãos e não obstante suprimir a ameaça que Dal Quertos representava.

Derradeira Batalha

Durandal entrou na cena da batalha bem próximo de onde Nay estava, a tempo de recomendar-lhe não tocar nos cubos. As pedras zuniam com grande intensidade e parecia haver mais na sala após a porta. A meio-orc, sentindo que o conselho era valioso, decidiu segui-lo e recuou. Na sala, Eredrim e Dal Quertos, em uma forma completamente diferente da apresentada aos heróis, lutava contra a Sinigaglia da Noite, Cinco Vrykolakas de poder e força muito superior à que o grupo enfrentou na sala onde encontrou Zandro em sua dispensa vil.

O que aconteceu depois disso foi um combate em que claramente a força dos principais adversários era muito superior as de Gatts, Adda, Pyrus e Dhounay. Não importava o quanto tentassem, a morte menor, forma que foi testemunhada por todos, era um adversário sem igual. Com sua segadeira, ela cortava, dilacerava e varria toda a área. E um a um os heróis foram tombando. Para surpresa geral, Durandal foi o primeiro a tombar, mas de seu corpo nada restou. O grupo soube mais tarde que aquela era uma cópia do próprio elfo. A seguir, após a derrota de Eredrim, tombaram Dhounay e Pyrus.

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Dal Quertos lutava na forma da morte

Adda, que havia sido ordenada se manter fora do combate, regressou e conseguiu notar que apesar de Pyrus estar morto, devido ao volume de sangue ao seu redor, Dhounay respirava com dificuldade, ainda que estivesse desacordada. Ela estabilizou com sua magia a meio-orc, e partiu para cima de Dal Quertos.

A única certeza…

Já era o início da noite quando Gatts olhou ao seu redor e viu que todos os seus companheiros tombaram. Restando apenas ele e o morto-vivo Filvendor. Diante daquela cena, o mago guerreiro furyondês pôde constatar que lutava contra o inevitável – a morte.

Aquela morte não era um ceifador verdadeiro, disso ele tinha certeza, do contrário aquele combate seria infrutífero, mas ainda assim era uma morte, uma versão menor e não menos poderosa em si. E porque ele insistia em lutar contra a única certeza que todos tinha em vida?

O que quer que fosse feito próximo a essa entidade, sempre resultaria no pior resultado, era como se sempre se tentasse fazer a mesma ação duas vezes, escolhendo o pior resultado diante de uma miríade de variáveis intrínsecas em cada ato. Não obstante, o simples ato de agir, fosse com uma magia, fosse com um ataque físico ou mera movimentação, resultava em uma aproximação instantânea da morte, para tentar suprimir tal ação e na maioria das vezes que cada um ali tentou, sentiu de perto o tamanho da força da morte.

Reações Estratégicas

E foi usando desse conhecimento que Gatts fez o que ele não desejaria ter que fazer. Quando Adda entrou na cena contrariando suas ordens para salvar Dhounay abatida no chão, ele viu a morte se aproximar e realizar o ataque contra a sacerdotisa. Com isso, ele pode fazer sua primeira conjuração e lançar sua magia contra contra a morte. Adda conseguiu manter sua magia, mas isso lhe custou, outro ataque assim, ela não resistiria.

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O combate do fim

A segunda oportunidade veio quando Filvendor se moveu para atacar a criatura, e Gatts agiu novamente, mas desta vez sua magia falhara devido aos efeitos do toque do Devorador nas catacumbas. Gatts se sentia de certa forma lento mentalmente. Foi Adda que, tendo resistido a investida da morte, reagiu contra a criatura no momento seguinte. Gatts esperava que a sacerdotisa curasse Pyrus, mas ela não o fez, em seu desespero por tentar encerrar aquele combate, ela disparou uma magia disruptiva contra mortos-vivos. Ela não sabia, ou qualquer um ali, mas aquela entidade estava além da vida ou da morte, e não era um ser o qual feitos daquela natureza pudessem surtir efeito.

Gatts não tinha tempo para perceber esses detalhes, ou mesmo tinha tempo para investir nessas percepções, tudo que ele mais queria era encerrar aquele embate, mas tentativa após tentativa, sempre contrariavam os resultados, a morte estava além de seu alcance. Era isso ou uma atmosfera de azar que favorecia permanentemente a entidade.

