Este pergaminho tem um aspecto estranho. Um exame mais cuidadoso logo revela que ele é feito de pele humana… No entanto, o texto em si foi escrito com uma belíssima tinta prateada, que ressalta os traços elegantes das palavras grafadas sobre sua superfície. Há uma nítida preocupação com o ritmo da leitura, o espaçamento dos caracteres, o alinhamento das linhas e a disposição das iluminuras nas bordas, mas a sofisticação estética da obra não é capaz de impedir que ela seja absolutamente perturbadora. Ao final o texto é assinado com um símbolo misterioso cuja simples visão provoca vertigens no leitor.
Saibam todos os que lerem este registro que durante o Festival da Lua de 1337 CV Lorde Ythil de Amarak se prostrou de livre e espontânea vontade perante a Senhora do Flagelo, renegando os falsos dogmas do Deus Sofrido e sua ligação blasfema com o Picanço Sagrado. Ao Suplicante foi entregue a Configuração de Hali, nossa mais sagrada relíquia, para que ele provasse ser digno do Beijo do Anjo, abandonando por completo suas ilusões sobre a realidade da carne. Por seis movimentos o Suplicante perseverou, atravessando as fronteiras de todas as sensações terrenas na direção da Verdade, até que ela lhe foi revelada em uma apoteose gloriosa! Renascido e purificado pela Graça da Dama da Dor, Ythil foi recebido no seio da Irmandade Amarela como “Amarak, o Principado Vingador”, cabendo-lhe derramar a ira do Anjo Escarificado sobre os inimigos da fé!
Rejubilem-se, fiéis, com a Canção da Entropia, pois a hora se aproxima!
Em breve o Olho de Beshaba arderá escarlate no céu!
As Adagas Gêmeas mostrarão o caminho!
Louvada seja Loviatar!
Louvado seja o Emblema Amarelo!
Encerro o presente registro atestando de meu próprio punho a sua total veracidade.
Anathema Tzavara
Quinto Serafim Amarelo