Encontros Reais | Heróis de Kron

Avalie o conteúdo!

Esse é o resumo da aventura ocorrida neste domingo (após quase não acontecer, rs) com os Heróis de Kron. A partida ocorreu no domingo 09.02.2020, após longos 6 meses de hibernação. A última partida ocorrera no dia 30.07.2019. Agradeço ao empenho dos jogadores Diogo Coelho (Gatts) e Aharon Freitas (Erzurel). Essa sessão marcou meu retorno ao tabuleiro como mestre. Foi com estes jogadores que narrei a última partida antes do nascimento de meu rebento, e por obra do destino ou não, foi com eles que reconectei ao exercício mestral.

Sem mais delongas, vamos aos fatos.

No dia 17 de Preparos de 592CY, os heróis chegaram diante do reino de Tulvar, capital do reino gnomo de Colinas Kron. Gatts e seu pupilo, além de Erzurel e toda a sua comitiva – Os Cavaleiros do Novo Sol. Não estava claro o que estaria por vir aos heróis, mas à medida que as horas seguiam, tudo foi ficando ainda mais obscuro

Esse artigo é uma história original criada por Bruno de Brito e revisada pelas hábeis mãos de Bruno Simões

Retenção

17 de Preparos de 592CY

Greyhawk_Letra-O-198x200 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição

s aventureiros foram conduzidos por ruas vazias, adentrando o reino de Tulvar. O cenário impressionava por sua amplitude, onde grandes construções mesclavam rocha nua e casas que demonstravam sinais de habitação. Guiado por Broc Frug, o grupo chegou até um largo platô, sobre o qual foi orientado permanecer. Todos os cavaleiros, além de Gatts, Maurício e Keira foram se acomodando da melhor que podiam e mesmo ali não deixavam de contemplar a beleza da capital dos gnomos vista por dentro.

A primeira hora foi toda para se estabelecerem temporariamente no local. Lhes foi dito pelo anfitrião Broc Frug que não era permitido a nenhum deles sair daquela área, ou conjurar magias dentro de Tulvar. Havia no ar uma sensação claustrofóbica e estranha, que era sentido por quase todos os presentes. O anfitrião chamou Arziel, líder dos Cavaleiros do Novo Sol, para uma conversa na ponte e algumas interações ocorreram na sequência.

Keira manifestou para Erzurel o seu desejo de regressar para Verbobonc, pois seu lugar era lá, planejando o que fazer para retomar a cidade de Reymend do controle da Legião do Chifre, e após informar a sacerdotisa que ele também não pretendia ficar ali muito tempo, haja visto que o seu Templo da Flor de Sol também precisava de sua ajuda, conseguiu acalmar a vontade da presbítera de partir. Mas Erzurel tinha em mente outra coisa, que não esclareceu a sacerdotisa. Ele queria o máximo de aliados para algo que, em seu interior, lhe dizia para estar preparado.

Por motivos que a razão tem dificuldades de explicar, Kendra Beladona foi até Gatts, e ao se apresentar formalmente ao furyondês estendeu-lhe a mão. Como gesto de educação, Gatts tomou a mão e a beijou, e por uma quantidade de tempo que durou apenas poucos segundos, ele viu uma velha gnomo, de olhos opacos, sem cabelos e aspecto muito envelhecido, e ela lhe disse: “Venha a mim, antes de se encontrar com o rei”.

A Velha Desconhecida

Quando ergueu os olhos para Kendra, Gatts notou que a mulher se virou e afastou-se, seguindo como se nunca tivesse parado para falar com ele. Gatts sabia em seu íntimo que precisava encontrar a gnomo. Aquela era uma dica valiosa que lhe permitiria talvez se planejar para o que estivesse por vir. Ele precisava falar com Arziel. Mas a conversa com o gnomo anfitrião se prolongava sem sinais de terminar logo. Ele considerou usar magia, ou sair furtivamente dali, mas qualquer destas alternativas significaria transgredir as regras estabelecidas para os visitantes.

