Aramil Siannodel

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Aramil_Siannodel Arzien Heróis de O Último Período
Aramil Siannodel.

Aramil Siannodel é um alto-elfo guerreiro mago da Floresta Shalzryck.

Iniciou suas aventuras na cidade de Erimbar, ao lado do poderoso guerreiro Sean Kallingard, do habilidoso ladino Fenris Ardurian e do tempestivo clérigo de Drozkath, Pragos Eldathor.

Juntos, esses aventureiros formaram o Grupo 3 de Arzien.

Aramil sempre foi muito inteligente e perspicaz. Não entrava em uma luta sem antes estudar suas reais vantagens e seus inimigos. Era um excelente arcano, classe a qual buscava maior desenvolvimento, sempre em busca de novas magias para o seu repertório. Contudo, Aramil era um espadachim audacioso e muito habilidoso. Não decepcionava ao enfrentar perigosos inimigos com sua espada.

Dizem que este heroico elfo no inicio de sua carreira como aventureiro vendia seus serviços ao lado de seu grupo em Erimbar, a Cidade das Oportunidades, no Reino de Crizandir. Tão logo seus feitos cresciam, sua fama começou a se espalhar.

Dizem que se separou do grupo e iniciou diversas aventuras na região do Eixo de Ilagren, enfrentando desafios tanto com o aço como magia.

Aramil Siannodel foi um personagem criado por nosso querido e estimado amigo Daniel Nascimento (Arara). Suas criações no mundo do RPG foram fantásticas e empolgantes. Aramil Siannodel ficara para sempre na historia de Arzien.

Grupo: Grupo 3

Jogador: Daniel Arara

O Diário de Aramil Siannodel

Aramil tem uma historia muito maior e grandiosa. A fim de compreenderem melhor a mente e inteligência desse herói, segue abaixo partes do seu famoso Diário, contendo trechos de sua formação como um elfo independente durante a Idade da Capa Rasgada, na Floresta Shalzryck e também desde as primeiras impressões com seus companheiros em Erimbar, a Cidade das Oportunidades. Boa leitura!

A Idade da Capa Rasgada

Era um fim de primavera especial, o jovem elfo observava no horizonte o nascer do sol, estava ansioso, afinal a aurora anunciava um novo dia, chegara o dia em que Aramil completava um século de vida, e já se sentia maduro e forte para ir de encontro às vicissitudes da maioridade.

Encontrava-se entre os resistentes galhos de uma árvore próxima ao lago, e, de pronto, pôde notar os passos apressados da jovem Myllae Lareephrindel a percorrer as margens aproximando-se do tronco da árvore. Lembrou-se de como era divertido ser criança e antes que o sol surgisse por completo decidiu dar adeus à infância realizando uma última brincadeira; pegou alguns frutos e arremessou em Myllae sorrindo, esta respondeu com um resmungo típico das fêmeas que apesar da idade inferior, há muito já alcançara a maturidade:

“Venho cedo, antes da aurora, para dar-te felicitações pelo dia que marca teu nascimento e és assim deste modo infante que me recebes?”. – disse a jovem elfa de olhos anis e sorriso radiante.

Aramil respondeu-lhe:

“Teoricamente ainda sou impúbere, haja vista que a aurora resta incompleta. No tangente às felicitações especiais ofertadas por ti, digo-te que as acolho com demasiado júbilo e apreço, todavia o animo que me impulsiona a praticar tal brincadeira é, além de relembrar os tempos pretéritos, ver-te sorrir, visto que nem dentre todas as ninfas posso encontrar sorriso tão belo” – Aramil sorriu ao ver que a jovem elfa estava suavemente corada, e lembrou-se de como gostava de vê-la desta forma, tímida e acanhada.

A jovem elfa subiu na árvore, foi ao encontro do aniversariante e ofertou-lhe, como presente, um beijo na face e uma bela jóia, retirando-a do bolso e com a mão direita estendida para Aramil, ela a revelou. Uma pulseira prateada adornada com pequenas pedras de diamante compondo a escritura – Aramil Siannodel –. No instante que vislumbrou a jóia, o elfo assustou-se, ainda pasmado disse:

“Magnífico seria tacanho para a definição deste ato, vós que sois amável e linda, repleta de luz e pureza, presenteou-me com uma joia tão exuberante que nem na língua celeste, que dentre todas é a mais exótica e bela, seria possível encontrar palavras dignas de agradecer-te à altura de demasiada delicadeza…”.

