Caverna dos Desafios | Gatts

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Nos dias 09.05.19 e 23.07.19 ocorreram as sessões com Gatts na Torre da Mágoa. O guerreiro mago se envereda pela caverna dos desafios acompanhado de Gabbard e dos irmãos Stravius: Maurício e Gustavo.

A Caverna dos Desafios é um local para aventureiros testarem suas habilidades. Mas da forma a qual foi projetada, é muito difícil antever todas as consequências para as decisões tomadas ali dentro, e nem mesmo Savras, criador e mantenedor do local, é capaz de controlá-la totalmente. Gatts pôde constatar após uma longa reflexão, ele que entrara com intuito de testar as habilidades de Gustavo e Maurício, descobriu que seria testado. Quando os desafios se apresentaram ao guerreiro mago, para que ele os superasse, fatores como inteligência, conhecimento, carisma, vivência e astúcia foram colocados a prova e ele constatou afinal, que há muito o que aprender e aprimorar sobre as suas próprias capacidades.

A Caverna dos Desafios, brinca com a sorte contra os aventureiros e coloca em xeque a conduta e unidade do grupo.

Jogador: Diogo Coelho (Gatts)

Esse é um texto original escrito por Bruno de Brito e revisado pelas hábeis mãos de Bruno Simões, meu fiel companheiro das aventuras literárias de Greyhawk.

Uma nota sobre o tempo

Como o tempo será algo absolutamente relativo, o resumo dos dias será sem marcações, apenas a entrada e a saída, serão sinalizados.

A Equipe e a Torre

Em algum momento entre os dias 12 e 16 de Preparos de 592CY

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avia um dia, Gatts estava novamente na Torre da Mágoa, e conforme lhe fora explicado por Ghor, o tempo ali dentro transcorria de forma diferente em relação ao “lado de fora”. Na prática, cada hora do “lado de fora”, era equivalente a um dia dentro da torre. Gatts havia planejado, de acordo com a conversa que teve com Savras no dia anterior, passar os próximos 96 dias na torre. Isto por que do lado de fora transcorreriam apenas 4 dias! O plano do furyondês era chegar a Tulvar no dia 16 de Preparos, um dia antes do que estava previsto para Erzurel chegar ao reino dos gnomos. E nesses 96 dias, Gatts esperava poder estudar magias, descansar, monitorar seus companheiros através do Observatório e cuidar de Caleb. Sobraria talvez tempo para se reabastecer em Baranford, quem sabe…

Dentre as prioridades, uma em especial Gatts tratou de resolver primeiro. Gustavo e Maurício iriam com ele para Tulvar e era necessário saber se os jovens estavam preparados para o que estava por vir, e ele descobriria isso na Caverna dos Desafios…

A Torre da Mágoa era uma construção mágica, a casa do arquimago Savras da Mágoa, há muito tempo aprisionado em um espelho e liberto por Gatts durante suas aventuras no início da sua vida como aventureiro. Agora estavam ali, ele, Gabbard, Gustavo e Maurício, diante da caverna dos desafios. Um semi-plano existente dentro de uma fissura temporal em um dos níveis da torre, sobre a qual era possível enfrentar desafios, monstros, armadilhas e situações intrincadas como até mesmo sofrer os efeitos da morte, ainda que simulada, extremamente verossímil.

E Gatts observava cada um de seus companheiros naquela empreitada, que ele esperava ser simples e didática, quando uma mensagem mágica lhe chegou telepaticamente:

Kalin:Gatts, estamos com a informação de dois locais com aliados de Iuz e Vecna – O Estarote Dominado e O Demônio de Dapple. Tenham cuidado.”

Gatts conhecia aquela magia, tratava-se de “Mensagem”, feitiço que permitia a comunicação entre dois pontos independente da distância, com as seguintes restrições: Estar no mesmo plano e a mensagem não poderia conter mais que 25 palavras, desconsiderando conectivos entre palavras (e, da, de, etc).

Resposta de Gatts: “Obrigado pela informação, vou investigar a situação destes locais. Qual o relatório da missão e da situação de vocês?”

Ainda que tivesse indagado Kalin, Gatts, sabia que somente uma nova conjuração lhe permitiria saber a resposta de sua pergunta, coisa que não aconteceu.

