Situações Complexas | Heróis do Trono

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Este é o resumo da partida ocorrida no último dia 30.09.18, e que contou com a participação da maior parte de heróis agora autodenominados Heróis do Trono. A última partida em que isto ocorreu, foi na história “A Reunião“, ocorrida em 21.01.18. Nesta história os aventureiros se veem diante do impasse frente ao ocorrido a Alvearnelle após a Missa Heroica e Gatts surge com mais problemas para serem colocados à mesa. A partida contou com os seguintes jogadores/personagens:

Diogo Coelho – Gatts
Marcelo Guimarães – Aescriel
Fabrício Nobre – Eophain
Bruno SimõesKalin
Bruno Freitas – Rathnar
Aharon Freitas – Erzurel

Entre os PdMs permanentes participaram:
Lester e Hadauck

A Catedral do Santo Cuthbert

06 de Preparos de 597 CY

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ilvertite pousou com ímpeto diante dos grandes portões da catedral do Santo Cuthbert. Diante dos heróis, uma enorme e antiga construção, datada de mais de 100 anos no viscondado, se erguia imponente. Paredes de cor acidentadas, vitrais brancos e vermelhos perfilando seteiras pelas inúmeras torres da construção. Aquele era o maior centro religioso do Santo naquela região de Flanaess, talvez o maior do continente.

Mas todos esses detalhes passaram despercebidos pelos heróis. A razão de estarem ali era mais importante. Nos braços do sacerdote de Pelor Kalin Orochi a vida da pequena diplomata de Kron, Alvearnelle Tulvar, estava por um fio.

Sandy dispensou sua dragonado e eles entraram correndo para dentro do templo. Os heróis pouco deram atenção ao espanto quem causavam nos transeuntes, estupefatos com a belíssima besta  mágica que alçava voo. Silvertite era realmente uma criatura magnifica. Ainda que já tivesse ouvido histórias sobre bestas aladas banhadas em ouro, nenhuma daquelas simples pessoas já testemunhara uma com seus próprios olhos. Mas de novo, isso pouco importava naquele momento crucial.

A Sala dos Sacerdotes

Quando adentraram o septo principal de orações, a dupla foi logo atendida por um dos sacerdotes ali presentes. Alguma espécie de missa havia terminado a pouco e isso explicava a quantidade de pessoas se movimentando em direção a saída do templo. O sacerdote se apresentou com Andrei e tão logo Kalin explicou quem era aquela em seus braços, o pedido de Sandy para ver o Cardeal fez sentido mais rapidamente.

O homem pediu para que eles esperassem por um  momento e tão logo seriam atendidos. Não tardou muito e o homem retornou, dizendo-lhes: “- Chamo-me Andrei, presbítero do templo. Queiram ter a bondade de me acompanhar. O cardeal irá logo atendê-los”.

Os heróis acompanharam o sacerdote através de um longo corredor que se seguia após as portas daquela enorme igreja. Por fim, chegaram até uma grande sala retangular, sem cadeiras ou bancos, com o chão revestido por um mármore de duas tonalidades, uma escura e outra mais clara.

Tons de verde davam um toque exótico as lajotas e uma grande estatua enfeitava a sala. A figura representada na escultura era o próprio Santo Cuthbert, o mortal que fugiu da Cidade dos Deuses.

O Santo Cuthbert

Kalin e Sandy o conheciam bem, cada um ao seu modo. De uma forma geral, ambos detinham conhecimento sobre aquele clero e, principalmente, sobre Santo Cuthbert. Considerado uma divindade intermediária, sua tendência oscilava entre o Leal e Neutro e/ou Leal e Bom. Ele é inimigo ferrenho de muitas divindades malignas, principalmente Iuz e Vecna. Há registros de uma rivalidade intensa também contra Pholtus.