Antes que o jovem elfo mencionasse outra palavra, a jovem elfa decidiu interrompê-lo:

“Confesso que não esperava causar tamanho sobressalto, pensei que ti, como sois, não irias surpreender-se, todavia, aproveitando o ensejo, digo-te que não se faz mister, rebuscar palavras, nem pesquisar idiomas, basta, para minha pessoa, que vós tomeis uma singela atitude, que de fato a bom tempo espero, vindo somente a galgar meu desejo em lindos sonhos, repletos de romance e fantasia…”.

Desta vez, fora Aramil que decidiu interromper a jovem, calando-a com um beijo.

Naquele instante, a aurora restava completa; os raios de sol iluminavam as faces do casal, que reluziam felicidade, ao contemplarem o brilho azulado e cristalino da Lagoa, o primeiro presente do elfo não poderia ser melhor que uma bela manhã de amor, ao som dos pássaros e à sinfonia da natureza.

Antes do Talzûn alto Aramil regressou ao lar, repleto de felicidade. Corria pela floresta, desviando-se dos galhos, troncos e raízes, demonstrando toda a sua habilidade, portando em mãos a espada, golpeava o vento, imaginando o momento em que receberia do pai, o aval para aventurar-se nas terras dos humanos.

Na porta de sua casa, uma senhora elfa parecia impaciente, observava as árvores e ruas, seus olhos esmeralda revelavam a impaciência e uma leve preocupação. Notando isto, o jovem elfo utilizou uma mágica simples, tão singela, que determinados arcanos a chamam de feitiço ou truque. Fez o som da sua voz surgir à direita da mãe, fazendo a mesma observar rapidamente na direção, enquanto, vindo pela direção contrária adentrou em casa e dirigiu-se ao quarto. Do aposentou chamou pela senhora Lizz’ Anyelle Siannodel (conhecida pelo apelido Liz), esta imediatamente dirigiu-se ao quarto do primogênito, ao encontrar o filho, a zelosa mãe deu-lhe parabéns, com certo ar de resmungo pela brincadeira infante do menino. Neste instante, enquanto ainda estavam abraçados, o mestre Annayl Siannodel, o Glorioso, surgiu no quarto dizendo:

“Felicitações jovem primogênito, é com demasiado resplendor que venho por intermédio destas palavras, meio-fim do discurso, presentear-te com preciosos conselhos; primeiro és e sempre serás uma criança a nossos olhos, não importa em que grau de maturidade venha a lograr, segundo és que deveis realizar tarefa a tua escolha, todavia deve ser tão grandiosa quanto à do vosso pai, assim como à minha pessoa, em vossa idade, foi determinado. Terceiro és que suportará o peso da capa e serás ela vosso manto, a perpetuação da mesma dependerá exclusivamente de vossa covardia, preguiça, desleixo, enfim, dos valores negativos; já em relação a sua retirada, dependerá somente da vossa coragem, bravura, determinação, enfim, da vossa dignidade e virtudes”.

Aramil estava feliz, observou nos braços do pai uma bela capa vermelha ornamentada com símbolos de runas arcanas, esta era a capa que pertenceu a todos os elfos da família Siannodel, nesta havia bordado o nome de todos que a galgaram, entre eles destacavam-se Anmail Siannodel I, Aznail Siannodel, Allarya Siannodel, Alphar´il Siannodel, Anmail Siannodel II, Annalil Siannodel, Aramil Siannodel I e Annayl Siannodel. Seu pai o observou fitando-o nos olhos o ergueu e ordenou que curvasse diante dele e de sua esposa (mãe de Aramil), naquele instante o elfo arcano realizou seu juramento de proteção e honra a tradição familiar, e ficou ciente de que somente retiraria a capa rasgada no dia em que viesse a realizar um ato digno do louvor e honra.

Transcorrido cerca de cinco anos, o elfo parecia angustiado com o fato de carregar a capa, e o que outrora se mostrava honroso, tornou-se um pesado fardo. A angústia agravava-se ao notar que praticamente todos os seus poucos amigos já haviam se livrado da maldita capa há tempos, isto feria e muito o orgulho e a honra de Aramil, sendo isto o motivo de inúmeras brigas entre ele e sua namora a jovem Lareephrindel, aproveitando o ensejo de mencioná-la, esta era a única pessoa que ainda aturava o mau-humor do jovem elfo, tanto foi que até mesmo seu mestre e pai, decretou que não deveria prosseguir o treinamento arcano até o jovem Aramil apresentar melhora na concentração e dedicação aos treinos. Foram cinco terríveis e aflitivos anos. de seus ancestrais.