A Configuração da Equipe

Gatts olhou para todos. De Gabbard, ele já conhecia as habilidades. O guerreiro era um exímio lanceiro e muito resistente, além de esperto o suficiente para saber quais desafios poderia enfrentar e quais era melhor se “aliar” ao inimigo. Gustavo era um guerreiro, da linha do escudo, espada longa e armadura parcial. Era um combatente clássico e parecia ter confiança suficiente nas habilidades adquiridas como soldado da guarda de Baranford. Já Maurício não era um mago tal como Gatts imaginara e ele próprio dissera. Na verdade, ele era um tipo diferente de conjurador – um Convocador. Especialista em magias de Convocação, ele estava além dos magos, pois ainda que seu repertório fosse mais restrito que o de um mago, ele era capaz de convocar um eidolon, uma criatura mágica personalizada por Maurício e antes de iniciar a exploração da câmara ele meditou por 10 minutos para trazer o seu companheiro ante o grupo.

A criatura que surgiu impressionou a Gatts e Gabbard. Uma mistura de felino, com uma coruja, com sinais claros de traços selvagens, e Gustavo sorriu quando Amphinis surgiu. “- Essa é Amphinis, Gatts, minha maior criação, meu Eidolon”.

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Amphinis, o Eidolon de Maurício Stravius

Gatts já havia lido acerca de convocadores e seus eidolons, seres únicos, que se trabalhados corretamente poderiam se tornar criaturas de grande poder. Já os convocadores, eram uma variação prodigiosa de arcanos versados no talento de convocar criaturas de uma vasta gama de origens. Ele estava satisfeito com a vocação de Gustavo para aquele braço da magia. Teria a oportunidade de determinar se havia evoluído bem.

A Primeira Câmara

Gustavo e Gabbard cuidariam da vanguarda, enquanto Gatts e Maurício estariam no centro com Amphinis, vindo na retaguarda. E com isso eles adentraram na primeira câmara. Ali notaram uma umidade e cheiro de ar parado, característico de ambientes fúngicos, e de fato o era. Cogumelos gigantes com 30 a 50 centímetros de altura, crescendo sobre gramíneas tão finas que lembravam um tapete de grama bem cuidado. Ali aquele ecossistema coexistia em harmonia e se reproduzia incólume à presença dos recém-chegados.

E Gatts, com um olhar apurado na direção dos fungos, pediu para que os companheiros que não avançassem, para em seguida questionar Maurício: “- O que você acha?” A pergunta tinha um ar mais inquisitivo, tal como um professor faria com um estudante, do que interesse de fato naquela natureza de caverna. E o teste começaria ali:

“- São vegetações naturais de cavernas, trata-se de cogumelos das cavernas. Já o líquen que cresce, se confundindo com a grama, é também um possível espécime de cogumelos.”

“- Apenas isso?”

“- Sim. Li algo sobre a composição de alguns cogumelos, que inclusive são dotados de venenos inoculados através do toque, mas não tenho certeza de que seja o caso.”

“- Você está correto, e acerca do veneno, não. Não se trata de cogumelos venenosos. A gramínea, de fato não é uma grama, apesar de confundir facilmente. Trata-se de líquens tal como observou e mais importante ainda, são de uma espécie que emula o mesmo efeito da magia área escorregadia, portanto caminhar sobre a sua superfície requer muito cuidado. Com isso, podemos avançar. Mas antes…”

Gatts observara Maurício e Gustavo e a eles, o guerreiro mago deu a cada um, um item. A Gustavo, ele deu seu medalhão da saúde, que aprimora a força e constituição e a Maurício deu outro item de aprimoramento de atributos mentais.

O Ataque Surpresa

Maurício estava impressionado, parecia que ele estava ouvindo tudo que lera sobre aqueles cogumelos. Fez internamente uma nota mental. Precisaria rever os escritos e estudar mais. Certamente aproveitaria aqueles dias na presença de Gatts para continuar absorvendo conhecimento. E enquanto seu irmão e o lanceiro avançavam ele foi andando e observando cautelosamente as criaturas.

Quando Gabbard e Gustavo estavam a cerca de 3 metros de Maurício e Gatts, um som foi ouvido mais a frente, e também ao fundo. Antes que pudesse se agrupar, alguma coisa veio da escuridão na direção dos heróis, tanto na dianteira, como na retaguarda do grupo.