A Igreja de São Cuthbert é uma das mais presentes em Flanaess, com cada vez mais seguidores sendo agregados a causa, apesar da natureza zelosa e dura de muitos de seus padres.  Cuthbert é o Poder da dedicação, zelo, e devoção às causas da lei (principalmente) e bondade (secundariamente). O bom senso, verdade e a franqueza são suas senhas.  Ele se opõe ao caos e age duramente contra o mal.

O Sacerdócio de Cuthbert

Rígido com seus padres, enxerga tudo através do preto e branco. Para muitos povos que vivem sobre a ameaça de Iuz ao norte, Cuthbert simboliza salvação.  A grande inimizade entre Iuz e Cuthbert aumenta a popularidade do deus. Os clérigos de Cuthbert também são determinados rivais dos clérigos de Pholtus. Sobre o seu sacerdócio, muito mais importante do que a cultura e estudo do conhecimento, são os valores de Honestidade e o Bom senso. A fé é prática, com atenção para os mínimos detalhes e vieses da vida cotidiana. A guerra e o treinamento militar são aptidões necessárias e obrigatórias para os membros do sacerdócio.

Pelo que Kalin se recordava, havia três ordens no sacerdócio: o Chapeaux, que utilizam chapéus amassados e buscam pessoas que possam somar a causa do Santo; as Estrelas usam um medalhão e buscam reter pureza doutrinal entre os crentes; e os Boletos, o grupo mais numeroso, usam um espanque como um símbolo santo e servem como ministros e protetores dos crentes (70% dos Boletos são Leais e Bons).  Serviços em honra a Cuthbert são administrados frequentemente dentro de pequenos santuários e capelas mais humildes.  Cantos, orações, e recitações de contos morais edificantes, além de compartilhamento de refeições simples (pão, leite, e sopa de aveia), são comuns dentro do sacerdócio.

Gaunter O´Dim, o Cardeal do Santo

Erguendo-se após uma reza, o homem se vira para os heróis que se aproximam. Em pé e sem dizer nada à paladina ou ao clérigo, ele estende os braços para receber a gnomo. Andrei, que vinha acompanhando o grupo, estendeu no solo frio de mármore um grosso tecido onde a gnomo enferma foi deitada. O homem pareceu não dar atenção a Sandy ou a Erzurel a princípio, seu olhar estava completamente voltado para o estado da gnomo.

Kalin já havia visto aquele homem. Ele era um líder de grande influência sobre toda aquela região. Agora se dedicava a tratar Alvearnelle, compenetrado. Kalin sabia que, sendo cardeal, ele estava apenas a um passo do Sumo Sacerdócio e, com certeza, era detentor de imenso poder divino.

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Gaunter O´Dim

A Chegada dos demais Heróis

Após cerca de meia hora, ele finalmente se dirigiu aos heróis:

“- Olá Senhores. Como vocês se chamam? E, por favor, me expliquem o que ocorreu a pequena gnomo e que tipo de mal é esse que a aflige.”

Prontamente Sandy contou-lhe a história ate aquele momento. Kalin concluiu explicando os acontecimentos finais, após a gnomo beber de um copo trazido por ela mesma, foi acometida imediatamente pelo efeito de um veneno de natureza poderosa. Nenhumas das magias conjuradas por ele, com efeitos de neutralizar venenos, obtiveram sucesso.

Gaunter observava com atenção e ouve atentamente o depoimento. Em seguida, com um olhar intrigado, ele retoma o tratamento da gnomo, avaliando o seu estado. Com ar urgente na voz, ele pede a Andrei que convoque os seus bispos e, em seguida, se dirige novamente aos heróis:

“- Não consigo identificar que tipo de veneno acometeu Alvearnelle Tulvar. Mesmo minha benção não foi capaz de quebrá-la. Vocês poderão aguardar aqui ou podem retornar depois. Precisaremos de mais tempo e estudo para dizer o que a acomete. Faremos o que estiver ao nosso alcance para curar a gnomo.”

