Missa Heroica | Heróis Selvagens e de Ferro

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Esse é o resumo da sessão ocorrida no dia 01.09.18. Os Heróis Selvagens e de Ferro unem esforços para garantir a tranquila execução da Missa Heroica em nome da luz de Pelor. A missa ministrada por Kalin toca a todos os heróis e presentes. A paz está por um fio em Verbobonc e os aventureiros devem se empenhar em tentar mantê-la a todo custo.

A partida contou com a participação dos Heróis:

Fabrício Nobre | Eophain
Bruno Simões | Kalin
Bruno Gonçalves | Rathnar
Marcelo Guimarães | Aescriel

Sandy Benelovoice sendo levada como NPC
Lester Winchester – PdM
Hadauck, O Falcione – PdM

Para acompanhar essa história do inicio, acesse o artigo “Planejamento para a Missa

Um novo dia, o dia da missa

06 de Preparos de 597 CY

Greyhawk_Letra-O-198x200 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição sol mal tinha surgido. Nascia tímido no horizonte porem todos os heróis já estavam de pé. Aescriel estava cansado. Ter ficado até bem tarde da noite, estudando novas magias na Academia Tolariana havia lhe exaurido. Já Eophain, exibia cicatrizes e ferimentos recentes, lembranças de uma conturbada noite ao lado de Hadauck. Este também possuía escoriações, porem ambos os guerreiros as ignoravam, solenemente. Sandy estava alerta, embora também tivesse uma noite inquieta. A paladina passou boa parte da madrugada escrevendo em papiros os detalhes da missa, desenhando esquemas e revendo a lista de nomes. Ela repassava mentalmente todo o plano para ter certeza que tudo havia sido pensado. Era louvável o que Kalin estava fazendo e ela iria garantir que nada saísse errado. Rathnar, Erzurel, Lester e Kalin pareciam terem tido noites reconfortantes de sono.

Anabelle Graysson também já estava de pé. Ela era a mãe de Erzurel e ajudava nos afazeres do templo com uma voluntária. Ela ajudava a preparar e a servir um farto café da manha para os heróis. Todos comeram e beberam bem e, tão logo terminaram, a paladina deu inicio aos primeiros trabalhos do dia. A todos entregou um papiro, instruções com observações e desenhos.

– “Isso senhores é o plano de ação da missa. Quero que leiam atentamente item por item e, se tiverem alguma dúvida, falem agora. Ali ao lado está um  saco com indumentárias feitas especialmente para distinguir a nós dos demais. São robes adaptados para a ocasião e em respeito a Pelor. Desta forma senhores, eis como faremos:”

O Plano da Paladina

O papiro estava repleto de tópicos e itens a serem seguidos pelos heróis. Era dividido em “ Fases”, cada uma delas com uma serie de atividades menores. Lendo em voz alta, Sandy explica o passo a passo:

-“Nesta primeira fase, cuidaremos do Isolamento do quarteirão do Templo. Além deste quarteirão, iremos isolar uma rua para acesso ao templo, somente para a recepção das comitivas das autoridades, com auxílio da guarda local.

– Também nesta fase, Hadauck estará comandando os mercenários que auxiliam na proteção do templo. Dois de seus mercenário ficarão comigo e Eophain. Aescriel lançará magias de detecção e outras para resguardar o entorno do local e, se possível, no interior da nave do templo. Juntos também criaremos um elo mental entre nós, para facilitar nossa comunicação.

– Erzurel estará auxiliando na missa e agindo como guarda-costas de Kalin no interior do templo enquanto Rathnar estará na outra entrada, detectando o mal em todos os que entrarem por seu lado e agindo como suporte no interior para qualquer eventualidade Também deverei detectar o mal em todos que vierem pela entrada principal e relatarei mentalmente alguma anomalia à Aescriel.

– Do lado de fora, Eophain estará garantindo a vigilância e segurança, ordenando a entrada das autoridades e liderando os dois guardas mercenários. Cada autoridade poderá adentrar com apenas um guarda-costas cada. Os demais deverão aguardar do lado de fora. Já Silvertite estará sob o telhado do templo, invisível, atenta e quieta como uma gárgula. Apenas se moverá se for comandada por mim”.