Durante o final do quinto ano, após a entrega da capa, o jovem elfo orava no santuário dos seus ancestrais, o Mausoléu da Aurora, e diante dos túmulos dos grandiosos membros de sua família ele decidiu pedir paz e tranqüilidade para não mais se importunar com o fato de permanecer portador da capa rasgada; quase veio a fraquejar, no instante em que pensou em abdicar da mesma, o que seria ofensivo aos olhos dos pais e dos avós. Curvou-se diante do sepulcro de Aramil Siannodel I e suas lágrimas escorreram, o jovem elfo tinha desprezo de si mesmo, pelo fato de não corresponder à altura do nome que portava, em prantos acabou adormecendo. Durante a meditação sonhou com seu avô Aramil I, este estava muito mais jovem do que o normal, cerca de quatrocentos anos mais novo. Ele abraçou o neto, estava diante de um belíssimo jardim florido, o elfo experiente notou o neto no fundo dos olhos e disse:

“A única verdade real é que o tempo é irrecuperável meu neto, pense e reflita sobre este assunto e assim entenderá que não é preciso possuir pressa para crescer, tudo na vida vem a seu tempo, ninguém nasce adulto ou velho, é preciso antes ser criança, ninguém nasce andando, é preciso antes aprender a engatinhar, ninguém nasce sabendo falar, é preciso antes ouvir, e saiba que o mais maduro foi antes muito imaturo, o mais rápido foi antes muito lento, o mais sábio foi antes muito tolo, o mais inteligente foi antes muito burro. É o tempo que floresce em nós o talento adormecido, é essa a mágica que o mesmo possui, assim como um fruto brota da árvore de tempos em tempos, chegará o dia em que florescerá em vós a força da maturidade, e neste dia vossa pessoa entenderá que o tempo que vivenciou como impúbere foi imprescindível para a maturidade vindoura.
 

Espero que tenha entendido o que vos disse, tenho muito orgulho de ser o seu avô, e de você carregar meu nome, veja que ainda tão jovem possui tamanha inteligência, tanto é que, de fato, possui mais conhecimento que o próprio avô, imagine quando chegar a minha idade, neste dia espero que tu venhas a conquistar a sabedoria que me destacou diante desta família, neste dia todos saberão que és tu, meu neto, Aramil Siannodel II – O Magnífico”.

Despertou o jovem elfo bastante intrigado com tudo o que ouvira do avô no sonho, seria uma aparição do mesmo.

Logo após sair do Mausoléu da Aurora encontrou Myllae sentada numa pedra branca, parecia ler um livro, era o grimório de Aramil, assim que ele a notou, dirigiu-se em sua direção e deu-lhe um beijo, retirando de suas mãos o seu livro de magias:

“Sabes que não podeis proceder à leitura do meu livro de magias sem a minha devida autorização, por quê persiste em aborrecer-me Mylla?”.

A alta elfa de olhos azuis brilhantes e profundos encarou o namorado e respondeu rispidamente:

“Faço isto porque me preocupo contigo, vejas que desde o dia em que receberas de vossos pais a capa rasgada não demonstrou progresso algum em seu treinamento, o que vem desapontando demasiadamente vosso pai e mestre, em data pretérita este, durante o transcorrer de uma nova lição sobre as mágicas de evocação, demonstrou o ressentimento que guarda por ti; amor faz tempo que não mais freqüenta as aulas e isto acarreta em seu despreparo como arcano, seu livro de mágicas possui apenas truques e feitiços, realmente pretendes tornar-se um mago do porte de Rayana com atitudes tão infantes e relapsas como estas?”.

