O Segredo Enterrado no Gelo – Livros – A Queda de Imaskar

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A capa de madeira desse pequeno tomo é revestida com couro macio de bezerro e reforçada em seus cantos com ouro finamente cinzelado. Seu título foi gravado em baixo relevo em uma placa ornamental de bronze decorada com lápis-lazúli e coralina. Duas tiras de couro reforçado o mantém fechado. Trata-se de uma cópia da tradução feita em 1327 CV por Damaris Callas, Arquivista devota de Ohgma, da obra escrita em 1249 CV por Nephthys Akila, alta sacerdotisa da Ordem da Pena do Ibis, por ordem do faraó Rehorusteb II, pouco depois de ele ascender ao trono de Mulhorand.

INTRODUÇÃO

O Império Imaskar, também conhecido como Império Raurin, formou-se bem ao leste de Faerûn, onde atualmente jaz o Deserto de Raurin. Suas fronteiras se estendiam do Ermo Infindável até Água Dourada e do Mar de Alember até os limites de Kara-Tur. Ele era governado por poderosos magos humanos denominados de Artífices, que se recusavam a curvar-se diante de qualquer divindade. Seus cidadãos eram coletivamente conhecidos como Imaskari.

A FORMAÇÃO DO IMPÉRIO

No ano de -8350 CV as primeiras tribos de Imaskari começaram a se assentar nas então férteis planícies localizadas onde atualmente jaz o Deserto de Raurin. Cerca de 230 anos depois os Artífices criaram o primeiro espaço extradimensional permanente. Esse tipo de mágica acabou influenciando profundamente o design dos centros urbanos do futuro Império. Nos anos seguintes, muitas grandes cidades foram fundadas, dentre elas a capital Inupras em -7975 CV. Nessa época, Umyatin, o primeiro Imperador Imaskari, assumiu o título de Lorde Artífice.

Quase um século depois, no ano de -7891 CV, o Lorde Artífice Omanond ordenou aos Artífices Imaskari que criassem as Imaskarcana, sete artefatos nos quais o imenso conhecimento mágico do império foi registrado por toda a eternidade.

Em -6422 CV a cidade de Solon foi fundada a leste das Montanhas do Escudo de Raurin.

Por volta do ano de -4370 CV, uma praga terrível dizimou a população das cidades Imaskari. Quatro anos depois, os Artífices abriram portais mágicos para outro plano e lá capturaram centenas de milhares de nativos oriundos de dois povos distintos para servirem como escravos. Depois que os ataques terminaram, eles selaram os portais e criaram uma barreira mística que impedia as divindades do plano invadido de alcançar Faerûn, tornando-as virtualmente inexistentes na Esfera de Cristal que contém o sistema solar Toriliano.

Dessa maneira, embora os prisioneiros orassem fervorosamente aos seus deuses clamando por ajuda (os panteões dos futuros reinos de Mulhorand e Unther), não eram escutados. Os dois povos cativos dos Imaskari pertenciam ao mesmo Plano de Existência, mas habitavam regiões diferentes e viveram em épocas distintas, o que explica as suas divergências em diversos aspectos, inclusive no que concerne às divindades que adoravam. Os casamentos realizados entre eles e também com os Imaskari sobreviventes da praga deu origem à etnia humana conhecida como Mulan.

Com o passar do tempo, os escravos acabaram se dividindo em duas facções diferentes que serviam ao Império Imaskar. Elas são denominadas pelos estudiosos de “Proto-Untherica” e “Proto-Mulhorandi”. A cultura Proto-Untherica era mais agressiva, desejando nada menos do que subjugar completamente seus mestres. Para eles, a vida era dura e cruel. Apenas através da perseverança e da fidelidade aos deuses seria possível sobreviver às provações impostas pelo Destino.

Cerca de 700 anos depois (-3234 CV), os Imaskari fundaram o posto avançado conhecido como Metos na Floresta Meth.

A PUNIÇÃO DIVINA

Depois de algum tempo, Lorde Ao escutou as orações dos prisioneiros dos Imaskari e decidiu pedir ao deus Ptah, divindade originária do plano de onde os escravos foram sequestrados, que retornasse ao seu plano natal e alertasse os dois panteões de deidades adoradas por eles. Lorde Ao estava disposto a permitir que a influência de tais deuses se estendesse à sua própria Esfera de Cristal, desde que eles libertassem seus fiéis devotos.

Após escutar as palavras de Ptah, muitas das divindades integrantes do panteão Mulhorandi, liderado pelo deus Rá, e do panteão Untherico, liderado pelo deus Enlil, decidiram punir os Imaskari por seus crimes. Contudo, a única forma de alcançar o Espaço dos Reinos era enviar avatares (conhecidos como Manifestações) guiados por Ptah através do Espaço Selvagem. Esses avatares precisariam ser poderosos o suficiente para enfrentar os magos do Império de Raurin, o que demandaria o sacrifício de grande quantidade de poder divino para gerá-los.

Uma vez criadas as Manifestações de cada deidade, as que estavam submetidas ao deus Rá embarcaram na galera conhecida como Matet (durante a noite ela se transformava na barca chamada Semktet). Já as que estavam submetidas ao deus Enlil embarcaram na galera conhecida como “A Galera dos Deuses”. Ao longo da jornada, Ptah as guiou utilizando o “Farol Luminoso”, um cubo dourado dotado de cilindros prateados que se estendiam do topo de suas arestas. Cada face do Farol Luminoso continha uma runa hieroglífica de origem e significado desconhecidos.