Ele acabou se juntando a Erzurel, que por sua vez parecia querer também falar com o pai. Eles buscaram junto a alguns membros da comitiva, de forma discreta, mas sem sucesso, visto que ninguém conhecia ou sabia quem era a gnomo. Apenas um anão comentou em tom de piada que se tratava de uma lenda muito antiga dos gnomos – A velha Melitele.

Finalmente a conversa entre Arziel e Broc terminou e, para frustração de Erzurel e Gatts, Arziel queria falar a todos.

“- Senhores, amanhã quatro de nós irão ter uma reunião com o Conselho Sextante, além do rei. Nos será pedido a execução de uma missão muito perigosa e certamente tem a ver com os trolls. Quero que todos estejam prontos e preparados para iniciarmos a missão amanhã mesmo logo após a audiência. Temos uma dívida a quitar com Tulvar e naturalmente honramos nossos débitos.”

Logo após, Arziel se retirou e com ele quatro outros membros se levantaram e se uniram numa fogueira mais afastada do grupo.

Palavras Breves

Erzurel conseguiu interceptar o pai e pedir-lhe alguns minutos. E Arziel concedeu com certa impaciência.

“- Pai, Gatts precisa saber se o senhor conhece alguma gnomo com essas descrições.”

A resposta de Arziel foi negativa.

“- Que débito é esse que os Cavaleiros do Novo Sol detêm para com o rei?”

Arziel olhou para o filho nos olhos e depois mirou em um homem que se dirigia com outros três companheiros para uma fogueira mais afastada. E ele apontou falando:

“- O Santo, ele foi ressuscitado graças a benevolência do Rei Tulvar. Ele cedeu de seu tesouro um tipo raro de diamante, único capaz de operar a magia para trazer a vida de nosso paladino de Pelor de volta. Ele nos entregou de bom grado um diamante de sangue, uma gema, conhecida aqui como Berílo. E não tendo nos cobrado nada em troca, sentimos agora a necessidade de cumprir esse pedido, como forma de agradecimento pela generosidade do rei”

Por um momento, Gatts teve a impressão de que já tinha ouvido algo sobre aquele diamante em algum lugar. Mas mesmo com sua impressionante memória, ele não conseguiu recordar onde. E de fato para ele seria difícil lembrar dado que manifestou muito pouco interesse à época.

No meio da noite

Arziel seguiu o seu caminho; claramente ele precisaria traçar uma estratégia e aqueles membros reunidos separadamente (Henri Fortescudo, Lavínia, Kalderstan Bobonc, O Santo, Ristofen e Suede) eram certamente a força principal dos Cavaleiros do Novo Sol. Erzurel seguiu para descansar, pois não havia conseguido acalmar seus receios, e decidiu que a melhor coisa era se recolher e aguardar.

Greyhawk_Círculo-dos-Cav.Nov-Sol Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
A Elite dos Cavaleiros do Novo Sol

Gatts decidiu fazer o mesmo, incomodado pelo fato de não ter conseguido encontrar uma forma de ir de encontro até a velha gnomo. Além disso, todo aquele clima lhe pesava terrivelmente e suas preocupações só aumentavam.

A noite caiu sobre o acampamento, e Erzurel foi o primeiro a ser desperto no meio da noite. Quem lhe despertara foi sua irmã e ela disse apenas para se preparar. Erzurel despertou esfregando o rosto com as mãos, sentindo ainda no corpo o cansaço de um sono curto, mas estava enganado. Logo percebeu que todos na clareira ainda dormiam, e sua irmã seguia até onde estava o guerreiro mago Gatts.

Gatts despertou quando Keira estava a cerca de três metros dele, talvez pelo instinto, talvez pelo sono inquieto.

“- Venha comigo.”