As palavras de sua namorada feriram o orgulho de Aramil, este não admitia que em cinco anos, uma jovem que sempre fora um estágio abaixo, estivesse agora num patamar superior. Perturbado diante do sermão, não conteve sua fúria ao saber que mais uma vez, um Lareephrindel viria a tornar-se o melhor e mais capacitado aprendiz do mestre Annayl Siannodel. Aborrecido esbravejou palavras raivosas e impulsivas, ambos disseram verdades que há tempos guardavam a sete chaves em seus corações, daí em diante, durante o transcorrer de mais sete anos, os dois amantes jamais se falaram, trocavam olhares, mas o orgulho de Aramil era tamanho que este não admitia o fato de pedir perdão, e Myllae sabia que não havia errado, queria apenas ajudar, contudo acreditava que o jovem elfo precisava aprender a pedir perdão e reconhecer seus erros.

Transcorridos doze anos, após o recebimento da Capa Rasgada, Aramil não havia realizado um ato que condissesse com a honra dos seus ancestrais, isto vinha acarretando num estado psicótico grave, apresentando “distúrbio bipolar de humor”, uma doença seríssima que, segundo discorreu Eladrian ao mestre Annayl, poderia acarretar em suicídio.

A família Siannodel preocupou-se com o estado do elfo, obviamente que no início houve árduas discussões entre os pais de Aramil, a Senhora Lizz culpava o Senhor Annayl pelo excesso de disciplina e exigência nos treinamentos, alegando que isto provocou no filho uma personalidade competitiva, aprisionando-o num universo em que ele deve sempre buscar a vitória a qualquer custo, não importa os sacrifícios que tiver pela frente.

O Senhor Annayl calava-se e não emitia comentário, pois se culpava pelo ocorrido, concordando com a esposa, apesar de não emitir confissão alguma. A situação agravou-se no dia em que Aramil veio a saber que Myllae viria a casar-se com Aphenliss Galonnadel, o jovem elfo entrou numa crise compulsiva de choro, deitou-se em sua cama e com uma adaga veio a cortar os pulsos, o sangue escorreu por muito tempo, o suficiente para que Aramil viesse a perder os sentidos, a última coisa que pôde notar foram vultos em seu aposento.

Despertou ainda fraquejando da visão, encontrava-se um pouco tonto e a tontura deixou-o com náuseas, todavia pôde enxergar seus pais preocupados, assim que abriu os olhos viu sua mãe correr em direção à cama e acarinhar-lhe a face, seu pai estava sentando no canto do aposento com os olhos lacrimando, parecia portar nas mãos uma espécie de rosário de orações. Vomitou e retornou a adormecer.

Na próxima vez que despertou encontrava-se presente apenas sua mãe, que lhe questionou sobre o ocorrido e disse-lhe que Myllae o amava e que esperava apenas que tomasse uma atitude, que ele precisava erguer-se da cama se realmente desejava aquela elfa, que deveria lutar pelo seu amor e assim reconquistá-la. O elfo entendeu o recado da mãe e procurou recuperar-se, pôs de volta a pulseira que veio a receber de presente da elfa e resolveu erguer-se da cama para recuperá-la.

Durante o período de sua recuperação, um grupo militar de goblinoídes atacou os arredores da vila Advilka, as noticias espalharam-se rápido, e o elfo teve de tomar uma atitude quando Aphenliss Galonnadel regressou a cidade buscando ajuda, pois sua noiva havia sido seqüestrada.

Aramil ainda confuso buscou maiores explicações sobre o ocorrido, mas não obteve êxito, o mestre Lareenphrindel escusava-se em responder as perguntas do jovem elfo. Irritado procurou sua mãe, todavia a mesma estava surpresa com o ocorrido, e, todo o mistério que rodeia este desaparecimento jamais fora revelado.

Nos dias subseqüentes ao da notícia do mestre Lareenphrindel, Aramil decidiu que abandonaria seu treinamento como guerreiro arcano, pois não aceitava de bom grado, a idéia de estar a treinar com outro senão seu próprio pai. Dirigiu-se ao primeiro aprendiz do mestre Siannodel e informou-lhe de sua decisão, todavia o novel mestre não pareceu surpreender-se, como se já esperasse pela atitude do elfo. Myllae arduamente tentou convencê-lo a dar continuidade ao treinamento, pois sabia que Aramil já se encontrava demasiado atrasado nos ensinamentos arcanos, contudo este não te deu ouvidos.

No final do ano, durante os festejos, Myllae e Aramil amaram-se próximo ao Lago, o elfo pôde perceber que sua amada parecia estar a beijar-te pela última vez, seus olhos anis derramava suaves lágrimas, e a mesma o abraçava com força e paixão. Encarando-a nos olhos Aramil perguntou-lhe sobre o que a atormentava e a mesma respondeu:

“Terei de deixá-lo meu amor, pois minha família partirá para outras terras, meu pai decidiu isto há pouco tempo, aguardava apenas a passagem do ano; partirei na próxima manhã e não sei quando retornarei e se retornarei para a Floresta, tenho medo de nunca mais ver-te”.

