Veredito Cruel

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Esse é um artigo original escrito por Diogo Coelho, e revisado por Fabrício Nobre. Essa passagem ocorre em algum momento após o sucesso do Manto de Aencar e da Comitiva dos Bravos no intuito de rechaçar drows e gnolls que assolaram a região em busca de Caliban e de Tuculac, o líder do manto, um coalt.

Com a devida autorização do mestre da masmorra, compartilho com vocês este interessante  texto, ao qual tomei a liberdade de chamá-lo de “Veredito Cruel”

03 de Alturiak – Garra do Inverno, ano de 1375

As Sombras do Julgamento

Greyhawk_Letra-O-198x200 Forgotten Realms  vento frio corta sua pele como navalha. Do céu, pequenos flocos de neve voam, rodopiando em uma dança de passos aleatórios. Ela caminha entre as árvores. Seu sangue quente marca a neve em seu caminho, escorrendo por seu corpo severamente ferido. O ar sai fumegando de sua boca. É cada vez mais difícil de respirar embora ela continue floresta adentro.

Nenhum som se faz audível. Somente o sopro melancólico e gelado. A escuridão que sempre a protegeu e acolheu, agora causa-lhe medo e temor. Um barulho a frente a faz parar. Seu corpo treme, mais de pavor do que do rigoroso frio que morde sua pele. A frente, ela observa incrédula uma forma humanoide surgindo da própria sombra das árvores. Em seu íntimo ela sabe que, se estava vendo aquilo, era desejo dele que acontecesse.

Tomada pelo medo, Ilivarra desaba de joelhos e suplica por perdão. Ela deseja uma nova chance, uma nova oportunidade de se provar valorosa, porém, não vendo reação no seu algoz, ela o ameaça. Ela grita. Diz que é uma sacerdotisa de Lolth, que sua família fez mais pela Deusa que qualquer outra e, como uma escolhida pela deusa, ele deve obedece-la.

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Xulgos Pharn

O homem que sai das sombras chama-se Xulgos Pharn e ele sorri. O desespero e pavor da sacerdotisa de Lolth o alimenta. Ilivarra sabe o que a aguarda. Numa tentativa de evitar o que se anuncia ela clama pelas benções de Lolth. Ora com fervor para que a senhora dos Drows destrua seu algoz! Que uma coluna de chamas o consuma por inteiro, mas suas preces não são ouvidas. Lolth não a escuta. Lolth não a tem mais como uma filha. Ela foi abandonada.

Suas mãos vão aos céus e ela clama mais uma vez pelo perdão da Deusa. Desta vez, risos de escarnio são ouvidos, cercando-a. Da copa das arvores, emergindo da escuridão, outros irmãos e irmãs Drows parecem se divertir em vê-la ser ignorada.  Eles deleitam-se com sua humilhação. Eles não sentem pena ou dó. Assim como Xulgos, alimentam-se de sua angustia. Eles a odeiam tanto quanto ela odeia a todos ali. Ela não tem escapatória. Seu destino está selado.

Os Drows cercam Ilivarra. Espadas negras em punho. Punhais feitos da mais negra escuridão do submundo aguardam famintos. Eles esperam as ordens de seu Senhor. Xulgos percebe a ânsia de seus seguidores. Estão sedentos pelo sangue da sacerdotisa em desgraça.

“A morte é pouco para você, Ilivarra. Você falhou com Lolth. Várias e várias vezes. Lhe conceder a morte significaria um prêmio. Antes de sua alma ir parar no colo de nossa Deusa para que ela a torture pela eternidade, daremos o devido tratamento a sua carne. Farei com que deseje o fim, inúmeras vezes antes que ele venha por completo”

Sombras da Vingança

Ilivarra sabe o que a espera. Para ela, de todos os seus semelhantes, Xulgos era o mais cruel. Suas torturas eram contadas para manter outros Drows sob sua vontade. Seu talento em torturar o precede e, maior do que este, somente o prazer que Xulgos Pharn sentia em fazê-lo.

Em uma última atitude para evitar o que viria a seguir, sacerdotisa saca seu punhal. Ela leva-o em direção ao seu pescoço. Apunhalar-se é o único caminho que se desenrola para que escape de seu algoz, mas, antes que o consiga, seus movimentos cessam. Uma força desconhecida a segura, enchendo-a de um pavor ainda maior. Segurando e fundindo-se a sombra de Ilivarra, uma criatura diabólica feita da mais pura escuridão e ódio mantem Ilivarra presa.

Em desespero tenta gritar, mas sua mente é tomada por tentáculos escuros e seu corpo é aos poucos envolto em trevas. Xulgos gargalha, observando a sacerdotisa contorcendo-se de dor e agonia. Ainda sorrindo ele diz:

“Pelo que vejo, demônio das sombras, já consegui o corpo que lhe agrada. ”

Com olhos negros como piche, o corpo de Ilivarra levanta-se, ainda com espasmos da possessão repentina. Sua boca se abre, mostrando os últimos fios de sombra entrarem pela garganta da sacerdotisa. Dela, uma voz gutural e sombria sai, apodrecendo lábios, língua e dentes de imediato:

“Este corpo não é o que eu desejo, Xulgos Pharn. Nós temos um acordo e o cobrarei por isso, Drow! Lhe ajudarei em sua caçada e você vai dar o que é meu por direito! Ele abandonou e roubou o meu corpo! Eu terei minha vingança e devorarei sua alma antes de ter o corpo dele para mim! LUCIUS É MEU!!! ”

Forgotten_Demônio-das-Sombras Forgotten Realms
O espírito da vingança, o algoz de Lucius

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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