– “Com isso – Conclui a paladina – Finalizamos este primeiro momento, abrindo espaço para a próxima fase de nosso plano”.
Vendo que mantinha o controle sobre a atenção de todos seus companheiros, a paladina prosseguiu com as instruções:

– “No interior do templo haverá a divisão das autoridades e representantes de Verbobonc do lado direito, juntos a Aescriel e do lado esquerdo, os emissários de Colinas Kron, estando Lester entre eles. Hadauck deverá entrar para assumir seu posto ao lado de Rathnar , juntamente com mais um guarda, enquanto Eophain e os guardas restantes ficam no portão de entrada, na parte de dentro do templo. Já eu, fico do lado de fora”.

– “Uma Vez que a Missa se inicie, os demais guardas deverão ficar circulando pelo terreno externo do templo, para garantir sua proteção. Deverão sempre andar em pares. Metade seguindo no sentido horário e a outra no sentido anti-horário. A cada volta, os guardas que passarem na parte da frente do templo reportarão a mim se está tudo bem. Qualquer intercorrência deverá ser relatada. Através de três toques no portão principal, informarei a existência de problemas. Ainda assim, informarei telepaticamente Aescriel”.

– “O fim da missa deverá estar próximo, a esta altura. Apenas Rathnar, Kalin, Erzurel e Eophain permanecerão em seus postos, enquanto o demais saem juntamente com as autoridades para garantir a proteção deles do lado de fora. Eu, Lester e dois guardas escoltaremos os emissários de Colinas Kron até os limites de Verbobonc, enquanto somos sobrevoados por Silvertite. Aescriel, Hadauck e três guardas seguem com a comitiva das autoridades até julgarem seguro para que elas sigam sozinhas. Enquanto isso, a guarda da cidade deverá manter o quarteirão e uma rua liberados para as autoridades de Kron poderem deixar a cidade”.
Todos estão atentos as orientações da paladina. E ela prossegue dando início ao passo a passo para a segunda missa daquela manhã.

“ – A guarda da cidade deverá liberar a passagem dos plebeus para acessarem o templo e, em seguida, retomam suas atividades de policiamento local. Rathnar deverá assumir o meu posto na entrada para perceber o mal nos plebeus que chegarem. Eophain deverá barrar qualquer acesso pela passagem Pátio do Templo/Nave. Os guardas deverão ser remanejados para suprir as necessidades da vigília. Já Aescriel, no momento oportuno, retorna rapidamente para o interior do templo e fica em prontidão. Caso não seja possível, ele retornará com Hadauck. Sendo assim, tudo ocorrerá bem e podemos finalizar a segunda missa.”

“- Os demais procedimentos não diferem do que já teremos feito paras as autoridades portanto deveremos manter o mesmo cronograma. Se seguirmos a risca o plano, acredito que não termos contratempos”.- Conclui satisfeita a Paladina.

Pelor, Heironeous e Corellon

Cada membro do grupo recolheu suas coisas e começou os seus preparativos. Os magos Aescriel e Lester foram estudar suas magias em seus grimoires, enquanto Kalin e Erzurel meditaram pedindo as bênçãos de Pelor. Erzurel, mesmo sem receber as graças de Pelor, orava em nome da luz para que essa apaziguasse seus pecados. Rathnar orava a Corellon à sua forma. Uma canção élfica vinha-lhes a mente enquanto verificava a corda de Selumiel e suas flechas. Embora o Limo houvesse destruído a maioria de seus itens, este havia sido preservado porem, ele não sabia explicar o porque. Sandy orava a Heironeous com a espada no colo e com uma mão sobre o medalhão de Exórdius, convicta. Hadauck e Eophain verificavam os últimos detalhes e conversavam com os mercenários enviados por Lírio, definindo os locais de guarda e o perímetro que deveria ser continuamente vigiado.

A missa iniciaria quando a luz do sol atingisse a crista do horizonte. Os aventureiros já podiam ouvir do lado de fora o som de cavalos, carruagens e charretes e assim os aventureiros assumiram seus postos.