Tulvar “a noite”

Os dois seguiram Kendra sem questionar, e para surpresa deles o caminho estava desimpedido. Não havia nada que os restringissem em adentrar na cidade gnomo, ainda que soubessem que aquele ato representava uma transgressão ao que foi estabelecido a comitiva. De todo modo, foram compelidos a seguir a misteriosa oráculo. Erzurel e Gatts sabiam que Kendra era um tipo diferente de pessoa com o talento para a adivinhação. Ela não tomava conhecimento de suas previsões, sendo uma portadora dos destinos, sem poder se beneficiar do que passava adiante. Talvez isso fosse uma benção, afinal.

O trio seguiu por ruas sujas e, para a surpresa deles, com gnomos maltrapilhos e em um estado de pobreza incomum. Pareciam abandonados em uma caverna esquecida pelo tempo, e aqueles que viam o trio caminhar, se escondiam nos becos e casas improvisadas em meio ao lixo e miséria. A alegria habitual dos gnomos havia sido roubada por um estado alarmante de pobreza. Erzurel juntava as peças do quebra-cabeça tentando compreender o conjunto da obra.

Eles haviam sido convidados e conduzidos para dentro de Tulvar seguindo por ruas vazias, e restringidos de poder sair do platô. Agora ali, livre do olhar e condução do anfitrião, viam a cidade como ela realmente era. Por que quiseram omitir essa realidade? A perguntava martelava a sua cabeça e todas as respostas imaginadas, não pareciam fazer sentido em sua interpretação dos fatos.

O Mausoléu

A escuridão começou a ficar mais densa e os caminhos guiados por Kendra mais confusos. Até certo ponto, Gatts e Erzurel conseguiam ter uma noção da direção de ondem vieram, mas passado um tempo e depois de tantas ruas, becos e travessas similares, eles sabiam – estavam completamente perdidos. Mas Kendra sabia exatamente para onde estava indo e à medida que ficava mais escuro, a movimentação do terceto ficava mais lenta. Gatts sugeriu Erzurel colocar a mão em seu ombro para se orientar no profundo breu, e Kendra notou isso. Com cuidado e sob a orientação da estranha mulher, o grupo foi seguindo pelas trevas de Tulvar.

Cerca de uma hora depois, o grupo começou a descer por um longo caminho aladeirado até chegar a um local iluminado.

O cheiro de poeira parada, mofo e as inúmeras teias de aranha denunciavam que o local não era acessado a muito tempo, e as luzes produzidas ali era mágicas, pois não havia uma fonte natural de iluminação. Sarcófagos, espadas enferrujadas, pratos de metal e outros objetos decorando o local, mas definitivamente ao olhar onde estavam, Gatts deduziu corretamente que se tratava de um mausoléu.

Greyhawk_Masmorra01-600x254 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
O estranho local

O trio percorreu com cautela o corredor, circundando toda a área sem encontrar qualquer passagem ou caminho. Havia ali muitos tesouros como puderam observar, mas se reservaram a manter tudo intocado. Quando voltaram para o ponto de onde começaram, viram que Kendra apontava para uma grande porta de pedra à frente da passagem. Gatts já havia identificado com sucesso nas paredes do caminho vários glifos falando de uma religião que ele por sorte sabia de que se tratava. Uma antiga e esquecida divindade gnomo conhecida como Segojan Chama Terra.

Erzurel pressionou com cautela a porta e Gatts o ajudou.

A Velha Melitele

A porta correu com surpreendente facilidade e revelou uma pequena câmara iluminada por mais da luz mágica. Ali eles viram pequenos objetos e um sarcófago gnomo onde a tampa se encontrava apoiada próximo e a poucos metros uma figura de aproximadamente um metro e de aspectos humanoides: era uma gnomo muito, muito velha. Ela se virou para o trio que adentrava respeitosamente o recinto e mesmo com seus olhos completamente opacos parecia saber exatamente onde cada um estava.