Cerca de uma hora depois, desde a chegada de Sandy e Kalin, os demais heróis chegaram. Estavam ali Eophain, Lester, Rathnar e Hadauck. Logo foram colocados a par da situação começam a conversar entre si sobre como procederiam dali em diante. O grupo discute principalmente sobre o ocorrido durante a missa e as possíveis divisões que o grupo terá que proceder.

Os bispos chegaram e se somaram a Gaunter debruçados sobre a gnomo. Andrei tornou a sair a pedido do cardeal. E Kalin, muito preocupado com a condição de Alvearnelle, se afastou do grupo ficando junto com os sacerdotes.

Nalambar

06 de Preparos de 597 CY

Gatts finalmente chegou à catedral. Sorrateiro, ele queria ocultar a sua presença. Chegou voando e invisível e imediatamente adentrou o imenso templo. Notou muitas pessoas saindo do que parecia ser o fim de um culto, mas o que mais lhes chamou a atenção foi a presença de ninguém menos que Keira Mertz.

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Gatts

A sacerdotisa do Santo Cuthbert de Reymend. Gatts achou estranho a principio, mas logo imaginou o que ocorreu. Quando ele a deixou no telhado do templo em Reymend, ela deve ter seguido imediatamente para Verbobonc a cavalo, enquanto ele partiu no dia seguinte. Reymend e Verbobonc distavam uma da outra cerca de um dia e meio a cavalo. E pela aparência, ela deveria ter acabado de chegar.

Gatts se aproximou e ouviu a conversa entre a sacerdotisa e o voluntário do templo. E logo que eles começaram a andar para o interior do templo, Gatts o seguiu. Não tardou, foram levados para o mesmo recinto em que não menos que todos os seus companheiros estavam.

O guerreiro mago se surpreendeu com a presença dos seus aliados e, enquanto Keira e o voluntário seguiam para a direção onde estava Gaunter, ele foi se aproximando de seus companheiros, desfazendo da ilusão que ocultava a sua presença. Todo grupo se surpreenderam com a presença do líder dos heróis do trono, Theros Gatts Nalambar Benelovoice.

Intrusão Inconveniente

Antes que os seus companheiros pudessem dizer qualquer coisa Gatts se principiou em direção aos bispos e ao Cardeal: “- É bom vê-los, amigos. Porem, antes permitam desculpar-me pela forma como cheguei até aqui.  Dada as circunstâncias como sai do templo do Santo Cuthbert em Reymend, precisava ter certeza de que estava em um  local seguro e diante de reais seguidores do senhor da Estrela de Prata, o Santo Cuthbert. Keira Mertz pode atestar minhas palavras e que  minhas intenções não são hostis, dado o que fiz por ela em Reymend.”

O olhar do cardeal carregava um incomodo evidente e Gatts temeu que o seu ato houvesse sido muito grave, mas logo que Gaunter falou, ele tranquilizou-se: “- Está correto quanto à intrusão de forma inconveniente guerreiro. Mas se suas intenções não fosse justas ou claras, você se quer, teria passado por aquela porta, muito menos chegaria a essa distancia da estatua do santo. Você pode ficar”.

E com a permissão do Cardeal, Gatts pôde finalmente se juntar aos seus companheiros. Fazia pouco mais que uma semana que os tinha visto pela última vez, mas tanta coisa aconteceu que parecia que faziam meses.

Os Heróis do Trono

Com um reverencia ao Cardeal e voltando-se para o grupo, Gatts tinha muito a relatar. Eophain, Erzurel, Sandy, Kalin, estavam todos ali. E havia também o alto elfo que conhecera em Nulb, Rathnar. Além dele estava um baklunita grande e com porte altivo que ele nunca vira antes e o halfling de múltiplas personalidades, Lester Winchester. Faltavam Aescriel, Thrommel e Pyrus, lamentavelmente. Porem, o grupo estava em peso ali.

“- Senhores, tenho muito a contar-lhes. O tempo me é muito curto, mas vejo agora que tomei uma decisão errada quanto a divisão do grupo, e nisto acho que Thrommel também se equivocou. Nunca deveriam ter sido três grupos, mas sim dois. Um atuando aqui em Verbobonc e outro ao sul, em Celadon.”