Dentro da nave principal, Kalin e Erzurel cuidavam dos pequenos detalhes restantes. Arranjos de flores, o livro sagrado, as hostes, tudo estava no lugar. De cada lado do altar estavam os guerreiros Eophain e Hadauck. A frente dos dois, os bancos com as marcações de quem ocuparia cada assento. A primeira missa seria destinada aos governantes e diplomatas.

Com a fé em Pelor, os heróis esperavam que a graça divina atingisse as duas nações e essas tornassem aliadas mais uma vez.

Os Primeiros a chegar

Do lado de fora ao lado do portão de entrada estavam Rathnar e Sandy, preparados para consultar os nomes nas listas e detectar o mal. Aescriel e Lester também estavam próximos. Sandy viu quando os plebeus começaram a chegar. A Plebe foi a primeira a chegar e começaram a se aproximar da entrada do templo porém, vendo que o mesmo ainda estava fechado, não continuaram, acomodando-se nas mesas e cadeiras dispostas do lado de fora.

O tempo começou a passar mais rápido tal como é em situações de ansiedade e expectativa. Erzurel olhava pelas seteiras do templo, onde a madrugada estava se tornando cada vez mais clara e não tardaria o sol chegaria e a missa iniciaria. Mas algo incomodava o sacerdote. O templo estava vazio. Nenhum nobre, político ou diplomata haviam chegado.

Quando Erzurel foi para o lado de fora do templo notou a quantidade fiéis que já estavam ali esperando para entrar.

“- Padre Erzurel, padre Erzurel, quando os portões serão abertos?” – Perguntou uma beata.

“- Bom dia irmã – Respondeu Erzurel – Em breve. Porem primeiro será realizada um culto a portas fechadas com as autoridades de

Verbobonc e Kron e, após isso, realizaremos uma para todos vocês”. Próximo, Rathnar observava tudo com atenção vigilante. E a senhora insistiu:

“- Como assim padre? O sol não brilha duas vezes! É uma única e intensa luz, já dizia o padre Joachim!”

E a senhora se afasta, insatisfeita e triste pela notícia. Outro homem, desta vez mais irritado do que a conformada senhora disse: – “Como assim duas missas? Desde quando a Flor de Sol toma partido entre nobres e o povo? Não somos todos merecedores de igual benção? O que está havendo padre Erzurel?”

Inconformação

A presença de Erzurel atraiu a atenção dos demais plebeus presentes e, a medida que as perguntas evoluíam, tanto Sandy quanto Rathnar observavam preocupados o que poderia acabar ocorrendo. E ouviram atentamente as palavras de Erzurel:

“- Calma meus caros fiéis. Fiquem tranquilos haverá uma missa para vocês. Eu não concordei com o fato de serem duas missas, mas meus amigos acharam por bem e por segurança que assim o fosse. Peço que fiquem tranquilos, em nome de Pelor”.

As palavras de Erzurel surtiram efeito reverso e as pessoas começaram a ficar irritadas e a inflamação ficou maior quando uma gnomo foi vista adentrando o septo de Pelor.

Greyhawk_Alveranelle-1 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
Alvearnelle, diplomata dos gnomos de Tulvar

Sandy viu quando uma comitiva formada por cerca de 11 gnomos, sendo uma em especial, chegou até o portão do templo. Sandy perguntou-lhes o nome e consultou a lista. Feito isto, por fim detectou com as graças de Heironeous o mal sobre a gnomo. Não havia mal.

“- Pode entrar senhorita Alvearnelle”.

Do lado de fora, Erzurel se via perdido entre o mar de discursos revoltados e mesmo tendo recebido orientações de Rathnar, sacerdote disse:

“- Eu vou entrar Rathnar, não vou ficar aqui mais fora”. Completamente perdido, Erzurel queria escapar daquela situação desagradável. Agora sobrara para Rathnar controlar a insatisfação da população.