A criatura que os heróis viram surgir também das laterais eram vermes com tentáculos saindo do que parecia ser sua cabeça e na ponta desses tentáculos, garras. Eram Gricks, mas não apenas essas criaturas surgiram. Por entre os cogumelos, vindo de cantos mais escuros, vieram cogumelos que se moviam. Estes possuíam no alto de suas cabeças também tentáculos saindo em profusão.

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Grick

Gatts e Maurício, que estavam mais atrás junto com Amphinis, se preparam para proteger a retaguarda, enquanto mais a frente já era possível ouvir o som dos combates. E todos ouviram quando Gatts disse: “- Foquem nos cogumelos, eles são muito mais perigosos do que os Gricks!”

E foi assim que eles procederam. Gustavo e Gabbard combateram com maior dificuldade pois já estavam sobre a superfície escorregadia, mas, mesmo caídos, conseguiam dar cabo de seus opositores. Já Gatts acabou sofrendo o ataque de um dos cogumelos e sentindo o efeito de seu toque de podridão. Uma terrível dor foi sentida pelo guerreiro mago e a debilidade rapidamente o abateu.

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O ataque dos fungos

Ao final da batalha todos os cogumelos e gricks estavam derrotados, e apenas Gatts havia sido atingido pelo veneno da podridão de um dos cogumelos. Ali, naquele momento, com a saúde debilitada, ele lamentava, pois provavelmente precisaria de seus itens de vigor físico.

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Fungo violeta que conseguiu inocular o veneno em Gatts

A Câmara “Vazia”

Com cuidado, o grupo retomou o avanço pela Caverna dos Desafios. Um corredor estreito e escuro foi iluminado pela luz mágica invocada sobre a armadura de Gabbard que estava na dianteira. O caminho só permitia um por vez, e mesmo ele próprio tendo dito que não ficaria à frente do grupo, ali estava ele.

O corredor se abriu em uma câmara pequena, com uma grande rocha protuberante saindo de uma parede lateral. O grupo parou e observou com calma os detalhes daquele espaço. Na Caverna dos Desafios, nada estava por acaso e tudo tinha uma explicação, motivo ou mensagem subliminar. Maurício explicara a todos que a Caverna dos Desafios era um semi-plano criado por Savras. Ali a morte não existia, em seu lugar, quando alguém chegava muito próximo do limite de vida, era teleportado para a torre e parte da energia vital era drenado no processo, forçando o herói a ficar em repouso por vários dias, até sua recuperação total. A pseudo-morte ali, poderia ser tão dolorosa quanto a do plano material, e por isso deveria ser evitada a qualquer custo.

A busca por evidências na câmara vazia levou o grupo a encontrar um pergaminho escondido sob uma rocha. Os escritos intricados não eram legíveis e Maurício, através de sua perícia em linguística, tentou sem sucesso compreender os glifos ali contidos. Gatts, ao tentar, também não obteve êxito. Um pouco frustrados, eles guardaram o pergaminho com sua mensagem indecifrável.

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A mensagem escondida no pergaminho…

O Portal das Águas

O grupo avança pelo estreito corredor acima, e se depara logo com uma estranha barreira de água. Por efeito mágico, o líquido não transborda para o corredor em que se encontra os aventureiros, e ao mero toque se mostra real, tangível e frio. Cientes de que o próximo desafio, certamente envolveria o elemento água, Gatts invoca através de um pergaminho a magia Respirar na Água e divide o tempo de respiração cedido pela magia entre todos membros do grupo. Isso feito, eles atravessam o portal de água.

Completamente imersos, o grupo nada pelo corredor, que logo se abre em uma grande câmara. A água é cristalina e a luz mágica invocada por Gatts sobre Gabbard revela que, ao fundo da câmara, uma criatura aguarda a aproximação dos heróis. O ser de tamanho grande, possuía uma pele verde, e feições anfíbias, mais precisamente de peixe. Com um corpanzil farto de um homem gordo, cuja parte inferior do corpo terminava em espirais de água. O ser, Gatts reconheceu de imediato, tratava-se de um Marid, um gênio do plano elemental da água.

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O gênio das águas, o Marid

Os Gênios e o Marid

Impressionados com a criatura que se revelava ao fundo da câmara, ninguém falou primeiro que o ser:

“- Nobres aventureiros, que tiveram coragem para se enveredar pela Caverna dos Desafios. Eu sou Evermir, Shahzadas do reino elemental das águas de muito além daqui. Para prosseguir além dessa câmara, deverão vencer quatro desafios por mim estabelecidos.”