As lágrimas escorreram no rosto do elfo, e este, notando sua amada disse:

“Não temas meu amor, não és preciso que parta com vossa família; podes ficar se quiseres, possuo conhecimento que és tu, ainda obediente às ordens de vossos pais, seus responsáveis, visto que não atingiu a maioridade, apesar de há muito, já ter logrado a maturidade. Podes casar-te com minha pessoa, deste modo, poderia retirá-la de vossa família e constituir uma nova ao seu lado”.

Myllae sorriu radiante, jamais imaginara que Aramil fosse pedi-la em casamento, não que acreditasse realmente que nunca casariam, mas esperava que demoraria muito para que isto um dia viesse a ocorrer, preenchia-se de felicidade, pois aos seus 95 anos viria a casar-se com o único elfo que verdadeiramente amou.

O casal deitou-se diante das estrelas enquanto os festejos ocorriam na parte central de Advilka. Aramil então se ergueu e partiu para comunicar ao senhor Lareenphrindel sobre o casamento.

O jovem e apaixonado elfo encontrou o cavaleiro arcano conversando com a senhora Lizz Siannodel, sua mãe; aproveitou o ensejo e sorrindo disse:

“Mãe e Senhor Eladrian, é com demasiado júbilo que comunico aos Senhores que vou casar-me com Myllae”.

Não é preciso nem mencionar ou descrever o alvoroço que foi ocasionado pelas palavras de Aramil, o cavaleiro arcano apavorou-se diante de tudo aquilo, a senhora Lizz permanecia assustada, quando se recuperando do susto o mestre Lareenphrindel respondeu rispidamente:

“Não sejas tolo Aramil, filho de Annayl, é óbvio que minha resposta será negativa a tal permissão, o que impede este casamento imbecil, pois perante a lei, apenas poderão casar-se os menores quando houver consenso entre as decisões dos seus pais ou responsáveis. Neste diapasão, ainda que a resposta de minha esposa seja positiva, já restará frustrada a idéia insana, que tenho certeza partiu de vossa mente infante e caprichosa”.

Aramil desapontado questionou ao pai de Myllae sobre a importância da felicidade da filha e sobre os motivos que o levaria a negar a permissão para casarem, contudo o elfo não obteve uma resposta plausível.

Desta forma, apesar de tamanha tristeza, os dois elfos amantes, junto ao Lago, decidiram que realizariam matrimônio, ainda que invalido perante as leis, mas válido perante o coração; tendo como testemunhas as estrelas e a lua, e os bons deuses élficos.

Por derradeiro, assim encerra-se a Idade da Capa Rasgada, um período de grande aprendizado na vida do elfo Aramil Siannodel, em que o amor foi um dos responsáveis pelo amadurecimento e pela vitória do guerreiro arcano. Apesar do triste pesar de ver partir a elfa que verdadeiramente amou, Aramil sabia ter força para suportar este episódio em sua estrada, e, decidido aprontou suas coisas e avisou a sua mãe que partiria para a terra dos humanos para dar, finalmente, início ao seu destino.

Jornada em Erimbar, A Cidade das Oportunidades

Certa ocasião um humano alto e corpulento desafiava seus pares numa espécie de torneio caótico, em que a única regra, ou norma, era a demonstração da força bruta. Examinava os humanos e percebia como eram predestinados à barbárie, deleitavam-se com o vão derramamento de sangue, seus urros eram demasiado horrífico, para ouvidos nobres, habituados à sinfonia dos exóticos pássaros das terras élficas; contudo, enfim, pude notar que o humano corpulento era realmente um forte guerreiro, possuía talento, mas não treinamento, era um excelente guerreiro, mas eu sou exímio, sublime, excepcionalmente divino.