Diplomacia de Pelor

Alvearnelle se aproximou do altar e cumprimentou Kalin. Kalin se aproximou para cumprimentar formalmente a diplomata dos gnomos porem nunca a tinha visto ou ouvido falar dela. Para um diplomata, claramente ela era bem jovem para a função.

“- Olá senhorita Alvearnelle, é uma honra ter vindo para nossa humilde missa.” – Cumprimentou o Clérigo.

“- Obrigada padre! Na verdade, eu que agradeço pelo convite. Mas me diga, aquelas pessoas que estão lá fora, não era para estar aqui dentro?”

Com pesar nas palavras, Kalin explicou rapidamente para a gnomo o que se passara. O clérigo queria poder ter participado da reunião de planejamento para ter refutado aquela ideia absurda, mas era tarde mais para qualquer reação. A gnomo ouviu atentamente toda a história, dizendo:

“- Acho que a ideia foi boa e justa no sentido da segurança e preservação da ordem, mas por outro lado injusta para com os fiéis. Acho que seria bom se alguém fosse lá fora e falasse com as pessoas, para acalmar os ânimos”.

E foi neste momento que Erzurel chegou. E foi devidamente apresentado à diplomata. Em seguida, se dirigiu a Kalin:

“- Amigo, lá fora as pessoas estão chateadas pelo fato de haverem duas missas. Fala-se que faremos uma missa para os ricos e outra para os pobres. Precisamos fazer algo.”

E foi Kalin que teve uma ideia brilhante:

“- Vamos inverter as missas. Primeiro faremos para os fiéis de nosso clero, depois nos reuniremos com a alta administração dos reinos. Isso é se vierem…”

O septo de Pelor estava vazio. O sol já riscara o horizonte e Kalin, bem como Erzurel sabia que a missa já deveria ter iniciado. O tempo estava passando e o objetivo daquilo tudo também. E a gnomo completou:

“- Onde estão os nobres e tutores de Verbobonc? Achei que teríamos alguns aqui.”

E foi Erzurel disse:

“- Muitos pombos foram enviados, e eles me confirmaram a presença, não imagino o que possa ter ocorrido”.

Eophain e Hadauck

O baklunita Hadauck, estava próximo da gnomo e percebeu quando Eophain se recostou em uma pilastra e acendeu seu cachimbo. Embora todos estivessem tensos, o guerreiro não demostrava preocupação. Hadauck achou estranho e, com uma imaginação aguçada, confabulou possibilidades.

Eophain não sentiu prazer algum pelo o que estava ocorrendo. Era tão da vontade dele que as coisas funcionassem como de quem organizou tudo aquilo. Porém, ele desejava mesmo era que as coisas fossem melhor organizadas. Se era possível definir um sentimento naquele momento, podia se dizer que foi “Alivio” o que o guerreiro sentia.

Hadauck lhe perguntou em dado momento:

“- Isto, por acaso, é obra sua, meu caro Kensai?”

Ao que, Eophain respondeu:

“- Isto Hadauck, é obra da sensatez!”

Diplomacia de Corellon

“- Vejam! Uma gnomo acabou de adentrar o templo e nós vamos ficar aqui fora para a missa dos pobres? Eu vou embora!”

A situação estava claramente saindo do controle e após Erzurel ter saído. A Plebe estava indignada com a evidente discriminação que ocorria. Enquanto isso, Rathnar tentava contornar a situação:

“- Fiéis de Pelor, peço humildemente a atenção de vocês. Me chamo Rathnar Selfanar e sou amigo do clero de Pelor! Sei o quanto ele é querido por vocês porem temos aqui um mal entendido! Peço que parem e me escutem.”
Grupos de pessoas estavam recolhendo suas coisas e algumas já estavam indo embora, mas a grande maioria parou para ouvir o elfo que portava um belo arco à suas costas.