Gatts olhou para Maurício, e o conjurador sabia pelo olhar, que ele deveria falar sobre o ser a frente dos heróis:

” – Trata-se de um gênio. Diferente dos que estamos acostumados a ler nos contos e histórias, esse é um raro gênio. Existem quatro tipos como ele. Os Djinn, Efreeti, Janni, e os Marid. O Marid é considerado o mais forte entre os gênios, pois é o único capaz de conceder desejos. É estranho isso, pois é muito comum essa fama ser atribuída aos Djinn, o clássico gênio da lâmpada, mas é um equívoco. Cada um dos gênios representa um tipo de elemento básico. Os Djinn, são pertencentes ao plano elemental do ar, Efreeti – Fogo, Janni – Terra e os Marid – água.”

” – Você quase acertou, Maurício” retrucou Gatts. ” – Os Janni, são pertencentes ao plano material e não estão associados ao elemento “terra”; os gênios desse elemento são os Shaitan, que você se esqueceu na lista. No mais, você está correto.”

Mas Gatts sabia mais coisas que o inexperiente conjurador desconhecia. As jóias do gênio passaram despercebidas aos olhos de Maurício e elas revelavam que aquele Marid não era um exemplar comum. Além disso, o nome que ele disse ao se apresentar, era mais que um sobrenome. Shahzadas era um título, tal como era o de príncipe para os reinos humanos, e isso era uma observação importante.

Os quatro desafios

Gatts foi o primeiro a se dirigir ao Marid, e com toda pompa e educação, disse:

“- Nobre gênio das águas, peço perdão por tê-lo feito esperar enquanto estávamos impressionados com a sua presença. Permita-nos conhecer os seus desafios”.

“- Faremos melhor, ao invés de eu escolher os desafios para cada um de vocês, darei a vocês em troca do respeito prestado pelo líder dessa comitiva. Quem será o primeiro?”

Iniciou ali uma discussão curta entre os heróis para decidir quem iria primeiro, e após um tempo, Gabbard escolheria o primeiro desafio, e este caminhou até a frente do gênio. Por um tempo, reinou o silêncio e logo Gatts percebeu que o gênio se comunicava com Gabbard telepaticamente, e não demorou muito, o mercenário olhou para trás com um sorriso e seguiu para fora da câmara por uma saída a oeste. O grupo nada entendeu, mas aparentemente Gabbard superou o seu desafio.

O Desafio de Gabbard

“- Gabbard Monarca, este é o seu nome não? Sim, o lanceiro. Falo para todos que há um desafio, quando na verdade nem todos o são. O primeiro a escolher sempre leva vantagem, e a vantagem pode não ser um desafio, o que me diz?”

“- Eu não sou versado em paradigmas, anedotas ou charadas, gênio. O meu negócio é sobreviver. Diferente de meu irmão, que ostenta os valores da honra e lealdade, a minha moeda é superar-me de situações complexas e muitas vezes mortais. Já servi a sacerdotes maus, políticos corruptos, aldeões inocentes, e até a cavalaria de Graylode, e sempre sobrevivi aos desafios finais impostos pelas minhas escolhas, e sabe por quê? A minha vida sempre valeu mais.”

“- Você tem uma aposta a vencer com seu irmão, não é isso? Os irmãos Lanceiros de Nó – Rui e Gabbard Monarca. E você quer provar ser merecedor da Lança de seu pai. Aquela que deve ser portada por 10 anos e entregue ao irmão ao fim deste período. Caso a perca no momento da entrega da lança, o outro irmão será dono definitivo.”

“- Exato. Agora me diga, como superar o mais fácil dos desafios?”

“- Simples. Após apresentar os quatro desafios, conduza-me até a saída e não me traia. Dê-me sua palavra.”

“- Palavra dada.”

E assim Gabbard caminhou até o outro corredor…

Cercado por Sahuagin

O próximo a avançar na direção do Marid para tomar conhecimento de seu desafio foi Gustavo.

” – Gustavo Strabius, para você tenho o desafio ideal, considerando seus dotes marciais. Acredito que para você seja conveniente colocar à prova suas habilidades como guerreiro, correto?”

E a afirmação com a cabeça, foi o sinal que Evermir necessitava.

Ao redor de Gustavo bolhas sucessivas de ar começaram a surgir e quando as bolhas se dissiparam, o guerreiro de Baranford viu no lugar as criaturas que surgiram – Sahuagins.