Última Cartada

Os Defensores do Trono tinham em seus membros o que havia de mais valioso, além de importantes aliados como Dhounay, Keira, Adda, dentre outros, era em seu líder que toda a amálgama os definia. Gatts, um típico homem furyondês, com seus traços rijos, pele morena, corte de cabelo militar, humor limpo, desconfiado, honrado e sobretudo leal. E por que o fracasso lhe flertava, onde tinha errado? Pyrus, Adda, Dhounay, jaziam tombados no solo daquela sala lavada em sangue, contra aquela entidade de poder sobrenatural.

Havia restado apenas Filvendor, um morto-vivo elfo de poder nunca testemunhado e ele – Gatts. Naeryndam, o elfo que chegara com Durandal jazia no chão. Não havia mais magias, fugir nunca foi uma opção, sequer cogitada, ainda que o senso de sobrevivência lhe gritasse o óbvio. Somente uma última coisa poderia ser tentada, um último fiapo de plano.

Gatts puxou a sua lâmina bastarda, a Espada dos Fracos, companheira desde quando deixou Chendl para se aventurar no sudoeste do reino, na região de Baranford com sua prima paladina. A sua vida passava diante de seus olhos, ele lutaria contra a morte, sabendo que perderia, mas fazendo alguma diferença para que Filvendor pudesse ter mais algumas rodadas tentando.

Ninguém mais vivo

“- Arrisco pensar tio… Tio não, a memória de quem Sauber Benelovoice era não poderia ser conspurcada pelo que você se transformou. Imagino a vergonha que representa para a sua filha. O que ela pensaria em ver no que se tornou. Eu tenho vergonha de você, não lhe reconheço como tio ou membro dos Benelovoice!”

Gatts gritava a plenos pulmões, liberando perdigotos, tamanha era sua raiva. A morte que iria direcionar seus ataques contra aquele que estava de certa forma sendo maior ameaça – Filvendor, mudou de rumo.

“- Você tem a minha atenção, a tem!”

O ser voou para cima de Gatts com tudo e havia alguma porção de raiva, algo que deu a certeza para Gatts que alguma consciência de seu tio havia naquele ser. Mas nada disso importava. O primeiro ataque foi suficiente para levar Gatts ao solo com um corte profundo na perna, de onde verteu muito sangue. E Dal Quertos fez questão de dirigir os ataques seguintes no gigante furyondês caído. Gatts não sentia mais a dor causada pelos ataques seguintes, ele estava satisfeito. Filvendor havia tido a brecha que precisava para tentar uma última vez derrotar aquele monstro. Ao furyondês só cabia descansar.

Enfim o fim

Ainda que o elixir de cura houvesse sido ministrado primeiro em Gatts, depois em Naeryndam e demais, Gatts foi o último a despertar. Sentia dor por toda extensão de seu corpo. Os trapos do ser que outrora foi Dal Quertos jaziam no chão, assim como três objetos: Uma foice, uma mão esquelética e um olho.

“- O que você fará com esses pertences Filvendor?”

Indagou Gatts.

“- O destino deles, serão decididos pelo Aran Durandal, até lá aguardem. Se estiverem em condição de vir aqui amanhã, venham. Como prometido, os cubos lhes serão entregues.”

Todos os membros do grupo estavam cansados demais para questionar ou discutir, e foram embora.

09 de Flocos de 592 Ano Comum, noite

O grupo chegou no Templo da Irmandade Solar algum tempo depois. Adda informou a Dhounay que caso ela quisesse poderia passar aquela noite no templo, e a meio-orc não fez objeções a oferta. Gatts seguiu com o corpo de Pyrus até o subsolo do Templo, depositando o corpo de seu companheiro no seu quarto. O líder elemental havia lutado bravamente, e fosse o desejo de Joramy, ele iria voltar a vida para lutar novamente com seus companheiros.

Isso feito, havia algo mais que ele precisava resolver, ainda que estivesse cansado.

Gatts foi de encontro a sua prima. Sandy estava vigilante na Sala Prisão, onde estavam guardados 36 cubos do outrora Monólito de Pelor. Gatts contou para sua prima o que se passou na missão do cemitério e do embate final contra Arziel, Nybas e Dal Quertos. Sandy ouviu a tudo atentamente, colocou a mão sobre o ombro de seu primo e disse com a calma habitual:

“- Eu queria estar lá primo, mas talvez essa tenha sido a decisão mais acertada que você tomou. Você fez o que precisava ser feito, e eu lhe agradeço do fundo do meu coração. Agora vá descansar, é nítido o seu cansaço.”

E foi o que Gatts fez.

Continua em “O Dia do Meio”

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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