“- Há um mal entendido aqui e peço que ouçam o que tenho a dizer. Os padres Kalin e Erzurel organizaram essa missa com o cunho de trazer a santa paz, bem como propagar a luz de Pelor sobre todos. O templo foi assolado por uma grande sombra maligna que trouxe consigo morte e destruição. O motivo dessa missa especial estar sendo organizado dessa forma é por questões de segurança. É uma ocasião especial e jamais será assim no futuro. Além do mais, a Igreja de Pelor escolheu realizar a missa aqui fora também por estar ao ar livre. Os primeiros raios do sol atingirão a todos vocês! A benevolência radiante de Pelor irá abençoá-los, trazendo renovação nesses tempos de guerra e angústia. Em breve os sacerdotes irão realizar a missa sagrada e todos serão igualmente abençoados.

– Lembrem-se: A casa de Pelor reside em tudo que a luz toca. Jamais percam as esperanças em dias melhores.”

A “Uma” Missa

Quando Kalin chegou do lado de fora do templo, viu atrás de Rathnar havia conseguido tranquilizar os fiéis que ali esperavam. Aparentemente Rathnar havia contido a provável debandada que ocorreria. Muitos haviam ido embora, mas uma grande maioria ainda tinha esperanças de assistir ao evento. E todos ouviram a ordem do sacerdote:

“- Abram as portas do templo! Acomodaremos todos com o máximo de conforto e organização. Os que puderem assistir de fora, que o façam. Pelor os saúda em toda sua glória! Peço que respeitem uns aos outros e venham todos”.

As pessoas foram entrando conforme a ordem do sacerdote, Sandy e Rathnar controlavam da melhor que podia os acessos, mas pouco havia de ser feito.

Cerca de um sexto de hora depois, estavam todos dentro do grande salão de orações do Templo da Flor de Sol quando foi dado o início da cerimônia.

O louvor verdadeiro de Kalin

O septo do templo brilhava com uma luz calma e quente. Todos podiam sentir a consagração que emanava do altar e uma paz invadia o coração dos mais destemidos.

E assim, Kalin iniciou seu discurso:

“- Que a Luz de Pelor ilumine os corações de todos!”

“- Caros irmãos de Verbobonc, que seu dia seja abençoado. A grande maioria de vocês não me conhece. Sendo assim, me apresento: Sou Kalin Orochi, Sacerdote do Sol de Pontyrel. Muitos são os desígnios e muitas são as histórias que me trazem até aqui porém, antes de qualquer coisa, peço que orem por um minuto pela alma do Sacerdote Joaquim. Ao que me foi dito, o homem cumpriu sua missão com honradez, sendo um farol que guiava a comunidade de Verbobonc por um bom caminho.”

E se fez um minuto de silêncio.

“- É do conhecimento de vocês que, há algumas noites, este Templo no qual estamos foi atacado. Atacado por seres das sombras e malignos, que espreitam atrás apenas de um momento de fraqueza para tomar posse daquilo que não é seu. Neste ataque, pereceu o Sacerdote Joaquim, o guerreiro Nybas, entre outras valiosas almas. Posso lhes garantir que, a partir de hoje e seguido por um ano inteiro, nenhum ser sombrio adentrará o Templo da Flor do Sol, pela Benção de Pelor.”

– Digo-lhes, meus irmãos de Verbobonc, que este infortúnio é mais uma consequência da destruição do Obelisco de Pelor, que se encontrava no terreno deste Templo. Foi descoberto que os fragmentos deste Obelisco podem causar doenças; por isso, peço que os entreguem ao Templo, de forma que será dada uma tratativa adequada para tal. Porém, este não é o objetivo principal desta missa. Este sermão, meus amigos, é para lhes falar sobre perdão. É o perdão que trará a paz duradoura a Verbobonc e seus vizinhos. Faço aqui uma reflexão: se não houvesse conflito, o Obelisco teria sido quebrado? As vidas de parentes dos que estão aqui hoje seriam ceifadas tão abruptamente?”

– Eu lhes digo que não. Porém, onde não há espaço para o perdão, o mal opera livremente. E Verbobonc tem pago um preço muito alto pela ausência do perdão.”

Notando que prendia a atenção de todos os que lhe assistiam, Kalin continuou:

“- Todos nós estamos sujeitos à erros, sem exceções! Desde o erro na preparação de uma refeição, até um erro que pode custar um reino ou mesmo a vida de alguém. Isso eu lhes testemunho com conhecimento de causa. Por isso, a capacidade de perdoar é tão importante.