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Os homens peixes surgiram cercando Gustavo praticamente pelos lados e por cima.

Mas para Gustavo a quantidade de inimigos não era o pior… A magia que Gatts havia conjurado sobre o guerreiro, para que ele pudesse respirar na água, havia se dissipado, e agora ele contava única e exclusivamente com o seu fôlego. Um duro combate estava para se iniciar.

Do lado de fora Gatts e Maurício notaram a mudança em Gustavo e em meio ao agito da água a quantidade fora do comum de adversários. Gustavo reagiu rápido, e no ciclo de uma volta de ataques e defesas, a dupla que estava assistindo o combate ouviu em sua mente: “Uma magia pode ser feita para ajudar o jovem guerreiro, assim como eu também o farei.” E Gatts não contou muito tempo para fazer uma magia para apoiar Gustavo. A magia invocada recobriu a pele do combatente com uma camada de rocha dura como tal. Gatts invocou “Pele Rochosa” sobre Gustavo, e Evermir lançou sobre os sahuagins “Velocidade”, e a partir daí uma sucessão de efeitos mágicos e contra-ataques eram feitos.

A Ilusão

Gatts percebeu o desequilíbrio sobre os efeitos que eram conjurados. Enquanto as magias de Evermir afetavam todos os Sahuagins, Gatts percebeu que isso era algo fora do comum. Não havia 15 inimigos, na verdade era apenas 1, e por isso a magia de Evermir afetava a todos os Sahuagins. Era uma ilusão e Gustavo precisava perceber, mas Gatts não tinha como alertar o guerreiro. Gustavo conseguia se movimentar com presteza e evitar a totalidade dos flancos abertos, mas os adversários atacavam frontalmente e por cima também, a água diminuía a velocidade dos ataques dele, proporcionando metade do dano real, enquanto os Sahuagins por outro lado não tinham essa desvantagem.

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A luta de 15 contra 01

A ilusão era muito poderosa, pois ela produzia efeitos reais de perigo a Gustavo e pelos cálculos de Gatts, o jovem guerreiro não conseguiria prosseguir por muito, o desafio real era ele perceber que só havia um Sahuagin real. Por mais hábil que fosse, Gustavo não teve chance, e quando restavam apenas 4 Sahuagins, ele tombou.

O guerreiro de Baranford fora derrotado.

A astúcia de Maurício

Gatts ainda observava os Sahuagins desaparecerem, assim como o corpo de Gustavo, quando notou Maurício avançando pela câmara. Internamente Gatts rezava para aquele jovem ter mais sorte que o seu irmão. Maurício parou a frente do Marid e uma conversa silenciosa teve início.

“- Jovem Maurício Strabius. Seu irmão é bastante valente e acredito que você esteja à altura também. Restaram dois desafios, um de charadas e outro uma doação. O que você irá querer?”

Maurício analisou as possibilidades e olhou para trás. Observou Gatts e considerou que o guerreiro mago teria mais chances com a sua experiência de passar pele teste da charada. Ele então decidiu que entraria no desafio da doação.

“- Escolho o desafio da doação. Como será?”

“- Muito simples, doe-me um item mágico e poderá seguir seu caminho.”

Surpreso com o desafio, ele então analisou suas posses e concluiu que teria que se desfazer da única que possuía, o seu manto. O manto feito de uma pura seda, era de um tom azulado escuro acetinado e muito confortável. Mas não era apenas isso, o manto era capaz de proteger o seu usuário contra efeitos mágicos que tentasse afetar sua fortitude, reflexos ou a sua vontade. E ele entregou a Evermir.

Surpreso, Gatts notou o convocador se juntar a Gabbard no fim da câmara.

O Jogo de Evermir

Gatts observou o Marid, imaginando que desafio lhe restara. Ele não confiava no gênio, ele havia sido desleal no desafio de Gustavo e com certeza tinha lucrado alguma coisa com os demais. Não cairia nos truques do ser.

“- Theros Gatts, para você restou o último desafio, quatro charadas você deve responder, em apenas uma você pode errar, três você deve acertar, ou um tremendo inimigo você há de enfrentar”

Gatts balançou a cabeça afirmativamente e aguardou a primeira charada. E o Marid disse:

“- Na água nasci, na água me criei, mas se me jogarem na água morrerei. Quem sou eu?”

