Os Tambores da Guerra

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Kalin Orochi é um grande sacerdote pelorita, cujas origens atravessa territórios importantes como Furyondy, o Condado e Ducado de Urnst, Verbobonc e a Terra dos Escudos, esta última, o seu lar.

Esse é um texto original escrito por Bruno Simões, e revisado por Bruno de Brito, e fala de uma passagem do sacerdote por Chendl, Furyondy.

Momentos

24 de Preparos de 592 CY, fim da tarde.

Greyhawk_Letra-O-198x200 Aurora dos Conflitos Greyhawk Histórias de Greyhawk Pathfinder 2ª Edição s dois primeiros dias em Chendl foram deveras agitados para o Sacerdote Kalin Orochi: a cerimônia de posse do Rei Thrommel; a divulgação dos Éditos de Guerra; a revelação que o próprio Rei possui em si uma centelha divina de Heironeous, o Deus da Justiça; a possibilidade de ressuscitar Eophain Al’Durkan; a perspectiva de retornar a Urnst…

Isso tudo, somado à conversa entre Kalin e o Rei Thrommel, deixava a mente do sacerdote carregada. No dia entre a cerimônia de posse e a audiência privada, Kalin aproveitou e deixou sua maça estrela de adamante para ser aprimorada com capacidades mágicas, além de negociar alguns itens que ainda estavam em sua posse.

A revelação da tríade de Iuz, Vecna e Tharizdum era a outra face do que Kalin apelidara de A Rota dos Milagres. Do mesmo jeito que as divindades boas estavam se movimentando, as malignas também não perdiam tempo. A revelação de Thrommel, como bem Sandy havia dito, era mais um destes milagres.

Enquanto os sacerdotes de Heironeous não o convocavam para o início do aprendizado do ritual de Chamar o Espírito, o Servo Radiante de Pelor pensava, e orava. Qual seria o papel dele naquela guerra? Seu primeiro instinto foi aprimorar a arma que voltara a carregar, depois de tanto tempo. Obviamente Kalin não era um exímio combatente, mas, se chegasse ao ponto de precisar usá-la, ele deveria estar pronto. Porém, essa não era a especialidade de Pelor, e seus pensamentos vaguearam para longe, numa manhã ensolarada em Pontyrel…

Há 20 anos

20 de Bonança de 572 CY

Fazia um sol agradável no pátio da Casa dos Enfermos, e a sacerdotisa Fabiana Espelho Solar aproveitava para dar uma das raras lições de combate para seu pupilo, Kalin Orochi. Fabiana sabia que o garoto dificilmente se tornaria um guerreiro, visto sua pouca força, e limitada agilidade. Porém, o jovem tinha um coração enorme, e a resistência de um búfalo.

Fabiana estava satisfeita com a evolução do jovem acólito. Quando Karmínia Orochi lhe procurara, seis anos antes, as mulheres ficaram preocupadas sobre as circunstâncias que levaram o jovem escudanês até ali. Porém, Fabiana sentiu um sussurro do sol ao ver o garoto, então com 4 anos de idade, resolveu treiná-lo. Kalin era um bom garoto, e seria capaz de levar a palavra de Pelor a muitos lugares.

Durante o treinamento, enquanto Fabiana deixava o jovem Kalin desarmado e submisso, um mensageiro de Leukish chegava gritando a plenos pulmões pela sacerdotisa, que, no susto, bateu com a ponta do bastão na garganta do garoto. Fabiana não percebeu, mas Kalin ficara furioso com a situação, e a mulher conseguiu escapar do pequeno jato de chamas que a acertaria na última hora. Surpresa, Fabiana usou o poder de Comando no jovem, o deixando paralisado. Aquilo era uma novidade, e Fabiana precisaria investigar do que se tratava, pois sacerdotes não eram capazes de conjurar Produzir Chama, e Kalin sequer chegara ao estágio de aprender os primeiros Truques Mágicos dos sacerdotes ordenados.

Após o jantar, Fabiana pedira para Kalin ficar mais um tempo no Templo de Pelor, e falando ao jovem:

Kalin, eu não sei o que aconteceu com você mais cedo, mas aquelas chamas não eram normais. Você estava com raiva?”

“Claro! Você me sufocou, eu fiquei sem respirar e poderia ter morrido ali!”

Me desculpe, eu não tinha percebido. Mas, Kalin, como você conseguiu produzir aquele fogo?”

“Eu… eu sinceramente não sei Senhora Fabiana. Eu apenas estava muito bravo com você, e da mesma forma que aconteceu na noite que aquelas criaturas vieram na minha casa e… Na verdade, não. Foi diferente. Naquela noite, eu queria proteger minha família, e não consegui. Dessa vez, era raiva, só.”

Kalin começa a chorar, tanto de vergonha por ter tentado ferir sua mentora, quanto de uma frustração de não ter conseguido proteger sua mãe naquela fatídica noite.

Perdão e Razão

Fabiana abraça o garoto, falando de forma afetuosa

“Kalin, os anos lhe trarão a sabedoria para lidar melhor com suas emoções. Mas o que você fez hoje, eu ainda não consigo explicar. O fato é que o mesmo sol nos acalenta, pode ser capaz de queimar. Talvez essa sua fúria contida possa lhe ajudar eventualmente, mas, você precisará controlar essa emoção o máximo que puder. Se você se deixar dominar por isso, certamente irá deixar de trilhar o caminho de Pelor, e tenho certeza de que não é isso que você quer, certo?”

Enxugando suas lágrimas, Kalin assente, sorrindo para Fabiana.

“Enquanto sacerdote, sua principal força será dar esperança, perdão, e cura para a alma das pessoas Kalin, nunca esqueça disso.”

Voltando aos dias atuais

Sozinho em seu cômodo no Castelo de Chendl, enquanto lembrava dessa passagem, Kalin não pode evitar de dar um sorriso. Urnst estava a sua frente, e ele restauraria a Casa dos Enfermos e Pontyrel. O Servo Radiante se preocupava com sua jovem prima de criação, Lara, que encontrara na última vez que esteve lá.

O pensamento em Fabiana e Lara acalmava Kalin. Porém, aquela fúria ainda estava ali. Fabiana estava certa: os anos trouxeram a Kalin a sabedoria para controlar suas emoções, e durante todo seu sofrimento na Terra dos Escudos, ele conseguiu suprimir este sentimento. Porém, recentemente, sinais de que estas chamas querem um pouco de liberdade apareceram – seja ao lidar com Eophain em Verbobonc, seja ao ser contrariado em Chendl.

Mas o sacerdote sabe que não são estas pessoas que devem ser alvejadas pelo fogo do sol. A elas, cabe apenas o acalento e o afeto de um tranquilo nascer do sol, tal como o colo de uma mãe. A tempestade de Kalin é capaz de produzir está guardada para Iuz, Vecna, Tharizdum e seus servos; àqueles que tornaram o Ducado de Urnst um lugar cinza; àqueles que fazem o povo da Terra dos Escudos sofrer.

Àqueles que querem implantar o mal nesta terra.

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Sobre o Autor: Bruno de Brito

Mestre da campanha "Aurora dos Conflitos", ocorrida no cenário de Greyhawk. Entusiasta do sistema Pathfinder, fã de Magic: The Gathering e churrasqueiro nas horas vagas.

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