Greyhawk_A-Velha-Melitele-483x600 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
A velha gnomo

Para os heróis, o local tinha um cheio de velho, mais intenso que do lado de fora, como se o ar tivesse permanecido armazenado em um vaso com poeira e pano por muito tempo, de modo que tudo tinha um cheiro de antigo e embolorado. Mas ao mesmo tempo um cheiro adocicado permeava o ar e tornava toda aquela atmosfera tolerável. Certamente advinha de velas aromáticas dispostas sobre uma mesa onde havia pergaminhos e escritos em pele de cabra curtida. E completando o cenário algo chamou a atenção de Gatts: Um disco de ouro encostado em um canto, um dos doze discos de Segojan.

Antes que os heróis pudessem dizer qualquer coisa, a velha gnomo antecipou o movimento e se dirigiu até o sarcófago. Sua profundidade não era muita, cerca de 40 centímetros no máximo, e o tampo curvado permitia acomodar o corpo sem qualquer restrição. Ela deitou-se e disse:

“- A vocês três mensagens possuo, a cada um. Se essas forem minhas últimas palavras peço que encerrem meu caixão.”

A mensagem mórbida foi aceita pelos aventureiros e o primeiro a tocar um dos dedos posicionados da velha gnomo foi Gatts e o que ele ouviu foi algo perturbador.

O Alerta da Gnomo

“Um buraco para o nada se abrirá e a Escuridão Eterna se libertará, desprendido por responsabilidades incompletas. As linhas da existência serão rasgadas em várias partes, depois fragmento por fragmento será queimado, daí então as cinzas serão espalhadas, até que o tudo se torne o nada e ninguém possa se lembrar da ínfima existência.  Os seus inimigos dissimulam e continuam o que vocês não terminaram. Ainda há tempo, reúna os seus, ontem, agora, mas não amanhã, é isso ou apenas os doze sóis poderão lhes salvar.”

O dedo perdeu a força e ficou frágil nas mãos de Gatts e ele refletia sobre as palavras ouvidas, e sem se dar conta pensou em voz alta sobre o motivo das previsões na maioria das vezes sempre agourar o futuro. E foi Erzurel que com sua sabedoria de vida falou algo que fez todo sentido para o furyondês:

“- Essa é a única forma de receber alertas sobre os riscos do futuro, não pode deixar nunca de ser uma dádiva”.

E Erzurel disse isso enquanto passava pelo companheiro e tocava no dedo indicador da velha gnomo.

“Teu sol brilhará orientando aqueles que estão na escuridão. A verdade está clara diante da sua experiência e estória. Viva para salvar vidas e tua lâmina salvará reinos, esta é a sua sina, este é o seu papel. Sua cura será diferente e a flor que morreu para escuridão, renascerá com tuas sementes propagando um novo sol.”

Erzurel se encheu de uma confiança que lhe confortava, as palavras da gnomo indicava que o caminho escolhido para a sua penitência lograria mais resultados positivos do que aquele ele auferira.

Kendra foi a última, e em sua visão o que ela ouviu da gnomo foi apenas uma frase simples, audível apenas a ela e não aos demais:

“- O dragão de prata renascerá. Você já sabe que é a porta e portal. Encontre Sabyr e Istus o revelará. Seu olho abre a passagem para o novo mundo, um novo tempo, uma nova chance”.

Após as palavras da gnomo ela caiu em um sono dificultoso e profundo. Gatts ainda pensou em fechar a tumba, mas vendo que a gnomo ainda vivia, decidiu mantê-la onde como estava. À exceção de uma coisa. Gatts pediu a velha gnomo sua autorização para levar o disco de ouro, e ainda que dormisse, Gatts teve a certeza de que viu na gnomo um ar de aprovação, e ele assim o fez.