Após um tempo de reflexão, Gatts falou: “Sal”

Com um olhar de quem havia se surpreendido, o gênio proferiu a charada seguinte:

“- O que é o que é não tem pé e corre, tem leito e não dorme, quando para, morre?”

Gatts pensou em todas as possibilidades e logo que a palavra lhe veio à cabeça ele respondeu: “Vento”

O Marid soltou uma gargalhada empolgada: “- Você errou! A resposta correta era RIO! ah ah ah ah ah. Você não pode errar mais, ou uma fera há de enfrentar!” E assim, a criatura declamou a charada seguinte:

“- O que é, o que é? Que mesmo atravessando o rio consegue não se molhar?”

Considerando todas as possibilidades, Gatts refletiu e para a surpresa do furyondês, o Marid anunciou:

“- Não terá todo tempo do mundo para pensar, deve responder à charada nos próximos seis segundos!”

Aquilo desequilibrou Gatts, e pensando entre todas as possibilidades ele respondeu a mais provável:

“- Sombra!”

A risada do Marid deixou claro a Gatts que ele havia errado. “- A resposta era PONTE!”

Fera Pré-Histórica

Uma série de bolhas surgiram e quando elas arrefeceram um grande peixe enorme, muito similar a um marlim, delgado e com o corpo revestido de escamas prateadas cinzentas surgiu no lugar, a bocarra da criatura era grande o suficiente para abocanhar Gatts e ela veio ameaçadoramente na direção do furyondês.

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O Gar Gigante

A iniciativa estava com Gatts e ele sabia que seria necessário apenas uma mordida certeira para ele estar em maus lençóis e visando proteger-se, ele conjurou a magia: reflexos de espelhos. Com isso, ele teria algumas “vidas” até conseguir encontrar uma forma de vencer a criatura. O confronto físico estava fora de cogitação. Enquanto as mordidas destroçavam as imagens, Gatts recuou e em um espaço estreito fez uma nova magia. Entre ele e o enorme peixe surgiu uma grande muralha invisível. Não era possível enxergá-la claramente, mas ela estava lá. Uma poderosa muralha de energia deteve o avanço do Gar. Ela não duraria para sempre, mas daria tempo suficiente para o guerreiro mago pensar em uma alternativa.

Jogada Arriscada

Enquanto a criatura persistentemente tentava transpor a muralha, sem qualquer sinal de êxito, Gatts invocava misseis mágicos contra a criatura. E pela vitalidade do ser, as magias dele terminariam antes da criatura exibir qualquer sinal de fadiga ou ferimentos graves.

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Gatts enfrenta o Gar

Foi então que lhe ocorreu uma jogada arriscada. E ele iniciou uma nova magia, desta vez esperava dar o troco no gênio. Ao final do feitiço ele pegou uma gema preciosa e conjurou: Recipiente Arcano. Naquele instante a alma de Gatts foi sugada para a pedra e seu corpo caiu inerte no solo da caverna. A pedra brilhou com grande intensidade para na sequência expulsar a alma de Gatts na direção de Evermir!

Gatts tentaria tomar o controle do corpo do gênio, mas o que Gatts não esperava era que Evermir estivesse preparado, a magia invocada pelo gênio foi a Disjunção do Mago, o único feitiço capaz de dissipar uma muralha de energia. O que mais surpreendeu Gatts, não o fato de sua muralha ter sido destruída, mas Evermir ser capaz de invocar uma magia do 9º Círculo, última esfera de magia e somente acessível por conjuradores de elevado poder.

O Gar tinha o caminho livre diante de Gatts.

Duro Combate

Ter escolhido uma vida de magia em detrimento da espada cobrava um preço elevado de Gatts e ele podia sentir esse custo agora. Fora o fato da água tirar cinquenta por cento da força que ele empregava para causar dano a criatura com seus ataques, sua vitalidade era menor que um guerreiro treinado.

Em um ataque bem empregado ele conseguiu manifestar o poder de sua espada larga e imprimir um dano crítico a criatura que não apenas feriu-a fortemente, como também drenou-lhe parte da força.

Porém, por mais que a sorte estivesse do lado de Gatts, a criatura uma hora a teve também, e conseguiu mordê-lo. E o pior da mordida é que ela era grande e forte o suficiente para prender o furyondês por entre os seus dentes, lacerando a sua presa com uma selvageria tremenda.