Gatts aguardou a reação do grupo ante as suas palavras, e foi nesse momento que ele teve uma estranha sensação melancólica. Sandy e Kalin imediatamente também sentiram e o grupo percebeu que algo estava errado. O sacerdote, a paladina e guerreiro mago olhavam para um dedo da mão de Gatts onde residia um belo anel de ouro onde uma pedra preciosa solitária repousava.

Aqueles eram os Anéis dos Heróis, entregue a Gatts por Thrommel e que indicavam a direção e o estado de saúde de cada usuário do conjunto. Porem, naquele momento o brilho de um dos anéis tinha acabado de se apagar. Pyrus havia morrido.

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Os 5 Anéis dos Heróis

A Confusão

Gatts anunciou a triste noticia. O grupo recebeu com choque a informação de que Pyrus estava morto. Sandy e Kalin tentavam entender o que acontecera, mas o anel não dizia nada além, nem mesmo uma direção. Eles sentiam que o príncipe estava vivo e estável em alguma direção ao norte. O guerreiro mago contara tudo que se passou com ele, tentando explicar ao grupo como chegara até aquela situação, e de como quase não conseguira sair de Reymend. E após terminar o seu relato, ele notou que Kalin havia saído e ido ficar próximo de Gaunter. Ele não entendeu e achou inapropriado, mas ignorou. E foi quando pediu para o grupo explicar o que havia acontecido com eles, quem era a gnomo e por que o grupo todo estava imerso naquela confusão.

Sandy e Rathnar começaram explicando o ocorrido com os Ataques ao Templo e, posteriormente, dos insetos e a Missa. Sobre a missa, eles iniciaram uma tempestade de hipóteses, tentando entender o motivo das autoridades de Verbobonc não terem comparecido à missa, mesmo após algumas tendo confirmado presença. E foi neste momento que Eophain se pronunciou e o que ele disse deixou a todos estupefatos.

“- A decisão das autoridades não comparecerem a missa foi uma decisão do Tutor Regis. Quando saí daquela reunião sem pé nem cabeça no templo da Flor de Sol, dirigir-me a residência dele. E após explicar o que vocês pretendiam inadvertidamente fazer, ele tomou a decisão mais sensata possível. Solicitou às autoridades que não comparecessem de modo algum a missa. Foi isso, e acreditem em mim, poderia ter  sido muito pior.”

A Fúria da Paladina

Sandy foi para cima de Eophain possessa. Não fosse pela intromissão de Gatts, ninguém sabe o que teria ocorrido. Sandy olhou Gatts nos olhos e refreou seu ímpeto e se colocando de lado e olhando diretamente para Eophain disse:

“- É você que age pelas nossas costas! Sua lealdade distorcida é que nos trouxe até aqui. Se tivéssemos sido unidos do inicio ao fim, quem poderia dizer que não teríamos êxito, kensai? Diga-me!”

Sandy tentava se recompor, sem sucesso. O limite da fúria de sentimentos fora atingido em seu interior. Para ela, Eophain desde o princípio estava na contra mão do senso de união do grupo, mantendo em si uma visão de lealdade torta e frágil. Naquele momento ela colocava isso para fora. De longe, Kalin percebeu a alteração da paladina e se aproximou do grupo, a fim de entender o motivo de toda aquela discussão. Ele e Eophain haviam construído um coleguismo agradável e, de uma forma muito mais civilizada que a paladina, indagou o Kensai sobre suas motivações. Entretanto, ele fez questão de deixar claro que, assim como a paladina, discordava completamente da postura e ações individuais do kensai.

Em sua defesa, Eophain rebatia as críticas com lógica e frieza. Ele apresentava os fatos assim como eram. Para o guerreiro, seus aliados não percebiam e eram incapazes de ver que ele agiu em nome do grupo, pelo grupo e pelo bem dos reinos envolvidos. Eram tolos sonhadores, almejando uma utopia sem avaliar suas consequências. Porem, ele ainda assim insistia em mostrar o sentido em seus atos. Estava satisfeito consigo e isso era o que lhe importava.