Greyhawk_Masmorra02-600x536 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
O mausoléu de Melitele

Devaneios e longas Conjecturas

Todos saíram do local e regressaram em segurança de volta ao acampamento. Gatts e Erzurel conversaram pelas horas restantes. Havia muito a ser pensado e compartilhado, mas uma coisa Gatts tinha plena certeza: As palavras lhe dirigidas por Melitele falavam sobre o Templo do Elemental Maligno, e mais se referia ao riscos de um mal antigo retornar e transformar o mundo conhecido em um caos que ameaça varrer tudo que há de bom e ordeiro em Flannaess. Ele e os seus companheiros tinham saído do Templo por um motivo que eles consideravam nobre – Salvar Thrommel, e desde então não consideraram regressar e continuar até encontrarem as Orbes Elementais. As consequências deste ato já mostravam sinais de um erro que custaria caro. O Orbe das Sombras, outrora procurado pelo Necromante Lázarus, havia sido encontrado e estava em posse de ninguém menos que Raven Pântano Negro e a Legião do Chifre. Reymend estava sob julgo desses e Verbobonc não fazia ideia da ameaça que cresce no norte próximo.

E isto se deve a um único e simples motivo – A ameaça dos gnomos de Kron, uma guerra silenciosa e traiçoeira que por poder vir a eclodir a qualquer momento, pôs estribos na visão do tutelado do Viscondado de Verbobonc. Essa concepção não tangeu diretamente a conversa entre Gatts e Erzurel, mas ambos sabiam que se os gnomos avançassem e a Legião também, o Viscondado de Verbobonc estaria seriamente ameaçado.

As poucas horas para o amanhecer dentro de Kron passaram rapidamente e como consequência Gatts e Erzurel perceberam isso no momento que o acampamento começou a despertar. Eles sabiam que a fadiga cobraria seu preço ao longo do dia, mas eles tinham descansado o suficiente ao menos para poder recuperar as energias e poder estudar magias.

Um novo dia em Tulvar

Não tardou Broc Frug surgir e convidar os heróis a serem levados para a audiência com o rei. Novamente, estranhamente Kendra, Arziel, Gatts e Erzurel foram conduzidos por ruas vazias. Nenhum dos convidados ponderou sobre aquilo, ao menos não abertamente. Kendra, Gatts e Erzurel viram demasiada pobreza e miséria ao caminhar na madrugada pelas ruas de Tulvar.

Mas Arziel tinha uma teoria, e esta o levava a crer que todos os gnomos estão arregimentados, aquartelados, esperando o comando para a batalha. Se realmente fosse isso, ele precisaria agir com maior rapidez. A guerra entre os gnomos e Verbobonc era uma loucura inventada pela mente torpe do conselheiro real, o tal do Dal Quertos. Ele esperava ter uma oportunidade de desvendar as intenções do homem e abrir os olhos de Tulvar. Essa era a sua esperança.

Os heróis foram conduzidos por uma longa escadaria e ela os levava para cima, através de um longo paredão de rocha lisa. A claridade foi trazendo a luz do topo de uma colina e o quarteto ficou impressionado com a beleza do local. Brotando por entre as copas das árvores da Floresta de Ferro, os aventureiros contemplaram o Mirante de Tulvar.

Greyhawk_Epítaculo-de-Kron Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
O Mirante de Kron

Com gnomos armadurados postados por toda a extensão do caminho, os aventureiros foram sendo conduzidos pelo anfitrião e logo eles chegaram ao limite do mirante. Ali notaram oito figuras, seis dessas sentadas em cadeiras muito bem elaboradas, trabalhadas com ferro, madeira e pedras preciosas: o Anel Sextante. Em um portentoso trono feito de um metal de cor vermelha estava sentado um gnomo bem velhinho, aquele cuja idade as lendas diziam ser tão antiga quanto a própria Kron.

Para Gatts, aquela aparência era ainda mais delicada do que quando viu o rei da outra vez, pois ele parecia pálido, com um olhar amarelado e claramente doente; os cabelos, outrora densos, agora exibiam fios finos e quebradiços. O anfitrião o tirou das lembranças, quando anunciou os nobres do Conselho Sextante, aqueles que governavam Tulvar de fato. Todos considerados como ministros governavam com a anuência do rei, que mantinha uma posição consultiva.