Ela enobrece a nossa alma. Faz com que possamos ter e dar uma segunda chance pois, assim como o Sol se põe e a noite predomina, Ele há de raiar em mais um dia, nos dando uma nova chance de fazer melhor. Deixe-me contar-lhes uma história de duas pequenas fazendas, comandados por um par de anciãos, cuja fé repousava numa divindade há muito esquecida:”

Tudo que poderia ser feito

“- O senso de comunidade nestes vilarejos era grandioso. Juntos, poderiam superar todo o tipo de adversidades. De forma a consolidar e firmar esta união, os filhos destes anciãos, enamorados como estavam, resolveram se casar. Porém, na noite do jantar que marcaria esta aliança, uma das anciãs veio a falecer, supostamente envenenada.”

“- Uma sombra se abateu sobre o coração dos presentes. Mesmo assim, o casamento foi consumado. Porém, isto não foi o bastante. Pouco tempo depois os tambores da guerra rufaram e o noivo, recém-casado, foi convocado. Em apoio, ele recebeu a anuência do ancião, seu pai. E, Uma vez na guerra, o infortúnio se abateu sobre o jovem, e o mesmo veio a falecer. Esta sequência de tragédias fez com a que a recém-viúva criasse um ódio inominável contra o ancião, responsabilizando-o pela morte de seu marido e assassinato de sua mãe, no dia de seu casamento. Incapaz de perdoá-lo pelo ocorrido, resolveu usar seus recursos para prejudica-lo de forma irreversível.”

“- As coisas seguiram assim por vários anos, até que um grupo de heróis chegou a região. Eles tentaram interceder naquele conflito familiar que já se arrastava a longos anos. Os heróis descobriram que tudo não passou de um engodo planejado por uma entidade maligna, que pretendia exterminar as duas famílias e extinguir em definitivo a divindade a qual ambas prestavam homenagem. Durante sua jornada, os heróis conseguiram restaurar a fé nesta divindade, esclarecer os ocorridos a respeito do envenenamento da anciã e encerrar a existência desta entidade maligna.”

O Perdão

“- E, novamente, eu lhes convido à reflexão: fosse a viúva do filho do ancião capaz de perdoa-ló, a entidade teria espaço para operar suas maldades? Tenho fé que não, meus irmãos. E por isso, repito: abram seus corações para o perdão.

– E uma provocação: tenho certeza de que muitos de vocês, ao ouvirem minha história, pensaram nela como um grupo de humanos. Porém, o mesmo pode ter ocorrido com gnomos, halflings, anões, ou outras criaturas quaisquer. Reforço que a mensagem que trago é de paz, para que possamos resolver nossas diferenças. O mal que opera nas sombras, aproveitando estes conflitos, foi o que levou ao ataque neste Templo. Este mesmo mal nos privou de entes queridos, amigos e colegas.

– Com estas palavras e estas súplicas, meus irmãos, eu encerro esta missa. Espero que Pelor abençoe a cada um de vocês e que seus corações sejam confortados com a cálida Luz do Sol. Um bom dia para todos.”

Ao final estavam todos de pé e observando impressionados a mensagem dita eloquentemente pelo sacerdote Kalin Orochi. O clérigo estava satisfeito consigo mesmo. Havia tocado o coração e mentes daquelas pessoas e até mesmo de seus companheiros.

O Fim da Missa

No final não houve uma segunda missa. A primeira tinha alcançado quem estava dentro e fora do templo, como se as palavras de Kalin tivesse sido clara e elevada o suficiente para alcançar a todos. E realmente foi. Kalin havia descoberto o dom de arrebatar fieis. Um dos dons mais elevados que os sacerdotes podem atingir. Ele sabia, precisava agora empregar aquele poder mais vezes. As pessoas pediam por isso. Necessitavam de orientação, conselhos e luz.

Erzurel puxou cânticos ao final da missa e cada um ali presente provou da água abençoada e engoliu uma semente de girassol, símbolos do compartilhamento da luz e portabilidade da mesma.