Ponderações Negativas

Gatts queria saber o que havia ocorrido de fato. Parecia que todos os eventos ainda estavam frescos e claramente mal resolvidos entre os seus companheiros, os Heróis Selvagens e os de Ferro. Ele gostaria muito de poder colocar um ponto naquela discussão.  Mesmo sem saber o que havia ocorrido, a morte de Pyrus e o paradeiro desconhecido do príncipe era o verdadeiro problema. Se a Legião estivesse de posse do príncipe, seria o fim Furyondy. Era o fim do cinturão que segurava a maior ameaça dos dias atuais a Flanaess. Ninguém enxergava isso, até mesmo sua prima não conseguia ver.

Ele recuou para a porta de saída, indignado com toda aquela falta de tato. Ele precisaria se recuperar e seguir imediatamente para Reymend, precisava encontrar Pyrus e o príncipe. Precisaria também ver o que era possível ser feito por Questin. Ele esperava encontrar pequenas vitórias nos dois grupos que haviam se separado, mas ali havia tanta derrota, quanto a que ele mesmo provara em Reymend.

Rathnar e o halfling Lester notaram que o guerreiro mago se afastava e falaram:

“- Espere Gatts! A onde está indo? Não terminamos aqui! Precisamos decidir juntos o que faremos. Estamos em uma situação delicada e você, pelo que entendi, é o líder deste grupo. Não pode abandoná-los!”

Gatts olhou o elfo nos olhos e refletiu por um momento. Avaliando melhor seus atos, ele assentiu. Enquanto o grupo ainda discutia acaloradamente sobre o ocorrido, Gatts, Rathnar e Lester se aproximaram para encerrar aquela discussão.  Neste mesmo momento a porta do templo abriu e uma comitiva de homens, vestindo armaduras, desarmados, porém denotando força militar invadiu o templo. A frente da comitiva um homem.

A Guarda de Verbobonc

A sala mergulhou em um silêncio instantâneo. Aqueles homens compunham a guarda do Viscondado e a presença deles ali, só poderia significar problemas.

O homem a frente da guarda era um senhor de seus 50 anos certamente. Cabelos brancos as varias medalhas espalhadas pelo uniforme sinalizavam sua experiência na carreira militar. Seu corpo não exibia sinais da idade. Possuía porte altivo com cerca de 1,89m de altura. Vestia um belo gibão de couro com rebites de prata. Após chegar na metade da sala e olhando diretamente para Gaunter, disse: “- Bom dia sacerdotes do Santo! Venho em nome das forças armadas do viscondado. Me foi informado que aqui se encontra o sacerdote responsável pela missa de Pelor, ocorrida nesta manhã no Templo da Flor de Sol. O senhor Kalin Orochi se encontra?”

Kalin deu um passo na direção do homem, e todo o grupo instintivamente rodeou o sacerdote. Não havia uma expectativa de combate, mas a reação do grupo parecia ser como de uma elite de guerreiros também.

“- Sou eu, senhor! E vós, quem é?” – Respondeu Kalin.

“- Eu sou Thailles de Dorndall, Capitão da Guarda do Viscondado de Verbobonc. Queira por gentileza nos acompanhar até o torreão da guarda. Temos algumas perguntas a fazer ao senhor, padre. Preciso que o senhor nos acompanhe. Imediatamente, senhor.” Essas últimas palavras carregavam uma ênfase um tanto quanto incômoda.