  • Duque Boddynock, Ministro do comércio e das leis de Tulvar;
  • Conselheiro Folkin, Mestre de assuntos arcanos e alquímicos;
  • Vice-rei Zook Texugo, Primeiro Ministro de Tulvar;
  • Baronesa Namfoodle, Mestra druidisa de Tulvar;
  • Glim Daerguel, Ministro da tradição e Família, guardião da nossa sociedade;
  • Príncipe Roondar Scheppen Tulvar, Ministro da Armada e Protetor de Kron
  • Tulvar, nosso pai, nosso ancião, Rei de todos os gnomos de Kron;
  • Dal Querthos, Mestre dos sussurros e Conselheiro real de Tulvar
Greyhawk_O-Conselho-dos-Seis Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
O Conselho Sextante, os Ministros de Tulvar

Após a apresentação dos gnomos foi a vez do anfitrião apresentar os heróis.

O Problema em Tulvar

Uma grande mesa, cadeiras, comida e bebidas foram postas para os heróis. O Vice-Rei foi o primeiro a falar após as apresentações:

“- Arziel, como é bom vê-lo, bem e em forma. E veio rápido!”

“- Honro o nome dos Cavaleiros do Novo Sol e estes têm uma dívida para convosco. Felicita-me finalmente poder quitá-la.”

E o príncipe Rondar que continuou:

“- Amigo Arziel, o reino sofre com uma praga que se alastra e ganha poder dia após dia. Trata-se de velhos conhecidos nossos – os trolls”

Baronesa Namfoodle

“- Algo aconteceu. Há cerca de duas semanas, passamos a ver trolls além dos limites territoriais definidos por eles próprios nessa região de Kron. Diversas vilas e fazendas relatam ataques dessas criaturas. Algo mudou na balança que definia os limites de atuação desses monstros.”

Dandelion e Pedra de Kir

Arziel sabia do que se tratava e para a surpresa de Erzurel e Gatts falou sobre coisas acerca:

“- Sim, dois de nossos batedores exploraram a região próxima e souberam através de viajantes de um ocorrido e que pode ajudar a esclarecer o motivo desse levante troll. Sabemos por senso comum que os principais rivais territoriais dos trolls de Kron são os gigantes da colina, em especial um grupo que serve a um dragão vermelho.  Por intermédio do conhecimento adquirido pelos meus batedores, há duas semanas um grupo de aventureiros participou da disputa entre duas fazendas famosas daqui da região. A fazenda de Dandelion e a de Pedra de Kir que controlava uma importante represa. Essa represa separava o território dos gnomos de Kir e principalmente Dandelion dos gigantes. Ocorre que por um motivo que eu desconheço a dona da fazenda de Pedra de Kir, subiu o nível da represa diminuindo drasticamente o fluxo de água para a fazenda de Dandelion. O seu objetivo era boicotar a colheita de milho de seu rival. O que essa fazendeira não esperava era que os gigantes passassem a perturbar a paz de ambas localidades.”

Greyhawk_Arziel-Graysson-342x600 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
Arziel Graysson denota conhecimento sobre os fatos

” – O primeiro ataque dos gigantes foi sobre a fazenda de Dandelion. Os gigantes arrasaram as colheitas, queimaram animais e assassinaram gnomos. Graças a intervenção desse grupo, grande parte dos gnomos conseguiram ser salvos, mas a fazenda foi completamente destruída.

Buscando reparar a paz e neutralizar a ameaça os heróis foram confrontar os gigantes e o seu senhor, o dragão vermelho. O que era improvável aconteceu. Os aventureiros não somente conseguiram derrotar todos os gigantes praticamente os exterminando, como também derrotaram o grande dragão vermelho Melnirkumaukreton. O gesto dos heróis foi visto por ambos os gnomos de Kir e Dandelion como uma chance para a paz e a famosa rixa entre as famílias foi superada.

O que eles não esperavam era que Lothun, o rei troll, visse no desaparecimento dos gigantes, uma oportunidade para tomar o controle da superfície, outrora dominada pelos gigantes das colinas. E acho que isso explica a nossa presença aqui. E espero que não seja para combater os trolls…”

O Pedido do Rei

Os ministros olharam surpresos para o tamanho conhecimento que Arziel detinha sobre as circunstâncias, mas o rei não estava impressionado. Ele conhecia Arziel de longa data e sabia que a missão que tinha, seria entregue nas mãos corretas.