Maurício e Gabbard, notaram quando o sangue na água turvou tudo a vista deles e quando finalmente a transparência voltou, eles notaram que já não havia o Gar, nem muito menos Gatts. A frente deles, estava apenas Evermir, que disse:

“- Podemos seguir o caminho?”

Despertar

Gatts acordou com um sabor estranho na boca. Sua cabeça girava e uma forte dor latejava nas têmporas. Havia algo mais, seu corpo e mente estavam abalados. Além do fato de jamais ter experimentado a morte, Gatts sentiu que a magia que circundava aquele aposento, bem como toda a torre não existia mais. Algo estava errado. O furyondês recolheu as suas coisas e desceu até o primeiro andar. Lá encontrou Maurício, Gabbard e Ghor reunidos.

“- O que aconteceu, por quanto tempo eu dormi, onde está Gustavo?”

E foi Ghor que respondeu primeiro.

“- Acalme-se Gatts, você esteve dormindo por cinco dias. Estamos no dia 17 de Preparos de 592 do ano comum. Gustavo não tem a vitalidade que você possui, ele ainda dorme se recuperando. E você como se sente?’

“- Me sinto horrível! A torre, o que houve com ela, não sinto a magia em suas camadas. Por Heironeous, eu deveria estar a um dia em Tulvar, onde está Savras?”

A enxurrada de dúvidas não parava e foi Maurício que explicou o que se passou.

Meu aliado Gênio

“- Avançamos para o aposento seguinte, eu Gabbard e Amphinis. Evermir se juntou a nós também. O primeiro desafio, o de Gabbard, era na verdade um acordo. O lanceiro negociou a saída do Marid para fora da caverna, em troca deixaria ele passar ileso. Gabbard suspeitou que fosse um teste, dado que a caverna era um local de desafios e arriscou aceitar o acordo com o gênio.”

“- Na câmara seguinte nos deparamos com uma cena inusitada. Milhares de aranhas estavam avançando pelo local em direção a vacas e bodes, isso mesmo, vacas e bodes. Um gigante de duas cabeças se encontrava no outro lado do local encolhido com medo dos insetos. Decidimos ajudar os animais contra as aranhas e Evermir foi de grande ajuda. Uma poderosa rajada congelante transformou o chão em gelo e as aranhas petrificadas dentro do ataúde. Três grandes aranhas saíram, cada uma de uma passagem, elas eram do tamanho de cavalos.”

“- Evermir disse para Gabbard confrontar uma armadeira marrom, enquanto ele cuidaria das outras duas. Eu não tive chance de mostrar minhas habilidades. O chão escorregadio, atrapalhou bastante Gabbard, mas no fim ele conseguiu derrota-la. As duas aranhas não tinham a menor chance contra o gênio. Ele conseguia lançar magia e ainda efetuar ataques de garras contra as aranhas!”

“- Era algo impressionante Gatts. No fim, conseguimos salvar todas as vacas e bodes e seguir pelo caminho a frente. O gigante relaxou mais e expressou uma clara face de agradecimento. Evermir nos disse que todos os desafios haviam sido superados e que nos restava apenas o portal de saída. Quando chegamos até o local, adivinhe quem estava à frente dele, barrando a passagem?”

Gatts respondeu quase sem pensar: “- Savras.”

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O grupo encontra Savras

O Duelo Desconhecido

“- Savras estava com um semblante duro e fechado, nunca o vi daquele jeito. E sem aguardar muito ele disse:”

“- Evermir, você conseguiu seu acordo e esses garotos conseguiram cumpri-lo. Continuaremos eu e você essa querela, sem a intervenção deles. Gabbard, Amphinis e Mau-Mau, sigam pelo portal atrás de mim.”

“- O gênio não expressou qualquer movimento Gatts, mas eu senti um frio na espinha, logo percebi que Gabbard e Amphinis também sentiam, não era um frio psicológico, era real… Senti que a qualquer momento Evermir pudesse nos congelar em um ataúde como fizera com as aranhas, mas logo dei um passo, e outro e depois corremos para o portal. O que aconteceu a seguir Gatts, não sabemos. Antes da magia da torre desaparecer, passaram-se 96 dias, nem você, nem Gustavo acordavam, e só vieram despertar hoje, quando coincidentemente a magia da torre exauriu.”

E Ghor disse:

“- Posso sentir pequenos abalos sísmicos. A batalha entre Savras e Evermir prossegue.”