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Capitão Thailles de Dorndall

Disputa

Erzurel se interpôs a frente de Kalin e se, dirigindo ao homem, disse: “- Senhor, estamos em uma situação um tanto quanto delicada aqui. Logo após a sua resolução, acompanharei Kalin a casa da guarda para prestar quaisquer que sejam os esclarecimentos necessários.” Eophain balançava a cabeça, negativamente. O Kensai sabia que isto de nada serviria. Aquela aparente condução para esclarecimentos era na verdade uma prisão preventiva. Verbobonc precisaria dar esclarecimentos perante o ocorrido a gnomo rápido, se quisesse evitar uma guerra aberta contra os gnomos.

Thailles observou com curiosidade o que foi dito por Erzurel. “- Queira fazer o favor de nos acompanhar agora, Sr. Kalin.” – Disse o capitão da guarda, ignorando Erzurel solenemente.

A Detenção do Clérigo do Sol

Até então, o Cardeal apenas observava o desenrolar de toda aquela situação. E quando Gaunter falou, todos ficaram calados. “- Caro Sir. Thailles entendo a natureza urgente de sua missão, mas estes homens e mulheres precisam definir o que farão nas próximas horas. Considerando o fato deles terem sido os responsáveis por salvar grande parte dos nobres presentes no Museu de Verbobonc no ataque dos minotauros, e posteriormente, ter livrado o templo do suspeito e não resolvido ataque de sombras, relego que mereçam ao menos um tempo para pensar. Peço que reconsidere.”

Thailles ouviu o que disse Gaunter e consentiu, com um suspiro: “- Estaremos do lado de fora. Darei uma hora. Não mais que isso.” E assim a comitiva de homens saiu do recinto.

Gaunter olhou para o grupo. Aquela era a segunda vez que ajudava aqueles heróis por um preço muito menor do que deveria ser pago. Porem, em um outro momento haveria mais tempo para discutir isso. Antes ele precisava salvar a gnomo. A alquimista que veio da academia Tolariana já estava analisando o veneno e os efeitos sob o corpo de Alvearnelle. Era uma questão de tempo até determinar o antídoto ideal para aquele veneno.

A Estratégia dos Heróis

Gaunter, observando o grupo aliviado, disse: “- Vocês ganharam um tempo. Decidam o que tiverem que decidir e cumpram  o pedido do capitão.” Percebendo a oportunidade, o grupo voltou a discutir as alternativas que tinham. Havia muito o que discutir e pouco tempo para isso. Nybas deveria ser ressuscitado, a situação de Pyrus deveria ser averiguada, Questin e, principalmente, Thrommel. A iminente detenção de Kalin e o aparente sequestro de Aescriel. Aos poucos os Heróis do Trono percebem a imensa quantidade de situações que necessitam de sua atenção.

A hora cedida pelo capitão da guarda passa rápido. Um soldado surgiu à porta da sala de oração dos sacerdotes alertando que agora, definitivamente, Kalin deveria seguir com eles.

Gaunter se virou para o grupo dizendo:

“- Senhores quero pedir apenas que retornem para as suas casas. Aqui não ajudarão em mais nada. Retornem pela manhã e acredito que terei o diagnóstico para o mal que aflige Alvearnelle. Conversaremos sobre isso amanhã. Por hora é só.”

Ele não esperou por agradecimentos ou consentimentos, voltando sua atenção para os sacerdotes que cuidavam da pequena gnomo.

Situações Complexas – Parte I

Gatts e Kalin foram caminhando muito próximos um do outro de modo que o guarda não pudesse ouvir o que eles conversavam. Kalin informava a Gatts o que pretendia ficar em Verbobonc até que tudo fosse resolvido e o que ele via como as prioridades em sua ausência. Gatts ouvia atentamente e concordante, absorvia os conselhos do sacerdote de Pelor. Quando chegaram a saída do templo a despedida do sacerdote foi rápida. A carruagem seguiu acompanhada pela comitiva de cavaleiros pelas ruas do viscondado.