Acatei a idéia de civilizar àqueles homens e demonstrar que a força é oriunda da inteligência, Anail Siannodel ipsis verbis:

“A espada não se guia nem o braço assim faz, a técnica da espada não pode jamais ser lecionada sem anterior treinamento intelectual, é mister para galgar-se o alvo que preteritamente o movimento seja elaborando na mente, e, assim, seja projetado à vida, então o braço nada mais faz que a materialização daquilo que fora antes projetado, elaborado, imaginado; a técnica da espada não deve jamais ser instintiva, nem natural, pelo contrário, deve ser racional, somente digna a aqueles afortunados que se tornaram agraciados pela razão. Em síntese Aramil, somente ensinar-te-ei segredos da espada depois de aprender a utilizar a mente, creio veemente que será capaz de suportar e entender o castigo que vos passo, ficarás trancafiado nesta biblioteca e somente sairás no tempo em que solucionar esta expressão físico-matemática”.

Durante aquelas longas e intermináveis semanas meu mestre e pai treinou-me não só a inteligência, como também a paciência e a perseverança; encontrei uma resposta, tudo se resolvia através de uma fórmula que era capaz de calcular o exato instante de reação, a este fenômeno deu-se o nome de impulso ou reflexo.

Dediquei meu treinamento ao aprimoramento dos reflexos, pois assim seria sempre capaz de reagir de forma precisa e ágil. Assim desafiei o humano guerreiro nomeado de Sean Kalingard, um homem forte, porém lento, preciso, porém previsível, óbvio que subestimar não pertence ao estilo de minha arte, portanto, antes da luta, realizei uma mágica de proteção nomeada vulgarmente de “Escudo Arcano”.

Furioso o humano tentava de forma inútil me atingir, devo confessar que de início sobressaltei-me com tamanha força e brutalidade, quando este atingiu minha espada no instante em que aparei o golpe, durante a luta debochava, o que irritava-o ainda mais, minhas estocadas eram sarcásticas, não machucavam, somente demonstravam ao humano sua fragilidade e impotência de sua técnica.

Todavia, a guarda da cidade apareceu e os humanos que estavam presentes fugiram, foi aí que percebi meu erro, havia participado duma diversão ilegal, coisa que sempre abominei, manter-me de forma marginal à lei foi ultrajante, mas assim a luta teve um término, sem vencedor, porém travada. No dia seguinte enquanto degustava meu desjejum pude notar a sombra de um homem gigantesco à minha frente, pensei e agi, levantei-me rapidamente protegendo-me de um eventual ataque e posicionei-me em guarda, não seria tolo de erguer minha face para facilitar que este a esmurrasse.

“Maldito elfo, dormi nesta taverna também? Agora nada irá interferir em nossa luta!”.

Neste exato instante uma voz fez-se ouvir:

“Sim irá, vocês estão em minha taverna e aqui não é local para esmurrarem-se ou matarem-se, seja lá o que pretendem, façam isto fora daqui ou chamarei a guarda, a Taverna do Arco Prateado é um estabelecimento de respeito e farei tudo para mantê-lo assim”. – Disse a taberneira Mirian.

Um pequenino incitava a briga e a fúria do guerreiro, que me encarava com cólera, contudo mantinha-me sempre estável, apesar de não poder vencê-lo sem meus equipamentos, isso no momento foi minha salvação:

“Se queres desafiar-me guerreiro tolo e estúpido primeiro torne-se homem e não um fantoche e depois me procure sozinho fora da taberna e da cidade, no portão oeste da Rota Brilhante” – Disse num tom arrogante.

Aprontei-me e dirigi-me ao portão oeste da cidade, lá encontrei um grupo de humanos ao redor do guerreiro Sean, eram rostos familiares, não duvido que tenham sido os pretéritos espectadores, contudo não quis entregar-me à surpresas, realizei uma mágica nomeada vulgarmente de “Sono” e assim adormeci todos os pútridos humanos, aproveitei o ensejo para intimidar meu desafiante; sorri quando pude notar seu olhar de pavor diante da surpresa que lhe era revelada, o pequenino gritou:

“Maldito, ele é um mago Sean! Lançará em você feitiços capazes de te transformar num rato!”.

Assustado o guerreiro ouviu-me dizer irado:

“Cala-te a voz por livre e espontânea vontade pequenino ou irei calar-te com minhas mágicas! Feitiços, seu asno! São os truques dos feiticeiros, nós arcanos usamos magias, algo muito mais superior, sublime, complexo e poderoso!”.