Guardiões da Mágoa

“- Não há nada que podemos fazer agora. A escala desse combate é fora do nosso limite poder e força. Eu preciso seguir para Tulvar, antes que uma catástrofe ocorra, mas parte de vocês deve ficar aqui na torre.”

As palavras de Gatts jogaram um balde de água fria na perspectiva que eles estavam discutindo antes da chegada do furyondês. E Gatts pôde perceber isso pelos olhares. ” – Não há possibilidade de ajudarmos Savras, se há algo que pode ser feito, é você Ghor quem deve manter a vigilância e proteger a torre. Tenho algumas coisas para fazer, mas logo estarei de volta. Se Savras não tiver retornado até lá, reconsiderarei o que vocês pensaram.”

” – Eu ficarei aqui Gatts.” As palavras do lanceiro pegaram Gatts de surpresa. “- Eu não julguei mal a decisão que tomei ao fazer o acordo com Evermir, e agora me sinto na obrigação de ficar e ajudar como for possível.” Gatts entendia, e sem qualquer palavra acenou positivamente com a cabeça. “- Irei ver Caleb, e logo mais partirei. ” – Gatts, ainda quero seguir com você, posso?” Gatts mirou no jovem convocador e sorriu, dizendo: “- Acho que você provou estar preparado. Esteja pronto quando retornar”.

A Flor da Torre

Gatts encontrou Caleb e a enfermeira que estava cuidando dela sentadas em um banco de alvenaria em meio ao bosque que circundava a Torre da Mágoa, ele observava de uma distância sobre a qual não pudesse ser percebido. Caleb conversava e parecia melhor. Não havia sinais dos traumas sofridos em Reymend, Gatts suspirou aliviado, e notou que a enfermeira se levantou e passaria próximo de onde ele estava. Ele a chamou e indagou como estava Caleb. A primeira dama estava bem, e Gatts considerou que valeria a pena falar com ela.

Quando o guerreiro mago se aproximou, Caleb o notou e exibiu um sorriso tímido. Para a surpresa de Gatts ela se levantou e correu em sua direção, dando-lhes um abraço forte. Surpreso e feliz ele envolveu seus braços envolta de Caleb aninhando-a entre o seu abraço. Na altura do peito ele sentiu a umidade de lágrimas e a ouviu dizer: “- Obrigado Gatts, você salvou a minha vida.”

Gatts não tinha palavras. A beleza de Caleb o hipnotizava e lhe produzia emoções que ele não sabia explicar, e lhes disse:

“- Terei que fazer uma viagem. Você pode ficar aqui o quanto tempo quiser, este lugar é seguro e tranquilo. Em breve retornarei com novidades. Fique bem Caleb.

A primeira dama mirou Gatts nos olhos e assentiu com gratidão.

O Círculo de Teletransporte

Gatts deixou Caleb no jardim e encontrou Maurício preparado no mesmo local. E à medida que caminhava percebeu uma mensagem mágica chegando a sua mente. Levou algum tempo para ele identificar a origem da voz, mas logo reconheceu, era a voz de Talglor, mas Gatts logo percebeu que era uma mensagem de sua prima Sandy, enviada pelo anão e lhes dizia:

“- Estamos preocupados contigo e a alguns quilômetros de Reymend em missão emergencial dada por Tom. Após iremos ao seu encontro. Como estão as coisas por aí?”

Gatts ia responder, quando ouviu a voz de Thrommel, de modo inexplicável interrompendo a transmissão:

“- Gatts eu preciso de você!”

Ao passo que ele respondeu:

“- Estou em Tulvar. Reymend está dominada. o draco-lich Kaeris domina a cidade. Ele está aliado a sacerdotisa Raven. Pessoas são sacrificados pelo poder orbe dos mortos-vivos. Antes de adentrar a cidade, avise-me.”

Gatts sentia que o príncipe precisava de sua espada, de sua magia, mas Savras havia lhe revelado o que aconteceria com Erzurel ou com Arziel, ele precisava evitar a morte dos dois.

O Círculo de teletransporte foi ativado, Gatts e Maurício desapareceram da torre, para surgir diante de uma planície árida e a cerca de cinco quilômetros à frente um grande paredão de rocha incrustado em uma colina. Ele havia chegado a Kron.

Greyhawk_A-Caverna-dos-Desafios-600x463 Aurora dos Conflitos Greyhawk Pathfinder 2ª Edição
Mapa completo da Caverna dos Desafios

Continua…

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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