O grupo seguiu para o Templo da Flor de Sol e lá se reuniram novamente, discutindo suas opções. O que veio na sequência foi a decisão de nova divisão do grupo: Os novos Heróis Selvagens seriam compostos pelos Arautos de Versis que já pretendiam seguir para Celadon, compostos por Hadauck, Riore e Grom Taldir. Somado a esse grupo iriam Rathnar e Sabyr. O outro grupo seria os Heróis do Trono, liderados por Gatts, e seguido por Sandy, Eophain, Erzurel, Kalin e o próprio Thrommel, quando encontrado. As situações de Pyrus, Nybas e Questin teria que ser reavaliadas pelo poder dos sacerdotes, principalmente Kalin.

Definida essas frentes de trabalho, o grupo retirou o resto do dia para descansar. Todos estavam exaustos e o descanso era fundamental para encarar os desafios que tinham a frente. Mesmo Gatts preocupado com os seus companheiros em Reymend, temia seriamente pela segurança deles.

Situações Complexas – Parte II

Erzurel fora o único que não fez o mesmo que seus companheiros. Tão logo a reunião se dissolveu ele reuniu materiais pedidos pelo sacerdote Kalin ainda no templo de Cuthbert e seguiu para o torreão da guarda de Verbobonc.

Kalin fora colocado em um aposento simples, porém confortável no torreão. A porta do aposento não estava trancada, entretanto tinha a guarda permanente de um soldado. Ele pediu para poder conversar com Sir. Thailles, mas foi informado que o capitão não se encontrava mais em serviço, somente no dia seguinte. De todo modo, o sacerdote pediu uma audiência com o capitão da guarda. Kalin esperava poder estar de volta aos seus companheiros assim que seu depoimento fosse registrado e ele liberado.

A porta do quarto em que Kalin se encontrava foi batida e o sentinela informou que ele tinha visita. Era Erzurel, que adentrou o aposento. Os dois sacerdotes deram  um forte abraço e após trocarem o olhar sincero, iniciaram os trabalhos. Kalin sabia que era importante que Erzurel recebe a penitência por seus pecados e tão logo recuperasse seus poderes. A força dos sacerdotes do grupo precisariam estar a todo vapor para as necessidades que teriam.

A Penitência de Erzurel

As orações dos sacerdotes iniciaram e um cheiro de incenso doce e reconfortante invadiu o recinto. A cabeça de Erzurel foi coberta por uma renda perfurada e branca com fios dourados e, mesmo de olhos fechados, ele sentia a conexão de Pelor ir e vir. Kalin perguntou aos anjos e seres celestiais, diante do maior pecado do ilibado sacerdote de Pelor Erzurel Graysson, como ele poderia se redimir. E a resposta de Pelor vieram através do transe:

“- Erzurel Graysson, seus atos afastaram a luz de você. Mas a luz ainda reside em ti. Como um homem falível, você errou. A vida no final deve ser a energia para reconectar e religar sua essência ao divino. Tu deves cumprir uma das seguintes tarefas para concretizar sua penitência:”

  • Realizar 1.000 partos, garantindo a sobrevivência de pelo menos o feto ou a mãe;
  • Curar 1.500 doentes de suas enfermidades;
  • Evitar a morte de 1.000 pessoas;
  • Evitar uma Guerra, garantindo a paz por no mínimo 10 anos;
  • Destruir a força de 1.000 de Mortos Vivos, equiparados pelos seu poder.

Erzurel entendeu a mensagem. Cinco alternativas foram lhe dadas para recuperar sua conexão com o divino. Ele entendia de acordo com seu erro, o tamanho da ação para repará-lo. E ele mais uma vez ficou triste. A penitencia lhe exigiria muito. Porem, com um abraço de seu amigo Kalin, ele se sentiu mais confiante. Recuperaria seus poderes uma vez mais e nunca mais o perderia novamente.

Um Novo dia

07 de Preparos de 597 CY

Logo cedo Rathnar reuniu os heróis Sandy, Gatts e Eophain. Ele pretendia que a situação do elfo dourado fosse revista. Ele precisaria da força dos dois arcanos do grupo Lester e Aescriel para onde estava indo. Mas essa história ficará para um próximo artigo.

Continua…

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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