Cestas para doações percorriam todos os acentos da nave do templo e as pessoas deixavam moedas e outros objetos de valor. A quantia certamente seria utilizada para reparar os danos perpetrados ao templo, alimentar e remunerar os inúmeros voluntários que se dispunham a cuidar da Flor de Sol. Porém, havia algo mais. E foi Rathnar que viu primeiro. Dentro de um dos cestos estava um cubo.

O Cubo do Dízimo

A partir deste ponto, o que se tem é um relato nas palavras do próprio Kalin:

Texto Original: Bruno Simões (Kalin Orochi)

Após a missa, as pessoas começaram a deixar seus donativos para o Templo. Porém, em certo momento, foi posto em um dos cestos um dos Cubos de Pelor. Eu não vi quem colocou ele ali, e não poderia agir de forma atabalhoada, pois poderia causar pânico na saída das pessoas. Porém, Lester estava atento e com um pano, cobriu o cubo, levando-o para um local seguro. Erzurel o seguiu, no intuito de ajuda-lo a lidar com o item maldito. Um cubo naquele cesto poderia adoecer muitos dos fiéis presentes na missa. Foi um ato maligno e covarde. Além disso, me surpreendeu que a presença do cubo ali havia eliminado a magia Santuário que havia preparado. Com a sua retirada, a magia foi restabelecida.

Instantes depois, enquanto eu dava bênçãos a alguns fieis com sementes e a água abençoada, Erzurel retorna. Lester precisava da minha ajuda para anular os efeitos negativos gerados pelo cubo. Pedi que Erzurel ficasse em meu lugar pois, mesmo privado de seus poderes, o homem ainda era um sacerdote de Pelor.

Ao chegar no jardim interno do templo, vi que o cubo maldito emanava uma grande energia negativa. Erzurel havia me explicado dias atrás que bastava aplicar uma magia divina para cancelar esta emanação. Felizmente, eu tinha uma magia pronta para caso isto ocorresse. Assim, lancei Dissipar o Mal no cubo. Eu esperava uma anulação definitiva da aura de maldade, porém, ao tocá-lo, percebi que apenas havia adormecido esta aura.Ela retornaria alguns dias depois. Um dia para cada círculo de magia divina dispendido.

Lembrei-me das palavras de Sabyr, compartilhadas por Rathnar: “ – Os cubos devem ser destruídos”. Acredito que só possamos destruí-los enquanto esta aura estiver adormecida. Conversarei sobre isso com meus aliados mais tarde.

Feito isso, precisava conversar com a Srta. Alvearnelle. Tinha visto ela saindo do Templo há alguns instantes, então fui ao seu encontro. Perguntei o que havia achado da missa e ela elogiou de forma respeitosa o evento. Assim, convidei-a para retornar ao Templo, pois precisávamos conversar sobre o conflito. Os governantes de Verbobonc haviam declinado o convite, e isso era um mau sinal, ainda que supostamente tivesse confirmado que viriam.

Regressando ao Templo, expliquei à gnomo o que havia nos levado a preparar este evento. Lhe fui franco ao explicar que a história contada durante a missa ocorrera em Pedra de Kir. Alvearnelle explicitou sua decepção com a ausência dos governantes de Verbobonc, deixando claro que os mesmos lucravam com a guerra. Além disso, ela explicou que o território reclamado, originalmente, pertence mesmo à Verbobonc, porém os gnomos moram há tanto tempo ali, que seria uma maldade retirá-los. Neste momento, ouvi uma batida na porta. Uma senhora oferecia vinho e pão para nós. Agradeci a gentileza e retomamos a conversa. A mulher era Anabelle Graysson, senhora e mãe de Erzurel.

Expliquei a Alvearnelle que estávamos buscando a documentação original que definia as fronteiras, de forma a sustentar e embasar uma negociação razoável. Porém, ao encarar o que a gnomo falava, constatei que não havia vontade de Verbobonc em estabelecer uma paz.

As coisas teriam que ser feitas de outra forma e não seria fácil.