Confiante o humano investiu para cima de meu corpo, contudo eu já havia dito que a previsibilidade era marca em sua bruta arte, se é que podemos nomear a brutalidade de arte! Assim, girei pelos calcanhares, rodei-te o corpo e com os pés derrubei-o ao chão fazendo-o estatelar a face na terra batida, ergui minha espada e disse:

“Xeque-mate! ”.

Todavia o pequenino disse-me enquanto estocava meus rins fazendo-me gritar e largar a arma das mãos:

“Seu mago miserável, acreditava realmente que eu não iria me intrometer? Pega ele Sean!”.

Ajoelhando diante da dor causada pela surpresa e imprevisibilidade daquele golpe, pude notar no céu as nuvens negras a precipitarem-se e uma forte chuva começou a cair, trovoadas estrondosas fizeram-se ouvir, fechei os olhos logo após sentir a dor de um fortíssimo chute na face, sangrava pelos lábios, logo após o chute o brutamontes pôs-se sobre meu corpo e socou-me duas vezes, minha cabeça estava sobre um efeito análogo ao do chicote, desnorteado nada pude fazer, senão aguardar a morte, ou rezar pela misericórdia e caridade do meu oponente, ou melhor, meus oponentes.

A chuva era torrente e os trovões e relâmpagos ao céu recordavam-me da batalha que tornara meu pai um herói do povo élfico. Praticamente sem ar algum nos pulmões, devido à extrema força daquele humano, que me asfixiava com um golpe de imobilização, por mais que persistisse sabia que seria impossível alcançar escapatória, era meu fim, fraquejando fui vagarosamente perdendo a visão e desfaleci…

Despertei num aposento estranho, ainda sob os efeitos da tontura pude notar Mirian e os dois miseráveis desafiantes, mais um humano de expressões engraçadas que de antemão avisou-me:

“Senhor Aramil, primeiro gostaríamos de lhe pedir desculpas e segundo desejamos dizer que estamos em missão de paz, saiba que nosso amigo Sean é um poderoso guerreiro e pudemos notar que se sua pessoa sobreviveu a fúria deste homem é porque possui também grandioso valor. Saiba que nosso desejo não é machucá-lo, mas quem sabe não formamos uma verdadeira aliança? Uma espécie de grupo de mercenários nesta cidade…Há muito tempo reclamava por um arcano e na tempestade passada o meu glorioso deus coloca-me diante de todo o ocorrido…Eu não acredito que tenha sido mero acaso, sei que fora o destino, a intervenção do Senhor das Tempestades!!…Oh! Mil perdões, chamo-me Pragos, sacerdote do deus das tempestades. Durante a luta eu estava realizando minhas orações quando pude notar toda a cena! Achei mais sábio e prudente intervir, pois Sean e Fenris estavam cometendo um grave equívoco ao combatê-lo. Na verdade é uma tolice praticar esse tipo de duelo, não achas melhor unirmos nossas forças e crescermos juntos nesta cidade tão hostil e ao mesmo tempo tão repletas de possibilidades?”.

Observei as palavras daquele homem chamado Pragos e resolvi acata-las, realmente era interessante possuir aliados num local como Erimbar…Onde tudo pode ocorrer num piscar de olhos!…

Criação e elaboração: Daniel “Arara” Nascimento

 

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Sobre o Autor: Bruno Gonçalves

Mestre Aposentado, criador do cenário de campanhas Arzien, jogador de RPG a mais de 18 anos nos diversos cenários dos mestres da Orbe dos Dragões. Atualmente escreve sobre RPG, Dicas de Mestre e Cenários de Campanha.

2 Comments

  1. Impressionante como o espírito de mestre e jogador mesclavam de forma tão unificada quando o saudoso Arara escrevia suas ideias. Tive raras oportunidades de mestrar para ele e nestas poucas, o jogo ganhava qualidade excepcional com suas ideias e atitudes.

    Em uma hora dessas nosso nobre amigo, está mestrando no céu, suas ideias e fantasias mais elaboradas e verdadeiras.

    Saudades deste tenro amigo…

  2. Fantástico!! Quando uma grande capacidade criativa se alia a uma excelente narrativa e escrita com linguagem rebuscada no entanto altamente compreensível, proveniente do sólido e rico vocabulário advindo do estudo do direito, nós gera um histórico e uma estória ricos, “humana”, verossímil (no que tange a fantasia/medieval), empolgante. Realmente fomos agraciados com uma verdadeira pérola de nosso saudoso Arara.
    Vida longa ao RPG e a nossa amizada!

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