“- Você jamais me desaponta Arziel. Dal Quertus falará sobre o teor da missão. E fique tranquilo, exceto se você quiser muito, não terão que enfrentar todo levante de trolls. A missão que tenho para você e os seus homens é mais… digamos estratégica.”

Ainda que abatido e claramente doente, o rei exibia um raciocínio e inteligências claros de sua sabedoria.

Greyhawk_Antes-e-depois-Tulvar-600x324 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
A esquerda Tulvar hoje, a direita como era antes

“- Nobres amigos dos gnomos, cremos estar diante de uma ameaça para a existência do povo gnomo de Kron, mas vocês surgem honrados e leais a seus votos de aliança. Nosso exército seria uma grande força para neutralizar os trolls, mas o risco de a qualquer momento Verbobonc decidir quebrar o cessar das espadas, nos coloca em uma condição de ficar a postos para o norte.

Acredito piamente que a derrota dos gigantes e do dragão possa estar associada a maquinações do Tutelado de Verbobonc e que esses heróis tenham sido meros peões no xadrez da guerra.

Jamais lhes pediria Arziel para colocar os seus homens em risco, um confronto aberto contra essas criaturas dificilmente resultaria em vitória para o nosso lado, dada as condições que nos encontramos. É por essa razão que quero lhe fazer um pedido especial.”

E foi Dal Quertus que assumiu, revelando não apenas o seu olho disforme, como sua mão esquelética.

“- Um de nossos mais experientes patrulheiros, Besh Espinha de Aço, descobriu uma passagem secreta por dentro da montanha do fêmur que leva diretamente para os salões do rei troll. O que eu quero é que escolha seus mais poderosos aliados em um grupo pequeno de não mais que 10 integrantes, mais o meu patrulheiro e deem um fim ao rei dos trolls de Kron – Lothun. Traga-nos a cabeça, e o caos que se seguirá em sequência nos dará oportunidade a Tulvar de dispersar a força troll de Kron.”

A Decisão dos Heróis

As palavras foram recebidas com força pelos heróis e Arziel pediu um momento para os ministros e os reis de modo que pudesse discutir rapidamente com os seus companheiros, o que foi concedido.

“- O que vocês acham: Erzurel, Gatts, Kendra?” Indagou Arziel.

A conversa entre o quarteto foi breve e logo eles tinham uma decisão.

“- Ajudaremos vocês, mas evitaremos a todo custo a morte do rei troll. O caos que se seguirá a sua queda, pode ser tão benéfica quanto maléfica para vocês. Disputas pelo trono podem colocar um novo problema contra vocês, um desejo de vingança é tudo que acredito que vocês não desejam.”

“- E o que você propõe, paladino de Pelor?” Indagou Dal Quertus com certo ar de ironia.

“- O que os Cavaleiros do Novo Sol propõem é que o rei troll seja capturado com vida, e aqui em Tulvar aprisionado. A captura neutralizará e dividirá os trolls. E considerando qualquer tipo de lealdade que essas criaturas tenham para com aquele os organizou, podemos ter uma chance de manter a paz. Pelo menos por um tempo. Tempo que pode ser suficiente para que a disputa entre Kron e Verbobonc se resolva. O que me dizem?”

Todos os ministros concordaram, além do rei. Mas o tio de Gatts não, e sua raiva era clara…

Arziel deu a Erzurel a responsabilidade de selecionar os 10 membros que seguiriam o patrulheiro até o local que levaria para os salões do rei troll. Quem Erzurel, o guerreiro santo escolherá?

Saberemos na continuação dessa história, muito em breve…

Galeria da Sessão

Greyhawk_Galeria-600x450 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
Nobre Aharon (Erzurel) e Bruno de Brito (DM)

Recomendados para Você

Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.