Ao tomarmos o primeiro copo de água, senti que a gnomo tossiu de forma estranha. Instantes depois percebi que o copo que ela utilizou não foi o trazido pela mãe de Erzurel, mas sim um copo próprio, feito em prata e preso à sua cintura por uma linha. E mais uma vez, lembrei-me de Sabyr: “Não beberás do cálice de prata”.

Se houvesse visto antes porém, não havia tempo para lamentar. Conjurei rapidamente uma detecção de venenos que confirmou que o copo estava envenenado. O segundo ponto era dissipar o veneno que acometeria a gnomo e efetuei uma segunda conjuração para dissipar a mesmo. Para minha surpresa, era um veneno poderosíssimo, o qual não fui capaz de anular.

Neste momento, Aescriel irrompeu pela porta, vendo minha luta para manter a gnomo bem. Eu estava lançando mão de todos os meus conhecimentos de cura que eu possuía. No instante seguinte, um homem, o qual nunca havia visto antes, surgiu magicamente na sala. E, olhando diretamente para Aescriel, proferiu as seguintes palavras:

– “Leve-a ao Templo de São Cuthbert, imediatamente. E você Aescriel, vem comigo AGORA!”

E assim, os dois magos sumiram. No instante seguinte, Sandy Benelovoice apareceu na porta e supliquei por seu auxílio, explicando que deveríamos seguir imediatamente para o Templo de São Cuthbert.

O Conde da Ordem Arcana

Momentos antes de ocorrer todos os fatos narrados por Kalin, um homem de porte altivo, vestes ricamente adornadas e carregando um livro e um cajado surgiu a frente da igreja. O homem não proferiu uma palavra, mas Aescriel que discutia com Rathnar e Sandy sobre o que fazer com o Cubo sentiu a presença. Aquela assinatura mágica era única e pertencia um homem.

Greyhawk_Falwick-Conde-de-Moën Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
Falwick, O Conde de Moen

Aescriel ouviu em sua mente as palavras do Conde:

“- Sabe o que minha presença significa. Venha comigo.”

Aescriel de fato sabia. E ainda que Rathnar lhe proferisse dezenas de palavras, o elfo dourado o ignorava. Aescriel olhava para o conde com semblante preocupado. Sandy tomou a frente de Aescriel e Rathnar sacudiu o elfo mago que parecia estar em algum tipo de transe.

“- Estou falando com você Aescriel! Quem é aquele homem? Você fala com ele como se o conhecesse.”

E a paladina complementou as palavras de Rathnar:

“- É uma ameaça, Aescriel?”.

“- Não – Responde o Elfo, sem tirar os olhos da figura – Levou mais tempo do que eu imaginava meus amigos. Chegou a hora de eu pagar pelos crimes que cometi, enquanto vampiro. Aquele homem é o Conde Falwick de Möen, membro do Círculo dos Oito e da Ordem Arcana de Greyhawk. Ele me convoca.”

E Rathnar disse:

“- Não podemos mudar nossos objetivos agora Aescriel! Vamos conversar com ele e explicar os seus propósitos. Qualquer que tenha sido as barbaridades cometidas como vampiro, agora você não é mais um. Vamos conversar”.

A Despedida de Aescriel

Mas a palavras de Rathnar soavam vazias para Aescriel. O elfo dourado observava fixamente o conde. Concentrado, ele tentava blindar sua mente contra um possível ataque mental. E, como previra, este ataque ocorreu. Uma nova palavra de ordem foi proferida pelo conde, mas Aescriel estava preparado! Naquele jogo mental, ele conhecia a forma correta de se proteger. Era grande e legendário o poder do conde, mas Aescriel conseguiu resistir a investida psíquica de seu oponente. E o elfo disse-lhe:

“- Conde, peço apenas que permita-me despedir de meus companheiros e tão logo irei com o senhor. Dê-me poucos instantes.”

E o conde assentiu, concedendo o pedido de Aescriel.

Aescriel correu para dentro. Ele precisava ver se a gnomo estava bem e explicar a Kalin que precisaria ficar fora por um tempo. O restante dessa história já é conhecida pelos relatos do próprio Kalin.

O desenrolar dessa fantástica e dramática história continua em breve.

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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