As Manifestações aterrissaram nos picos mais altos de uma cadeia de montanhas localizada na fronteira nordeste do Império Imaskar, atualmente conhecida como Teyla Shan ou “Vigília dos Deuses”. Lá elas se dividiram em outras formas divinas, como as formas mortais dos avatares denominadas Encarnações. As Encarnações então desceram até as planícies abaixo e se misturaram aos escravos dos Imaskari. Os prisioneiros mais talentosos foram ordenados clérigos e os devotos mais fervorosos acabaram sendo transformados em Soldados Divinos.

Antes que os Imaskari percebessem o que estava acontecendo, seus escravos subitamente se rebelaram. Muitos deles foram mortos nos embates contra os Artífices, mas tão logo os rebeldes se viram em desvantagem, as Manifestações se juntaram à batalha, descendo das montanhas através de um caminho que mais tarde ficou conhecido como “A Estrada dos Deuses”.

Por volta de -2488 CV o Império Imaskar encontrava-se bastante abalado. O último Lorde Artífice, Yuvaraj, foi derrotado pelo deus Hórus em seu palácio na cidade de Inupras, embora estivesse cavalgando um dragão de latão e envergando a Primeira Imaskarcana. O resto de seus exércitos acabou sendo aniquilado pouco tempo depois. Muitos dos magos Imaskari mais poderosos lutaram até o fim para defender o seu império em chamas. Aqueles que escaparam da morte no campo de batalha foram perseguidos e assassinados por Espíritos da Vingança invocados do Plano Elemental do Ar pelas Manifestações enfurecidas. A terra devastada pelo conflito pouco a pouco se transformou no Deserto de Raurin.

Quando a guerra acabou, os escravos libertos viajaram para o ocidente e fundaram os reinos de Unther e Mulhorand, governados pelas Manifestações de suas divindades, que ascenderam ao trono na qualidade de Deuses-Imperadores. Os Espíritos da Vingança invocados durante o confronto reclamaram o Deserto de Raurin como seu domínio e despertam a cada século para destruir todos que se oponham aos seus planos.

A ASCENSÃO DA BAIXA IMASKAR

Embora as Manifestações das divindades Mulhorandi e Unthericas tenham se esforçado para destruir todos os Artífices Imaskari, um poderoso mago chamado Ilphemon conseguiu escapar da aniquilação completa de seu império. De posse da Terceira Imaskarcana, ele liderou um pequeno contingente de seguidores, aprendizes e parentes até uma enorme caverna inexplorada nas profundezas do Subterrâneo, localizada em algum lugar abaixo do Ermo Infindável, e em -2481 fundou Baixa Imaskar, também conhecida como “A Cidade do Grande Selo”. Após eliminarem os monstros que habitavam o local, os Imaskari selaram a passagem que conduzia ao seu novo lar e trabalharam por muitos anos para transformá-lo em um jardim exuberante, iluminado por uma luz de brilho radiante.

Os descendentes de Ilphemon governaram Baixa Imaskar por muitos séculos, até que em -634 CV um grupo de necromantes malignos conseguiu depô-los e assassinar todos os membros da família do poderoso Artífice, pondo um fim à sua linhagem. Por mais de um século os Imaskari sofreram sob o jugo de seus novos senhores, até que em -511 CV uma revolta liderada pela carismática guerreira Chaschara finalmente libertou a Cidade do Grande Selo das garras dos necromantes. Contudo, ela se recusou a reclamar o trono, preferindo assumir o papel de Senhora Protetora do Reino. Além disso, criou os cargos de Planejador, Perseguidor e Executor, que permaneceram existindo mesmo após a abolição do Protetorado.

Embora permanecesse isolada do resto de Faerûn, Baixa Imaskar decidiu se expandir para os rincões mais habitáveis dos Planos Elementais, em especial o do Ar e o da Água. Para isso, foram construídos imensos portais planares que permitiam aos Imaskari controlar todas as regiões que se encontravam sob seu domínio. Todavia, no ano de 799 CV suas fortalezas extraplanares no Plano Elemental do Ar foram conquistadas por Chichimecs, que chegaram a invadir o Plano Material através dos portais planares e espalhar o caos e a destruição na Cidade do Grande Selo até serem derrotados. Após o encerramento do conflito, o Lorde Protetor Stilofyr foi exilado, o Protetorado abolido e os portais planares destruídos.

No ano de 1372, Baixa Imaskar resolveu encerrar seus milênios de isolamento enviando exploradores até a superfície. Muito tempo depois, após o fim da Praga Mágica, colonos Imaskari fundariam o Império de Alta Imaskar nas terras que outrora pertenceram a Mulhorand.

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Sobre o Autor: Sandro Moraes

Mestre das campanhas "O Segredo Enterrado no Gelo" e "Tirania dos Dragões", ambos ocorridos no cenário de Forgotten Realms. Mestra também no cenário de Golarion, em "O Mestre da Fortaleza Caída" e mais recentemente O Chamado de Cthulhu. Entusiasta do sistema GURPS, em especial High Fantasy, mestra e joga Pathfinder, Starfinder e D&D 5ª Edição.

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